A EVOLUÇÃO DA GESTÃO HOSPITALAR DURANTE A COVID-19: UM ESTUDO COMPARATIVO ENTRE INSTITUIÇÕES PÚBLICAS E PRIVADAS
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REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10780962
Alexsandro Narciso de Oliveira1
RESUMO
Durante a pandemia, as instituições de saúde enfrentaram dificuldades significativas, desde a insegurança dos profissionais de saúde até a escassez de insumos e recursos técnicos. As instituições públicas de saúde enfrentaram restrições financeiras e a necessidade de fazer mais com menos. No entanto, elas demonstraram uma notável capacidade de adaptação, implementando estratégias criativas para lidar com o aumento da demanda por atendimento médico. A gestão eficaz de recursos humanos, o estabelecimento de protocolos rígidos de segurança e a colaboração com outras entidades de saúde foram cruciais para o enfrentamento da pandemia. Por outro lado, as instituições privadas de saúde tiveram que equilibrar a manutenção de seus negócios com a prestação de cuidados médicos de alta qualidade. Elas também se adaptaram rapidamente, investindo em tecnologia e telemedicina, bem como em medidas de segurança rigorosas para proteger pacientes e profissionais de saúde. Nesse sentido, o presente estudo busca analisar a evolução da gestão hospitalar durante a pandemia do Coronavírus, evidenciando as diferenças entre instituições públicas e privadas. Concluiu-se que, em ambas as instituições, a gestão hospitalar durante a pandemia do Coronavírus exigiu uma abordagem multifacetada que incluiu medidas de segurança, adaptação logística, inovação tecnológica e colaboração interinstitucional.
Palavras-chave: Pandemia. COVID-19. Gestão Hospitalar.
ABSTRACT
During the pandemic, healthcare institutions faced significant difficulties, from the insecurity of healthcare professionals to the shortage of inputs and technical resources. Public health institutions faced financial constraints and the need to do more with less. However, they have demonstrated a remarkable ability to adapt, implementing creative strategies to deal with the increased demand for medical care. Effective human resources management, the establishment of strict safety protocols and collaboration with other health entities were crucial to combating the pandemic. On the other hand, private healthcare institutions have had to balance maintaining their business with providing high-quality medical care. They have also adapted quickly, investing in technology and telemedicine, as well as strict safety measures to protect patients and healthcare professionals. In this sense, the present study seeks to analyze the evolution of hospital management during the Coronavirus pandemic, highlighting the differences between public and private institutions. It was concluded that, in both institutions, hospital management during the Coronavirus pandemic required a multifaceted approach that included security measures, logistical adaptation, technological innovation and interinstitutional collaboration.
Keywords: Pandemic. COVID-19. Hospital management.
1 Introdução
A gestão hospitalar durante a pandemia do Coronavírus enfrentou uma série de desafios e mudanças significativas. A crise de saúde global exigiu adaptações rápidas e estratégias inovadoras por parte dos gestores hospitalares para garantir a prestação de cuidados médicos eficazes e a segurança de pacientes e profissionais de saúde.
Uma das principais áreas de preocupação foi a segurança dos profissionais de saúde que estavam na linha de frente do combate à pandemia. A aquisição de equipamentos de proteção individual (EPIs) e a implementação de protocolos rigorosos de higiene se tornaram prioridades essenciais para minimizar o risco de infecção entre os profissionais de saúde. Além disso, a gestão hospitalar teve que lidar com questões logísticas complexas, como a organização de leitos de isolamento, a aquisição de respiradores e outros equipamentos médicos essenciais, e a gestão de estoques de insumos médicos.
A adaptação e inovação também foram fundamentais. Muitos hospitais adotaram a telemedicina para atender pacientes de forma remota, minimizando o risco de transmissão do vírus. Além disso, a colaboração com outras instituições de saúde, tanto públicas como privadas, foi crucial para garantir uma resposta coordenada à crise.
Nesse sentido, o presente estudo busca analisar a evolução da gestão hospitalar durante a pandemia do Coronavírus, evidenciando as diferenças entre instituições públicas e privadas. Assim, foi realizada uma pesquisa bibliográfica, na qual selecionaram-se materiais a respeito da temática que se busca discutir.
2 Gestão Hospitalar durante a pandemia do Coronavírus
A COVID-19, doença causada pelo coronavírus 19, é uma infecção respiratória aguda que tem origem no vírus SARS-CoV-2. Essa enfermidade é potencialmente grave, caracterizada por uma elevada capacidade de transmissão e já se espalhou globalmente. O SARS-CoV-2, pertencente à família dos betacoronavírus, foi identificado pela primeira vez em amostras de lavagem broncoalveolar, provenientes de pacientes que apresentavam quadros de pneumonia de origem desconhecida na cidade de Wuhan, localizada na província de Hubei, China, em dezembro de 2019 (Brasil, 2022).
Em 22 de janeiro de 2020, a OMS convocou a primeira reunião do Comitê de Emergências, ainda sem a certeza se esse surto constituiria ou não uma Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (ESPII). No Brasil, no dia 28 de janeiro de 2020, o Ministério da Saúde elevou o alerta de emergências para o nível 2, considerando-o como um perigo iminente. No dia 30, a Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional foi declarada e em 11 de março, devido à expansão geográfica do vírus, a OMS declarou que o mundo vivia a primeira pandemia do século XXI (Bueno, Souto & Marra, 2021).
Devido à alta taxa de transmissibilidade da doença, a situação exige a implementação de medidas como distanciamento social, o uso de máscaras e a higienização frequente das mãos com álcool em gel. Essas medidas não apenas afetam o funcionamento de uma instituição hospitalar, mas também resultam em custos significativos (Silva & Mazzola, 2020).
O impacto da Covid-19 nos sistemas de saúde em nível global foi imprevisível para os governos e suas instituições. Isso resultou em um despreparo das organizações de saúde para enfrentar a devastação causada pelo vírus em suas respectivas regiões. No contexto brasileiro, as instituições hospitalares enfrentam uma série de desafios ao se adaptarem a essa nova realidade trazida pela pandemia. Essas dificuldades abrangem diversas áreas e, para garantir uma operação segura que atenda às demandas da população, os hospitais se viram obrigados a alocar um volume significativo de recursos adicionais em suas operações (Oliveira, Oliveira & Oliveira, 2022).
O aumento significativo na demanda por atendimentos hospitalares e a ocupação crescente dos leitos hospitalares representam um desafio adicional para a gestão hospitalar. Isso se reflete nas operações hospitalares, levando a um aumento no tempo de espera para receber atendimento e na permanência dos pacientes internados. Essa situação, por sua vez, gera superlotação, o que deve ser evitado a todo custo (Silva & Mazzola, 2020).
Nesse sentido, devido à pandemia, as instituições hospitalares passaram por significativas transformações em sua estrutura e processos de trabalho. Essas mudanças tiveram como objetivo principal garantir resultados ótimos no atendimento aos pacientes e na manutenção do bem-estar físico e psicológico das equipes de saúde que estão na linha de frente. Apesar da dinâmica das tomadas de decisão, as ações são orientadas para que as instituições cumpram seu papel essencial de prestar assistência àqueles que necessitam, ao mesmo tempo em que respondem às demandas em constante evolução que surgem a cada momento (Araújo, Bohomol & Teixeira, 2020),
A crescente demanda por serviços médicos coloca médicos, enfermeiros e outros colaboradores da saúde em risco, já que são considerados um grupo vulnerável à infecção. Portanto, o gestor hospitalar precisa lidar com a organização do atendimento de forma a minimizar as chances de contaminação desses profissionais, buscando garantir um ambiente de trabalho o mais seguro possível para todos os envolvidos (Silva & Mazzola, 2020).
É fundamental que o gestor hospitalar demonstre habilidade na busca por fornecedores que ofereçam preços mais competitivos para suprimentos essenciais, como máscaras e álcool em gel, de forma a otimizar os custos enquanto atende às demandas da instituição. Além disso, é importante que o gestor seja capaz de prever os custos de maneira eficaz para garantir que a instituição esteja preparada para atender às necessidades crescentes (Silva & Mazzola, 2020).
Assim, a gestão hospitalar precisou se adaptar a esse novo cenário, adotando as mais variadas estratégias. Em estudo feito por Araújo, Bohomol e Teixeira (2020), em um hospital público, observou-se que foram adotadas inúmeras estratégias, entre as quais: Implantação de um Comitê de Crise com 10 pessoas, programação de treinamentos institucionais, medidas administrativas voltadas ao cancelamento de cirurgias eletivas, intensificada a disponibilização e a supervisão da utilização de equipamentos de proteção individual (EPI), mudanças no fluxo de entrada do paciente com suspeita da COVID-19, incremento no número de leitos, contratação de pessoal e apoio para a equipe.
Em estudos realizados por Gomes e Sousa (2021), foram apontados os seguintes elementos que dificultam e comprometem a gestão hospitalar: aumento de preços de materiais e outros insumos, demanda crescente de casos, descumprimento de normas e rotinas, escassez de materiais, excesso de burocracia, falta de profissionais qualificados e ingerência. No que diz respeito ao preparo das instituições para o enfrentamento da pandemia provocada pelo vírus da COVID-19, foram apontados: organização do serviço e estrutura, capacitação profissional, aquisição de parque tecnológico, investimento em RH, aquisição de medicamentos e abertura de leitos.
Ainda, em pesquisa feita por Oliveira et al. (2020), em instituição privada, observou-se que foram tomadas as seguintes medidas diante da pandemia do Coronavírus: criação do fórum para tomadas de decisões assistenciais, criação do canal de dúvidas e centralização dos protocolos assistenciais e encontros semanais online para atualização.
3 Considerações Finais
No geral, o estudo enfatiza a importância da flexibilidade, inovação e resiliência na gestão hospitalar durante situações de crise. Independentemente do contexto, a capacidade de adaptação e a busca por soluções criativas são cruciais para enfrentar desafios extraordinários, como a pandemia de COVID-19. A aprendizagem contínua e a troca de experiências entre instituições públicas e privadas de saúde também são essenciais para melhorar a qualidade do atendimento médico e preparar-se para futuras emergências de saúde pública.
Em resumo, o estudo destacou que a gestão hospitalar durante a pandemia da COVID-19 exigiu uma combinação de abordagens cognitivas e comportamentais, juntamente com medidas práticas e estratégicas. A capacidade de adaptação, a colaboração e o aprendizado contínuo foram os principais impulsionadores do sucesso na gestão hospitalar em um cenário tão desafiador como o da pandemia.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Bueno, F. T. C., Souto, E. P. & Matta, G. C. (2021). Os impactos sociais da Covid-19 no Brasil: populações vulnerabilizadas e respostas à pandemia. Rio de Janeiro: Fiocruz.
Gomes, R. N. F. & Sousa, M. N. A. (2021). Gestão hospitalar em tempo de pandemia: dificuldades e estratégias de enfrentamento. Bioethics Archives, Management and Health, v. 1, n. 1, p. 89-101.
Oliveira, K. T., Sousa, J. F., Camandoni, V. O., Gasparini Júnior, J. L., Canteras, K. S., Lima, J. L. & Hiratsuca, S. (2020). Enfermagem em Foco, v. 11, n. 1, p. 235-238.
Oliveira, R. B., Oliveira, C. E. & Oliveira, R. M. (2022). Reflexos da Covid-19 na gestão dos custos hospitalares. Recuperado em https://anaiscbc.emnuvens.com.br/anais/article/view/4947
Silva, V. G. S. & Mazzola, M. R. (2020). A gestão hospitalar e a pandemia de Covid-19. Recuperado em https://ric.cps.sp.gov.br/bitstream/123456789/5811/1/gestao_de_recursos_humanos_2020_2_vinicius_guilherme_sequini_da_silva_a_gestao_hospitalar_e_a_pandemia_de_covid-19.pdf
1 Mestrando em Gestão de Cuidados da Saúde pela Must University. E-mail: [email protected]