ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO EM CONTEXTO DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA NA PANDEMIA COVID-19
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REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11651752
Marco Antonio Lima Gomes1
RESUMO
O Papel do enfermeiro frente à pandemia da COVID-19 que até então era algo novo e cheio de desafios. Onde se viu a necessidade de criar novas perspectiva de trabalho e um novo método de atendimento de enfermagem prestado ao doente. Objetivo: Realizar a discussão do papel do enfermeiro que esteve na linha de frente do combate e tratamento de vitimas da COVID-19. Metodologia: Essa pesquisa se caracteriza como um estudo descritivo do tipo revisão bibliográfico para a conclusão da pós-graduação. Utilizou-se de artigos publicados e indexados nas bases de dados: Scientific Eletronic Library (Scielo) e o buscador Google Acadêmico, Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências de Saúde (LILACS). Resultadose Discussão: Após a leitura de artigos publicados, foi feito levantamento de informações e citações de autores cuja vivencia pratica de enfretamento desses obstáculos foi maior por se tratar de um assunto novo. Considerações Finais: Por meio dessa revisão teve-se a oportunidade de participar e conhecer o processo de atuação da enfermagem na pandemia COVID-19, onde muitos perderam sua vida por falta de conhecimento e realização de protocolos de saúde. Esse estudo trará grande relevância para a vida profissional.
Palavras-chave: COVID. Enfermeiro. Emergência.
INTRODUÇÃO
No final do ano de 2019, foi identificado na China o início de uma doença registrada inicialmente como uma “pneumonia sem causa determinada” com elevado risco de morte para população idosa. Em pouco tempo, foi possível identificar a real causa dessa misteriosa doença se tratava de um vírus, com elevado potencial de contaminação, que poderia acarretar uma série de complicações em uma baixa porcentagem da população, apresentando maior risco para idosos e portadores de alguma forma de comorbidade, como doenças respiratórias (BEZERRA, VELOSO e RIBEIRO, 2021).
Foi apenas no decorrer do ano de 2020, que de fato ficou perceptível os reais riscos associados a propagação do vírus e da infecção Covid – 19, uma vez que a OMS, já no final de março, em decorrência da velocidade de propagação do vírus, o elevado número de contaminados e mortos em todo o mundo, o estado de Pandemia. Apesar das várias tentativas com os mais diversos fármacos, ficou nítido que não haviam medicamentos que conseguissem combater a doença, sendo às vacinas, a melhor opção, uma vez que a imunização proporciona condições de minimizar os impactos relacionados ao Covid – 19 (BEZERRA, VELOSO e RIBEIRO, 2021).
Enquanto não foram desenvolvidas as vacinas, a própria comunidade científica encontrou uma série de dificuldades para encontrar estratégias de enfrentamento a infecção, uma vez que não existiam medicamentos, e o vírus responsável pela doença, era razoavelmente novo, o que fazia com que houvesse pouquíssimas informações sobre ele. Apesar disto, as principais recomendações tomadas a nível mundial, recomendavam que a população passasse a reforçar os hábitos de higiene, utilizando álcool em gel constantemente ao estarem em locais públicos, utilizassem máscaras para evitar a propagação do vírus, e acima de tudo, que mantivessem constante distanciamento social, sendo as únicas formas comprovadas e evitar a contaminação e desenvolvimento do processo infeccioso (BONATELLI e CARVALHO, 2021).
O presente trabalho tem por objetivo, discorrer sobre quais as atribuições destinadas aos profissionais de enfermagem em contexto de urgência e emergência, dando destaque principal às potencialidades, uma vez que pode ser considerada uma das mais importantes e essenciais profissões inseridas nos meios hospitalares e no contexto de saúde de modo geral, além disso, também serão apresentados e discutidos os principais desafios e dificuldades relacionadas à prática, da mesma forma que se constituiu como uma das importantes profissões no enfrentamento da pandemia covid- 19..
De acordo com Fernandes et.al. (2017), o enfermeiro pode ser reconhecido como o profissional responsável pela supervisão das atividades dos técnicos e auxiliares que atuam em determinada instituição de saúde. Além disso, também é o profissional capacitado para o atendimento de pacientes, mesmo os que estejam em estados graves ou que apresentem elevado grau de complexidade.
Com base nas atribuições apresentadas anteriormente, é possível perceber que a profissão de Enfermagem apresenta tanto a chance de atuar com assistência aos pacientes, quanto a possibilidade de assumirem cargos administrativos. Apesar de haver essa diferenciação entre as alternativas de atuação, é necessário ressaltar que a base do trabalho dos enfermeiros se baseia principalmente no cuidado de pessoas, ou seja, o principal objetivo relacionado a sua prática, deve ser garantir o conforto e bem- estar dos pacientes durante seus tratamentos e principalmente durante os processos de internações hospitalares (FERNANDES et.al., 2017).
Além destes modelos de atuação, também é necessário destacar que os enfermeiros podem assumir importantes posições no que diz respeito a atenção primária, uma vez que sua experiência, formação e a própria constituição histórica da profissão, apresenta capacidade para a elaboração de estratégias que auxiliem no processo de promoção e prevenção de saúde, fugindo portanto das noções normativas e conservadoras, que partem da premissa de uma forma de pensamento pautada apenas na concepção de que saúde deve ser entendida unicamente como ausência de doença (HOEFLE, 2017).
Sua capacidade de atuação frente a diferentes realidades apresenta a possibilidade de também se inserir em outros espaços que não apenas os hospitais, visto que de modo geral, pode prestar assistência mesmo em casos ou situações simples, como aplicação de vacinas e injeções, mas também em casos mais complexos, como em casos de acidentes, adoecimento e/ou mesmo auxiliar e conduzir procedimentos mais complexos. Portanto, somente a premissa de poder atuar em diferentes empresas e locais, já pode ser considerada uma grande potencialidade dos profissionais de enfermagem, já que pode ser um importante agente preventivo em muitos locais (HOEFLE, 2017).
Se a primeiro momento é perceptível a presença de uma grande e significativa flexibilização da profissão, também é necessário ressaltar, que uma atuação ética, necessita de um contínuo processo de capacitação, o que faz com que o Enfermeiro consiga desenvolver práticas de liderança e de coordenação mais eficazes, auxiliando também na melhoria de condições para a atuação dos técnicos ou auxiliares que se inserem nos serviços de saúde, fazendo com que de modo geral haja um melhor atendimento ao paciente, ou seja, melhor desenvolvimento dos objetivos centrais a serem oferecidos nos serviços de saúde (FERNANDES et.al., 2017).
Apesar das inúmeras potencialidades existentes na prática de enfermagem, ainda é possível ressaltar que a prática atualmente atravessada por uma série de desafios, sendo que uma delas pode ser atribuída a falta de valorização oferecida a profissão em diversos espaços, que pode dizer respeito a uma falta de conhecimento de grande parcela da população sobre as reais atribuição de um enfermeiro, o que pode em diversos momentos também ser aplicado aqueles que formulam as políticas e que pensam sobre quais espaços os profissionais devem se inserir (FERNANDES et.al., 2017).
Se o primeiro grande desafios diz respeito a falta de conhecimento, fruto especialmente da valorização excessiva da medicina, o segundo pode atravessar todas as profissões, uma vez que decorre da ineficácia da construção de políticas direcionadas à saúde pública brasileira. O que se percebe, é que a falta de recursos, associadas as condições atuais do Serviço Público de Saúde (SUS), pode contribuir para a percepção da existência de uma forma de atuação significativamente limitada (HOEFLE, 2017).
A falta de organização existente nos serviços de saúde pode dificultar a atuação em todos os cenários, seja quando o enfermeiro assume cargos administrativos, ou mesmo quando atuam de frente ao cuidado de pacientes. Nos primeiros casos, respectivamente, os profissionais podem se deparar com a necessidade de administrar equipes reduzidas, além de também poderem trabalhar com a racionalização de recursos ou mesmo com a dificuldade de alocação de pacientes em casos de espaços limitados; os segundos casos podem apresentar as mesmas dificuldades, uma vez que dada a possível baixa de profissionais, pode acarretar um excesso de trabalho, além de também ocasionar o possível aumento de erros técnicos. Ademais, também existe a necessidade de em diversos momentos, precisarem lidar com a falta de recursos ou espaços, o que se potencializou no decorrer do período de pandemia, já que os serviços de forma geral ficaram significativamente sobrecarregados (SOUZA DOMINGUES; FAUSTINO; CRUZ, 2020).
No que diz respeito as minhas próprias expectativas sobre como será minha atuação no futuro, penso que de modo similar ao que acontece nos dias atuais, será atravessada por uma série de desafios, tanto na relação e atuação com a equipe multiprofissional, quanto as demais questões citadas anteriormente, entretanto, também penso que poderá ser carregada de potencialidades, já que que tenho o objetivo de seguir tanto o código de ética da profissão, quanto realizar uma prática compromissada com as mais variadas questões sociais que se manifestam no Brasil.
Com base em tudo que foi discutido no decorrer do presente trabalho, é possível afirmar que a profissão de Enfermagem é essencial para a execução de boas práticas de saúde nos serviços de saúde oferecidos atualmente, sendo que, mesmo havendo toda essa potência, também é possível perceber que existe uma série de dificuldades que impactam diretamente a boa execução da Enfermagem, seja em decorrência das limitações existentes quando se trabalha na saúde pública, ou mesmo quando se tem a dificuldade de reconhecimento de suas devidas atribuições.
METODOLOGIA
O presente trabalho é fruto de uma pesquisa qualitativa e o método utilizado foi a análise da forma como os enfermeiros e os profissionais de saúde estão vivenciando a realidade da pandemia no interior dos serviços de urgência e emergência. Segundo Gil (2002) o estudo qualitativo é um método de pesquisa largamente utilizado nas ciências biomédicas e sociais, que consiste no estudo aprofundado e detalhado de um ou poucos objetos, de modo que possibilite um conhecimento detalhado sobre tais objetos, o que pode ser considerado impossível em outros delineamentos de pesquisa.
Nas ciências, durante muito tempo, o estudo qualitativo foi encarado como um procedimento de pouco rigor, que serviria apenas para estudos de caráter exploratório.
Em contrapartida, hoje é considerado como o delineamento mais adequado para a investigação de um fenômeno contemporâneo dentro da realidade de seu contexto, em que os limites entre o fenômeno e o contexto não são claramente percebidos.
Segundo Gil (2002) a análise qualitativa é menos formal do que a análise quantitativa, pois seus passos podem ser definidos de maneira relativamente simples. Esta depende de muitos fatores, tais como a origem dos dados coletados, a extensão da amostra, os instrumentos de pesquisa e os pressupostos teóricos que nortearam a investigação. Segundo o autor acima referido, pode-se, no entanto, definir esse processo como atividades sequenciadas, que envolve a redução dos dados, a categorização, interpretação e a escrita do relatório.
Análise de dados
O contexto da pandemia Covid -19, mudou drasticamente as relações de trabalho, houve uma maior aproximação entre a vida pessoal e profissional visto que as atuais medidas de segurança, acabaram fazendo com que muitas pessoas aderissem o trabalho home-office (CRUZ et.al., 2020).
A pandemia acabou potencializando e acelerando um processo que a muito tempo já vinha se delimitando, visto que um dos princípios do atual sistema capitalista, é criar mecanismos que façam os sujeitos trabalharem durante turnos mais extensos, mesmo que isso signifique acabar levando trabalho para suas casas, assim sendo, existe uma extrapolação do trabalho, que acaba se entrelaçando com todos os aspectos da vida subjetiva deste (CRUZ et. al. 2020).
As mudanças no mundo do trabalho, em especial a partir do século XXI são nítidas, haja visto que houve grande ampliação dos meios tecnológicos (ELIAS e NAVARRO, 2006), assim, o que inicialmente pode se pensar como um avanço, afinal, a mão de obra como um todo acaba sendo menos demandada, havendo melhores condições e possibilidade de diminuição da carga horária, no entanto, o que de fato se mostrou, foi que a tecnologia passou a ser utilizada como forma de extrapolamento dos espaços de trabalho.
Ao se acrescentar a essa discussão, a realidade atual dos funcionários da área da saúde, é necessário se fazer algumas pequenas considerações, visto que estes em sua grande maioria, não conseguem exercer atividades remotas, sendo preciso sua presença nos postos de trabalho (TEIXEIRA et.al., 2020), motivo que também é o principal responsável pela entrada destes grupos na categoria de risco na pandemia COVID-19.
Essas relações híbridas se entrelaçaram aos funcionários da área da saúde quando esses sujeitos passaram a vivenciar em suas casas, a mesma realidade de seus postos de saúde, uma vez que, a existência de um vírus com tamanho potencial de contágio, apresentava riscos de contaminação nos mais diversos espaços, inclusive dentro de suas próprias residências (Lima, 2020).
Além disso, esses sujeitos também passaram a assumir em muitos momentos, a posição de cuidadores (AMARAL, MORAES e OSTERMANN, 2010), pois teriam que tomar cuidado com a possibilidade deles mesmos levarem o vírus que poderiam contrair no hospital, e consequentemente infectar seus familiares (TEIXEIRA et.al., 2020). Esse sentimento, pode proporcionar a sensação de que mesmo em casa, ainda estão vivenciando a realidade apresentada nos postos de trabalho, causando um profundo sentimento de exaustão, por estarem continuamente vivenciando o que acontece nos hospitais.
Também houve um grande aumento na carga horária de trabalho deste grupo, afinal, uma parcela significativa dos profissionais de saúde acabou adoecendo. Como as principais medidas de segurança estipuladas pela própria Organização Mundial da Saúde (OMS), recomendam o isolamento social dos contagiados, uma parcela elevada precisou ficar em casa, faltando então mão de obra qualificada para exercer suas funções nos postos de saúde (ORELLANA, 2021).
A flexibilização dos horários de trabalho, associados a dura realidade apresentada pela pandemia COVID-19, podem ser entendidas como atenuantes que dificultaram ainda mais a condição de vida dos trabalhadores, que não conseguem delimitar limites em relação a sua vida profissional e pessoal, o que direta ou indiretamente pode causar o abandono ou enfraquecimento de sua atuação em alguma dessas áreas, havendo ora a fragilização de seus próprios vínculos sociais, ora a diminuição de sua capacidade de atuação profissional, ambas as condições, apresentam condições de prejuízo para a vida do trabalhador (TEIXEIRA et.al., 2020).
Além disso, pode ser que esse processo de flexibilização dos horários de trabalho, além de criar uma forma de funcionamento cada vez mais híbrida, também potencialize possíveis processos de sofrimento psíquico, uma vez que existe uma extensão e uma falta de limites nos horários de trabalho, que podem em últimas instâncias, impossibilitar estes de terem acesso a atividades que antes lhe proporcionam saúde mental (TEIXEIRA et.al., 2020).
CUIDADO COM OS FUNCIONÁRIOS DA ÁREA DA SAÚDE
O contexto dos profissionais da área da saúde, é constantemente atravessado por uma grande carência, visto que eles estão constantemente vivenciando ou estando próximos, de situações ligadas a dor e sofrimento (Sebastiani, 2002) o que pode causar um completo sentimento de impotência, angústia, medo e desesperança nesses profissionais.
Esta é uma realidade muito presente no cenário nacional brasileiro, sendo que Amaral, Moraes e Ostermann (2010), discorrem sobre essa modalidade de sofrimento, pontuando que uma série de fatores podem estar associados ao adoecimento físico e psíquico desses profissionais. O primeiro deles já destacado, é o constante contato com pessoas em situação de profundo sofrimento, mas acrescenta-se a isso, as exaustivas horas de trabalho, a falta de profissionais, associado ao luto que muitos sofrem ao perder pacientes, etc.
O que acontece no Brasil, é que não existem ferramentas, tampouco formas direcionadas aos cuidados para profissionais, o que faz com que em muitos momentos, eles tenham que sofrer sozinhos, sem nenhum apoio psicológico ou institucional (AMARAL, MORAES e OSTERMANN, 2010).
Apesar de todas estas complicações, ainda existem uma série de alternativas possíveis, mas que dependem quase que exclusivamente de uma maior participação por parte do Estado, que desde a constituição da saúde pública no Brasil - grande avanço na conquista de direitos -, ainda tem deixado muito a desejar no que tange o cuidado e a melhoria das condições trabalhistas para os funcionários da Saúde (OLIVEIRA et.al., 2020).
Lima (2020), afirma que desde o final de 2019, se iniciou a circulação de um novo vírus, que tem origem na China e apresentam um elevado grau de contágio, em questão de poucos meses, ele havia se espalhado para diversos países do mundo, incluindo o Brasil, o que fez com que fosse necessária uma série de mudanças a nível social, afinal, foram utilizadas estratégias que buscassem diminuir o processo de contaminação.
Ou seja, se a situação dos profissionais da saúde já era complexa no decorrer do funcionamento normal das atividades, a partir do início da pandemia, as problemáticas e a fragilidade do Sistema Único de Saúde se intensificaram ainda mais (LIMA, 2020). Os profissionais das áreas de saúde passaram a ter medo constante da infecção, que se intensifica cada vez mais quando percebem o adoecimento e morte de colegas de trabalho, elevando significativamente o sofrimento deste grupo (TEIXEIRA et.al., 2020).
As únicas medidas cientificamente comprovadas de combate ao COVID 19, são o isolamento social, higienização constante de mãos e objetos e a vacina, assim sendo, os funcionários da saúde já não conseguem atendem algumas das medidas de contenção do vírus, pois precisam continuar exercendo seus serviços de cuidados aos pacientes (LIMA, 2020).
Além do constante medo de acabar sendo infectado, também existe a possibilidade de contaminar familiares e amigos, o que dificultou ainda mais a atuação destes profissionais, mas, em contrapartida, poucas medidas foram tomadas, ou alternativas criadas, que conseguissem amparar este público, seja em relação a condições mínimas de distanciamento dos familiares, seja através de atenção à saúde mental, em outras palavras, as mais diversas equipes de saúde continuam desamparadas institucionalmente (CRUZ et.al., 2020).
A EXPOSIÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA SAÚDE AO CORONAVÍRUS
Além das situações enfrentadas pelos profissionais da saúde como a sobrecarga de trabalho, condições inadequadas, o sofrimento dos pacientes e o sentimento de perda que gera um estresse emocional muito grande nesses, temos o motivo de todas essas situações: A exposição ao vírus.
Desde seu surgimento, o novo Corona vírus gerou um estresse emocional a toda a população mundial e principalmente aos profissionais da saúde que lidam diretamente na “linha de frente” no combate ao Covid-19 sejam em âmbito público ou privado, isso porque um dos principais problemas relacionados ao vírus é o altíssimo risco de contágio da doença (TEIXEIRA, et al., 2020).
Um estudo feito em Wuhan na China, demonstra esse fato citado:
Estima-se que na China, cerca de 3.300 profissionais de saúde foram infectados e 22 morreram. Estudo realizado em um Hospital de referência com 3.300 leitos, com uma coorte retrospectiva com profissionais de saúde, especialmente médicos clínicos e enfermeiros, evidenciou a existência de 72 profissionais que atuaram na linha de frente infectados com COVID-19, identificando-se associação entre o aumento da jornada de trabalho, com a inadequada higienização das mãos e o risco de contrair a infecção (TEIXEIRA, SOARES, SOUZA, PINTO, LISBOA, ANDRADE, ESPIRIDÃO; 2020).
A OMS (Organização Mundial da Saúde) recomenda o uso de EPIs como máscaras N95, jalecos, luvas e proteção ocular para profissionais que lidam diretamente com pacientes sintomáticos do vírus, mas principalmente no Brasil, nem sempre esses equipamentos de proteção são tidos em abundância, o que aumenta os índices de contágio do vírus e consequentes mortes entre os profissionais da saúde, fato que desmotiva e compromete a qualidade da assistência à saúde prestada por esses profissionais.
A exposição ao vírus traz a luz a realidade já existente da saúde não só física, mas mental e psicológica do profissional da saúde:
“Estudos de várias partes do mundo evidenciam que os profissionais de saúde são alvo de adoecimentos constantes decorrentes de seu trabalho, com casos de estresse, fadiga por compaixão, síndrome de burnout, doenças osteomusculares, cardiovasculares, metabólicas, depressão e outras de ordem psíquica, incluindo o suicídio. O fato não é novo: existem evidências científicas da realidade desses trabalhadores e a situação da pandemia tende a agravar e intensificar a situação (LUCIANO, Luzimar; MASSARONI, Leila. 2020)
Mais ainda, o estado de emergência dos pacientes, a exaustão após longas jornadas de trabalho, entre outros fatores podem contribuir para o descuido no uso dos EPIs, af/etando a segurança na saúde dos pacientes e dos demais profissionais sendo necessária a criação de protocolos para evitar que essas ações aconteçam e corroborem para o aumento dos casos de COVID-19 no âmbito hospitalar (TEIXEIRA et al, 2020).
Tendo em vista de que mesmo com protocolos para que tais descuidos que afetem a segurança da saúde dos pacientes não aconteçam e sabendo das dificuldades que os profissionais enfrentam é inegável que erros ainda aconteçam, principalmente durante a pandemia, entrando em ação o Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP). Tal programa governamental tem como um dos principais objetivos implementar práticas seguras com protocolos simples, promovendo a cultura de segurança nas instituições de saúde qualificando o cuidado em saúde (ZWIELEWSKI, et al 2019).
A cultura de segurança incentiva os profissionais a serem responsáveis por seus atos e a desenvolverem um novo olhar sobre os eventos adversos, assegurando a imparcialidade e o abandono de práticas punitivas e de culpabilização dos profissionais que cometem algum evento adverso não intencional. Com isso, busca-se tentar modificar a representação social de que os profissionais de saúde não erram. (ZWIELEWSKI, et al 2019).
Apesar de ser vista de diferentes formas em cada ambiente de trabalho, a cultura de segurança não serve para encobrir erros ou não puni-los, mas verificar as principais falhas ocorridas e a aplicação de melhorias para que as tais não continuem acontecendo repetidamente. No ambiente hospitalar, essas ações de segurança à saúde tornam-se imprescindíveis, uma vez que possibilitam a identificação das falhas cometidas e torna possível o aprimoramento de condutas entre os profissionais da saúde evitando as culturas punitivas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir de tudo que foi apresentado no decorrer do presente trabalho, é possível afirmar que de fato a pandemia covid-19 apresentou grandes transformações na atuação de profissionais nas mais variadas áreas da saúde, sendo que, para os enfermeiros, que apresentam potencial administrativo e também de atuarem diretamente em serviços de recepção e atuação frente a pacientes possivelmente diagnosticados com o vírus.
A partir disso, também ficou evidente a criação de novas pesquisas e atuações, em especial para conseguir pensar em futuros protocolos e possibilidades de atuação frente a qualquer crise social que de fato se apresenta na sociedade, nesse sentido, também acrescento a possibilidade de maiores alternativas de formação e capacitação para os profissionais que se insiram nessa realidade.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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