A IMPORTÂNCIA DA AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA PRÉ E PÓS-CIRURGICA EM PACIENTES SUBMETIDOS A CIRURGIA DE RETIRADA DE TUMOR CEREBRAL

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REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.14025014


André Henrique Boniati


RESUMO
Este trabalho possui como tema, compreender a importância da avaliação neuropsicológica pré e pós-cirúrgica em pacientes submetidos a cirurgia de retirada de tumor cerebral como sendo um passo importante para a formulação de estratégias de apoio e reabilitação do paciente, focando-se em um entendimento interdisciplinar. Para fundamentar o estudo, objetivou-se Investigar quais são as estratégias de Reabilitação Neuropsicológica no pré-cirúrgico e pós-cirúrgico de pacientes submetidos à cirurgia de retirada de tumor cerebral, compreendendo essas intervenções sendo voltadas à compreensão obtida na avaliação neuropsicológica, a fim de posteriormente trabalhar os estímulos cognitivos e funções preservadas e comprometidas, melhorando a qualidade de vida do sujeito. Esta pesquisa possui caráter qualitativo, utilizando método de pesquisa bibliográfica e análise de dados. Seus resultados atingidos foram baseados no tema, problema de pesquisa e os objetivos, compreendendo a importância do trabalho do neuropsicólogo que vai muito além de um simples acolhimento, mas colabora para a realização de avaliações, reabilitação, diagnóstico e acompanhamento pré e pós-cirúrgico. Pode ser concluído que este trabalho mostra a importância da neuropsicologia em uma abordagem interdisciplinar, focada em ambiente hospitalar, demonstrando à sociedade que o trabalho do neuropsicólogo vai muito mais além de aconselhamentos e escutas, mas tange de habilidades técnicas imprescindíveis no processo de recuperação do paciente, tanto em seu estado emocional, quanto orgânico e cognitivo, compreendendo o ser biopsicossocial de forma diferente da psicologia tradicional.
Palavras chave: Neuropsicólogo, Neuropsicologia, interdisciplinar, reabilitação neuropsicológica.

ABSTRACT
The purpose of this study is to understand the importance of pre and post-surgical neuropsychological evaluation in patients submitted to brain tumor removal surgery as an important step in the formulation of patient support and rehabilitation strategies, focusing on an understanding interdisciplinary. In order to base the study, the objective was to investigate the Neuropsychological Rehabilitation strategies in the pre-surgical and postoperative of patients submitted to the surgery of brain tumor removal, including these interventions being aimed at the understanding obtained in the neuropsychological evaluation, in order to later to work the cognitive stimuli and preserved and committed functions, improving the quality of life of the subject. This research has a qualitative character, using method of bibliographic research and data analysis. Its results were based on the theme, research problem and objectives, including the importance of the work of the neuropsychologist who goes beyond a simple host, but collaborates to perform evaluations, rehabilitation, diagnosis and pre and post-surgical follow-up. It can be concluded that this work shows the importance of neuropsychology in an interdisciplinary approach, focused on the hospital environment, demonstrating to the society that the work of the neuropsychologist goes far beyond counseling and listening, but deals with the necessary technical skills in the process of patient recovery , both in their emotional state, and in their organic and cognitive state, understanding biopsychosocial being differently from traditional psychology.
Keywords: Neuropsychologist, Neuropsychology, interdisciplinary, neuropsychological rehabilitation.

1. INTRODUÇÃO

A fim de investigar as informações sobre o tema proposto desta pesquisa, vale ressaltar que é importante investigar as questões base do trabalho. Investigando sobre a importância da avaliação Neuropsicológica para pacientes pré-cirúrgicos e pós-cirúrgicos submetidos à cirurgia de retirada de tumor cerebral, que é o tema deste trabalho, pois acredita- se que é importante demonstrar à sociedade a real importância da neuropsicologia em um contexto interdisciplinar. A questão chave desta pesquisa configura-se com a seguinte pergunta: “Qual é a função do neuropsicólogo no acompanhamento e no preparo de pacientes pré-cirúrgicos e pós-cirúrgicos submetidos a cirurgia de retirada de tumor cerebral?” Para responder esta questão, buscou-se os pensamentos de autores consistentes e confiáveis que falem sobre o tema, fornecendo um entendimentos sobre a importância da neuropsicologia no cuidado do sujeito nessas condições, acreditando ser de grande relevância social e científica.

Justifica-se a importância deste estudo, como sendo de fundamental relevância, sendo importante para as ciências da saúde de várias ramificações, pois trata- se de entendimentos interdisciplinares em um contexto hospitalar por maior parte do tempo de trabalho do neuropsicólogo. Além de ser importante para a compreensão da importância do neuropsicólogo para as outras áreas das ciências da saúde, este estudo mostra a fundamental relevância social, tentando mudar a ideia de que o trabalho de um psicólogo se resume apenas em aconselhamentos. Este estudo não utiliza seres humanos como objeto de estudo, mas sim, conceitos teóricos de grandes renomes, mostrando que esta pesquisa se justifica por ter apenas benefícios para o leitor, sem prejuízos para a sociedade ou qualquer pessoa. Também vale ressaltar que a justificativa da realização deste trabalho, mostra uma visão ampla sobre o conceito de saúde, mostrando que não se trata apenas da saúde física do sujeito, mas mostra a importância da saúde emocional no tratamento do câncer cerebral e também, de outras doenças, que podem ser relacionadas com esta, no decorrer do desenvolvimento humano, que estão relacionadas a fatores psicossomáticos. Este trabalho também pode contribuir para a possibilidade de novas pesquisas em neuropsicologia, favorecendo possíveis novas compreensões sobre estratégias de reabilitação também nas demais áreas da saúde relacionadas ao tema, favorecendo o neuropsicólogo em seu trabalho, visando muitas interpretações sobre a importância de seu conhecimento técnico/científico, abrindo portas para pesquisas tanto para profissionais da saúde, como estudantes dessas áreas. Também se justifica a importância deste trabalho, ao demonstrar os cuidados éticos que o neuropsicólogo deve ter no início do tratamento de seus pacientes até o final do processo de reabilitação na equipe interdisciplinar, onde se acredita que deve manejar as situações conforme suas experiências científicas e preparo, buscando benefícios para o paciente com tratamentos eficazes, preservando sua integridade emocional e física, além de gerar novas compreensões para o profissional sobre o entendimento do ser biopsicossocial.

O objetivo principal, desta pesquisa busca Investigar quais são as estratégias de Reabilitação Neuropsicológica no pré-cirúrgico e pós-cirúrgico de pacientes submetidos à cirurgia de retirada de tumor cerebral; Podendo oportunizar ao neuropsicólogo e sua equipe interdisciplinar, a compreensão do assunto teoricamente consistente, favorecendo no cotidiano em seu trabalho prático, observacional e em suas intervenções.

Os demais objetivos deste estudo se baseiam nos seguintes aspectos: Analisar quais são os principais impactos emocionais e comportamentais nos pacientes pré-cirúrgicos e pós-cirúrgicos diante dos riscos da cirurgia de retirada de tumor cerebral; Compreender os aspectos neuropsicológicos, cognitivos e patológicos relacionados aos possíveis danos causados pelo tumor cerebral; Destacar as contribuições do neuropsicólogo na equipe interdisciplinar em intervenções de pacientes sujeitos à cirurgia neurológica de retirada de tumor. Acredita- se que estes entendimentos auxiliam na compreensão do tema, do problema de pesquisa e do objetivo geral, chegando a resultados de grande relevância científica.

Denota- se que este trabalho é inteiramente bibliográfico, onde foram selecionados textos de livros e artigos de confiabilidade que falem sobre o tema para realização da análise de dados. Esta pesquisa é qualitativa, possuindo conhecimentos interpretativos, não quantitativos (não se aplica a dados numéricos e exatos), pela neuropsicologia se tratar de uma ciência humana comportamental. Não são utilizados seres humanos como objeto de estudo, sendo caracterizada por uma pesquisa bibliográfica qualitativa.

2. TEMA

A importância da avaliação Neuropsicológica para pacientes pré-cirúrgico e pós-cirúrgicos submetidos a cirurgia de retirada de tumor cerebral.

2.1. PROBLEMA DE PESQUISA

Qual é a função do neuropsicólogo no acompanhamento e no preparo de pacientes pré-cirúrgicos e pós-cirúrgicos submetidos a cirurgia de retirada de tumor cerebral?

3. OBJETIVO GERAL

Investigar quais são as estratégias de Reabilitação Neuropsicológica no pré-cirúrgico e pós-cirúrgico de pacientes submetidos à cirurgia de retirada de tumor cerebral.

3.1. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

  • Analisar quais são os principais impactos emocionais e comportamentais nos pacientes pré-cirúrgicos e pós-cirúrgicos diante dos riscos da cirurgia de retirada de tumor cerebral;

  • Compreender os aspectos neuropsicológicos, cognitivos e patológicos relacionados aos possíveis danos causados pelo tumor cerebral;

  • Destacar as contribuições do neuropsicólogo na equipe interdisciplinar em intervenções de pacientes sujeitos à cirurgia neurológica de retirada de tumor.

4. JUSTIFICATIVA

O tema desta pesquisa, conta com dados que provam sua importância para a sociedade e para o profissional da saúde. Acredita- se que a relevância social e científica do tema é que abre novos entendimentos acerca da interpretação comportamental do sujeito, comparando com seus aspectos neurológicos e cognitivos.

O homem como sendo a principal ferramenta de estudos em ciências humanas, deve ser interpretado em seu âmbito biopsicossocial, especificadamente a sua saúde mental. Acredita- se a relevância deste tema para a sociedade mostra a importância do acompanhamento neuropsicológico em casos de cirurgias de tumor cerebral, já que a saúde emocional possivelmente também causa grandes impactos no corpo.

Provavelmente a sociedade contemporânea define a palavra “saúde” como sendo apenas a saúde do corpo, e não compreendem que a condição emocional também pode atingir o homem, podendo comprometer a sua qualidade de vida, sendo uma das funções deste trabalho, mostrar à sociedade que a função do neuropsicólogo é relevante a fim de prevenir problemas emocionais que podem atingir o corpo, se não forem tratados adequadamente.

Portanto, o neuropsicólogo, com este trabalho, descobre novas informações, enriquecendo o seu conhecimento, podendo gerar outras pesquisas, contribuindo desta forma para a qualidade de vida do paciente. Esses motivos justificam o desenvolvimento desta pesquisa, não possuindo qualquer prejuízo/malefício à sociedade, sendo inteiramente benéfica por não usar seres humanos como objeto de estudo, mas sim, referencias bibliográficas que favorecem a compreensão do tema teoricamente, podendo ser utilizada para abrir novos caminhos em demais áreas da saúde, já que favorece uma explicação abrangente do tema, do problema de pesquisa e de seus objetivos, tornando-se uma pesquisa favorecedora para um entendimento interdisciplinar na área da saúde mental.

5. REVISÃO DE LITERATURA

5.1. Principais impactos emocionais e comportamentais nos pacientes pré-cirúrgicos e pós-cirúrgicos diante dos riscos da cirurgia de retirada de tumor cerebral

A fim de iniciar a discussão a respeito deste tema, que tange ao primeiro objetivo específico desta pesquisa, vale ressaltar os prováveis impactos emocionais do paciente diante deste procedimento cirúrgico. Para isto, destaca- se pensamentos de autores consistentes e confiáveis que falem sobre o tema, a fim de chegar a este objetivo, e relaciona-lo com o tema e problema de pesquisa. Sendo assim, inicia-se com conceitos de Santos e Lucia (2016), onde relatam que um diagnóstico de câncer, é uma nova trajetória para a vida do paciente, e visa intervenções terapêuticas que busquem o aumento de tempo de vida ou a cura do paciente, portanto, também se imagina os grandes impactos emocionais vividos após o diagnóstico, onde dentre as consequências, Santos e Lúcia (2016) afirmam que a prevalência de depressão é evidente em pacientes diagnosticados com câncer, causando desta forma, demais problemas como picos de ansiedade, insônia, e o aumento do risco de demência, além das disfunções cognitivas causadas pela quimioterapia. Santos e Lúcia (2016), nos pensamentos anteriores, não focaram-se em afirmar os principais impactos emocionais de pacientes diagnosticados com câncer cerebral, mas também, em câncer de modo geral, além disto, destacou-se que os prejuízos emocionais mencionados pelos autores são evidentes antes, durante e depois do procedimento cirúrgico.

É de grande importância, verificar os pensamentos de Fuentes, Diniz, Camargo e Cosenza (2014), onde afirmam que as demências estão diretamente relacionadas com as doenças neurodegenerativas, concordando com Santos e Lúcia (2016). Sobre alterações emocionais e comportamentais, Fuentes, Diniz, Camargo e Cosenza (2014) relatam sobre as possíveis presenças de afasias, onde pode ser compreendido que depois de uma cirurgia de tumor cerebral, é típico que o paciente perca habilidades essenciais, podendo muitas vezes ser irreversíveis, como por exemplo: Dificuldades na linguagem, e dificuldades de realização de tarefas simples, que antes conseguia fazer. Vale mencionar que os autores Fuentes, Diniz, Camargo e Cosenza (2014) não estão direcionando estes aspectos comportamentais e emocionais a um público de faixa-etária específica, mas em qualquer idade em que o paciente se depara com câncer e passar por procedimentos quimioterápicos e cirúrgicos, é típico o aparecimento de sequelas destes tipos.

Um dado muito importante, que favorece a compreensão do objetivo geral desta pesquisa, é o pensamento dado por Gomez et al (2012), onde afirma que diante dos impactos emocionais e comportamentais também devem ser trabalhados junto com as técnicas de reabilitação neuropsicológica ao reestabelecer a plasticidade cerebral, ou então, verifica- se nas palavras da autora:

A possibilidade do cérebro reorganizar seus múltiplos padrões de respostas e conexões mediante a experiência, mesmo após diversos tipos de dano cerebral, é um dos aspectos mais fascinantes das fronteiras da neurociências com a reabilitação. Através dos mecanismos de plasticidade neural, a própria lesão apresenta um impulso mobilizador para que o cérebro reprograme seus padrões originais de funcionamento e especialização hemisférica (GOMEZ, et al, 2012, p.56).

No pensamento anterior, Gomez et al (2012), finalizam o texto relatando sobre a especialização hemisférica, o que pode ser compreendido que o tipo de demência, alterações emocionais e comportamentais, podem depender de qual região cerebral está afetada, porém, é sabido que o cérebro está subdividido em partes e funções apenas didaticamente, mas na realidade, todas as partes trabalham em conjunto. Também é importante a interpretação de Gomez et al (2012), onde afirmam que os profissionais que trabalham na reabilitação neuropsicológica devem estimular a plasticidade cerebral do paciente, verificando as consequências cognitivas afetadas, as demências, as afasias, mas cuidar para não trabalhar esses aspectos de forma muito “robotizada”, ou seja, deve considerar também os aspectos sentimentais e emocionais, que vão além das capacidades orgânicas do cérebro (lesões), já que é muito provável que toda a família do paciente também estará com medo da situação, além do próprio paciente. É provável que este pensamento sobre reabilitação esteja mais relacionado com a realidade do paciente no pós-cirúrgico.

É muito importante citar um pensamento muito válido a fim de complementar os conceitos de Gomez et al (2012) sobre reabilitação neuropsicológica em pacientes submetidos a cirurgia de retirada de tumor cerebral, que também pode favorecer a compreensão do objetivo geral deste estudo, podendo verificar o raciocínio de Cunha (2000) sobre os tipos de avaliação neuropsicológica nestes casos, onde diferencia as questões diagnósticas e as questões descritivas. A primeira, segundo Cunha (2000) é tida como um tipo de avaliação que envolve perguntas que visam a compreensão complementar de um diagnóstico diferencial, visando aspectos comportamentais, comparações, níveis de desempenho, porém de um modo mais global e interdisciplinar, valendo ressaltar que o neuropsicólogo jamais deve basear seu diagnóstico apenas em um fator único, como testes, ou apenas entrevistas, mas sim, em um conjunto de abordagens e técnicas, náo devendo aplicar apenas uma estratégia para diagnosticar. A segunda, por Cunha (2000), que são as questões descritivas, que buscam compreender a análise de capacidades específicas, que fundamentam decisões sobre o indivíduo em suas vivencias, na vida profissional, pessoal, escolar ou até mesmo em seus deveres e direitos em sociedade. Segundo Cunha (2000), este tipo de avaliação visa documentar o tratamento para monitorar e planejar as intervenções. É evidente que os pensamentos de Cunha (2000) estão relacionados como objetivo geral desta pesquisa, já que afirma dois tipos de avaliação que podem ser utilizados em pacientes pré-cirúrgicos e pós-cirúrgicos, que são passos importantes para a reabilitação neuropsicológica e a verificação das alterações comportamentais e emocionais do paciente diante da cirurgia de retirada de tumor cerebral.

O pensamento anterior, dado por Cunha (2000) pode ser relacionado com o conceito dado pelo primeiro autor citado neste capítulo, ou seja, Santos e Lúcia (2016), onde afirmam que as funções neuropsicológicas em pessoas que tiveram alguma lesão encefálica devem ser avaliadas pelo neuropsicólogo, que possui um papel importante ao compreender as ligações fundamentais entre o comportamento e o cérebro, pois permite encontrar relações entre os resultados apresentados nos testes neuropsicológicos e o comportamento, com a ajuda de outros métodos neuropsicológicos além dos testes psicométricos, sendo estratégias científicas que visam verificar o funcionamento neurológico, suas manifestações sociais e todo o contexto existencial do paciente.

Ao falar mais especificadamente dos abalos emocionais do paciente pré-cirúrgico diagnosticado com câncer cerebral, relacionando com os pensamentos de Santos e Lúcia (2016) quando falam sobre o contexto existencial do paciente, também pode ser verificado em Fuentes, Diniz, Camargo e Cosenza (2014), onde afirmam que o paciente passa por diversas sequelas em seu âmbito social e familiar em casos de lesões cerebrais de um modo geral (os autores citam no texto sobre o Acidente Vascular Cerebral, porém, o pensamento pode ser relacionado também com os pacientes pré-cirúrgicos no contexto deste trabalho). Fuentes, Diniz, Camargo e Cosenza (2014) afirmam a grande importância do acompanhamento familiar do paciente pré-cirúrgico, onde também é um papel fundamental do psicólogo ou neuropsicólogo, já que os abalos emocionais não são apenas vivenciados pelo paciente, mas também pelas demais pessoas de seu convívio, pois o sujeito provavelmente estará correndo risco de vida, o que se entende que sentimentos como ansiedade, esperança, desesperança, sensação de perda e luto, preocupações, ou até uma possível depressão, não estarão sendo vivenciados só pelo paciente diagnosticado, mas também, por pessoas próximas de seu convívio social e familiar. Este pensamento pode auxiliar na resposta do problema de pesquisa deste trabalho, onde busca saber as funções do neuropsicólogo no acompanhamento e no preparo de pacientes pré-cirúrgicos e pós-cirúrgicos submetidos à cirurgia de retirada de tumor cerebral.

Mais um raciocínio importante a respeito da neuropsicologia voltada especificadamente em neurocirurgias, é importante verificar o pensamento de Diniz, Fuentes, Mattos e Abreu et al (2010) no texto seguinte:

São várias as patologias neurocirúrgicas que requerem uma cuidadosa avaliação neuropsicológica; dentre as mais citadas, incluem-se a epilepsia, os tumores e os acidentes vasculares cerebrais. A avaliação neuropsicológica envolve o estudo do comportamento por meio de entrevistas, testes padronizados e questionários, que determinam indícios comportamentais relativamente precisos (DINIZ, FUENTES, MATTOS E ABREU et al, 2010, p. 286).

Segundo o pensamento dado por Diniz, Fuentes, Mattos e Abreu et al (2010), é evidente que as questões comportamentais devem ser consideradas pelo neuropsicólogo, o que concorda com os demais autores citados neste capítulo, para isto, necessita- se uma avaliação neuropsicológica e também, interdisciplinar, pois as alterações emocionais e comportamentais do sujeito já iniciam desde o pré-cirúrgico. Diniz, Fuentes, Mattos e Abreu et al (2010) também relatam que a avaliação neuropsicológica deve ser considerada tanto antes quanto depois da cirurgia, com função de suporte emocional ao paciente e à família, verificando detalhadamente as alterações que foram apresentadas, e os avanços no desempenho de testes, analisando as sequelas que ficaram desde o início até a alta do pós-cirúrgico.

Os autores vistos neste capítulo clareiam bastante os conceitos sobre os campos de trabalho da neuropsicologia, favorecendo para a compreensão do tema e do problema de pesquisa, e para complementar consistentemente o entendimento sobre os principais impactos emocionais na realidade apresentada neste trabalho, vale também citar Junior, Doca, Araújo, Martins, Mundim, Penatti e Sidrim (2012), onde afirmam que os principais relato de pacientes submetidos a procedimentos cirúrgicos, são principalmente os seguintes: Desconforto e medo de dores, mesmo antes da cirurgia; Perda de autonomia, podendo ser temporária; Medo de abandono da família; Medo da morte e das sequelas que ficariam dependendo do procedimento; Ansiedade; Sintomas depressivos; Angústias; Insônia; Dentre outros sentimentos em sua maior parte, negativos e de desesperança (principalmente em cirurgias de alto risco de vida), sendo estes fatores principalmente ocorrentes no pré-cirúrgico. Ainda neste pensamento, Junior, Doca, Araújo, Martins, Mundim, Penatti e Sidrim (2012), afirmam que esses fatores emocionais mais frequentes, interferem bastante também depois do procedimento, causando sintomas psicossomáticos que podem colaborar para que haja mais demora no processo de recuperação, e fazer o paciente se manter calmo e com esperança, possivelmente não é um trabalho fácil para a equipe de profissionais.

Outro passo importante para que haja conforto ao paciente e os impactos emocionais não sejam tão severos ou prejudiciais, Junior, Doca, Araújo, Martins, Mundim, Penatti e Sidrim (2012), falam sobre a importância da preparação do ambiente hospitalar, que também deve ser preparado de forma que transmita segurança e bem-estar ao paciente, o que possivelmente é um detalhe muito importante, que nem sempre os hospitais podem proporcionar certo conforto, além disto, a equipe de profissionais também deve transmitir calma, segurança e bem-estar, mesmo que a situação do paciente seja crítica, sendo estes, passos muito importantes para o estado emocional do paciente, que nunca deve ser ignorado. Este pensamento sobre o ambiente hospitalar, não foi mencionado claramente pelos outros autores no início e no decorrer deste capítulo, sendo assim, Junior, Doca, Araújo, Martins, Mundim, Penatti e Sidrim (2012), reforçam a importância deste entendimento para o neuropsicólogo.

Para verificar outros raciocínios sobre os possíveis sentimentos de pacientes pré e pós-cirúrgicos, destaca- se também o pensamento de Tesser e Prebianchi (2014), onde foca- se nos impactos emocionais de pacientes com esta realidade, tanto em adultos quanto crianças, sobre o ambiente clínico, que deve ser calmo, relaxante e confortável, sendo que os impactos psicológicos vistos neste capítulo pelos outros autores, também são os mesmos que Tesser e Prebianchi (2014) afirmam, ou seja, os sentimentos em sua maior parte são negativos, porém, o ambiente deve ser favorável para diminuir essas sensações vivenciadas pelo paciente e também por sua família, a fim de se ter um bom acolhimento. Tesser e Prebianchi (2014) também ressaltam que os sintomas de ansiedade, o estresse cirúrgico e a possibilidade de sequelas pós-operatórias em que o paciente e sua família estarão cientes, pode comprometer o processo de recuperação, pois o paciente entrará em uma situação em que muitas vezes é desconhecida por ele e por sua família, que pode não saber lidar direito com esses sentimentos de perda, o que provoca uma desestruturação emocional de várias pessoas envolvidas, e é nestes momentos em que os profissionais envolvidos devem oferecer suporte ao paciente e sua família, a fim de prepara-los a não sofrer grandes impactos emocionais no manejo da situação (dentre elas, a preparação para um possível luto).

Um dado importante sobre o pós-cirúrgico é citado por Tesser e Prebianchi (2014), dizendo que a depressão pós-cirúrgica existe com grande prevalência nos dias de hoje, mas associam este fator não somente pelo sentimento de medo da morte ou de sequelas, mas também, é aparente devido ao uso de medicações para recuperação, causando reações químicas no organismo, que muitas vezes resultam em problemas de cunho emocional ou até físicos, porém, sempre é importante que os medicamentos possuam mais benefícios do que efeitos colaterais. Entende-se que Tesser e Prebianchi (2014) acreditam que o processo de acolhimento do paciente deve ocorrer desde o transporte para sala cirúrgica, até a alta do processo de reabilitação completo, pois os sentimentos negativos devem ser transformados em esperanças para um novo estilo de vida que o paciente irá ter, compreendendo a saúde não apenas física, mas também emocional.

Para chegar a uma explicação mais sucinta deste capítulo, a fim de analisar os dados coletados pelos autores citados durante o desenvolvimento dessa discussão, pretende- se entender sobre os principais impactos emocionais e comportamentais nos pacientes pré-cirúrgicos e pós-cirúrgicos diante dos riscos da cirurgia de retirada de tumor cerebral, relacionando uma concordância entre todos os autores até aqui destacados, para isto, voltamos ao pensamento de Santos e Lúcia (2016) para compreender esses aspectos no âmbito hospitalar, onde dizem que primeiramente, as pessoas envolvidas com o paciente, como sua família e seu meio social devem ser esclarecidos sobre o conceito de saúde e doença, a fim de ver o problema de outra forma, diferente do que é tida no simples sendo comum, para que possam entender o problema/doença e melhor lidar com ela, para que se tenha melhor aceitação, a fim de ao menos aliviar os aspectos emocionais negativos, como ansiedades, desesperanças, abandono, sintomas depressivos, dentre outros sentimentos bastante frequentes depois do diagnóstico de câncer. Este pensamento também gera uma análise de dados favorável, e que pode ser relacionada com o conceito de Gomez et al (2012), quando afirma as principais causas dos sentimentos negativos e modificações comportamentais pós-diagnóstico, quando verifica que a causa dessas modificações não ocorrem somente diante da doença propriamente dita, mas uma série de fatores que somam com ela, bem como: os medicamentos, que provocam reações químicas intensas no Sistema Nervoso Central, as alterações hormonais que ocorrem devido a mudanças alimentares, além dos próprios sentimentos diante do conceito de saúde/doença.

Neste contexto, Gomez et al (2012) relata esses aspectos, relacionando com a função do neuropsicologo no contexto deste trabalho, as estratégias de reabilitação e também a importância da avaliação neuropsicológica diante do diagnóstico de câncer cerebral no pré e pós-cirúrgico, contribuindo para a compreensão do tema desta pesquisa, seu objetivo geral e sua pergunta chave/problema de pesquisa. A fim de compreender essas considerações Gomez et al (2012) afirma que o processo de reabilitação possui como objetivo a autonomia funcional do sujeito, onde consiga realizar tarefas através de estímulos, desde tarefas simples do cotidiano, que não exigem muito esforço, até as tarefas mais complexas, cabendo ao neuropsicólogo e a equipe interdisciplinar saber trabalhar cada uma delas, estimulando a fim de recuperar ou adaptar o organismo a uma determinada condição, também oferecendo suporte ao paciente e sua família diante dos impactos emocionais que possivelmente serão evidentes diante da doença (não fugindo do tema deste capítulo, mas relacionando com o tema, problema e objetivo geral desta pesquisa). Ainda neste entendimento de Gomez et al (2012), pode se afirmar que na avaliação neuropsicológica, o neuropsicólogo primeiramente deve saber os reais motivos que levam o paciente a buscar tratamento (este entendimento vale para o âmbito hospitalar e também para o âmbito clínico), devendo considerar a queixa, mas não se ater somente no que é relatado pelo paciente, mas compreender além das palavras, o que ele sente por trás delas, compreendendo o contexto biopsicossocial, jamais desfazendo os aspectos biológicos/orgânicos, para isto servem os demais profissionais da equipe. Segundo Gomez et al (2012), este entendimento visa a compreensão do objetivo geral desta pesquisa, a analisa os dados relacionando com a realidade deste capítulo, a fim de compreender a forma em que o neuropsicólogo deve compreender a queixa, os sentimentos e comportamentos do paciente, que possivelmente estarão abalados diante do diagnóstico de câncer e mesmo depois do procedimento neurocirúrgico.

Para relacionar e analisar os dados deste capítulo, também é importante citar novamente os conceitos de Fuentes, Diniz, Camargo e Cosenza (2014), onde afirmam que diante de uma queixa ao neuropsicólogo no contexto clínico e hospitalar, o profissional estará buscando compreender qual é o tipo de percepção que o paciente terá diante da doença, ouvi-lo de forma a compreender como o sujeito vê a doença, onde verifica-se que na maioria dos casos, os sentimentos negativos já mencionados no decorrer deste capítulo, como ansiedades, desesperanças, abandonos, insônias, nervosismos, sintomas depressivos, convulsões nervosas, dentre outros, aparecem com mais frequência, porém, cada paciente possui uma realidade distinta, ou seja, existem pacientes que apresentam esses sintomas com menor intensidade do que outros, não existindo uma regra que se possa dizer que todos os pacientes com câncer cerebral apresentarão esses sintomas, mas existem casos em que essas modificações são menos aparentes, facilitando o trabalho dos profissionais envolvidos. Estes aspectos mencionados por Fuentes, Diniz, Camargo e Cosenza (2014) também podem ser relacionados com o pensamento anterior, dado por Gomez et al (2012), ao afirmar sobre a compreensão do neuropsicólogo diante da queixa, verificando os aspectos emocionais e comportamentais, que jamais devem ser ignorados.

5.2. Aspectos neuropsicológicos, cognitivos e patológicos relacionados aos possíveis danos causados pelo tumor cerebral

Este capítulo da pesquisa, foca- se em compreender os aspectos cognitivos e patológicos do paciente submetido à cirurgia de retirada de tumor cerebral. No capítulo anterior, focou-se fundamentalmente em alterações comportamentais e emocionais, porém, nesta etapa serão analisados os fatores cognitivos e patológicos, já que se acredita ser de grande importância ao trabalho do neuropsicólogo. Para prosseguir a discussão, Diniz, Fuentes, Mattos e Abreu et al (2010), falam de algo muito importante no diagnóstico do câncer cerebral, e que vai além de técnicas neuropsicológicas, como entrevistas, testes e psicoterapias, falando sobre os exames de neuroimagem, onde acredita- se que é mais utilizado em medicina do que na própria neuropsicologia, favorecendo o direcionamento do tratamento para cada patologia de origem cerebral, não apenas ao tratar dos tumores encefálicos, mas também a verificação da atividade cerebral em outros tipos de demências e déficits cognitivos, que tenham causas orgânicas.

Após compreender como é dado o diagnóstico das patologias onde determinadas partes cerebrais estão comprometidas, vale ressaltar o pensamento de Diniz, Fuentes, Mattos e Abreu et al (2010), quando também falam sobre alguns pontos em que o neuropsicólogo necessita lembrar ao realizar as avaliações, tendo em vista que deve considerar as funções cognitivas comprometidas e também as preservadas, pois é um passo importante na avaliação, a fim de verificar a evolução dos casos, tanto no pré-cirúrgico como no pós-cirúrgico. Seguindo ainda no pensamento de Diniz, Fuentes, Mattos e Abreu et al (2010), o neuropsicólogo deve estar atento aos déficits na cognição e nos processos patológicos, pois podem apresentar fortes impactos depois da cirurgia, valendo mencionar que as patologias e os déficits cognitivos no pós-cirúrgico podem ser bastante variáveis, pois depende do tipo de lesão, e quais regiões encefálicas foram atingidas, sendo comum, a presença de afasias, problemas com a linguagem e perdas de memória.

Os autores anteriores trouxeram informações relevantes cientificamente, sobre a compreensão de como se dá o diagnóstico de muitas patologias e déficits cognitivos, utilizando a neuroimagem como estratégia. Neste contexto, Gomez et al (2012) concordam com os pensamentos citados anteriormente, quando falam sobre as consequências das lesões neurológicas de modo global, mas também pode ser relacionado com a realidade do paciente pós-cirúrgico com tumor cerebral, relatando sobre a presença das afasias, que podem se manifestar clinicamente de diversas formas, mas aquelas adquiridas por lesões cerebrais são as de distúrbios de linguagem, evidentemente na escrita, denominadas como as dislexias e disgrafias, e na fala, que são as apraxias e disartrias. Neste contexto, Gomez et al (2012), ainda relata que a afasia é uma sequela que compromete o sujeito de tal forma, a prejudicar o paciente em seus âmbitos profissional, pessoal e social, cabendo nesta realidade, a necessidade da reabilitação neuropsicológica, a fim de gerar novas adaptações físicas, psicológicas e sociais atingíveis do sujeito, considerando que o paciente não é o único a sofrer com o problema, mas sua família também, que muitas vezes não possui conhecimento de como lidar com determinadas patologias. Este conceito contribui para uma compreensão do problema de pesquisa, falando sobre reabilitação neuropsicológica das afasias que podem aparecer no pós-cirúrgico.

Seguindo neste mesmo pensamento, a fim de concordar com Gomez et al (2012), também vale ressaltar o texto de Santos e Lúcia (2016) quando afirmam que as funções mentais atingidas por uma lesão cerebral ou até mesmo pelo corte cirúrgico, como as gnosias, sensopercepção, atenção, memória, práxias, linguagem, consciência, funções executivas, raciocínio lógico, criatividade, capacidade de resolução dos problemas, raciocínio abstrato, devem ser sempre acompanhadas e avaliadas na equipe interdisciplinar, principalmente pelo neuropsicólogo, pois são estas as capacidades mentais superiores que tendem a ser comprometidas, muitas vezes ainda no pré-cirúrgico. Isto demonstra a grande importância do acompanhamento e a avaliação neuropsicológica nos pacientes submetidos a cirurgia de retirada de tumor cerebral, e clareia a compreensão do tema desta pesquisa.

Ainda seguindo com os mesmos autores, um raciocínio complementar, onde Santos e Lúcia (2012) afirmam que a avaliação neuropsicológica, possui estratégias observacionais, entrevistas clínicas para verificação do estado psíquico, utilização de instrumentos e testes para avaliar o desempenho cognitivo, podendo seguir padrões ou não padronizados, complementando por escalas de verificação da cognição funcional. Este pensamento é de grande relevância cientifica, e exemplifica uma compreensão do objetivo geral deste trabalho.

É importante verificar nesta mesma sequencia, falando sobre as patologias e disfunções relacionadas ao cérebro, que o texto de Fuentes, Diniz, Camargo e Cosenza (2014) explica, quando afirma que as disfunções motoras, são as mais evidentes quando existem lesões cerebrais, e jamais podem ser negligenciadas, pois comprometem também outros processos cognitivos quando não estimuladas adequadamente. Fuentes, Diniz, Camargo e Cosenza (2014) ainda afirmam que se atribuir mais cuidado e importância ao comportamento motor, com certeza a prática neuropsicológica pode ser melhorada, tanto nos processos de avaliação, pesquisa ou reabilitação. Este pensamento é de grande relevância científica, pois reforça o papel do neuropsicólogo ao trabalhar as questões biológicas e físicas, o que vão além do comportamento.

A fim de continuar falando sobre as principais disfunções cerebrais causadas pela cirurgia cerebral ou por lesões, vale citar Cunha (2000), sobre qual é o principal objeto de análise na neuropsicologia, afirmando ser a cognição, particularmente a memória, sendo atribuída a importância na análise fundamental das funções cognitivas, seus prejuízos e os correlatos das alterações cerebrais, e estas avaliações já podem ser vistas a partir da triagem, e logicamente, depois deve aprofundada com demais estratégias qualitativas e quantitativas de trabalho do neuropsicologo, como testes, baterias neuropsicológicas, e também, amostras de casos específicos semelhantes. Ainda verificando os textos de Cunha (2000), denota-se que as lesões cerebrais ou os procedimentos cirúrgicos, não são os únicos fatores que causam os déficits cognitivos nos pacientes submetidos aos procedimentos, mas também, as medicações e o contato com certas substancias químicas durante o tratamento, que agem no Sistema Nervoso Central (SNC), e estes declínios na cognição, são geralmente mais evidentes em pacientes com mais de 40 anos de idade, que foram submetidos a cirurgia. Cunha (2000) afirma que a cognição do paciente pode ser atingida, porém, não foca especificadamente em falar sobre procedimentos neurocirúrgicos, mas também em casos de Acidente Vascular Cerebral (AVC), lesões cerebrais e demais fatores orgânicos, mas que podem ser relacionados com a realidade desta pesquisa, já que fala sobre a cognição, motricidade e os prejuízos causados pelas condições neurológicas que sofreram algum tipo de dano.

Neste momento, também é importante mencionar sobre o texto de Gomez et al (2012) sobre a avaliação dos modelos cognitivos, que devem ser analisadas pelo neuropsicologo e também pela equipe interdisciplinar, focando em verificar as habilidades preservadas e também as atingidas pela lesão ou corte cirúrgico, considerando a localização da “lesão funcional” subjacente às manifestações clínicas observadas no paciente, ou seja, entender a lesão e relacionar com o déficit apresentado posteriormente, ou comportamento, entendendo desta forma a complexidade da anatomia cerebral e suas relações com as patologias e mudanças cognitivas e comportamentais.

Para Gomez et al (2012), as estratégias de reabilitação para os déficits cognitivos e as patologias causadas por lesões cerebrais ou intervenção cirúrgica, depende também da qualidade do ambiente em que a tarefa ou avaliação será realizada, e em ambiente hospitalar, nem sempre o neuropsicólogo possui um ambiente favorável para realizar avaliações de maior complexidade, ou até mesmo, para realização de entrevistas, testes e acompanhamentos. Gomez et al (2012) ainda neste contexto, ressalta que o neuropsicólogo saiba que para o desenvolvimento de novas habilidades motoras no processo de reabilitação, requer que se tenha outras habilidades preservadas, ou seja, para que haja desenvolvimento de reabilitação de escrita por exemplo, é preciso que haja uma boa condição visual, para o desenvolvimento da fala, é preciso que o paciente tenha condições de audição, por exemplo, e assim por diante, não precisando ser audição ou visão perfeitas, mas que tenha capacidade de reconhecer os sons, e letras. Citou- se neste parágrafo, exemplos de capacidades que geralmente são afetadas no pós-cirúrgico, e também, algo importante a ser reconhecido no processo de reabilitação neuropsicológica, auxiliando na compreensão do objetivo geral deste trabalho, e também, ao tema desta pesquisa, pois foram passos importantes a serem reconhecidos na avaliação e na reabilitação neuropsicológica. Para Fuentes, Diniz, Camargo e Cozensa (2014), este pensamento também é consideravelmente importante, onde afirmam que a avaliação neuropsicológica estará muito ligada a psicometria para verificar de forma complementar as habilidades preservadas e as atingidas pela lesão cerebral ou pela cirurgia, utilizando as funções preservadas para estimular as que foram danificadas ou perdidas.

Seguindo com o tema deste capítulo, é importante citar Pereira e Maia (2016) onde relacionam o tumor cerebral e as respectivas áreas do cérebro, sendo importante para se compreender as consequências desta patologia na cognição humana e em seu comportamento, afirmando que se a neoplasia se localiza no lobo frontal, é evidente alterações na personalidade do sujeito, dificuldades de distinguir certo e errado, reflexos primitivos, abulia e incontinência urinária. Pereira e Maia (2016) também comparam a lesão ou neoplasia no lobo temporal, onde dizem que pode ser mais aparente o surgimento de convulsões, quadros de afasia e distúrbios visuais (vale situar que esses sintomas são os mais frequentes e não são tidos como “regras”). Pereira e Maia (2016) fala também sobre os tumores parietais, que causam em sua maior parte das amostras, a perda sensitiva, perceptiva, anosognosia, distúrbios das funções visuais e espaciais e hemiparesia. No lobo occipital, Pereira e Maia (2016) dizem que é bastante aparente, as crises convulsivas visuais. Os tumores no tálamo, segundo Pereira e Maia (2016), causam distúrbios sensitivos contralaterais, afasias e alterações cognitivas. No tronco cerebral, Pereira e Maia (2016) informam que na maior parte das vezes provoca distúrbios nos nervos cranianos, além de soluços, vômitos e hemiparesia, sendo assim, cabe ao neuropsicólogo saber trabalhar com esses déficits no processo de reabilitação.

É importante relacionar as respectivas áreas encefálicas com esses déficits, por isto, citou- se Pereira e Maia (2016), pois os demais autores citados neste capítulo, não focaram-se em exemplificar a cognição e o comportamento relacionando com as áreas do cérebro anatomicamente, mas deram entendimentos “globais” sobre o tema do capítulo, falando das patologias e das consequências mais frequentes nos pacientes.

Continuando a falar sobre os pensamentos de Pereira e Maia (2016), é viável citar que o paciente provavelmente no pós-cirúrgico, estará convivendo com muita dor, tanto provocada pelos tratamentos quimioterápicos, como as próprias dores causadas pelo corte cirúrgico, sem falar das dores psíquicas, portanto, verifica-se que existe grande incidência de transtornos depressivos em pacientes pós-cirúrgicos, levando em conta que a compreensão deste transtorno nessas situações podem ser provocadas pelo próprio uso das medicações, que alteram os processos orgânicos e químicos do corpo, somando com toda a situação desagradável por sí própria.

Outro fator importante para a compreensão deste capítulo, também é dada por Carero, Rocha, Arruda e Gadelha (2001), quando afirma que em sua pesquisa, encontrou dados que comparam os aspectos comportamentais de pessoas com câncer e pessoas saudáveis, onde se encontrou que a prevalência de indivíduos com câncer, em sua maioria possuíam relacionamentos mais frios com suas famílias e amigos, maus hábitos de vida, como alimentação, por exemplo, além de que seus históricos de vida mostraram que passaram por mais situações de estresse do que os sujeitos saudáveis durante suas vidas, e que também percebeu-se que possuíam mais dificuldades de expressar seus sentimentos, não possuindo canais suficientes (descargas) para a carga emocional. Esses aspectos apresentados por Carero, Rocha, Arruda e Gadelha (2001), fazem compreender os fatores psicossomáticos na prevalência do câncer, onde dá para entender claramente a influencia dos aspectos biopsicossociais na qualidade de vida do paciente.

Para melhor compreender a reação do paciente diante de um diagnóstico de câncer cerebral, vale também destacar, nesta mesma linha de pensamento de Carero, Rocha, Arruda e Gadelha (2001), definindo o processo diagnóstico em quatro partes:

  • A fase antes do diagnóstico;

  • A fase aguda;

  • A fase Crônica;

  • A fase de recuperação ou morte;

A primeira, segundo Carero, Rocha, Arruda e Gadelha (2001) é tida como a fase em que o paciente apenas suspeita ou se dá conta de que algo há de errado e existe uma possível doença; A segunda é tida como a fase que ocorre durante o diagnóstico, onde a pessoa necessita tomar várias decisões a cerca do cuidado médico; A terceira fase é aquela que existe entre o diagnóstico e os resultados dos tratamentos, onde o paciente tenta aceitar os efeitos, mas mesmo assim tenta seguir com a vida cotidiana. A última etapa é aquela fase onde o paciente enfrenta os efeitos psicológicos, físicos, sociais, religiosos, e monetários do câncer. Estes fatores favorecem para o entendimento deste capítulo, e não foge do entendimento dos demais autores citados, concordando que os impactos emocionais diante de um diagnóstico de câncer é assustador, e pode levar o paciente a viver por situações de risco, que comprometem a abalam seu emocional, suas capacidades cognitivas e comportamentais, por Carero, Rocha, Arruda e Gadelha (2001) em sua pesquisa.

Os dados coletados até este momento colaboram muito para a compreensão deste capítulo, sendo assim, é importante verificar uma análise de dados referente ao pensamento dos autores citados durante esta etapa, podendo relacionar este capítulo (que é voltado ao segundo objetivo específico desta pesquisa) com o tema, problema e objetivo geral deste estudo, sendo assim, é de grande relevância citar o pensamento dado por Diniz, Fuentes, Mattos e Abreu (2010), quando dizem que a avaliação neuropsicológica tange em estratégias de análise de conhecimento exclusivo do neuropsicólogo, que busca interpretar o sujeito, sua realidade comportamental, neurológica, psicossocial e relaciona através desses aspectos a possível presença de patologias e déficits cognitivos (existindo aqueles mais frequentes diante dos procedimentos adotados como tratamentos para neoplasia cerebral, inclusive procedimento neurocirúrgico), como afasias, problemas de memória, convulsões, problemas na fala, e em demais atividades que antes eram simples, e que cabe ao neuropsicólogo e a equipe interdisciplinar, estimula-las novamente, a fim de preservar ou recupera-las. Este parágrafo citado gera uma interpretação consistente e confiável para a compreensão do tema, problema e o objetivo geral desta pesquisa, sem sair do assunto deste capítulo, já que está focado na compreensão das patologias e déficits cognitivos diante da neurocirurgia.

Neste mesmo contexto, Diniz, Fuentes, Mattos e Abreu (2010), afirmam sobre a importância da aplicação de testes em uma avaliação neuropsicológica, sendo relacionado ao pensamento de Cunha (2000), pois são ferramentas importantes que auxiliam no diagnóstico e na identificação de déficits neurológicos, existindo os testes qualitativos e quantitativos, que servem para identificar as dificuldades que o paciente deve superar, e quais devem ser mais estimuladas, sendo ferramentas de uso exclusivo do neuropsicólogo, ou até mesmo do psicólogo tradicional, tendo como um passo importante na avaliação pré e pós-cirúrgica, a fim de verificar quais habilidades foram afetadas e quais foram preservadas. Estas análises feitas por Diniz, Fuentes, Mattos e Abreu (2010), e por Cunha (2000) auxiliam na compreensão do objetivo geral e da pergunta chave desta pesquisa, pois relata a função do neuropsicólogo, principalmente ao trabalhar em equipe com outros profissionais da saúde, e também, a grande importância das estratégias de reabilitação, que na medida do possível, busca uma melhor qualidade de vida para o paciente e sua família, sem sair do objetivo específico em que este capítulo foi baseado, pois não seria possível descrever sobre patologias e déficits cognitivos, sem falar em estratégias para tratar essas problemáticas.

Ainda neste pensamento, Gomez et al (2012), também relata um conhecimento importante no processo de reabilitação neuropsicológica das patologias e dos déficits cognitivos de modo geral (não focando- se apenas em casos de pacientes cirúrgicos), colaborando também com a compreensão do objetivo geral inicialmente proposto, quando afirma que antes de iniciar o processo de reabilitação, o neuropsicólogo deve ser estar preparado a saber como surgiu tal patologia ou tal déficit, para posteriormente tratar baseado na causa principal, sendo assim, denota-se a importância do aprofundamento do estudo neuropsicológico na realidade deste capítulo, pois possui mais embasamentos teóricos/científicos do que os que são vistos na psicologia tradicional, oportunizando o profissional a compreender os aspectos neurológicos, que vão além do comportamental, buscando entendimentos mais completos, favorecendo a eficácia do tratamento no processo de reabilitação no pré e no pós-cirúrgico.

Mais um pensamento de Gomez et al (2012), para reforçar a ideia sobre a função do neuropsicólogo no acompanhamento e no preparo de pacientes pré-cirúrgicos e pós-cirúrgicos submetidos a cirurgia de retirada de tumor cerebral (problema de pesquisa), e relacionar com o foco deste capítulo, afirmam que o neuropsicólogo possui como função em compreender, planejar, tratar e acolher o paciente por meio de técnicas científicas que exigem muito preparo e habilidade em qualquer contexto que for trabalhar (neste trabalho, foca-se no contexto hospitalar e interdisciplinar), para isto, deve compreender quais são os déficits cognitivos, e as patologias relacionadas com o Sistema Nervoso Central, a fim de tomar a melhor decisão possível ao tratar de cada caso. Contudo, esta análise de dados se baseou em relacionar a compreensão dada de todos os autores deste capítulo sobre o tema, e mostrando que os conceitos vistos são semelhantes uns com os outros, sempre reforçando a ideia sobre a importância da compreensão dos demais dados deste trabalho.

5.3. Contribuições do neuropsicólogo na equipe interdisciplinar em intervenções de pacientes sujeitos à cirurgia neurológica de retirada de tumor cerebral

A fim de contribuir com o aprofundamento deste capítulo, é importante salientar o papel do neuropsicologo na equipe interdisciplinar, sendo assim, também será compreendida a função de demais profissionais da equipe, não apenas focando no trabalho do neuropsicólogo, mas sim, compreender a realidade do paciente de um modo global, a fim de facilitar o entendimento de todo o seu contexto existencial. Inicia- se com um pensamento dado por Santos e Lúcia (2016), onde afirma que o princípio de uma boa avaliação neuropsicológica, consiste em não categorizar o paciente pelo diagnóstico, em outras palavras, não “rotular” aquilo como sendo sua condição única de vida, e compreendendo também, seu contexto familiar, social, psíquico e biológico como ser humano (biopsicossocial). Sendo assim, entende- se também que Santos e Lúcia (2016) citam que um passo importante para o tratamento neuropsicológico e também interdisciplinar, é o de compreender e dar suporte a família do paciente até que o mesmo receba alta do tratamento.

Santos e Lúcia (2016) complementam o pensamento sobre as funções do neuropsicólogo na equipe interdisciplinar, sendo o de compreender o contexto da doença, suas causas, prevalências, também orientando os demais membros da equipe, sobre as causas psicossomáticas, que são aquelas doenças onde os fatores emocionais colaboram para o seu desenvolvimento, o que pode ser relacionado com o tumor cerebral, além outras causas orgânicas desenvolvias pelas condições psíquicas que não foram tratadas adequadamente em tempo hábil, e acabaram por manifestar- se no corpo, também associadas a outros fatores, como genética, e costumes de vida não saudáveis ao longo dos anos. Este conhecimento dado por Santos e Lúcia (2016) mostra a importância do tratamento psíquico logo nos primeiros sintomas de algum problema de cunho emocional, a fim de evitar problemas maiores, como doenças psicossomáticas, sendo assim, a neuropsicologia ou a psicologia tradicional demonstra estratégias saudáveis, porém, trabalhosas de lidar com os problemas, demonstrando que a intervenção medicamentosa não é a única intervenção para a recuperação de doenças como o câncer, mas o emocional também possui grande influência para a qualidade de vida e reabilitação do paciente (não desfazendo a importância das intervenções medicamentosas, mas sim, mostrando que os resultados de reabilitação geralmente atingem melhores resultados quando associados a intervenções psicológicas).

Ainda verificando sobre as funções do neuropsicólogo na equipe interdisciplinar em tratamentos de pacientes submetidos a cirurgia de retirada de tumor cerebral, e também, para outras realidades, vale citar Fuentes, Diniz, Camargo e Cozensa (2014), onde dividem as funções do profissional nos seguintes aspectos: Auxílio Diagnóstico; Prognóstico; Orientação para o tratamento; Auxílio para planejamento da reabilitação; Seleção de paciente para técnicas especiais. Estes pensamentos dados por Fuentes, Diniz, Camargo e Cozensa (2014) são semelhantes às afirmações de Santos e Lúcia et al (2016), que também demonstra a importância do neuropsicólogo na equipe interdisciplinar. Além disto Fuentes, Diniz, Camargo e Cozensa (2014) garantem que as razões principais ao solicitar uma avaliação neuropsicológica cada vez mais estão sendo utilizadas em pesquisas por todo o mundo, pois oferece instrumentos muito valiosos, testando hipóteses, aferindo os tratamentos e mede as mudanças comportamentais e de personalidade, fornecendo parâmetros para a eficácia terapêutica, relacionando o cérebro e o comportamento.

Ao falar mais sobre reabilitação, que é um dos principais papéis do neuropsicólogo na realidade apresentada neste trabalho, ou seja, pacientes pré-cirúrgicos e pós-cirúrgicos submetidos à retirada de tumor cerebral, vale confirmar este pensamento, citando Gomez et al (2012) onde afirma que o neuropsicólogo trabalhará na equipe, as questões emocionais e cognitivas do sujeito, ou seja, além de suporte e acompanhamentos familiares, ele estará trabalhando para a permanência ou a recuperação das capacidades mentais superiores, como a linguagem, a fala, a memória, o pensamento, o raciocínio abstrato, raciocínio lógico, gnosias, práxias, capacidade de resolução de problemáticas, imaginação, psicomotricidade, dentre outras capacidades do indivíduo, e na equipe interdisciplinar, o psicólogo ou neuropsicólogo, provavelmente será o profissional mais preparado a lidar com estes fatores.

Ao falar de lesões funcionais, Gomez et al (2012) afirma que o neuropsicólogo compreenderá as manifestações clínicas subjacentes relativa com o tipo de lesão específica, e em casos de reabilitação da linguagem ou nas demais funções executivas, é importante que se tenha a avaliação dos efeitos terapêuticos, reconhecendo os tipos de melhoras, sendo elas as seguintes:

  • As melhoras que ocorrem independentemente do tratamento, sendo definida como a melhora espontânea;

  • Melhoras onde existem efeitos não específicos do tratamento, onde existem incentivos específicos, dependendo do interesse do paciente, em suas tarefas e rotinas do tratamento envolvidas, sendo ajudados pelo terapeuta;

  • As melhoras referentes aos efeitos das avaliações e intervenções, e o que elas visam detectar;

Estes exemplos explicados em itens dados por Gomez et al (2012, p. 185) são de grande relevância científica sobre o reconhecimento do neuropsicólogo na equipe interdisciplinar, e ainda segue com a seguinte complementação sobre os tipos de memória:

  • Melhora que se aplica a todas ou pelo menos a um grande número de modalidades e tarefas de linguagem;

  • Melhora específica da modalidade ou tarefa que é o foco do tratamento;

  • Melhora específica nos itens tratados e que não se generaliza para outros itens dentro da mesma modalidade ou tarefa.

Estes itens dados por Gomez et al (2012) norteiam a compreensão sobre o papel do neuropsicólogo na equipe interdisciplinar, e verificam a grande importância do acompanhamento profissional de sua parte dentro da equipe. Além disto, podem ser relacionados com o pensamento dado por Cunha (2000), quando fala da importância dos testes qualitativos e quantitativos para a avaliação de um paciente submetido a neurocirurgias, pois estes testes são fortes aliados de uso complementar para o desenvolvimento de diagnósticos, podendo oferecer informações importantes para a equipe interdisciplinar sobre o andamento e as melhoras do paciente em reabilitação neuropsicológica. Para Cunha (2000) quando fala em neuropsicologia, também relata que estará lidando diretamente com desenvolvimento cerebral, portanto, se imagina que os outros profissionais da equipe, podem possuir mais conhecimento da parte orgânica do cérebro do que o neuropsicólogo, que estará mais focado em análises comportamentais relativas a lesão, e também aspectos motores e cognitivos, porém, em parte orgânica, acredita- se que os médicos e enfermeiros da equipe estariam mais familiarizados, o que reforça a importância também dos demais profissionais envolvidos para a eficácia completa do tratamento.

Nestes entendimentos, que Diniz, Fuentes, Mattos e Abreu (2010) reforçam a ideia de que a avaliação das funções executivas são as capacidades humanas de análise exclusiva do psicólogo ou do neuropsicólogo, dentro desta afirmação, se torna importante suas considerações em vários contextos clínicos, ou seja, suas informações coletadas sobre o paciente são de grande relevância para os demais profissionais da equipe interdisciplinar, já que a complexidade do comportamento humano envolvem diferentes processos cerebrais. Além destes pensamentos, Diniz, Fuentes, Mattos e Abreu (2010) concordam com Cunha (2000) quando falam da importância dos testes exclusivos ao uso do psicólogo, podendo ser qualitativos e quantitativos, sendo que ambos os tipos possuem objetivos de “medir” o desempenho do paciente em determinada tarefa ou determinada função executiva no processo de recuperação de habilidades.

Estes pensamentos dados por Diniz, Fuentes, Mattos e Abreu (2010), também fazem refletir sobre as interpretações dadas por Gomez et al (2012) onde o neuropsicólogo deve saber diferenciar exatamente quais são as melhoras que o paciente teve no pós-cirúrgico, sabendo identificar as melhoras naturais, ou seja, aquelas em que o paciente teria com o tempo, mesmo quando não submetido ao tratamento neuropsicológico, e aquelas melhorias que foram propositalmente estimuladas, que são puro efeito do processo de reabilitação neuropsicológica. Vale dizer que Diniz, Fuentes, Mattos e Abreu (2010) não especificam uma faixa etária para estes tratamentos neuropsicológicos, mas podem ser relacionados com a realidade apresentada deste trabalho, pois falam de reabilitação e o papel do neuropsicólogo de um modo geral, entendendo seu trabalho fundamental na equipe interdisciplinar ao tratar de pacientes submetidos a neurocirurgia de retirada de tumor cerebral.

Essas contribuições vistas até este momento, lembram a grande importância do neuropsicologo na equipe interdisciplinar ao trabalhar com pacientes submetidos a neurocirurgia de retirada de tumor cerebral, sendo assim, também vale relacionar as informações até o momento coletadas, com o pensamento de Junior, Doca, Araújo, Martins, Mundim, Penatti e Sidrim (2012), quando afirmam que o psicólogo, ou neuropsicólogo neste contexto, é praticamente indispensável, e seu trabalho não é caracterizado pelo âmbito clinico, mas sim, hospitalar, o que se entende que possui envolvimentos com a equipe interdisciplinar durante a maior parte do tempo no ambiente hospitalar. Além dessas compreensões, Junior, Doca, Araújo, Martins, Mundim, Penatti e Sidrim (2012), afirma que o neuropsicólogo possui um papel muito importante na realidade apresentada neste capitulo, onde afirmam que o profissional é responsável pelo processo de reabilitação das funções cognitivas, além de ser um “preparador” do paciente também no pré-cirúrgico, trabalhando fundamentalmente os aspectos psicossociais.

Os pensamentos de Junior, Doca, Araújo, Martins, Mundim, Penatti e Sidrim (2012), foram muito relevantes, a fim de mostrar que o neuropsicólogo dificilmente conseguirá cuidar sozinho do paciente, e também depende da capacidade técnica dos demais profissionais da equipe interdisciplinar, a fim de compreender o sujeito em sua realidade biopsicossocial. Entende-se, segundo Junior, Doca, Araújo, Martins, Mundim, Penatti e Sidrim (2012), que o paciente, tanto no pré, como no pós-cirúrgico, estará passando por momentos difíceis de serem superados sem auxilio dos profissionais, não só para ele, mas também para as famílias envolvidas, cabendo ao neuropsicólogo principalmente, proporcionar conforto, bem-estar, aceitação e calma, a fim de mudar a percepção da dor e do sofrimento, já que existem possibilidades de um luto. Outro dado importante, trazido por Junior, Doca, Araújo, Martins, Mundim, Penatti e Sidrim (2012), é quando dizem que o paciente em situações de cirurgias de risco de um modo geral, possuem crenças evidentes em algo espiritual, uma crença em alguma entidade superior que poderá lhes ajudar em todo o tratamento, cabendo ao neuropsicólogo não interferir em crenças dos pacientes, não podendo subestima-las, já que estes fatores espirituais podem auxiliar bastante o paciente ao lidar com sentimentos de esperança, que mesmo sem embasamentos científicos, percebe- se que os pacientes conseguem lidar melhor com as emoções negativas quando acreditam em algo.

Após compreender esses aspectos importantes citados por Junior, Doca, Araújo, Martins, Mundim, Penatti e Sidrim (2012), também vale comparar com os pensamentos de Ramos e Hamdan (2016), onde possuem mais explicações sobre a função do neuropsicólogo em equipe interdisciplinar, porém, não focando- se em apenas ao atendimento e ao contato com o paciente, mas também, contribui para novas pesquisas na área da saúde, já que Ramos e Hamdan (2016), dizem que a neuropsicologia é uma ciência que faz fronteira com a medicina, especificadamente na parte de neurologia, o que a torna uma ciência inteiramente interdisciplinar, contribuindo para pesquisas, fazendo crescer as ciências da saúde, sempre podendo contribuir com novos conceitos e experiências.

Nas palavras de Ramos e Hamdan (2016), pode ser destacada uma compreensão que clareia o entendimento do tema desta pesquisa, no seguinte texto:

A avaliação neuropsicológica (ANP) é um procedimento de investigação que se utiliza de entrevistas, observações, provas de rastreio e testes psicométricos para identificar rendimento cognitivo funcional e investigar a integridade ou comprometimento de uma determinada função cognitiva. Podem ser destacados, dentre seus objetivos, identificar e descrever prejuízos ou alterações no funcionamento psicológico, clarificar o diagnóstico em casos de alterações não detectadas por neuroimagem, avaliar a evolução de condições neurodegenerativas, correlacionar o resultado dos testes com aspectos neurobiológicos e/ou dados obtidos por neuroimagem, investigar alterações cognitivas e comportamentais que possam relacionar-se a comprometimentos psiquiátricos e/ou neurológicos (RAMOS E HAMDAN, 2016, p. 473).

No texto anterior, utilizando as palavras de Ramos e Hamdan (2016), pode ser afirmado que a função do profissional neuropsicólogo, consiste em intervenções onde somente ele estará preparado para aplica-las, e que nenhum outro profissional da equipe poderá utilizar, como por exemplo, os testes psicométricos, que são grandes aliados nos diagnósticos de comprometimentos cognitivos, motores e comportamentais, a fim de serem tratados, colaborando para uma boa recuperação do paciente pós-cirúrgico principalmente. Entende- se que cada profissional da equipe possuirá formas de apoio ao paciente de acordo com suas especialidades, e Ramos e Hamdan (2016), afirmam que os dados sobre os pacientes só poderão ser compartilhados com os profissionais envolvidos, mantendo sigilo sobre suas informações, respeito a integridade física e moral, não deixando escapar qualquer situação ou informação que comprometa o sujeito, ou seja, cada profissional deverá cumprir com o respectivo código de ética, para o bom andamento do trabalho interdisciplinar e a confiabilidade a ser transmitida ao paciente.

Até este momento, foram citados neste capítulo, os dados pertinentes para a compreensão do assunto aqui apresentado, portanto, também torna-se importante relacionar as informações coletadas, com os demais dados desta pesquisa, ou seja, verificar quais são as contribuições do neuropsicólogo na equipe interdisciplinar em intervenções de pacientes sujeitos à cirurgia neurológica de retirada de tumor cerebral, que é o tema deste capítulo, com o tema, o problema de pesquisa e o objetivo geral deste estudo. Para isto, vale mencionar o que Santos e Lúcia (2016) compreendem quando afirmam que qualquer procedimento cirúrgico realizado em pacientes adultos ou em crianças, podem provocar sentimentos de antecipação da dor e do sofrimento, que por muitas vezes também desenvolve traumas a ponto de chegarem aos tratamentos médicos/psiquiátricos, e que estes fatores também ocasionam mudanças comportamentais e de personalidade, o que é um fator a ser compreendido sobre a função do neuropsicólogo na equipe interdisciplinar, cabendo a ele, juntamente com a equipe, investigar e acompanhar o paciente com avaliações frequentes, a fim de análise de resultados, para ver se o paciente apresenta melhoras ou declínios em seus aspectos psiquiátricos e neuropsicológicos. Este pensamento faz entender mais uma função importante do neuropsicólogo na equipe interdisciplinar, também contribuindo para a resposta do problema de pesquisa, pois relata as funções do profissional no acompanhamento e no preparo dos pacientes submetidos a neurocirurgia, sem deixar o foco deste capítulo.

É relevante mencionar que Santos e Lúcia (2016) dizem que o neuropsicólogo deve estar atento as avaliações realizadas pelos demais profissionais da equipe, revelando a importância da avaliação neuropsicológica ao tratar das sequelas que podem ficar no pós-cirúrgico, ou até mesmo nos sentimentos antecipados de dor e sofrimento, conforme mencionados, nunca esquecer que o paciente não é o único a sofrer com isto, mas sua família também, cabendo aos profissionais da equipe, inclusive o neuropsicólogo, verificar primeiramente as causas do sofrimento, quais são as sequelas que poderão ficar, e também planejar estratégias de reabilitação a fim de amenizar as problemáticas que poderão ficar. Este pensamento contribui para a compreensão do objetivo geral deste estudo, também mantendo o foco deste capítulo, compreendendo que um assunto liga ao outro, já que é indispensável falar de reabilitação neuropsicológica no contexto hospitalar sem falar sobre o trabalho em equipe interdisciplinar em saúde.

A análise de dados também pode ser compreendida por um pensamento dado por Gomez et al (2012) que relaciona o assunto deste capítulo com os demais itens da pesquisa, quando afirmam que em ambiente hospitalar, uma das principais dificuldades do neuropsicólogo é a falta de materiais, ou de recursos para trabalhar, como por exemplo, nem sempre existe a disponibilidade de testes ou ambientes favoráveis para seu trabalho, o que pode dificultar o desempenho dos tratamentos dos pacientes e suas famílias, sendo assim, é importante verificar como sendo sua função ser um adaptador, a utilizar o ambiente que lhe é oferecido, e também os recursos, entendendo que o ambiente hospitalar é diferente do ambiente de um consultório ou de um Centro de Atenção Psicossocial. Este entendimento contribui para a compreensão do problema de pesquisa, a fim de verificar a função do neuropsicólogo no acompanhamento e no preparo de pacientes pré-cirúrgicos e pós-cirúrgicos submetidos a cirurgia de retirada de tumor cerebral, compreendendo pelos pensamentos de Gomez et al (2012), onde diz que deve ser adaptador, ou seja, utilizar dos recursos que lhe são disponibilizados e do ambiente de trabalho, além te ter por função, planejas estratégias de reabilitação, acolhimento e preparo dos pacientes submetidos a neurocirurgias.

Para Gomez et al (2012), o objetivo geral deste estudo, e também o tema desta pesquisa, estão interligados de forma indispensável, pois compreendem que a avaliação neuropsicológica está relacionada aos fatores que contribuem para as estratégias de reabilitação, ou seja, deve-se primeiro realizar a avaliação (a fim de compreender a raiz do problema, a queixa inicial, possíveis consequências comportamentais, neurológicas e cognitivas) para depois realizar as estratégias de tratamento/reabilitação, que tange na recuperação da plasticidade cerebral e das habilidades comprometidas pela neurocirurgia, através de estímulos, além do acolhimento, do amparo e do conforto emocional, buscando melhor qualidade de vida do paciente e de pessoas envolvidas com ele, como sua família. A análise vista pelos autores citados neste capítulo ofereceram subsídios consistentes para o alcance dos objetivos deste trabalho, a compreensão do seu tema e a resposta do problema de pesquisa, deixando clara a importância do trabalho do neuropsicólogo e de toda a equipe interdisciplinar, além de abrir portas para novos entendimentos e pesquisas em ciências da saúde.

6. METODOLOGIA

A fim de realizar esta pesquisa, optou-se por métodos pelos quais acredita- se que seriam os mais apropriados para este tipo de trabalho. A abordagem é qualitativa onde a análise de dados foi feita através de buscas de conceitos teóricos de validade científica, sendo de cunho nacional ou internacional sobre o tema deste trabalho, a fim de responder o problema de pesquisa e alcançar os objetivos propostos inicialmente. Esta trata- se de uma pesquisa bibliográfica, onde não existem prejuízos e/ou malefícios para a sociedade, pois não utilizou seres humanos como objeto de estudo em contato direto, mas sim, a análise de conceitos teóricos e interpretados, contendo apenas benefícios para o leitor.

Os principais autores pesquisados para realização deste trabalho até este momento são: Fuentes, Diniz, Camargo e Cozenza (2014); Cunha (2000); Santos e Lúcia (2016); Gomez et al (2012); Diniz, Fuentes, Mattos e Abreu (2010), devido a maior disponibilidade de materiais publicados por estes autores, além obterem conteúdos mais específicos sobre a anatomia cerebral e suas relações com o comportamento e cognição humana, que é de grande ênfase neste trabalho.

Para verificar a explicação metodológica desta pesquisa, compreende a definição dada por pesquisa qualitativa segundo Guerra (2014) a seguir:

Na abordagem qualitativa, o cientista objetiva aprofundar-se na compreensão dos fenômenos que estuda – ações dos indivíduos, grupos ou organizações em seu ambiente ou contexto social –, interpretando-os segundo a perspectiva dos próprios sujeitos que participam da situação, sem se preocupar com representatividade numérica, generalizações estatísticas e relações lineares de causa e efeito. (GUERRA, 2014, p. 11)

Entende-se que a abordagem qualitativa foi a mais adequada para este tipo de pesquisa, já que segundo Guerra (2014), este método é puramente interpretativo, analisando os fatores externos do sujeito, ou seja, a sua relação com o ambiente, seu contexto social, e suas ações acerca destes fatores. Não constando dados lógicos e exatos, acreditando ser o método mais aconselhável em ciências humanas, bem como na neuropsicologia. É importante verificar, além do conceito dado por Guerra (2014), relacionar este pensamento com a explicação de Martins (2004) onde afirma que:

A pesquisa qualitativa é definida como aquela que privilegia a análise de microprocessos, através do estudo das ações sociais individuais e grupais, realizando um exame intensivo dos dados, e caracterizada pela heterodoxia no momento da análise. (MARTINS, 2004, p. 289).

O pensamento de Martins (2004) no texto anterior é semelhante ao pensamento de Guerra (2014) sobre a pesquisa qualitativa, pois também afirma ser o estudo das ações sociais, individuais e grupais, sendo assim, é o método de pesquisa dado como interpretativo, e não lógico, caracterizado pela situação/ momento de análise.

Após compreender esses dois conceitos sobre pesquisa qualitativa, vale ressaltar o que é análise de dados, já que também foi uma das ferramentas de desenvolvimento deste trabalho, dados por Martins, Loura e Mendes (2007):

O registo e análise de dados têm sido, desde há muitos séculos, instrumentos essenciais à compreensão do mundo que nos rodeia. Os físicos, por exemplo, registavam os dados resultantes das suas experiências e, posteriormente, analisavam-nos em busca de uma lei que explicasse os resultados obtidos. (MARTINS, LOURA E MENDES, 2007, p. 11)

O texto anterior é definido por Martins, Loura e Mendes (2007), como sendo a análise de dados, o método onde o pesquisador, busca informações através de outras ferramentas que poderá escolher, e em seguida, analisa as informações que coletou, buscando responder a um problema de pesquisa e chegar aos objetivos iniciais de seu trabalho. Os autores citados neste parágrafo exemplificam um físico, porém poderá ser outro profissional, que utilize o método de análise de dados em sua pesquisa. Em seguida, verificou- se mais um conceito sobre analise de dados, focando- se em pesquisas qualitativas dadas por Alves e Silva (1992), já que esta é a realidade apresentada neste trabalho:

A análise qualitativa de dados é um fenômeno recentemente retomado, que se caracteriza por ser um processo indutivo que tem como foco a fidelidade ao universo de vida cotidiano dos sujeitos, estando baseada nos mesmos pressupostos da chamada pesquisa qualitativa. (ALVES E SILVA, 1992, Online).

Os autores Alves e Silva (1992) definem como sendo a analise de dados, o processo onde tem como base a realidade do sujeito, seu universo, ou seja, a forma que ele age, e vê o mundo ao seu redor, podendo descrever desta forma, os dados interpretativos/qualitativos. Depois de verificar os conceitos sobre pesquisa qualitativa e análise qualitativa de dados, vale ressaltar a definição de pesquisa bibliográfica, já que este trabalho possui como base, esta característica, sendo definida por Treinta, Filho, Sant’anna e Rabelo (2012), no texto seguinte:

A pesquisa bibliográfica, para os pesquisadores, é um dos problemas mais sérios a serem equacionados. Em função da disponibilidade dos bancos de dados bibliográficos e da profusão de artigos científicos, torna-se um grande impasse a escolha dos artigos mais adequados na construção da argumentação teórica fundamental às pesquisas e textos acadêmicos. Dessa forma, cabe ao pesquisador estabelecer uma estratégia de pesquisa bibliográfica que tanto facilite a identificação dos principais trabalhos em meio a uma quantidade grande de possibilidades que permeiam a produção científica mundial, como garanta a capacidade de estabelecer as fronteiras do conhecimento advindo dos achados científicos. (TREINTA, FILHO, SANT’ANNA E RABELO, 2012, p.01).

Definindo a pesquisa bibliográfica no conceito anterior dado por Treinta, Filho, Sant’anna e Rabelo (2012), é um método de coleta de informações, que depende de interpretação de dados bibliográficos publicados, onde menciona que estas informações geralmente são retiradas de artigos científicos, comparando o pensamento de um autor com o outro, para que assim, possa chegar ao resultado final que se almeja. Denota-se que nesta pesquisa, as informações não são apenas retiradas de artigos publicados online, mas também de livros científicos, já que é importante embasar vários conceitos teóricos para obter uma análise aprofundada do tema para responder o problema de pesquisa e atingir os objetivos propostos.

O conceito anterior, pode ser relacionado com o pensamento dado por Neves, Jankoski e Schnaider (2013), onde afirmam que:

É o levantamento de um determinado tema, processado em bases de dados nacionais e internacionais que contêm artigos de revistas, livros, teses e outros documentos. (NEVES, JANKOSKI E SCHNAIDER, 2013, p. 02).

O conceito de Neves, Jankoski e Schnaider (2013), pode ser relacionado com o pensamento de Treinta, Filho, Sant’anna e Rabelo (2012), pois também afirmam que a pesquisa bibliográfica é o processamento e a escrita de dados, podendo ser internacionais ou nacionais, sendo encontrados em revistas científicas, teses, livros e demais documentos. Neves, Jankoski e Schnaider (2013), também relatam que dois pontos fundamentais para a realização de uma pesquisa, o pesquisador deve saber exatamente qual resultado qual alcançar, e tomar cuidado com a escolha de materiais. Entende- se desta forma, que todo o material que foi utilizado é científico, e colaboram para o alcance dos resultados mais verídicos possíveis.

7. CRONOGRAMA

Etapas

Julho

Agosto

Setembro

Outubro

Termo de ciência e Responsabilidade

X

   

Pré-projeto

X

   

Referencial Teórico

X

   

Introdução

X

   

Desenvolvimento do primeiro capítulo

X

   

Desenvolvimento do segundo capítulo

X

   

Desenvolvimento do terceiro capítulo

X

   

Considerações finais

 

X

  

Trabalho completo (primeira análise)

 

X

  

Trabalho completo para análise final em banca examinadora

  

X

 

Apresentação escrita

   

X

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao concluir esta pesquisa, vale ressaltar seus pontos importantes que foram coletados acerca do tema e o problema de pesquisa inicialmente apresentado. Sendo seu foco principal (tema), que busca reconhecer a importância da Avaliação Neuropsicológica para pacientes pré-cirúrgico e pós-cirúrgicos submetidos à cirurgia de retirada de tumor cerebral; Tendo também em vista a pergunta chave desta pesquisa, que se configurou como “Qual é a função do neuropsicólogo no acompanhamento e no preparo de pacientes pré-cirúrgicos e pós-cirúrgicos submetidos a cirurgia de retirada de tumor cerebral?” Entende-se que ambos os fatores (tema e problema de pesquisa), estão inteiramente relacionados, sendo indispensável compreender a importância da avaliação neuropsicológica sem falar das funções do neuropsicólogo, que é um profissional que busca acolher, planejar, tratar e reabilitar o paciente e sua família, tendo seu trabalho focado na prática interdisciplinar e em ambiente hospitalar neste estudo, e para que seu trabalho possua efeitos satisfatórios e benefícios ao paciente, é necessária uma avaliação neuropsicológica, que busca compreender o problema apresentado em seu contexto biopsicossocial, relacionando as funções do Sistema Nervoso Central, com o comportamento, cognição, patologias e déficits do sujeito, sendo diferente de uma avaliação psicológica tradicional.

No primeiro capítulo deste trabalho, foram compreendidos quais são os principais impactos emocionais e comportamentais nos pacientes pré-cirúrgicos e pós-cirúrgicos diante dos riscos da cirurgia de retirada de tumor cerebral, confirmando com os conceitos teóricos, onde se denota que existe uma concordância entre os autores citados, afirmando que os impactos emocionais mais evidentes nesta realidade são os sentimentos de dor antecipada, de angustia, medo da morte, sensações de abandono da família, sintomas depressivos, convulsões, ansiedades pelos resultados de exames, tendo em vista que são sensações bem aparentes no pré e no pós-cirúrgico, cabendo ao neuropsicólogo realizar a avaliação neuropsicológica junto a equipe interdisciplinar a fim de verificar o problema desde o início, e formular estratégias de apoio, para melhorar a qualidade de vida do paciente ao conviver com essas sensações.

No segundo capítulo deste estudo, apresentou-se os aspectos neuropsicológicos, cognitivos e patológicos relacionados aos possíveis danos causados pelo tumor cerebral, sendo que os conceitos teóricos apresentados mostram a presença de alguns déficits neste contexto, dentre eles: gnosias, sensopercepção, atenção, memória, práxias, comprometimento da linguagem, consciência, funções executivas, raciocínio lógico, criatividade, capacidade de resolução dos problemas, raciocínio abstrato e demais comprometimentos cognitivos, sendo esses fatores que também podem ser relacionados com o tema e o problema desta pesquisa, pois também cabe ao neuropsicólogo compreender esses aspectos através da avaliação neuropsicológica, além de planejar estratégias de tratamento e reabilitação das funções cognitivas que estão comprometidas pela neurocirurgia.

O terceiro capítulo buscou compreender as contribuições do neuropsicólogo na equipe interdisciplinar em intervenções de pacientes sujeitos à cirurgia neurológica de retirada de tumor cerebral, e que os conceitos teóricos apresentados mostram que a própria neuropsicologia já é uma ciência interdisciplinar, sendo uma área da psicologia mais selecionada à saúde e ao ambiente hospitalar, cabendo ao neuropsicólogo neste contexto, realizar avaliações, planejamentos e estratégias de reabilitação sempre considerando a avaliação dos demais profissionais envolvidos, não ignorando nenhum detalhe, e deve sempre compreender os fatores emocionais, sociais e biológicos, para isto é bom que tenha interpretações de um modo global do paciente e sua existência, verificando o que as outras áreas da saúde buscam compreender o problema. Os três objetivos específicos desta pesquisa foram alcançados com grande satisfação, sendo eles, relacionados com os três capítulos do trabalho.

Como objetivo geral desta pesquisa, foram investigados quais são as estratégias de reabilitação neuropsicológica no pré-cirúrgico e pós-cirúrgico de pacientes submetidos à cirurgia de retirada de tumor cerebral. Sendo alcançado com grande satisfação, quando os autores citados nos capítulos puderam relacionar seus conceitos ao falar que as estratégias de reabilitação dependem de uma avaliação neuropsicológica e interdisciplinar mais detalhada possível, e que as estratégias são bastante baseadas em trabalhar com estímulos, verificando as funções preservadas e as que foram comprometidas, para trata-las no processo de reabilitação, sempre buscando uma possível independência do paciente na realização das atividades que foram atingidas, ou ao menos, que consiga desenvolver habilidades cotidianas da melhor forma possível. Para isto, o neuropsicólogo utilizará como meio de avaliação, a aplicação de testes, entrevistas e exercícios, porém, em ambiente hospitalar, os autores citados falam que nem sempre o neuropsicólogo e os demais profissionais, terão um ambiente favorável para o desempenho máximo de seus trabalhos, muitas vezes precisando ser “adaptadores”.

Os conceitos coletados neste trabalho possuem interpretações que buscam relações com os componentes curriculares do curso de pós-graduação/Especialização em neuropsicologia, ofertado pela Faculdade Unyleya, ou seja: Neuroanatomia e neurofisiologia; Contribuições da Neuropsicologia à Equipe Interdisciplinar; Avaliação Neuropsicológica, Patologias do Sistema nervoso Central; Reabilitação Neuropsicológica e Funções Cognitivas, sendo fundamentadas e relacionadas com o tema, o problema de pesquisa, objetivo geral e objetivos específicos.

Esta pesquisa teve caráter qualitativo e bibliográfico, utilizou análise de dados como procedimento de interpretação das informaçoes, podendo ser continuada a qualquer momento, e indicada ao público de profissionais e estudantes nas áreas da saúde, a fim de abrir portas para novos entendimentos sobre o tema, colaborando para mostrar à sociedade a real importância do trabalho do neuropsicólogo para a qualidade de vida e saúde mental das pessoas.

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Trabalho de Conclusão de Curso apresentado àFaculdade UnYLeYa como exigência parcial à obtençãodo título de especialista em Neuropsicologia soborientação do Professor Fábio Ferreira da Silva.