ROCK PROGRESSIVO BRASILEIRO (1970-1985): PANORAMA, TENDÊNCIAS E LACUNAS NA PESQUISA ACADÊMICA
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REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.15886866
Alexandre da Silva Cortez1
RESUMO
Este artigo realiza uma análise crítica da produção acadêmica dedicada ao rock progressivo brasileiro, com foco no período histórico de 1970 a 1985, a partir de um levantamento de 33 trabalhos publicados entre os anos de 2000 e 2025. Adotando a metodologia de revisão crítica de literatura, o estudo examina contribuições oriundas de diversas áreas do conhecimento, com destaque para Música, História, Jornalismo, Comunicação e Sociologia. O objetivo central é mapear o campo de pesquisa sobre o gênero, identificando recorrências temáticas, lacunas metodológicas e caminhos investigativos ainda inexplorados. Os resultados apontam para uma crescente valorização do progressivo nacional como objeto de estudo, embora a maioria dos trabalhos ainda privilegie abordagens contextuais, culturais e documentais. Verifica-se uma escassez significativa de análises musicológicas formais, além de uma centralização geográfica na região Sudeste e a quase ausência de recortes de gênero, raça e interseccionalidades. Por outro lado, emergem contribuições que exploram o progressivo como linguagem estética expandida, articulando som, imagem e performance. Conclui-se que a consolidação do campo exige maior diversidade epistemológica e aprofundamento crítico, propondo-se este artigo como base inicial para uma abordagem mais plural e interdisciplinar sobre o gênero.
Palavras-chave: rock progressivo, Brasil, contracultura, musicologia popular, historiografia musical, anos 1970.
ABSTRACT
This article presents a critical analysis of the academic production dedicated to Brazilian progressive rock, focusing on the historical period from 1970 to 1985, based on a survey of 33 scholarly works published between 2000 and 2025. Using the methodology of critical literature review, the study examines contributions from various fields of knowledge, with emphasis on Music, History, Journalism, Communication, and Sociology. The central objective is to map the academic field surrounding the genre, identifying thematic recurrences, methodological gaps, and unexplored research paths. Results show an increasing recognition of progressive rock as a legitimate subject of academic inquiry in Brazil. However, most works still favor contextual, cultural, and documentary approaches. There is a notable lack of formal musicological analysis, a geographical focus on the Southeast region, and an almost complete absence of gender, race, and intersectional perspectives. On the other hand, recent contributions highlight the potential of progressive rock as an expanded aesthetic language that integrates sound, image, and performance. The article concludes that consolidating this field requires greater epistemological diversity and critical depth, proposing this study as a foundational step toward a more plural and interdisciplinary approach to the genre.
Keywords: progressive rock, Brazil, counterculture, popular musicology, music historiography, 1970s.
1. INTRODUÇÃO
O rock progressivo brasileiro surgiu entre as décadas de 1970 e 1985 como uma manifestação artística complexa, situada em um contexto de efervescência cultural e repressão política. Caracterizado por composições longas, estruturas narrativas, uso de sintetizadores e influências eruditas, o gênero foi apropriado por músicos brasileiros que o integraram a elementos locais, do folclore à música regional, gerando uma sonoridade híbrida e de forte densidade estética. Longe de uma simples reprodução do modelo europeu, o progressivo brasileiro consolidou-se como campo de experimentação e resistência simbólica, atuando como vetor de reconfiguração identitária no seio da música popular nacional.
A presente pesquisa ancora-se nos referenciais da musicologia popular, especialmente nas contribuições de Philip Tagg e Juan Pablo González, que propõem abordagens integradas entre estrutura musical, contexto sociocultural e formas de recepção. Para Tagg (1987), a música popular deve ser entendida como um sistema significante que comunica sentidos sociais por meio de códigos musicais não verbais, sendo necessária uma escuta analítica sensível às relações entre som, ideologia e subjetividade. Já González (2001) argumenta que a música popular deve ser compreendida como prática social situada historicamente, resultante de processos de negociação identitária e resistência cultural. Com base nessas premissas, este trabalho entende o rock progressivo brasileiro como uma forma estética que expressa tensões entre tradição e modernidade, mercado e vanguarda, hegemonia e marginalidade.
Essa perspectiva epistemológica justifica a adoção de uma metodologia de caráter qualitativo e exploratório, voltada à análise crítica da produção acadêmica sobre o tema. A musicologia popular, enquanto campo interdisciplinar permite articular dados empíricos (como textos críticos, fonogramas, capas de discos e entrevistas) com interpretações teóricas que valorizam a historicidade e a performatividade da música. Assim, a abordagem crítica adotada neste artigo procura superar dicotomias como alta cultura vs. cultura de massa, ou estética vs. política, compreendendo o rock progressivo como artefato cultural situado, cuja análise requer a consideração simultânea de suas dimensões sonoras, visuais e discursivas (TAGG, 1987; GONZÁLEZ, 2001).
Partindo dessa fundamentação teórica e metodológica, o objetivo central deste artigo é mapear, organizar e analisar criticamente a produção bibliográfica acadêmica sobre o rock progressivo brasileiro entre 2000 e 2025. Busca-se identificar as principais abordagens analíticas, marcos conceituais, objetos privilegiados e lacunas de investigação que compõem esse campo em formação. Ao fazê-lo, pretende-se contribuir não apenas para o preenchimento de uma lacuna historiográfica, mas também para a consolidação de um olhar mais atento às expressões não-hegemônicas da música popular brasileira, alinhado aos princípios da musicologia popular crítica.
2. METODOLOGIA
Esta pesquisa adota uma abordagem qualitativa de caráter exploratório-documental, orientada pelos referenciais da análise de conteúdo (BARDIN, 1977) aplicada à produção acadêmica. O principal objetivo metodológico foi sistematizar e interpretar criticamente o conhecimento já produzido sobre o rock progressivo brasileiro, por meio de uma leitura analítica de fontes secundárias provenientes da literatura científica nacional. Com isso, buscou-se compor um estado da arte atualizado e teoricamente fundamentado, capaz de revelar tanto as recorrências quanto as lacunas na abordagem acadêmica do tema.
A coleta de dados foi realizada por meio de um levantamento sistemático em quatro bases de dados amplamente reconhecidas: a Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDBTD), o Catálogo de Teses e Dissertações da CAPES, o Portal de Periódicos da CAPES e o Google Scholar (Google Acadêmico). A escolha dessas plataformas fundamenta-se na sua abrangência e confiabilidade, permitindo acesso a uma diversidade significativa de documentos acadêmicos nas áreas de música, história, sociologia, antropologia e ciências humanas em geral. As buscas foram realizadas entre janeiro e abril de 2025, garantindo a atualização do corpus até o ano de referência estabelecido.
Foram incluídos no corpus analítico da pesquisa os seguintes tipos de documentos: teses de doutorado, dissertações de mestrado, artigos científicos publicados em periódicos acadêmicos, livros e capítulos de livros com registro formal, bem como trabalhos de conclusão de curso de graduação (TCCs), desde que vinculados a instituições de ensino superior reconhecidas. Todos os documentos analisados foram redigidos em língua portuguesa e publicados entre os anos de 2000 e 2025. Como critério temático, os textos deveriam tratar diretamente do rock progressivo brasileiro, ou abordá-lo como parte de uma discussão mais ampla sobre música popular, contracultura, identidade cultural ou experimentação estética no Brasil. Foram excluídos da análise textos sem afiliação acadêmica clara, ensaios jornalísticos, trabalhos duplicados e produções cujo foco recaía exclusivamente sobre o rock progressivo estrangeiro, sem articulações com o contexto brasileiro.
As estratégias de busca utilizaram operadores booleanos com o intuito de ampliar a abrangência dos resultados, sem comprometer a relevância temática. As principais combinações de palavras-chave utilizadas incluíram: “rock progressivo” e “Brasil”; “rock progressivo brasileiro” ou “rock sinfônico”; “rock” e “contracultura” e “anos 70”; “rock” e “música popular brasileira” e “estética”; e “rock” e “identidade cultural” ou “experimentalismo”. Após a triagem inicial, os documentos foram lidos integralmente e organizados em fichamentos analíticos. Em cada texto, identificaram-se os objetivos da pesquisa, os referenciais teóricos adotados, a metodologia empregada, os principais conceitos e categorias analíticas, bem como os autores mais citados e os recortes temporais e geográficos abordados. A análise foi conduzida com base em categorias derivadas da musicologia popular, conforme proposto por Philip Tagg (1987) e Juan Pablo González (2001), priorizando aspectos como concepção estética, articulação com políticas culturais, recepção crítica e hibridismo musical.
Finalmente, os dados foram tratados à luz da técnica de análise de conteúdo proposta por Bardin (2011), que favorece a identificação de núcleos de sentido recorrentes e emergentes. Tal procedimento possibilitou uma leitura crítica da literatura acadêmica, indo além da simples contabilização de ocorrências e promovendo a compreensão aprofundada dos caminhos teóricos e metodológicos adotados na abordagem do rock progressivo brasileiro.
3. LEVANTAMENTO E CLASSIFICAÇÃO DA PRODUÇÃO ACADÊMICA
Com base na análise de 33 trabalhos acadêmicos sistematizados, foi possível identificar a distribuição da produção segundo as respectivas áreas de conhecimento, bem como qualificar o tipo de produção envolvida (teses, dissertações, artigos e trabalhos de conclusão de curso). A tipologia revela uma diversidade significativa de abordagens disciplinares, com predominância de estudos nas áreas de Música, História, Comunicação/Jornalismo, Sociologia e pesquisas interdisciplinares. Logo abaixo na Figura1 apresentamos um gráfico ilustrando o mapeamento.
Figura 1
A área de Música, incluindo subáreas como musicologia, etnomusicologia e estudos em música popular constitui o maior grupo, com 11 trabalhos. Destacam-se aqui análises histórico-estéticas e discussões sobre identidade musical, performances e legitimidade no campo artístico. Alguns trabalhos se dedicam à trajetória de artistas como Rogério Duprat (CUNHA, 2013) ou grupos como O Terço (RESENDE, 2016), enquanto outros exploram aspectos contraculturais (ALBUQUERQUE; BARROS, 2019) e formais da linguagem do rock progressivo, como o artigo de Kimizuka & Tiné (2018), que realiza uma das raras análises musicais sistemáticas encontradas na literatura. A tese de Resende (2018) aprofunda a relação entre música e modernidade urbana, evidenciando o refinamento das ferramentas analíticas que podem ser utilizadas pela musicologia na investigação do tema.
A área de História aparece com 6 trabalhos, incluindo duas teses e diversos artigos. Essas pesquisas adotam majoritariamente metodologias histórico-sociológicas, centrando-se em temas como a repressão cultural, a contracultura e as transformações da música popular no período da ditadura civil-militar. Entre os destaques estão a tese de Alexandre Saggiorato (2019), que aborda o progressivo como parte das manifestações culturais alternativas dos anos 1970, e os artigos de Castro (2020) e Moura (2016), que tratam da cena musical paulistana e das tensões entre censura e liberdade estética.
A área de Comunicação e Jornalismo reúne 6 produções, entre dissertações, TCCs e artigos. Os estudos concentram-se no papel da imprensa especializada (como as revistas Rolling Stone e Bizz) na mediação simbólica do rock progressivo brasileiro. O trabalho de Júnior (2017) examina a crítica musical como instância de legitimação, enquanto as dissertações de Dantas (2007) e Oliveira (2011) investigam estratégias discursivas e editoriais. Os estudos evidenciam a articulação entre mídia, juventude e mercado fonográfico na constituição de narrativas sobre o gênero.
A Sociologia está representada por 4 dissertações, com ênfase nas dinâmicas de distinção simbólica, identidade juvenil e práticas culturais. Esses trabalhos exploram o rock como espaço de construção de valores sociais, simbólicos e contraculturais. O trabalho de Rosa (2021), por exemplo, discute o “mainstream” do rock nacional como campo de disputas por capital cultural, enquanto Ribeiro (2005) analisa fronteiras simbólicas nas narrativas do rock brasileiro.
Já a área de Literatura, Educação, Artes Visuais e História da Cultura, reunida sob a rubrica Interdisciplinaridade, soma 6 trabalhos que articulam abordagens diversas. Há investigações sobre capas de discos como artefatos intersemióticos (VARGAS, 2023; SILVA, 2025), estudos sobre memória cultural, resistência e performance visual, bem como reflexões sobre a contracultura. Destaca-se ainda a dissertação de Ribas (2016), que propõe uma leitura crítica da contracultura musical em tempos de repressão. Em menor número, porém com contribuições relevantes, está a área de Letras, onde se observa a intersecção com estudos culturais e análise do discurso musical. Os trabalhos aqui agrupados apresentam leituras que integram imagem, letra e performance em uma compreensão expandida da linguagem do rock progressivo.
Portanto, o mapeamento atualizado da produção sinaliza um campo em expansão, mas ainda carente de abordagens musicológicas sistemáticas e comparativas. Apesar da área de Música estar majoritariamente presente, nota-se forte presença de estudos oriundos das ciências humanas e sociais aplicadas em detrimento de análises formais da linguagem musical. A maior parte dos trabalhos são artigos e dissertações, seguidos por um número mais restrito de teses doutorais, o que indica o predomínio da abordagem em estágios iniciais da pesquisa acadêmica. Além disso, há evidente valorização de abordagens interdisciplinares, que compreendem o rock progressivo como um fenômeno estético e sociocultural complexo, atravessado por questões de identidade, memória, política e mercado.
4. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS TRABALHOS MAPEADOS
Esta sessão tem como objetivo oferecer uma análise crítica e sistematizada da produção acadêmica dedicada ao estudo do rock progressivo brasileiro, com ênfase no período entre as décadas de 1960 e 1980. O levantamento compreende dissertações, teses, artigos e ensaios provenientes de diferentes áreas do conhecimento, como Musicologia, História, Jornalismo Cultural, Educação Musical e Sociologia da Música. O conjunto de textos aponta para um campo de pesquisa em desenvolvimento, ainda caracterizado por lacunas analíticas, sobretudo no que se refere à escassez de análises formais, mas também por abordagens pioneiras que reposicionam o progressivo como objeto legítimo de investigação acadêmica. A diversidade metodológica encontrada nos trabalhos reflete tanto a pluralidade epistemológica das ciências humanas e sociais aplicadas quanto as especificidades do objeto em questão, que a partir da nossa perspectiva, exige abordagens interdisciplinares para sua plena compreensão.
Entre os trabalhos mais citados e com maior robustez metodológica, destaca-se a tese de doutorado de Victor Henrique de Resende (2018), defendida no campo da História da Cultura, que propõe uma leitura do rock progressivo como uma das expressões mais sofisticadas e simultaneamente marginalizadas da música brasileira nos anos 1970. O autor argumenta que o progressivo nacional passou por um processo de importação-consumo-diluição de referências estrangeiras, moldando-se a partir da influência de grupos como “Yes”, “Genesis” e “Pink Floyd”. Contudo, Resende (2018) defende que essa apropriação se deu de forma criativa, resultando em um produto cultural original e enraizado em práticas locais. A banda “O Terço” é apresentado como exemplo paradigmático, com ênfase nos álbuns “Terço (1973)”, “Criaturas da Noite (1975)” e “Casa Encantada (1976)”, onde traz a tona uma fusão de instrumentos acústicos e eletrônicos, estruturas modulares e temáticas espirituais. Além disso, o autor discute a trajetória da banda “Recordando o Vale das Maçãs”, cujo LP “As Crianças da Nova Floresta (1977)” sintetiza o espírito progressivo através de faixas extensas, diversidade instrumental e narratividade musical.
Outro trabalho de referência é a tese de doutorado de Paulo Gustavo Encarnação (2015), intitulada “Rock cá, rock lá: a produção roqueira no Brasil e em Portugal na imprensa: 1970–1985”, produzida na área de História. Encarnação realiza um estudo comparativo entre os contextos culturais do Brasil e de Portugal, apontando as dificuldades enfrentadas pelo progressivo devido à sua complexidade estrutural, ambição estética e fraco apelo radiofônico. No Brasil, bandas como “Som Nosso de Cada Dia” e “O Terço” são analisadas como exemplos de resistência estética frente às pressões por categorização e padronização do mercado fonográfico. O autor destaca o impasse vivenciado pelos músicos brasileiros entre a assimilação e a recusa das influências estrangeiras, num campo marcado pelo desejo de afirmação identitária e pela crítica às estruturas da indústria cultural.
Ainda no campo da História, a tese de doutorado de Alexandre Saggiorato (2019) oferece uma abordagem situada na tradição da História Cultural e da Nova História, contextualizando o rock progressivo como manifestação artística surgida em meio às tensões políticas da ditadura civil-militar. A obra analisa as estratégias de resistência simbólica de grupos como “A Bolha”, “O Terço”, “Módulo 1000” e “Som Nosso de Cada Dia”, que, apesar das dificuldades técnicas, da censura e da baixa aceitação da indústria, incorporaram elementos como longas formas instrumentais, métricas compostas e temáticas filosóficas. O autor explora ainda as articulações do progressivo com o pensamento utópico e a estética psicodélica, considerando o álbum “Snegs (1974)” da banda “Som Nosso de Cada Dia” como uma obra seminal, que alia sofisticação técnica a um projeto artístico de forte engajamento simbólico.
No campo da Musicologia, destaca-se o artigo de Kimizuka & Tiné (2018), publicado em periódico acadêmico especializado, e que representa a única análise musical formal identificada nesta revisão. Os autores examinam obras do progressivo brasileiro com base em parâmetros técnicos, como compassos compostos, modulações modais, estruturas texturais complexas e citações intertextuais à música erudita e ao folclore. Vargas (2025), em artigo mais recente, reforça a importância de abordagens formais ao apontar que o gênero apresenta um grau de complexidade estrutural que justifica um olhar musicológico mais sistemático. A dissertação de Cunha (2013), embora com foco principal na trajetória de Rogério Duprat e sua colaboração com “Os Mutantes”, discute a transição do grupo rumo a uma estética progressiva, enfatizando a incorporação de recursos como sintetizadores, colagens sonoras e arranjos elaborados a partir do álbum “A Divina Comédia ou Ando Meio Desligado (1970)”. O aspecto visual também é contemplado em trabalhos mais recentes. O artigo de Vargas (2023), vinculado ao campo da Estética e da Comunicação, analisa as capas de disco do rock progressivo brasileiro como signos visuais que operam em regime intersemiótico com a música. Segundo o autor, a dimensão imagética dos álbuns, por vezes inspirada na arte psicodélica, no simbolismo místico ou na estética surrealista, atua como parte integrante do projeto artístico dos grupos, reforçando seu caráter de vanguarda e experimentalismo.
Pesquisas oriundas do Jornalismo Cultural, como a análise de Júnior (2017), exploram o papel da revista “Rolling Stone Brasil” no ano de 1972 na legitimação da cena progressiva nacional. A revista documentou, promoveu e problematizou as trajetórias de grupos como “A Bolha”, “Módulo 1000” e “O Terço”, operando como mediadora entre os artistas e o público e denunciando os entraves à profissionalização do gênero. Ainda nessa área, o ensaio de Werlang (2024), “A ascensão do rock progressivo na MPB”, amplia o escopo do debate ao sugerir que o progressivo se disseminou como força estética além das fronteiras do subgênero, influenciando artistas como “Zé Ramalho”, “Fagner”, “Alceu Valenç”a, “Sagrado Coração da Terra” e “Violeta de Outono”. O artigo de Castro (2020), situada na História Cultural e na Antropologia Urbana, investiga os circuitos de sociabilidade musical que deram suporte ao desenvolvimento do progressivo em espaços alternativos. O estudo enfatiza o papel de centros como o “Teatro Bandeirantes” e “Treze de Maio” na legitimação do gênero em São Paulo. Em Minas Gerais, como apontam os trabalhos de Diniz (2012), a geração do Clube da Esquina produziu uma vertente estética própria, baseada em harmonia modal, lírica introspectiva e experimentação sonora, a autora ainda argumenta que esses circuitos, muitas vezes operando à margem do eixo Rio-São Paulo, foram cruciais para a construção de identidades musicais autônomas.
Na Sociologia da Música, os trabalhos de Marcelo Garson e Lucas Souza (2018), Ribeiro (2005), Rosa (2021) e Santos (2008) inserem o progressivo em um contexto contracultural mais amplo. Nesses estudos, o gênero é interpretado como manifestação de resistência simbólica, crítica aos modelos dominantes de consumo cultural e busca por novas formas de subjetividade. Tais abordagens destacam a função do progressivo como vetor de transformações sensíveis durante a ditadura militar, especialmente no que tange às práticas performáticas, à recusa de formatos radiofônicos e ao investimento em linguagens visuais e poéticas de difícil assimilação pelo mainstream.
Em síntese, a literatura acadêmica sobre o rock progressivo brasileiro revela um campo em expansão, caracterizado por abordagens interdisciplinares e múltiplos referenciais teóricos. Se por um lado persistem lacunas, como por exemplo, a escassez de análises musicais formais e de estudos voltados ao papel das gravadoras, por outro, observa-se uma crescente valorização da complexidade estética, histórica e cultural do gênero. Os estudos aqui analisados reafirmam a centralidade do progressivo na formação de uma linguagem musical brasileira híbrida, crítica e rica, cuja compreensão exige articulação entre História, Musicologia, Estética, Comunicação e Sociologia da Cultura.
5. LACUNAS E DIREÇÕES FUTURAS
A análise do corpus de 33 artigos acadêmicos dedicados ao rock progressivo brasileiro no recorte histórico de 1970 a 1985 revela não apenas um interesse crescente, mas também a permanência de lacunas significativas que obstaculizam a confirmação de um campo epistemológico robusto. A distribuição das pesquisas por áreas do conhecimento já indica um desequilíbrio estrutural: das 33 obras analisadas, 11 concentram-se na área da Música, seguidas por 6 em História, 6 em Jornalismo/Comunicação, 4 em Sociologia e outras 6 em campos interdisciplinares, incluindo Educação, Letras, Artes e História da Cultura. Embora o número de estudos na área musical tenha aumentado em relação a levantamentos anteriores, a maioria ainda carece de aprofundamento metodológico no que diz respeito à análise musical formal. Apenas o artigo de Kimizuka & Tiné (2018) realiza uma abordagem sistemática com ferramentas analíticas da musicologia, como análise harmônica, estrutura formal e articulações intertextuais com repertórios eruditos e populares. A maioria dos trabalhos recorre a análises discursivas, contextuais ou histórico-descritivas, o que, embora relevantes, não substituem o exame direto da materialidade sonora das obras.
Outro aspecto crítico diz respeito à baixa incidência de estudos oriundos de programas de pós-graduação em música, especialmente nas áreas de Teoria, Análise e Musicologia Popular. Isso é indicativo de uma baixa representação institucional que limita o avanço técnico e teórico da área. O fato de que parte dos estudos mais relevantes ainda se origina de congressos como os da “ANPPOM” ou “SIMPOM” ou de trabalhos de conclusão de curso traz a tona a urgência de estimular investigações mais sistemáticas no âmbito stricto sensu. Do ponto de vista temático, permanece a concentração excessiva sobre determinadas bandas e regiões. Grupos como “O Terço”, “Som Nosso de Cada Dia”, “Bacamarte” e “Mutantes” seguem como os mais referenciados, em detrimento de cenas regionais do Norte, Nordeste e Centro-Oeste, cujas produções são notoriamente invisibilizadas, fazendo parte de um possível apagamento. O predomínio de estudos com foque concentrados na região sudeste brasileira compromete a pluralidade interpretativa e obscurece redes criativas alternativas, ou sejam, essa centralização pode estar encobrindo ou marginalizando outras formas de produção musical e cultural, que podem estar ocorrendo em outros circuitos, fora do eixo hegemônico de produção e difusão cultural contemplado. Alem disso, observamos também a ausência de um maior enfoque em investigações sobre circuitos locais, festivais periféricos e artistas autônomos configura uma lacuna histórica e sociocultural.
Além disso, nota-se uma quase ausência de perspectiva de gênero. Com exceção do trabalho de Trotta (2022), que explora o psicodelismo e a atuação feminina nos encartes de disco, nenhuma outra pesquisa problematiza a exclusão ou não das mulheres da cena progressiva, tampouco a participação de sujeitos LGBTQIA+. Esta omissão não é apenas quantitativa, mas epistemológica, pois desconsidera a necessidade de um olhar crítico e inclusivo que possa revisar os cânones e as narrativas da historiografia musical. Em termos metodológicos, há um potencial inexplorado na articulação entre som, imagem, performance e cultura material. Estudos como os de Herom Vargas (2023; 2025) exploram a visualidade nas capas de disco e a memória gráfica do progressivo, apontando para uma abordagem expandida que compreenda o gênero como um fenômeno estético intersemiótico. Dessa forma, a partir de nossa perspectiva, apontamos as principais direções para pesquisas futuras, que podem ser elencadas da seguinte maneira: (1) A intensificação de análises musicais formais, com uso sistemático de métodos da teoria e análise musical; (2) O estímulo à interdisciplinaridade, incluindo abordagens da semiótica, performance, estudos visuais e crítica cultural; (3) A descentralização geográfica dos objetos de estudo, com inclusão de cenas regionais negligenciadas; (4) A incorporação de perspectivas de gênero, raça e classe nas análises do campo; (5) A institucionalização do tema no âmbito da pós-graduação em Música e áreas afins. Segundo a nossa perspectiva esses caminhos podem não apenas contribuir para o aumento da densidade epistemológica do campo, como também permitirão um maior reconhecimento do rock progressivo brasileiro como um objeto legítimo de investigação estética, histórica e política.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir da análise crítica de 33 trabalhos acadêmicos dedicados ao rock progressivo brasileiro no recorte temporal de 1970 a 1985, esta pesquisa de estado da arte revelou um campo em processo de consolidação, caracterizado tanto por avanços significativos quanto por persistentes fragilidades epistemológicas, metodológicas e temáticas. Embora se observe um aumento na quantidade e diversidade de estudos, sobretudo a partir da década de 2010, os resultados evidenciam que a legitimação do gênero como objeto de investigação acadêmica ainda se encontra em estágio incipiente, especialmente no que diz respeito à sua inserção plena nas agendas de pesquisa da musicologia, da história cultural e das ciências sociais aplicadas. Do ponto de vista disciplinar, apesar de majoritariamente se encontrarem pesquisas no campo da música, a quantidade de estudos oriundos das áreas de História, Jornalismo, Comunicação e Sociologia indica que o rock progressivo brasileiro tem sido frequentemente abordado a partir de perspectivas contextuais e discursivas, voltadas à análise de práticas culturais, processos de mediação simbólica e dinâmicas sociais. Tais contribuições são fundamentais para situar o gênero em seus múltiplos entrelaçamentos com a política, a contracultura, os meios de comunicação e os processos de identidade. No entanto, permanece escassa a presença de análises técnico-formais sistemáticas, aspecto que limita a compreensão da complexidade sonora e estrutural das obras progressivas.
O artigo de Kimizuka & Tiné (2018) ainda constitui rara exceção nesse cenário, o que demonstra a necessidade de ampliar a adoção de ferramentas analíticas oriundas da musicologia, da semiótica musical e da teoria da performance. A concentração geográfica dos objetos de estudo na região sudeste brasileira nos alude a uma tendência de centralização que reproduz hierarquias culturais históricas e invisibiliza circuitos alternativos localizados em outras regiões do país. Experiências criativas do Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Sul seguem pouco ou não documentadas, o que representa uma significativa lacuna historiográfica e cultural. Tal omissão reforça a necessidade de estudos que promovam uma descentralização crítica dos focos investigativos, recuperando expressões musicais localizadas e ampliando o escopo geográfico das análises. No que tange às questões de diversidade, a quase total ausência de perspectivas interseccionais nos estudos revisados evidencia um viés ainda androcêntrico, heteronormativo e eurocêntrico. A invisibilidade da participação feminina, das questões de raça e de sujeitos LGBTQIA+ na cena progressiva nacional indica a urgência de revisões historiográficas mais inclusivas e críticas, que problematizem os critérios de legitimação, pertencimento e representação no campo musical. Por outro lado, os trabalhos mais inovadores identificados nesta revisão têm se destacado por adotar perspectivas interdisciplinares que articulam som, imagem, performance, cultura visual e recepção crítica. Estudos de autores como Werlang (2024), Resende (2018) e Vargas (2023, 2025) apontam para a potência analítica do progressivo como linguagem estética expandida, capaz de congregar múltiplas dimensões sensíveis do arranjo musical à poética das capas de disco e de operar como forma de resistência simbólica no contexto da ditadura civil-militar.
Conclui-se, portanto, que consolidar o estudo do rock progressivo brasileiro como campo legítimo e fértil de pesquisa exige mais do que ampliação quantitativa da produção acadêmica. Requer um esforço coletivo e crítico de diversificação epistemológica, aprofundamento metodológico e abertura a novas vozes e paradigmas. Este trabalho, ao sistematizar e interpretar o que já foi produzido, propõe-se como marco inicial de uma nova etapa investigativa, mais plural, rigorosa e comprometida com a complexidade histórica, estética e política do progressivo brasileiro.
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1 Professor da Rede Municipal de Juiz de Fora-MG. Mestre em Artes, Cultura e Linguagens (UFJF), com pesquisa em Etnomusicologia/Musicologia, ênfase em música popular brasileira. Graduado em música (UNINCOR), Artes (UNAR), História (ETEP). Pós Graduado em Educação Musical e Ensino das Artes (UCAM).