O PROTAGONISMO DA ENFERMAGEM NA RECUPERAÇÃO DE PACIENTE COM AVE

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REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11651610


Ana Karoline Teixeira Nunes1
Fernanda Moura dos Santos2
Marco Antonio Lima Gomes3
Kaenne Mendes Silva4


RESUMO
O AVE (Acidente Vascular Encefálico) é uma patologia associada às alterações nos vasos do cérebro, é caracterizada pela perda rápida de função neurológica, decorrente da oclusão de vasos que nutrem o cérebro ou por hemorragia intracerebral. Entender o papel de Enfermagem com esses pacientes é de suma importância, porque os graus de dependência para os cuidados básicos de enfermagem, apresentados pelos pacientes acamados, irão indicar a real necessidade do cuidado por parte dos envolvidos. Mediante a isso, pergunta- se: Qual o papel do profissional de Enfermagem na recuperação de pacientes com AVE? Para obter essa resposta estabeleceu-se como objetivo geral analisar o papel do profissional de Enfermagem na recuperação de paciente com AVE; e como objetivos específicos descrever os principais aspectos do AVE (Acidente Vascular Encefálico); detalhar o tratamento do AVE e dimensionar o papel do enfermeiro na recuperação de paciente com AVE. Para isso, metodologicamente utilizou-se uma pesquisa somente bibliográfica da literatura acerca desse tema. Os resultados indicam que os paciente com AVE sofrem sequelas de toda ordem, se tornando pacientes delicados e vulneráveis. Por conta dessa nova condição, o profissional de enfermagem é peça fundamental no tratamento e acompanhamento a esses pacientes, porque ele é quem é o profissional mais próximo tanto do paciente quanto dos familiares e/ou responsáveis. Dessa forma, cabe a ele prestar uma assistência humanizadora e eficiente, dando-lhes apoio emocional e encorajando-os a melhorar, além de realizar as intervenções necessárias em caso de complicações. Conclui-se as principais funções que um enfermeiro pode atuar com paciente com AVE são: planejamento para alta do paciente, cuidado emocional, triagem na emergência, cuidados com a pele, avaliação de elementos clínicos neurológicos, cateterismo urinário, administração de oxigênio nasal, cuidado oral, posicionamento correto do paciente no leito, anotar o peso do paciente, cuidados para prevenção da aspiração, massagem nas costas, documentar o horário do início dos sintomas, suporte após a alta hospitalar, dentre outros.
Palavras-chave: Acidente Vascular Encefálico. Enfermagem. Assistência.

ABSTRACT
Stroke (Cerebral Vascular Accident) is a pathology associated with changes in the vessels of the brain, it is characterized by the rapid loss of neurological function, resulting from the occlusion of vessels that nourish the brain or by intracerebral hemorrhage. Understanding the role of Nursing with these patients is of paramount importance, because the degrees of dependence for basic nursing care, presented by bedridden patients, will indicate the real need for care on the part of those involved. Through this, the question is: What is the role of the Nursing professional in the recovery of patients with stroke? To obtain this answer, the general objective was to analyze the role of the Nursing professional in the recovery of stroke patients; and as specific objectives to describe the main aspects of the CVA (Cerebral Vascular Accident); to detail the stroke treatment and dimension the nurse's role in the recovery of stroke patients. For this, methodologically, a bibliographical research of the literature on this subject was used. The results indicate that stroke patients suffer sequelae of all kinds, becoming delicate and vulnerable patients. Due to this new condition, the nursing professional is a key player in the treatment and follow-up of these patients, because he is the professional closest to both the patient and the family members and/or guardians. Thus, it is up to him to provide a humanizing and efficient assistance, giving them emotional support and encouraging them to improve, in addition to carrying out the necessary interventions in case of complications. It is concluded that the main functions that a nurse can perform with a patient with a stroke are: planning for patient discharge, emotional care, emergency triage, skin care, evaluation of clinical neurological elements, urinary catheterization, administration of nasal oxygen, care oral hygiene, correct positioning of the patient in bed, noting the patient's weight, care to prevent aspiration, back massage, documenting the time of onset of symptoms, support after hospital discharge, among others.
Keywords: Brain stroke. Nursing. Assistance.

1 INTRODUÇÃO

O AVE (Acidente Vascular Encefálico) é uma patologia associada às alterações nos vasos do cérebro, é caracterizada pela perda rápida de função neurológica, decorrente da oclusão de vasos que nutrem o cérebro ou por hemorragia intracerebral (CARVALHO, 2014).

Segundo Santos et al. (2017), no AVE acontece uma redução repentina da circulação cerebral por vasos que irrigam o cérebro, alterando o fornecimento de oxigênio, provocando lesões dos tecidos cerebrais. A circulação deve ser rapidamente reestabelecida após o AVE, para que as chances de recuperação sejam completas.

Devido a sua gravidade, metade dos clientes que sobrevivem a um AVE ficam com incapacidade permanente e pode surgir novamente em semanas, meses ou anos. Em razão desses efeitos, um cuidado permanente na saúde deve ser feito constantemente.

Nesse cenário, encontra-se o profissional de Enfermagem. É por meio do trabalho do enfermeiro que o paciente que tenha tido um AVE pode dispor de melhoria e acompanhamento profissional de qualidade. Como bem acentua Santos et al. (2017) é o enfermeiro quem irá realizar os cuidados de maior complexidade técnica, que exigem conhecimento científico adequado.

Diante do exposto, pergunta-se: qual o papel do profissional de Enfermagem na recuperação de pacientes com AVE? Portanto, esse estudo tem como objetivos identificar o papel do profissional de Enfermagem na recuperação de pacientes com AVE; apresentar as principais ações que o enfermeiro deve ter ao lidar com esses pacientes e dimensionar a sua relevância no cuidado e na prestação de uma assistência de qualidade e o acompanhamento do paciente e familiares

Para isso, propõem-se uma pesquisa bibliográfica da literatura. Esse tipo de metodologia é caracterizado por resumir as ideias que já foram apresentadas em outros estudos sobre o problema agora analisado, (GERHARDT; SILVEIRA, 2009). Esse estudo conta com uma pesquisa em diversos materiais publicizados em artigos, trabalhos acadêmicos e livros que englobam a temática da humanização e recuperação do paciente em ambiente hospitalar, utilizando as bases científicas Medline, Scielo, Pubmed e Periódicos da Capes; bem como as bases de dados Google Acadêmico e documentos da Organização Mundial da Saúde e Ministério da Saúde; e os descritores Atendimento; Enfermagem; Acidente Vascular Encefálico; Tratamento e Recuperação. Já como critérios de exclusão abrangem os estudos que não possuem uma referência confiável e trabalhos que não contemplem a temática e o objetivo deste estudo.

Então, a escolha do tema abordado se deu no intuito de buscar analisar o papel de Enfermagem com esses pacientes, uma vez que se considera-se de suma importância identificar quais as ações que esses profissionais podem realizar no decorrer do tratamento do paciente com AVE.

2 DESENVOLVIMENTO

2.1 ASPECTOS GERAIS DO ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO (AVE)

Antes de discorrer a respeito do tema central é preciso apresentar, em linhas gerais, os principais aspectos envolvendo o Acidente Vascular Encefálico (AVE). Depois de descrito sobre essa doença, apresenta-se posteriormente o trabalho do enfermeiro nesse cenário.

Conceitualmente, o Acidente Vascular Encefálico (AVE) é uma patologia caracterizada por início agudo e de rápido desenvolvimento de um déficit neurológico com mais de 24 horas de duração, criando com isso um envolvimento focal do sistema nervoso central gerando um distúrbio circulatório cerebral. O déficit neurológico pode ser transitório ou definitivo em uma área cerebral (DUTRA et al., 2017).

Um AVE do tipo transitório pode ser encontrado no momento em que se identifica um déficit neurológico que dure um tempo inferior a 24 horas. Desse modo, verifica-se que se trata de um distúrbio com tempo mínimo, caracterizando-se como uma disfunção reversível. Todavia, tal disfunção se for identificada por uma duração prolongada ou contínua, tem como efeito o surgimento de lesões irreversíveis no cérebro podendo gerar a morte de neurônios (GRUMANN, 2017).

Nunes e Fontes (2017) explicam que essa síndrome neurológica é masi frequente em adultos, sendo uma das maiores causas de morbimortalidade em todo o mundo. No Brasil, apesar do declínio nas taxas de mortalidade, ainda é a principal causa de morte. Nos estudos de Grumann et al., (2017) mostraram que o AVE representa um dos principais motivos de mortalidade de vários países, incluindo os da Europa e América do Norte e do Sul. É tão evidente, que em muitos países ultrapassa o câncer e doenças cardíacas (GRUMANN et al., 2017)

Com esses dados, fica evidente realizar uma reflexão do grande impacto que esta enfermidade representa sobre a população, uma vez que como citado anteriormente, ela atinge em especial adultos e também idosos. Portanto, é preciso que se realize mais estudos a respeito da presente síndrome, como forma de alerta para a sociedade.

Para que o AVE seja efetivado é importante compreender que ele pode surgir de 2 (duas) maneiras: pela oclusão de um vaso, conhecido como AVE isquêmico (que são a maioria dos casos), e pela ruptura dos vasos intracranianos com extravasamento de sangue para o tecido cerebral, conhecido como AVE hemorrágico, cuja causa é a hipertensão arterial sistêmica (SANTOS et al., 2017).

Um fato que também pode causar um AVE é a idade, ou seja, quanto mais avançada for a idade, maior será o risco de se ter um AVE. Todavia, além da idade, existem outros fatores que podem acarretar em um AVE como: o sexo, a raça, a alimentação inadequada, o tabagismo e o etilismo, as doenças do coração (cardiopatias), o aumento da glicemia e a hipertensão arterial sistêmica, sendo esta a principal causa, equivalendo a cerca de 70% dos casos (OLIVEIRA et al., 2018).

No que tange aos fatores que podem ocasionar riscos às doenças cerebrovasculares, cita-se a hipertensão arterial, as cardiopatias e dislipidemia como as principais. Outra doença também mencionada pela literatura, tendo como base estudos científicos já publicados, é o diabetes mellitus, em razão do fato de agilizar o processo de aterosclerose. Nos fatores comportamentais, o sobrepeso e a obesidade, além do sedentarismo, tabagismo, etilismo são os mais significativos (DUTRA et al., 2017).

Nos estudos de Santos et al., (2017) além dos supracitados, enfatiza-se a Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS), uma vez que ela é considerada como o fator gerador principal para que a doença se manifeste, o controle da pressão arterial quando feita de modo correto pode reduzir em muito a prevalência de um AVE.

No que tange aos sintomas do AVE, estes são representados pela cegueira (tanto unilateral quanto bilateral), ataxia de membros, anestesia, afasias de expressão, desorientação espacial, etc. (SANTOS et al., 2017).

Aqueles indivíduos que são diagnosticados com AVE, no geral, mostram um quadro expositivo de mudanças no controle do tronco, causado por danos posturais e da apraxia, e que estão ligados a danos na região do hemisfério cerebral direito e esquerdo. Cabe destacar que o domínio do tronco é de enorme importância para a independência das funções essenciais, como por exemplo, a locomobilidade no leito. Assim, quando identificado um prejuízo encefálico, ocorre o comprometimento dos movimentos voluntários de membros (GRUMANN et al., 2017).

2.2 CONSEQUÊNCIAS DO AVE

Muitas são as consequências do AVE nos pacientes. No entanto, para identifica-los é preciso avaliar a região da lesão vascular, do tempo de perfusão incorreto e da existência de circulação colateral. Com essas condicionantes, é possível estabelecer seus efeitos. Grumann et al. (2017) esclarece que alguns efeitos danosos podem ser identificados, tais como a redução da força, da capacidade de movimentação e controle de diversas áreas corporais. Esses efeitos, entretanto, não são taxativos, podendo haver outros. Os mesmos autores citam ainda o surgimento de distúrbios de linguagem, perda do equilíbrio ou coordenação e distúrbios visuais.

Santos et al. (2017) nos explica que os prejuízos na região do cérebro gerados pelo AVE, em diversos casos não leva necessariamente a morte, mas podem causar distúrbios funcionais, como a hemiplegia, hemiparesia e a afasia. Além destes, cita-se ainda a mudanças táteis-proprioceptivas, mentais e cognitivas. Os efeitos desses distúrbios causam no indivíduo o comprometimento da sua capacidade de movimentação, prejudicando assim a sua qualidade de vida (SANTOS et al., 2017).

Segundo Dutra et al., (2017) disfunções como ansiedade, depressão, distúrbios do sono e da função sexual, distúrbios motores, sensoriais, cognitivos e de comunicação são alterações prevalentes nos pacientes acometidos por acidente vascular encefálico. Tal situação os torna dependentes de intervenções de enfermagem, o que será analisado no tópico seguinte.

2.3 PROTAGONISMO DE ENFERMAGEM DE PACIENTE COM AVE

Tão importante quanto identificar os aspectos sobre o AVE é entender qual o papel da enfermagem nesse cenário. Assim, nesse tópico serão apresentadas as principais atividades profissionais que o enfermeiro possui no decorrer do tratamento do AVE.

Dutra (2017) explica que a recuperação definitiva dos danos gerados por um AVE está ligada a muitos fatores, tais como o local específico do cérebro atingido, a idade do paciente e o lapso temporal entre o surgimento dos sinais e o atendimento. Soma-se a isso, na fase aguda, o período de início da intervenção e a reabilitação. Segundo esse autor, há uma ligação intrínseca de fatores que podem trazer resultados diferentes, ou seja, alguns pacientes podem ter uma recuperação total enquanto que outros pacientes adquirem uma dependência.

Santos et al. (2017) destaca que para um tratamento de sucesso, é preciso que haja uma avaliação precisa e completa do paciente. Para melhor apoio nesse processo, tem-se a escala NIHSS (National Institutesof Health StrokeScale) que é comumente usada como um exame clínico efetivo de diagnóstico. O diagnóstico precoce e certeiro ajuda muito na redução de haver uma reincidência da doença. Após esse procedimento, o paciente permanece em observação, para melhor entendimento de seu quadro clínico.

Na recuperação, o paciente deve contar com uma equipe multidisciplinar, que dentre os variados profissionais, encontra-se o enfermeiro. Inicialmente, ao tratar o paciente com AVE é de responsabilidade do profissional de Enfermagem a administração do medicamento, o controle diário para a diminuição e evitação de eventuais complicações, bem como o encaminhamento ao serviço médico, em casos onde a situação exige (SANTOS et al., 2017).

No caso de pacientes encontrados nas unidades de cuidados neurointensivo, é necessário que se tenha uma observação contínua e principalmente uma monitorização das funções fisiológicas. O procedimento inicial de observação e análise do paciente na emergência é feita pelo profissional de Enfermagem e ela tem de ser focada na análise das vias aéreas, em sua circulação, respiração e nos sinais vitais a cada 30 minutos, além da prática de exame neurológico. Nesse momento, este profissional tem de ser eficiente e profissional, principalmente no que tange a identificação dos sintomas neurológicos que sugerem o AVE (NUNES; FONTES; LIMA, 2017).

Luiz et al. (2018) adverte que as quedas são as razões mais frequentes ocorridas com aqueles portadores do AVE, explicada pelo resultado da hemiplegia. O enfermeiro novamente assume um papel relevante, uma vez que ele precisa criar um planejamento de ações preventivas que evitem complicações e traumas. Soma-se a isso, o papel de educador que deve ser exercido com os familiares do paciente. Nesse caso, ele deve elucidar quaisquer dúvida sobre o quadro clínico do paciente, tanto para a família quanto para a equipe multiprofissional.

Grumann et al. (2017) por sua vez acentua que a reabilitação precoce é de enorme importância, haja vista que pode ser feita pelo profissional de Enfermagem, auxiliando na diminuição dos danos do AVE. Pode-se iniciar no meio intra-hospitalar objetivando estimular o paciente, ajudando-o no desenvolvimento do seu progresso e melhoramento das funções perdidas. Além disso, ajuda-o a se readaptar a sua nova realidade, auxiliando na reinserção de suas atividades na comunidade. Esse processo reabilitador possui o objetivo de recuperar as funções, gerando uma autonomia maior ao paciente, respeitando o seu quadro clínico.

No estudo de Alves et al. (2022) que tinha como objetivo evidenciar a importância do tratamento de reabilitação em neuroplasticidade conduzida pela enfermagem para pacientes que sofreram um AVE, acentuam que como educadores em saúde, o papel do enfermeiro é garantir que os pacientes e cuidadores tenham uma boa compreensão da neuroplasticidade, tornando-os mais propensos a incorporarem estes princípios em suas rotinas, afinal, o exercício e o treinamento têm sido usados há muito tempo para restaurar a função motora pós-AVE e melhores estratégias de terapias para incapacidade estão sendo desenvolvidas para melhorar a eficácia desses programas de reabilitação. Assim, o enfermeiro é essencial no planejamento dos cuidados para a reabilitação de pacientes após o AVE, envolve esforços integrativos e conduz medidas abrangentes que favoreçam a recuperação.

Oliveira et al. (2018) ao discorrer sobre a volta do paciente ao seu domicílio evidencia que o grupo familiar é fundamental na adaptação dessa nova realidade. É claro que muitas famílias ficam vulneráveis diante desse cenário, mas os cuidados com o paciente não podem deixar de serem feitos. Dessa forma, é fundamental o enfermeiro pensar na família e nessa condição ao elaborar o seu plano de cuidados. É preciso ter um diálogo acolhedor, informativo e humanizado. O enfermeiro tem de criar medidas produtivas que tenham como foco a valorização da qualidade de vida do cuidador, reduzindo a possibilidade de surgimento de aspectos negativos.

Na pesquisa de Oliveira et al. (2020) que tinha a finalidade de identificar os cuidados de enfermagem aos idosos acometidos de Acidente Vascular Encefálico, entendem que os cuidados de enfermagem estão dentre os parâmetros de cunho biológico, social e psicológico. No que tange a pacientes idosos, as intervenções de enfermagem mais citadas aos cuidadores são as orientações sobre os processos de adoecimento e recuperação, bem como o treinamento sobre os diversos tipos de cuidados que devem ser realizados no domicílio. Os familiares recebem orientações em saúde dos enfermeiros, a fim de que os parentes possam ofertar cuidados ao idoso acometido pela doença após o retorno para casa, bem como realizam treinamentos direcionados à manutenção da mobilidade e das atividades da sua vida diária para que as vítimas possam resgatar a sua independência.

Diante desse cenário, é importante mencionar as principais funções que um enfermeiro pode atuar com paciente com AVE; a saber: planejamento para alta do paciente, cuidado emocional, triagem na emergência, cuidados com a pele, avaliação de elementos clínicos neurológicos, cateterismo urinário, administração de oxigênio nasal, cuidado oral, posicionamento correto do paciente no leito, anotar o peso do paciente, cuidados para prevenção da aspiração, massagem nas costas, documentar o horário do início dos sintomas, suporte após a alta hospitalar, dentre outros. (DAMATA, 2019)

Além das funções acima citadas, a reabilitação motora e funcional são as mais indispensáveis pelos enfermeiros. Elas representam uma ação utilizada pelos profissionais de enfermagem no intuito de recuperar o paciente. Quando há uma mobilização inicial, ela se torna muito importante depois do confinamento no leito, porque ajuda a prevenir as contraturas das articulações e atrofias. Outro fator, a reabilitação funcional, também traz benefícios aos pacientes, porque auxilia eles a exercitarem movimentos recém-aprendidas da vida cotidiana e habilidades técnicas para executar tais atividades (NUNES; FONTES; LIMA, 2017).

Cavalcante (2018) ao abordar sobre o papel do enfermeiro no tratamento de AVE, após realizar o levantamento de dados, através da entrevista e do exame físico, os enfermeiros devem identificar os diagnósticos de enfermagem e planejar quais resultados desejam ser alcançados para traçar intervenções eficazes.

Para Nunes, Fontes e Lima (2017) relatam os seguintes cuidados de enfermagem: avaliação da presença de disfagia; manutenção da hidratação venosa; troca de curativos; escuta ao paciente e orientações sobre uma dieta saudável pobre em colesterol e sódio e rica em suplementação que é necessária para a reabilitação.

Ademais, é nítido observar que os paciente com AVE sofrem sequelas de toda ordem, se tornando pacientes delicados e vulneráveis. Por conta dessa nova condição, o profissional de enfermagem é peça fundamental no tratamento e acompanhamento a esses pacientes, porque ele é quem é o profissional mais próximo tanto do paciente quanto dos familiares e/ou responsáveis. Dessa forma, cabe a ele prestar uma assistência humanizadora e eficiente, dando-lhes apoio emocional e encorajando-os a melhorar, além de realizar as intervenções necessárias em caso de complicações.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O AVE é uma patologia que afeta diversos setores da vida do indivíduo, além do aspecto físico. Devido a sua complexidade, exige-se um cuidado e assistência constante, que é feita sobretudo pelo enfermeiro.

Como mostrado no decorrer desse estudo, o Acidente Vascular Encefálico (AVE), caracteriza-se como sendo a interrupção do fluxo sanguíneo que vai para o encéfalo, gerando consequências negativas na atividade neurológica. A depender do local atingido e o nível da lesão, as incapacidades funcionais trazem obstáculos, dificultando o desenvolvimento do paciente. Isso acaba por influenciar negativamente na qualidade de vida do mesmo.

Nota-se que em pacientes que sofreram um AVE, verificou-se mudanças no controle muscular e na sensibilidade corporal, causando-lhes a perda da força e dos movimentos musculares. Com esse quadro, há a alternância decúbito e o alongamento dos membros, que irá ajudar na continuidade da incorreta postura, tendo posteriormente, o surgimento de dores e disfunções nos músculos e nas articulações.

Ocorre que no decorrer do tratamento e da recuperação de pacientes com essa patologia, é preciso que se tenha uma equipe multidisciplinar para o devido acompanhamento. Dentre os profissionais integrantes dessa equipe, encontra-se o enfermeiro.

Nesse aspecto, o profissional de enfermagem é de suma importância no decorrer do tratamento de paciente com AVE, seja na parte física ou psicológica. É esse profissional que lida diretamente com o paciente em todas as fases do tratamento. Sendo assim, o enfermeiro deve elaborar um planejamento com medidas que podem auxiliar na recuperação do paciente, além de prestar assistência específica, contribuindo na melhora da qualidade da assistência.

Nota-se ao analisar as literaturas abordadas dos enfermeiros que existe uma dicotomia em relação às dificuldades no ensinamento sobre a assistência ao paciente acometido por AVE repassada aos cuidadores/familiares.

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1 Aluna do Curso de Enfermagem da Faculdade ITOP.

2 Aluna do Curso de Enfermagem da Faculdade ITOP.

3 Professor do curso de Enfermagem da Faculdade ITOP.

4 Aluna do Curso de Enfermagem da Faculdade ITOP.