METODOLOGIAS ATIVAS E OS DESAFIOS ENFRENTADOS PELOS DOCENTES

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REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.16730039


Perla Carvalho Gonçalves Heizer1


RESUMO
O presente trabalho tem como objetivo refletir sobre a aplicação das metodologias ativas no contexto educacional e os principais desafios enfrentados pelos docentes na efetivação dessas práticas em sala de aula. As metodologias ativas propõem um modelo de ensino que coloca o estudante no centro do processo de aprendizagem, promovendo maior autonomia, protagonismo e construção significativa do conhecimento. No entanto, sua implementação ainda esbarra em diversos obstáculos, como a resistência à mudança de paradigmas pedagógicos, a falta de formação continuada específica, as limitações estruturais das escolas e o tempo reduzido para planejamento colaborativo. A pesquisa foi desenvolvida por meio de pesquisa bibliográfica, com base em autores que discutem a inovação pedagógica e a prática docente, permitindo analisar o cenário atual da educação brasileira frente às exigências contemporâneas de ensino-aprendizagem. A análise dos textos selecionados evidencia que, embora as metodologias ativas apresentem grande potencial para a melhoria da qualidade do ensino, sua efetiva aplicação exige políticas de apoio à formação docente, reestruturação dos ambientes escolares e mudança na cultura institucional das escolas. A superação dos desafios identificados depende da articulação entre gestores, professores e demais atores da comunidade escolar, além de um investimento contínuo em recursos pedagógicos e tecnológicos. Conclui-se que as metodologias ativas representam uma oportunidade significativa de transformação educacional, desde que sejam acompanhadas por uma gestão comprometida com a formação docente e com a valorização da inovação no cotidiano escolar.
Palavras-chave: Metodologias Ativas. Prática Docente. Formação Continuada. Inovação Educacional. Ensino Participativo. Autonomia Estudantil.

ABSTRACT
This paper aims to reflect on the application of active methodologies in the educational context and the main challenges faced by teachers in implementing these practices in the classroom. Active methodologies propose a teaching model that places the student at the center of the learning process, promoting greater autonomy, agency, and meaningful knowledge construction. However, their implementation still encounters various obstacles, such as resistance to changing pedagogical paradigms, lack of specific continuing education, structural limitations of schools, and limited time for collaborative planning. The research was developed through a bibliographic review, based on authors who discuss pedagogical innovation and teaching practices, allowing for an analysis of the current scenario of Brazilian education in light of contemporary teaching and learning demands. The analysis of the selected texts shows that although active methodologies have great potential to improve the quality of education, their effective implementation requires policies that support teacher training, restructuring of school environments, and a change in the institutional culture of schools. Overcoming the identified challenges depends on coordination between administrators, teachers, and other members of the school community, as well as continuous investment in pedagogical and technological resources. It is concluded that active methodologies represent a significant opportunity for educational transformation, provided they are accompanied by management committed to teacher development and the promotion of innovation in daily school life.
Keywords: Active Methodologies. Teaching Practice. Continuing Education. Educational Innovation. Participatory Teaching. Student Autonomy.

1 INTRODUÇÃO

Nos últimos anos, o cenário educacional tem passado por profundas transformações impulsionadas pelas exigências do século XXI, que demandam uma formação mais crítica, participativa e voltada para o desenvolvimento de competências e habilidades essenciais à vida em sociedade. Nesse contexto, as metodologias ativas surgem como uma proposta inovadora de ensino, colocando o estudante no centro do processo de aprendizagem e estimulando sua autonomia, protagonismo e capacidade de reflexão. Tais metodologias contrastam com o modelo tradicional de ensino, baseado na transmissão unidirecional de conteúdos, e propõem um ambiente mais dinâmico, colaborativo e significativo.

A relevância do tema se justifica diante da necessidade urgente de repensar as práticas pedagógicas para torná-las mais eficazes e alinhadas às demandas contemporâneas. As metodologias ativas, ao promoverem uma aprendizagem mais engajada e participativa, contribuem diretamente para a formação de sujeitos mais críticos, criativos e preparados para lidar com os desafios sociais e profissionais. No entanto, a implementação dessas metodologias ainda representa um desafio real para muitas instituições de ensino e, especialmente, para os docentes, que enfrentam barreiras como a ausência de formação continuada, limitações estruturais e resistência à mudança.

A problemática deste estudo reside na necessidade de compreender como a inserção das metodologias ativas no processo educativo, fundamentadas em uma aprendizagem centrada no estudante, tem impactado as práticas pedagógicas e quais são os principais desafios enfrentados pelos docentes e pelas instituições escolares para implementá-las de forma efetiva. Diante disso, questiona-se: de que maneira a inserção das metodologias ativas contribui para a melhoria do processo de ensino-aprendizagem e quais os obstáculos enfrentados pelos professores e pelas escolas em sua aplicação?

O objetivo deste trabalho é refletir sobre a inserção das metodologias ativas no processo educativo, destacando seus fundamentos e os principais desafios enfrentados pelos docentes e pelas instituições escolares. A metodologia adotada baseia-se em uma pesquisa bibliográfica, fundamentada em autores que discutem inovação pedagógica, formação docente e práticas educativas centradas no estudante.

O trabalho foi estruturado em duas partes principais: a primeira aborda o conceito de metodologias ativas em contraposição à aprendizagem passiva, destacando seus princípios, benefícios e implicações no processo de ensino-aprendizagem; a segunda analisa os desafios enfrentados por instituições e professores na efetiva inserção dessas metodologias, considerando aspectos formativos, estruturais e culturais do ambiente escolar.

Entre os principais desafios enfrentados pelos docentes, destaca-se a necessidade de formação continuada, que os capacite para planejar e conduzir práticas pedagógicas inovadoras. A resistência à mudança, a sobrecarga de trabalho e a escassez de tempo para o planejamento são também obstáculos frequentemente apontados. Além disso, a falta de infraestrutura adequada e de apoio institucional limita o potencial transformador dessas metodologias.

Por outro lado, as instituições precisam rever seus currículos, flexibilizar as práticas avaliativas e fomentar espaços de experimentação pedagógica. A gestão escolar tem um papel fundamental ao promover uma cultura de inovação, incentivando o trabalho colaborativo entre os docentes e valorizando práticas que rompam com a lógica tradicional e conteudista.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 ENTRE O DESAFIO E A TRANSFORMAÇÃO: A CAMINHADA DAS METODOLOGIAS ATIVAS NA ESCOLA CONTEMPORÂNEA

A proposta das metodologias ativas tem ganhado destaque nos debates educacionais por romper com os modelos tradicionais de ensino centrados na transmissão de conteúdos e na figura do professor como detentor exclusivo do saber. Ao colocar o estudante como protagonista de sua aprendizagem, essas metodologias buscam tornar o processo educativo mais significativo, participativo e contextualizado. Conforme Buesa (2023), a aprendizagem ativa não se resume a uma simples técnica pedagógica, mas implica uma mudança de postura, tanto dos docentes quanto dos discentes, que passam a construir o conhecimento em interação constante com o mundo que os cerca.

Nessa perspectiva, o papel do docente também é ressignificado. Em vez de apenas transmitir informações, o professor passa a atuar como mediador, facilitador e incentivador da construção autônoma do saber. Isso exige uma formação mais ampla, que contemple não apenas os conteúdos disciplinares, mas também o desenvolvimento de competências didáticas, tecnológicas e relacionais. Segundo Catelan et al. (2023), o docente do século XXI precisa estar preparado para lidar com um cenário educacional em constante transformação, o que demanda formação continuada e abertura para inovação.

Esse novo olhar sobre o papel do docente evidencia uma ruptura com o modelo tradicional de ensino, centrado na figura do professor como detentor do saber. Com as metodologias ativas, o professor assume uma postura mais horizontal e dialógica, reconhecendo os saberes prévios dos estudantes e estimulando sua autonomia intelectual. A mediação, nesse contexto, não é neutra nem passiva, mas requer sensibilidade pedagógica, escuta ativa e capacidade de propor situações de aprendizagem significativas.

A formação docente, portanto, precisa ir além da mera atualização de conteúdos. Deve contemplar a construção de uma prática reflexiva, que permita ao educador avaliar continuamente suas estratégias, repensar seus métodos e experimentar novas possibilidades de ensino. Como destaca Catelan et al. (2023), o professor do século XXI deve ser um profissional capaz de articular conhecimento teórico, competências práticas e valores éticos diante das múltiplas demandas do cenário educacional contemporâneo.

Além disso, é fundamental que os cursos de licenciatura e os programas de formação continuada incluam em seus currículos temas como a integração das tecnologias digitais, a gestão da diversidade em sala de aula, o desenvolvimento de competências socioemocionais e a aplicação de metodologias inovadoras. Tais aspectos são indispensáveis para que o professor se sinta preparado para assumir seu papel como agente transformador da prática pedagógica.

A aprendizagem ativa, enquanto proposta didática, demanda que o aluno esteja envolvido de forma crítica, reflexiva e colaborativa no processo de aprender. Isso significa que as atividades desenvolvidas devem ser planejadas de forma a estimular a participação efetiva, a resolução de problemas reais e a integração entre teoria e prática. Buesa (2023) enfatiza que não se trata apenas de usar recursos tecnológicos ou dinâmicas em sala, mas de promover situações que favoreçam a autonomia do estudante e sua interação com diferentes saberes.

A construção de um ambiente de aprendizagem ativa, no entanto, depende de condições estruturais e pedagógicas que nem sempre estão presentes nas escolas brasileiras. A falta de espaços adequados, de acesso às tecnologias e de tempo para o planejamento colaborativo são barreiras recorrentes apontadas pela literatura. Silva et al. (2024) destacam que, embora haja consenso sobre os benefícios das metodologias ativas, sua inserção ainda é limitada pela ausência de políticas institucionais que promovam as condições necessárias para sua aplicação.

Outro fator que dificulta a adoção das metodologias ativas é a resistência de parte dos docentes, que muitas vezes foram formados dentro de uma lógica tradicional e não tiveram acesso a experiências inovadoras durante sua trajetória acadêmica. Pereira et al. (2023, p.22) apontam que,

a insegurança frente ao novo, somada à falta de formação e de suporte institucional, contribui para a manutenção de práticas conservadoras em sala de aula. A resistência à mudança também está relacionada a uma cultura institucional que valoriza o conteúdo em detrimento da forma de ensino.

Em muitas escolas, o desempenho dos alunos é avaliado com base em provas tradicionais, o que desestimula a adoção de propostas que priorizem o desenvolvimento de competências e habilidades. Para Silva et al. (2024), romper com essa cultura requer um esforço coletivo que envolva a gestão escolar, os professores, os alunos e as famílias.

A permanência das avaliações tradicionais, centradas em provas escritas e baseadas na memorização de conteúdos, representa um dos maiores entraves à efetiva implementação das metodologias ativas. Esse modelo avaliativo, muitas vezes descolado das práticas pedagógicas inovadoras, acaba por enfraquecer propostas que visam ao desenvolvimento de competências, como pensamento crítico, resolução de problemas, colaboração e criatividade. Conforme destacado por Silva et al. (2024), romper com essa lógica exige um movimento articulado entre todos os atores do processo educativo.

A gestão escolar tem um papel estratégico nesse contexto, pois deve promover uma cultura institucional que valorize a avaliação formativa e diversificada, criando condições para que os docentes possam inovar. Os professores, por sua vez, precisam repensar seus instrumentos avaliativos, integrando-os de maneira coerente às práticas ativas. Já os estudantes e suas famílias devem ser sensibilizados sobre os objetivos e os benefícios de uma avaliação mais ampla e processual, que vai além da simples atribuição de notas.

Trata-se, portanto, de uma mudança cultural profunda, que demanda diálogo, formação continuada e comprometimento coletivo. Somente com esse esforço integrado será possível transformar a avaliação em um instrumento de aprendizagem real, coerente com os princípios das metodologias ativas e com os desafios da educação contemporânea.

Apesar dos desafios, existem caminhos para a efetiva implementação das metodologias ativas. A formação docente continuada, pautada na reflexão da prática e na troca de experiências entre pares, é um dos pilares para essa transformação. Catelan et al. (2023) ressaltam que programas de formação que valorizem a experiência docente e promovam a construção coletiva do conhecimento tendem a ser mais eficazes na promoção de mudanças pedagógicas.

A gestão escolar também desempenha papel fundamental na consolidação das metodologias ativas. É preciso que os gestores compreendam a importância dessas propostas e incentivem sua adoção, oferecendo condições materiais, humanas e organizacionais para que os professores possam inovar. Conforme Silva et al. (2024), uma gestão participativa, que valorize a escuta e o diálogo com os docentes, contribui para um clima institucional favorável à inovação.

Ao mesmo tempo, é essencial que se compreenda que a adoção de metodologias ativas não deve ser encarada como uma solução rápida ou padronizada para os problemas da educação. Buesa (2023) salienta que essas metodologias devem ser contextualizadas de acordo com a realidade de cada escola, com as características dos estudantes e com os objetivos educacionais propostos.

No ambiente universitário, os desafios se tornam ainda mais complexos, dada a heterogeneidade das áreas do conhecimento e a resistência à interdisciplinaridade. Pereira et al. (2023, p.34) observam que, “embora muitas instituições de ensino superior tenham adotado programas de inovação pedagógica, ainda é comum encontrar professores que mantêm uma postura centrada na aula expositiva e na avaliação tradicional”.

Em contrapartida, existem experiências bem-sucedidas de uso de metodologias ativas em diferentes níveis e contextos educacionais, que demonstram o potencial transformador dessas abordagens. Silva et al. (2024) relatam casos em que projetos interdisciplinares, trabalhos em grupo e uso de tecnologias digitais contribuíram significativamente para o engajamento e o desempenho dos alunos.

3 METODOLOGIA

A presente pesquisa caracteriza-se como uma investigação qualitativa de caráter exploratório, desenvolvida por meio de uma revisão bibliográfica sistematizada, com o objetivo de analisar a inserção das metodologias ativas no processo educativo e os principais desafios enfrentados pelos docentes na sua implementação. Esse tipo de investigação possibilita compreender fenômenos educacionais complexos a partir da análise de significados, contextos e práticas pedagógicas, contribuindo para uma reflexão crítica sobre as abordagens contemporâneas de ensino.

A pesquisa foi realizada por meio da coleta e análise de produções acadêmicas disponíveis nas bases de dados SciELO (Scientific Electronic Library Online) e Periódicos CAPES, com foco em temas como metodologias ativas, inovação pedagógica, formação docente, práticas de ensino, engajamento estudantil e cultura escolar. Foram utilizados descritores combinados, como “metodologias ativas”, “desafios docentes”, “formação de professores” e “práticas pedagógicas inovadoras”.

A população da pesquisa corresponde ao conjunto de artigos científicos indexados nas referidas bases, e a amostragem foi intencional, priorizando estudos que apresentassem relevância teórica e prática para a temática em análise. Foram selecionados artigos completos, revisões teóricas e relatos de experiências docentes que contribuíssem para a construção do referencial teórico e para a análise crítica dos dados.

Como instrumento de análise, foi empregada a leitura interpretativa do material coletado, organizada em categorias temáticas emergentes relacionadas ao objetivo da pesquisa. As categorias foram agrupadas de acordo com as abordagens presentes nos textos analisados, especialmente: (1) fundamentos das metodologias ativas no contexto educacional; (2) práticas docentes e estratégias de ensino centradas no estudante; (3) obstáculos enfrentados pelos professores, como formação, infraestrutura e resistência institucional; e (4) contribuições das metodologias ativas para a aprendizagem significativa.

A análise dos dados foi conduzida de forma descritiva e reflexiva, buscando identificar convergências e divergências entre os autores, bem como evidenciar lacunas e possibilidades de avanço na formação e atuação dos docentes frente às metodologias ativas. A sistematização dos achados foi orientada pelos princípios da pesquisa bibliográfica crítica, conforme proposto por Gil (2019) e Lakatos e Marconi (2017), permitindo ao pesquisador construir uma base teórica atualizada e consistente sobre o tema.

Com essa abordagem metodológica, a pesquisa visa oferecer subsídios para reflexões e proposições voltadas à melhoria das práticas pedagógicas, ressaltando a importância de políticas formativas e condições estruturais adequadas para que os professores possam implementar metodologias ativas de forma efetiva no cotidiano escolar.

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

As tecnologias educacionais, quando integradas de forma crítica e planejada, podem potencializar a aprendizagem ativa. Plataformas digitais, aplicativos interativos e ambientes virtuais de aprendizagem são recursos que, se bem utilizados, ampliam as possibilidades de interação e de construção colaborativa do conhecimento. Catelan et al. (2023) reforçam a importância de uma formação docente que contemple a competência digital, não como um fim em si mesmo, mas como meio para uma educação mais significativa.

Para além da questão pedagógica, a adoção de metodologias ativas também envolve um compromisso ético com a formação integral dos estudantes. Buesa (2023, p.12) destaca que,

educar por meio da aprendizagem ativa é também contribuir para o desenvolvimento da cidadania, da empatia e do pensamento crítico, valores fundamentais para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária. Ao colocar o estudante no centro do processo educativo, as metodologias ativas incentivam a responsabilidade social, o respeito às diferenças e o engajamento com os problemas reais da comunidade. Essa abordagem vai além da simples aquisição de conteúdos, pois propõe uma formação integral que prepara o indivíduo para atuar de forma ética, reflexiva e participativa na vida em sociedade.

Assim, ao promover a autonomia intelectual e a capacidade de dialogar e argumentar, a aprendizagem ativa se mostra um caminho potente não apenas para melhorar o desempenho acadêmico, mas também para formar sujeitos conscientes e comprometidos com a transformação social.

Ao considerar as especificidades das diferentes etapas da educação, é possível perceber que as metodologias ativas se adaptam de formas distintas à educação infantil, ao ensino fundamental, médio e superior. Silva et al. (2024) apontam que o sucesso dessas metodologias depende da compreensão das necessidades e potencialidades dos estudantes em cada fase, evitando aplicações genéricas que desconsiderem os contextos locais.

O desenvolvimento de projetos integradores e a adoção de metodologias como a aprendizagem baseada em problemas (PBL), o design thinking e a sala de aula invertida têm demonstrado resultados positivos quando acompanhados de planejamento pedagógico sólido. Pereira et al. (2023, p.2) ressaltam que “a combinação dessas abordagens pode ampliar o repertório pedagógico e oferecer alternativas mais eficazes à educação tradicional”.

A articulação entre teoria e prática se mostra como um elemento central nas metodologias ativas. O envolvimento do estudante em situações reais, com desafios concretos, permite uma aprendizagem mais contextualizada e duradoura. Silva et al. (2024) reforçam que a aprendizagem significativa ocorre quando o estudante percebe sentido no que está aprendendo e se sente motivado a buscar soluções para os problemas propostos.

A inserção das metodologias ativas no cotidiano escolar depende de um conjunto de fatores interligados, que envolvem formação docente, gestão escolar, cultura institucional, condições estruturais e compromisso ético com a qualidade da educação. Ao superar os desafios apontados, é possível promover uma educação mais humanizadora, emancipadora e alinhada aos desafios da contemporaneidade.

Assim, o educador precisa ser constantemente instigado a refletir sobre sua prática, atualizar seus saberes e reinventar-se diante das exigências de uma escola em constante mutação.

Outro fator essencial para a consolidação das metodologias ativas é o fortalecimento de uma cultura escolar colaborativa. É preciso romper com práticas fragmentadas e promover espaços de troca entre os profissionais da educação. O trabalho coletivo, o planejamento interdisciplinar e a escuta mútua favorecem a construção de propostas pedagógicas coerentes com as metodologias ativas. Como destaca Libâneo (2013), a profissionalização docente se dá também por meio do diálogo com os pares, da investigação da prática e da atuação crítica diante das demandas educacionais.

Além disso, é indispensável garantir condições materiais e estruturais adequadas, como acesso a tecnologias, tempo para planejamento, apoio pedagógico e ambientes de aprendizagem flexíveis. A ausência desses elementos pode comprometer a eficácia das metodologias ativas, gerando frustrações e resistência por parte dos educadores. Assim, cabe também aos gestores públicos e às políticas educacionais criar estratégias de suporte e investimento que viabilizem práticas pedagógicas inovadoras.

5 CONCLUSÃO

A inserção das metodologias ativas no processo de ensino-aprendizagem revela-se como uma estratégia promissora para a construção de práticas pedagógicas mais dinâmicas, participativas e centradas no estudante. Ao promover a autonomia, o protagonismo discente e o desenvolvimento de competências socioemocionais e cognitivas, essas metodologias contribuem significativamente para a melhoria da qualidade da aprendizagem e para o fortalecimento do vínculo entre o aluno e o conhecimento.

No entanto, a efetivação dessas práticas ainda enfrenta diversos obstáculos no contexto escolar. Entre os principais desafios identificados estão a formação inicial e continuada dos professores, muitas vezes limitada ou desatualizada em relação às novas abordagens pedagógicas; a resistência à mudança por parte de alguns profissionais e instituições; e a carência de infraestrutura tecnológica e de recursos adequados para a aplicação plena das metodologias ativas.

Além disso, a ausência de políticas públicas consistentes que incentivem e sustentem a inovação pedagógica dificulta a consolidação dessas práticas em larga escala. Tais entraves demonstram a necessidade de um compromisso coletivo envolvendo gestores, professores, formuladores de políticas e comunidades escolares na construção de um ambiente educacional mais flexível, inclusivo e orientado para a aprendizagem significativa.

Dessa forma, conclui-se que, embora as metodologias ativas representem um caminho potente para transformar a educação, sua implementação exige planejamento, investimento em formação docente, apoio institucional e mudanças culturais no modo de ensinar e aprender. Ao enfrentar esses desafios, é possível avançar rumo a uma educação mais democrática, eficaz e condizente com as demandas do século XXI.

Adicionalmente, observa-se que a integração de recursos tecnológicos pode potencializar significativamente as metodologias ativas. Ferramentas digitais como plataformas de aprendizagem, aplicativos interativos, ambientes virtuais colaborativos e jogos educativos ampliam as possibilidades de ensino, permitindo maior personalização e dinamismo nas atividades pedagógicas. Entretanto, essa integração precisa ser feita com criticidade, levando em conta o contexto de cada escola, a infraestrutura disponível e a formação dos profissionais envolvidos.

Os desafios, no entanto, ainda são muitos. Em algumas realidades escolares, ainda predominam resistências por parte de gestores, professores e até mesmo de estudantes, que se sentem inseguros diante de um modelo de ensino que exige mais protagonismo e autonomia. Soma-se a isso a escassez de investimentos públicos, a ausência de políticas educacionais consistentes e as desigualdades sociais, que dificultam o acesso igualitário às condições necessárias para o uso efetivo dessas metodologias. A superação desses obstáculos exige um esforço conjunto entre poder público, instituições formadoras e comunidade escolar.

Portanto, é fundamental compreender que a implementação das metodologias ativas não é um processo imediato, mas uma construção progressiva que exige compromisso, flexibilidade e disposição para o aprendizado contínuo. Refletir sobre os desafios enfrentados, identificar as potencialidades existentes e buscar alternativas criativas e colaborativas são passos indispensáveis para transformar a escola em um espaço de formação crítica, cidadã e humanizadora. À medida que se fortalece essa cultura pedagógica inovadora, abre-se caminho para uma educação mais significativa, inclusiva e alinhada às exigências de um mundo em constante transformação.

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1 Pedagogia. Psicopedagogia. Mestranda em Tecnologias Emergentes da Educação pela Must University. Email: [email protected]