A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR PARA A APRENDIZAGEM DOS ALUNOS DA EDUCAÇÃO ESPECIAL

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REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.17065623


Abadia José de Santana1


RESUMO
O presente trabalho tem como objetivo analisar a importância do brincar no aprendizado de alunos portadores de necessidades especiais. Haja visto, que o brincar estimula a imaginação e a curiosidade, além de proporcionar momentos de descontração e contentamento, tornando um recurso indispensável na educação dessa clientela. A metodologia utilizada será pautada na pesquisa bibliográfica e no relato de vivencias do cotidiano escolar. O trabalho apresenta uma reflexão sobre os desafios da inclusão enfatizada nas leis que retratam sobre a educação especial e faz um breve relato de vivências do cotidiano escolar, onde a experiência por meio do ensino com metodologias voltadas para o brincar favorece o aprendizado do aluno de forma integral, ou seja, contempla todos os aspectos, cognitivo, afetivo e físico. Conclui-se que o brincar constitui em uma ferramenta poderosa, tornando o aluno protagonista de seu aprendizado e desenvolvendo a autonomia.
Palavras-chave: Brincar. Aprendizagem. Aluno. Educação especial.

ABSTRACT
The present work aims to analyze the importance of playing in the learning of students with special needs. It can be seen that playing stimulates imagination and curiosity, in addition to providing moments of relaxation and contentment, making it an indispensable resource in the education of this clientele. The methodology used will be based on bibliographical research and the report of everyday school experiences. The work presents a reflection on the challenges of inclusion emphasized in the laws that portray special education and gives a brief account of everyday school experiences, where the experience through teaching with methodologies focused on play favors student learning in an integral, that is, it covers all aspects, cognitive, affective and physical.
Keywords: To play. Learning. Student. Special education.

1 INTRODUÇÃO

O brincar faz parte da infância de toda criança, sendo ela portadora de necessidades especiais ou não, logo que nasce, durante toda a sua criação ela é exposta a vários tipos de brincadeiras. Elas permitem a criança aproximar o imaginário do real, potencializando os sentidos e resinificando saberes procedimentais e atitudinais, logo, a brincadeira tem um papel fundamental no desenvolvimento da criança, por meio dela ela tem possibilidade de aguçar diversos aspectos: cognitivo, físico-motor, afetivo e outros, contribuindo com o aprendizado de forma lúdica, onde o aluno aprende com mais facilidade os conceitos dos conteúdos propostos, porque aprende brincando, e o brincar oferece sensações de alegria e prazer.

Sabe-se que a educação ainda é o principal meio de transformação social, é por meio dela que a maioria dos alunos tem a oportunidade de mudar a realidade do meio em que vivem, ela promove a ampliação da cultura e dos saberes de forma geral. Neste sentido, o brincar integrado aos conteúdos educativos de forma adaptados de acordo com o nível de cada aluno, faz-se necessário para a construção dos conhecimentos.

Portanto, a educação é um de direito de todos, estabelecido pela Constituição Federal de 1988, porém, não adianta apenas matricularem esses alunos na escola, sem nenhuma estrutura e condições para realização do atendimento especializado, é preciso uma série de modificações para efetivar de fato o desenvolvimento intelectual e a inclusão com qualidade. Vale ressaltar, que essas mudanças deverão ocorrer desde a estrutura física escolar, formação de professores, implementação de materiais pedagógicos acessíveis e adaptados até a as mudanças na prática pedagógica, logo, o acolhimento do conceito de educação especial a luz a inclusão, acarreta sim, mudanças consideráveis, e construir uma forma de valorizar as especificidades de cada um exige de toda a comunidade escolar um olhar mais criterioso e cuidadoso. Nesta perspectiva, é necessário que toda a equipe escolar tenha disposição para o diálogo, aprender, cooperar, cuidar, amparar, compartilhar e trabalhar coletivamente, bem como, trabalhar de maneira interdisciplinar e multidisciplinar.

Durante muito tempo o aluno portador de alguma deficiência era excluído da sociedade e do sistema educacional, ou quando existia o ensino, acontecia afastado da escola. Atualmente, em virtude da criação de diversas leis de inclusão, esse aluno, dependendo de sua deficiência é atendido dentro da sala de aula regular, e no período diferente de seu turno, ele deverá ter um atendimento especializado em uma sala de recursos multifuncionais com um professor especializado.

Os alunos portadores de necessidades especiais mais severos, ou seja, aquele cuja deficiência impede de desenvolver sua autonomia própria, também tem direito a um cuidador para acompanha-lo dentro do ambiente escolar, e as turmas com mais de três alunos com deficiência precisam ter um professor auxiliar.

Partindo disso, o presente trabalho tem como objetivo analisar a importância do brincar no aprendizado de alunos portadores de necessidades especiais. Haja visto, que o brincar estimula a imaginação e a curiosidade, além de proporcionar momentos de descontração e contentamento, tornando um recurso indispensável na educação dessa clientela. A metodologia utilizada será pautada na pesquisa bibliográfica e no relato de vivência do cotidiano escolar. O trabalho é composto por essa introdução, na sequência o desenvolvimento e as considerações finais.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

Atualmente um dos grandes desafios da educação é incluir de fato e garantir os direitos dos alunos portadores de necessidades especiais nas turmas de ensino regular. De acordo com a Lei nº 9.394 em seu inciso III do artigo 4º, estabelece que o Estado deve garantir atendimento educacional especializado gratuito a alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento, altas habilidades ou superdotação. Esse atendimento deve ser transversal a todos os níveis, etapas e modalidades, preferencialmente na rede regular de ensino (Brasil, 1996). Porém, é muito difícil o cumprimento dessa Lei, a começar pela estrutura física das escolas, muitas ainda não foram adaptadas para receber essa clientela, além da falta de capacitação de professores, implementação dos espaços das salas de recursos e materiais pedagógicos adaptados. O Parecer 17/2001 – CNE/CEB, trata -se da elaboração de um texto próprio para a edição das Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica que envolve:

Estudos abrangentes relativos à matéria que, no caso, é a Educação Especial. Muitas interrogações voltam-se para a pesquisa sobre o assunto; sua necessidade, sua incidência no âmbito da Educação e do Ensino, como atendimento à clientela constituída de portadores de deficiências detectáveis nas mais diversas áreas educacionais, políticas e sociais (Parecer CNE/CEB, 2001).

Esse parecer faz um estudo sobre as leis que abordam a educação especial na educação básica, estabelecendo dois temas importantes: “a) TEMA I: A Organização dos Sistemas de Ensino para o Atendimento ao Aluno que Apresenta Necessidades Educacionais Especiais; e b) TEMA II: A Formação do Professor” (Parecer CNE/CEB, 2001).

A aplicação desses temas para a construção da educação especial dentro das escolas é essencial para o acolhimento desses educandos nas salas aulas regulares da educação básica. Na verdade, desde a Constituição de 1988, nos capítulos III, no artigo 205, onde diz que “a educação é um direito de todos e dever do Estado e da família, promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho” (Brasil, 1988). Desse modo, a educação deve incluir todos, portadores de necessidades especiais ou não, mas apesar de sergarantido por lei, ainda há muitas dificuldades para o acesso desses alunos nas escolas, e muitas são as lutas para a criação de propostas para essa clientela da educação.

Assim, em 2015 foi criada a Lei nº 13.146 - Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). Essa Lei é fruto de uma Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo tramitada no Congresso Nacional em 2008, promulgada por meio do decreto nº 6.949/2009, onde reafirma os direitos já estabelecidos não somente na educação, mas em várias outros aspectos, como saúde e acessibilidade, instituindo a aplicabilidade da Lei. Essa é a Lei que está em vigor até hoje, ela regulamenta o ensino especializado e a criação das salas de recursos multifuncionais dentro das escolas para atendimento desses alunos. No artigo 28 do capítulo IV do direito a educação, existem mais de XV parágrafos reafirmando esses direitos, serão citados aqui os três primeiros que estabelece e incumbe ao poder público assegurar, criar, desenvolver, implementar, incentivar, acompanhar e avaliar:

I – sistema educacional inclusivo em todos os níveis e modalidades, bem como o aprendizado ao longo de toda a vida; II – aprimoramento dos sistemas educacionais, visando a garantir condições de acesso, permanência, participação e aprendizagem, por meio da oferta de serviços e de recursos de acessibilidade que eliminem as barreiras e promovam a inclusão plena; III – projeto pedagógico que institucionalize o atendimento educacional especializado, assim como os demais serviços e adaptações razoáveis, para atender às características dos estudantes com deficiência e garantir o seu pleno acesso ao currículo em condições de igualdade, promovendo a conquista e o exercício de sua autonomia (Brasil, 2015).

Deste modo, muito já tem sido feito, embora ainda há pontos que precisam ser melhorados, em especial dos temas I e II do Parecer 17/2001 – CNE/CEB já citados aqui que precisam ser evidenciados na prática.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

O ato de brincar na educação especial é um excelente recurso para a aquisição da aprendizagem e fortalecimento da inclusão, é por meio do brincar que o aluno da educação especial aguça e amplia vários sentidos como a criatividade, percepção, convivência, autonomia e outros.

Através da brincadeira, a criança tem a possibilidade de experimentar novas formas de ação, exercitá-las, ser criativa, imaginar situações e reproduzir momentos e interações importantes de sua vida, resignificando-os. Os jogos e as brincadeiras são uma forma de lazer no qual estão presentes as vivências de prazer e desprazer. Representam uma fonte de conhecimento sobre o mundo e sobre si mesmo, contribuindo para o desenvolvimento de recursos cognitivos e afetivos que favorecem o raciocínio, tomada de decisões, solução de problemas e o desenvolvimento do potencial criativo (Pedroza, 2005, p. 62).

Assim, de acordo com as experiências vivenciadas dentro de uma unidade escolar municipal da cidade de Palmas/TO, onde relata-se que o trabalho é realizado por uma equipe composta por supervisores, orientadores, professores regentes das disciplinas curriculares, professor da sala de recursos, professores auxiliares e cuidadores, notou-se grandes avanços e conquistas por meio do ensino através das brincadeiras e jogos. A unidade escolar relatada, atende atualmente aproximadamente 600 alunos com abrangência de sexto ao nono ano do ensino fundamental da educação básica. Dentre essa quantidade de alunos atendidos pela unidade, cerca de 64 alunos são portadores de necessidades especiais, sendo a maioria deles atendidos e incluídos dentro das salas de aulas regulares, obtendo atendimento na sala de recurso no contra turno, e alguns casos mais severos são atendidos apenas na sala de recursos pelo menos duas vezes durante a semana. Alunos que chegam para o sexto ano, muitos não conhecem sequer as letras e durante o percurso até o nono ano, percebe-se um crescimento extraordinário em todos os aspectos. O trabalho é desenvolvido de forma consistente, os alunos são acompanhados em todo o processo, as atividades são realizadas de acordo com a especificidade de cada um. Os laudos são analisados, e a partir da análise são criados os planos individuais para cada aluno, as brincadeiras e jogos são adaptados conforme os conteúdos trabalhados em sala, proporcionando ao aluno ser protagonista de seu aprendizado, desenvolvendo a autonomia.

O brincar faz parte da rotina dos alunos especiais, eles têm horários dentro e fora da sala, onde são intensificados o ensino com jogos, os alunos também são incluídos nos projetos da escola, fazendo parte das apresentações culturais e todas as atividades desenvolvidas na escola. A inclusão na Escola citada, é tratada com muita seriedade, o compromisso de toda a equipe faz toda a diferença.

Embora, a implementação e adequação do lúdico não constituir um trabalho fácil, uma vez que requer o desenvolvimento das habilidades de brincar, da criatividade, da interatividade do professor. A criação desse espaço do ensinar e aprender brincando, onde a relação professor e aluno se diferencia daquela da sala de aula normal, necessita de um aprendizado de ambas as partes, no caso do professor, necessita de formação e apoio na prática pedagógica e no caso do aluno, ele precisa ser motivado pelo professor. Necessitando, esforço, compromisso e dedicação do professor regente, pois as salas de aulas contém cerca de 40 alunos, além dos professores atender a todos, deve ter um olhar e um atendimento especializado para o aluno portador de necessidade especial, exigindo que o professor seja capacitado e dinâmico.

Ludicidade é envolver-se numa atividade, utilizando objetos, em geral brinquedos, que trazem prazer à criança. Neste contexto, o papel do professor seria ajudar o aluno a aprender novos conteúdos com o uso de estratégias e atividades prazerosas. O brincar é uma ação que está presente em todos os períodos do desenvolvimento. Os objetos que despertam o interesse lúdico mudam dependendo da fase em que o ser humano se encontra (Valle, 2008, p. 10, citado por Cunha, et. all., 2021, s/p).

Sabe-se que o trabalho é árduo, a rotina deve ser diferenciada, e com os alunos especiais, cada conquista é uma vitória grande, tem um significado ímpar na vida dos alunos e familiares. Mas, todo esforço vale a pena, porque percebe a satisfação desses alunos por fazerem parte do ambiente escolar e o aprender brincando colabora nessa busca pelo desenvolvimento integral do aluno.

O ato de brincar na educação especial configura-se como um recurso pedagógico essencial, capaz de favorecer o desenvolvimento integral do aluno. Diferente de uma atividade meramente recreativa, o brincar assume um papel estratégico na construção de habilidades cognitivas, socioemocionais, motoras e comunicativas. É por meio de jogos, brincadeiras simbólicas e atividades lúdicas que os estudantes da educação especial conseguem explorar e experimentar diferentes possibilidades, ampliando sua percepção do mundo, desenvolvendo a criatividade, a autonomia e as competências sociais necessárias para a interação com seus pares.

Nesse sentido, o brincar é mais do que um momento de lazer; é uma ferramenta de aprendizagem que contribui para o fortalecimento da inclusão escolar, permitindo que cada aluno participe ativamente das experiências pedagógicas, independentemente de suas limitações ou necessidades especiais.

Segundo Piaget (1976), o brincar é fundamental para o desenvolvimento cognitivo, pois permite que a criança internalize regras, compreenda relações de causa e efeito e exercite a capacidade de resolver problemas de forma criativa. Na educação especial, esses princípios ganham ainda mais relevância, uma vez que muitas crianças apresentam diferentes ritmos de aprendizagem e exigem estratégias diferenciadas para alcançar os objetivos educacionais. Ao engajar-se em atividades lúdicas, o aluno tem a oportunidade de experimentar, errar, tentar novamente e compreender conceitos abstratos de maneira concreta, facilitando a aprendizagem de conteúdos acadêmicos e habilidades socioemocionais.

O brincar também desempenha um papel crucial no desenvolvimento socioemocional. Jogos cooperativos e atividades em grupo incentivam a comunicação, a empatia, a tolerância e a compreensão das diferenças individuais. Para Vygotsky (1991), o brincar é um espaço privilegiado de interação social, no qual a criança aprende a respeitar regras, compartilhar experiências e colaborar para o alcance de objetivos comuns. Na educação especial, essas interações são ainda mais significativas, pois contribuem para a inclusão efetiva, diminuem a exclusão social e promovem o fortalecimento de vínculos entre alunos com diferentes habilidades.

Além dos aspectos cognitivos e sociais, o brincar na educação especial estimula o desenvolvimento motor, tanto fino quanto grosso. Atividades que envolvem manipulação de objetos, coordenação motora, equilíbrio e lateralidade possibilitam que os alunos aprimorem suas habilidades físicas de maneira prazerosa e significativa. Segundo Sousa e Almeida (2018), exercícios lúdicos que combinam movimento e criatividade promovem maior integração sensorial, fortalecendo a percepção corporal, a concentração e a capacidade de realizar tarefas complexas do dia a dia, como escrever, desenhar ou se deslocar com segurança pelo ambiente escolar.

O uso do brincar como estratégia pedagógica na educação especial exige do professor planejamento, sensibilidade e capacidade de adaptação. É fundamental que o educador selecione atividades que sejam desafiadoras, mas adequadas ao nível de desenvolvimento e às necessidades específicas de cada aluno. A personalização das brincadeiras, por meio de adaptações de regras, materiais e formas de participação, garante que todos os estudantes possam se engajar ativamente e obter benefícios significativos. Além disso, a observação do comportamento dos alunos durante as atividades lúdicas permite ao professor identificar dificuldades, habilidades emergentes e interesses, orientando intervenções pedagógicas mais eficazes.

Outro aspecto relevante refere-se à promoção da autonomia e independência. Ao participar de atividades lúdicas, o aluno da educação especial aprende a tomar decisões, planejar ações e enfrentar desafios de forma autônoma. Esse desenvolvimento da autonomia contribui não apenas para a aprendizagem acadêmica, mas também para a vida cotidiana, fortalecendo a confiança, a autoestima e a capacidade de interação social. Brincadeiras estruturadas, jogos simbólicos e atividades colaborativas tornam-se, assim, instrumentos poderosos para o empoderamento do aluno, estimulando-o a explorar, criar e construir seu próprio conhecimento.

Além disso, a utilização de recursos tecnológicos, como jogos educativos digitais adaptados, softwares interativos e aplicativos de aprendizagem, pode potencializar ainda mais os efeitos do brincar na educação especial. Esses recursos permitem a personalização das atividades, o feedback imediato e a possibilidade de práticas diversificadas, ampliando o alcance do aprendizado e promovendo a inclusão de alunos com diferentes tipos de necessidades. De acordo com Ribeiro e Silva (2020), a tecnologia, quando aliada a metodologias lúdicas, fortalece a motivação, o engajamento e a participação dos estudantes, garantindo que o processo educativo seja prazeroso e significativo.

Apesar das potencialidades, o uso do brincar na educação especial também apresenta desafios. É necessário que as instituições de ensino disponham de infraestrutura adequada, materiais adaptados e profissionais capacitados para conduzir atividades lúdicas de maneira eficaz. Além disso, é fundamental que os pais e a comunidade escolar compreendam a importância do brincar como estratégia pedagógica, valorizando o tempo destinado a essas atividades e reconhecendo seus impactos no desenvolvimento integral do aluno.

Portanto, o ato de brincar na educação especial não deve ser visto apenas como uma atividade recreativa, mas como uma abordagem pedagógica estratégica que promove aprendizagem, inclusão, desenvolvimento socioemocional e motor, autonomia e participação ativa dos alunos. Ao valorizar o brincar, professores e instituições contribuem para a construção de ambientes educacionais mais inclusivos, dinâmicos e significativos, permitindo que cada estudante desenvolva seu potencial de maneira plena e participativa, fortalecendo a educação como instrumento de transformação social e pessoal.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conclui-se que o ato de brincar desempenha papel fundamental no processo de aprendizagem, não apenas para alunos em geral, mas também para aqueles com necessidades especiais. As brincadeiras e os jogos constituem-se em recursos indispensáveis para a consolidação da formação integral desses alunos, permitindo que eles explorem múltiplas dimensões do desenvolvimento, como cognitivas, sociais, emocionais e motoras. Quando realizados de forma planejada e estruturada, com brinquedos adequados e normas claras estabelecidas pelo professor, os alunos aprendem a se tornar protagonistas de sua própria aprendizagem. Nesse processo, eles não apenas assimilam conteúdos, mas também enriquecem sua cultura, estabelecem conexões significativas com o mundo real e desenvolvem habilidades essenciais para a vida cotidiana. O brincar, portanto, deixa de ser uma atividade puramente lúdica e se transforma em uma ferramenta pedagógica capaz de proporcionar experiências de aprendizagem significativas e duradouras.

Além disso, as brincadeiras e jogos contribuem de maneira efetiva para o desenvolvimento da autonomia do aluno, incentivando-o a tomar decisões, explorar alternativas e assumir responsabilidades dentro do contexto escolar. Esse desenvolvimento é especialmente relevante no caso de alunos com necessidades especiais, que muitas vezes necessitam de estratégias diferenciadas para acessar o conhecimento e participar ativamente das atividades educacionais. Ao vivenciar situações de aprendizagem lúdicas, esses alunos podem aprimorar habilidades de comunicação, percepção, socialização, concentração e resolução de problemas. Tais experiências também possibilitam a internalização de regras, o respeito à diversidade e a construção de competências socioemocionais, favorecendo a inclusão e a integração no ambiente escolar.

O papel do professor torna-se central nesse processo, pois cabe a ele planejar, organizar e mediar as atividades lúdicas de modo a atender às demandas de todos os alunos. No contexto da educação especial, a função docente exige múltiplas competências que vão além do domínio de conteúdos acadêmicos. É necessário que o professor desenvolva habilidades de observação, flexibilidade, criatividade e capacidade de adaptação, considerando as necessidades individuais de cada estudante. Além disso, ele deve atuar como facilitador e mediador do conhecimento, promovendo um ambiente acolhedor, seguro e estimulante, no qual todos os alunos possam participar ativamente, sentir-se valorizados e desenvolver seu potencial máximo. O trabalho em equipe entre professores, coordenadores, assistentes e demais profissionais da escola torna-se, nesse contexto, um elemento crucial para o sucesso das estratégias pedagógicas e para a efetivação da inclusão.

Para que o brincar e outras metodologias inclusivas sejam eficazes, é imprescindível que haja políticas públicas de qualidade que respaldem o trabalho docente. A implementação de leis e diretrizes que garantam os direitos dos alunos com necessidades especiais é fundamental para assegurar condições adequadas de aprendizagem, promover a equidade educacional e fortalecer a inclusão. Além disso, a reorganização dos currículos escolares, de forma a contemplar práticas pedagógicas adaptadas e diversificadas, contribui para a criação de um ambiente educacional mais inclusivo e dinâmico, capaz de atender às diferentes formas de aprendizagem presentes na escola contemporânea. A adequação curricular deve considerar não apenas os conteúdos acadêmicos, mas também habilidades socioemocionais, competências digitais e práticas pedagógicas inovadoras, fortalecendo a preparação integral do aluno para os desafios da vida em sociedade.

Outro aspecto relevante é a infraestrutura das escolas, que deve ser moderna, acessível e adequada às necessidades de todos os estudantes. A modernização das estruturas físicas, a disponibilização de equipamentos e materiais adaptados, bem como a implementação de tecnologias educacionais, são elementos essenciais para viabilizar atividades lúdicas significativas e promover a inclusão plena. Salas de aula acessíveis, materiais pedagógicos diversificados e recursos tecnológicos permitem que alunos com diferentes habilidades participem de forma efetiva das atividades escolares, promovendo experiências de aprendizagem equitativas e enriquecedoras. Além disso, a melhoria da infraestrutura escolar contribui para o fortalecimento da motivação, do engajamento e do senso de pertencimento dos alunos, criando condições para que todos se sintam valorizados e respeitados no ambiente educacional.

A formação continuada dos professores é igualmente essencial para garantir a qualidade da educação inclusiva. O desenvolvimento de competências pedagógicas, tecnológicas e socioemocionais permite que os docentes planejem atividades diferenciadas, adaptem estratégias de ensino e promovam práticas lúdicas que atendam às necessidades específicas de cada aluno. A capacitação docente deve incluir conhecimentos sobre metodologias ativas, recursos tecnológicos, adaptação de materiais, estratégias de mediação e técnicas de acompanhamento individualizado, garantindo que os professores estejam preparados para lidar com os desafios contemporâneos da educação especial. Além disso, a valorização do trabalho docente, por meio de condições adequadas de trabalho, reconhecimento profissional e suporte institucional, contribui para o comprometimento e a qualidade da prática pedagógica.

Outro ponto relevante refere-se à participação da comunidade escolar, composta por familiares, gestores e demais profissionais de apoio. A inclusão efetiva de alunos com necessidades especiais depende da colaboração entre escola e família, da conscientização sobre direitos e da promoção de um ambiente educativo que respeite a diversidade e valorize cada estudante. O engajamento da comunidade fortalece a aprendizagem, cria vínculos afetivos e sociais mais sólidos, e promove o desenvolvimento integral do aluno, contribuindo para a construção de uma educação mais humana, justa e equitativa.

A inclusão de alunos com necessidades especiais no processo educativo exige um esforço coletivo e articulado. O ato de brincar constitui uma ferramenta pedagógica estratégica, capaz de promover aprendizagem significativa, desenvolvimento integral, autonomia, socialização e protagonismo estudantil. Para que isso seja efetivo, é necessário que escolas, professores, gestores e políticas públicas atuem de maneira integrada, garantindo condições adequadas de ensino, infraestrutura acessível, formação docente de qualidade e metodologias pedagógicas adaptadas. A valorização do brincar como recurso educativo transforma a escola em um espaço acolhedor, inclusivo e estimulante, capaz de preparar alunos com necessidades especiais para os desafios do mundo contemporâneo, contribuindo para sua formação integral e construção de uma vida plena e participativa na sociedade.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado Federal, 1998.

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CUNHA, F. I. J. et al. A importância do brincar no processo de inclusão de alunos/as especiais no ambiente educacional. 2021.

PEDROZA, R. L. S. Aprendizagem e subjetividade: uma construção a partir do brincar. 2005. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rdpsi/a/p45NBHK6Stp3MYnp7BsJ3qp/?format=pdf&lang=pt


1 Graduação em Normal Superior e Pedagogia. Especialização em Tecnologias da Educação pela PUC/RJ. Mestranda em Tecnologias Emergentes em Educação pela Must University. E-mail:  [email protected]