LEITURA E DIVERSIDADE CULTURAL NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
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REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10790568
Julio Fernandes de Paiva Neto
RESUMO
Com a presente pesquisa, propôs-se a análise em torno dos alunos do PROEJA, visando a investigação das dificuldades para compreenderem textos, de ler e de promover a cidadania. Por meio de um estudo exploratório, analítico e descritivo, focalizando dados em que se identifique a inclusão social por meio da leitura, as contribuições dela para a formação da cidadania e da criticidade dos jovens e adultos. Consiste em uma revisão bibliográfica das referências as quais discutem a modalidade PROEJA incluso o Panorama da Educação de Jovens e Adultos e da Educação Profissional no Brasil, levando em consideração os alunos, suas concepções, características em comum e aprendizagem. Em seguida destacamos a Associação Protetora da Maternidade e da Infância de Londrina - APMI com seus projetos voltados a profissionalização. Por meio do estudo ampliamos o nosso olhar em relação ao PROEJA de modo a contribuir para novas discussões e identificação de possíveis convergências, ou não, em relação às preocupações que se tem com o ensino da EJA, este que possui um público bem variado, multicultural e, em uma sala de aula podem estudar pessoas com diferentes concepções de mundo, experiências, históricos escolares. A EJA por esses e outros fatores é considerada uma das modalidades de educação com maior diversidade cultural. Por ser uma demanda diferenciada das atendidas no ensino regular, requer a utilização de metodologias as quais partam das experiências acumuladas, que promova o diálogo e a sensibilização social.
Palavras-chave: PROEJA, Educação de Jovens e Adultos, Cidadania, Diversidade Cultural.
ABSTRACT
With this research, we proposed the analysis around the PROEJA students, if they have great difficulty in understanding texts, reading and promote citizenship. Through an exploratory study, analytical and descriptive, focusing on data identifying the discussion on social inclusion agenda through reading, her contributions to the formation of citizenship and the criticality of people including young people and adults. It consists of a literature review of the references which discuss the modality PROEJA included the Panorama of Youth and Adult and Vocational Education in Brazil, taking into consideration the students, their ideas, and learning characteristics in common. Then we present the Society for the Protection of Motherhood and Childhood of London - with its APMI projects aimed at professionalization. The study enabled the development of an expanded knowledge of the theme in order to contribute to the discussion of it and to identify convergences or not in relation to the concerns you have with the teaching of adult education which has a well-varied, multicultural and in a classroom can study people with different worldviews, experiences, transcripts. The EJA for these and other factors is considered one of the methods of education with greater cultural diversity. Being different from a demand met in regular schools, requires the use of methodologies which derive from their accumulated experience, which promotes dialogue and social awareness.
Keywords: PROEJA, Educação de Jovens e Adultos, Cidadania, Diversidade Cultural.
INTRODUÇÃO
O processo de ler e compreender um texto seja verbal ou não- verbal requer conhecimentos prévios e não é uma atividade simples. A pessoa ao ler ativa os conhecimentos aprendidos até o momento: lingüísticos, textuais e históricos, por isso a leitura não pode se reduzir a uma decodificação de palavras, como no caso dos textos escritos, é algo mais amplo a qual ativa vários processos mentais e históricos, este último porque o leitor faz inferência a sua experiência de vida.
Em uma sociedade iletrada como a atual saber compreender significados os quais estão por trás das palavras é muito importante. Porém a realidade é que várias pessoas lêem, mas não entendem o que está escrito, pois não desenvolveram habilidade sobre a leitura e a escrita.
Tendo em vista a problemática da educação, os alunos do ensino regular das escolas públicas e, principalmente, os da PROEJA possuem grandes dificuldades para compreenderem textos, de ler, de promover a cidadania. Desta forma, focamos o problema de estudar o processo da inclusão social na APMI Guarda Mirim de Londrina, por meio do PROEJA, visando identificar a metodologia que os professores utilizam para ampliar a visão de mundo do educando na compreensão e produção de textos.
Esse estudo visa contribuir para área de ensino-aprendizagem relacionada à PROEJA, como também a prática dos docentes de língua portuguesa envolvidos nesta modalidade de ensino, de modo a formar leitores críticos, ou seja, os quais compreendam o que estão lendo e reflitam sobre sua realidade.
Quanto à pesquisa, ela consiste em uma revisão bibliográfica das quais discutem a modalidade PROEJA incluso o Panorama da Educação de Jovens e Adultos e da Educação Profissional no Brasil, levando em consideração os alunos, suas concepções, características em comum e aprendizagem. Em seguida fazemos um comparativo com a prática existente na Associação Protetora da Maternidade e da Infância de Londrina - APMI com seus projetos voltados a profissionalização.
A discussão se pauta na inclusão social por meio da leitura, as contribuições dela para a formação da cidadania e da criticidade das pessoas entre elas jovens e adultos. As estratégias as quais os próprios alunos usam, mas não percebem e como o professor pode ajudá-los, a utilizá-las para construir uma reflexão critica da realidade por meio do ato de na construção da leitura significativa vista na perspectiva das estratégias de ensino.
1. PANORAMA DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS E DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL NO BRASIL
A Educação de Jovens e Adultos – EJA é uma modalidade da educação básica destinada aos jovens e adultos que não tiveram acesso ou não concluíram os estudos no ensino fundamental e no ensino médio.
De acordo com as Leis de Diretrizes e Bases da Educação segundo o Art. 37. § 1º Os sistemas de ensino assegurarão gratuitamente aos jovens e aos adultos, que não puderam efetuar os estudos na idade regular, oportunidades educacionais apropriadas, consideradas as características do alunado, seus interesses, condições de vida e de trabalho, mediante cursos e exames.
O Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos - ENCCEJA e o Exame Nacional de Ensino Médio - ENEM certificam o Ensino Fundamental e o Ensino Médio, respectivamente, ofertados pelo Ministério da Educação.
É importante destacar a concepção ampliada de educação de jovens e adultos no sentido de não se limitar apenas à escolarização, mas também reconhecer a educação como direito humano fundamental para a constituição de jovens e adultos autônomos, críticos e ativos frente à realidade em que vivem. Estudar a Educação de Jovens e Adultos e suas especificidades implica na compreensão do seu público e de suas particularidades.
A Educação profissional é um conceito de ensino também abordado pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei 9394, de 20 de dezembro de 1996), complementada pelo Decreto 2208, de 17 de abril de 1997 e reformado pelo Decreto 5154, de 23 de julho de 2004, que tem como principal objetivo a criação de cursos voltados ao acesso do mercado de trabalho, tanto para estudantes quanto para profissionais que buscam ampliar suas qualificações.
A educação profissional é um ponto de articulação entre a escola e o mundo do trabalho; que tem a função de qualificar, requalificar e re profissionalizar trabalhadores em geral, aprofundando conhecimentos na área das tecnologias voltadas para o mundo do trabalho.
Educação de Jovens e Adultos – EJA
Em uma sociedade letrada como a atual saber compreender significados os quais estão por trás das palavras é muito importante. Porém a realidade é que várias pessoas não são alfabetizadas e não lêem, ou letradas identificando os códigos culturais, porém não entendem o que está escrito. Denominamos letramento como ampliação do sentido de alfabetização, ou seja, que não só sabe ler e escrever como os alfabetizados, mas também faz uso competente e freqüente da leitura e da escrita.
De acordo com Freire “o ato de estudar, enquanto ato curioso do sujeito diante do mundo é expressão da forma de estar sendo dos seres humanos, como seres sociais, históricos, seres fazedores, transformadores, que não apenas sabem mas sabem que sabem”( FREIRE, 1989, p. 58-9).
Segundo Soares, “apropriar-se da escrita é diferente de ter aprendido a ler e a escrever, aprender a ler e a escrever significa adquirir uma tecnologia, a de codificar e decodificar a língua escrita, ou seja, assumi-la como propriedade” (SOARES, 2003, p.39). E essa apropriação tem sido favorável com a Educação de Jovens e Adultos, pois essa realidade tem sido transformada em vários lugares do Brasil, por meio de resgate social, de uma parcela da população.
Segundo FREIRE, (1983) optar pela mudança “[...] não pode ser outra senão o de atuar e refletir com os indivíduos com quem trabalha para conscientizar-se junto com eles das reais dificuldades da sua sociedade” (FREIRE, 1983, p. 56).
O público atendido pela EJA é formado por jovens e adultos que, em geral, tiveram suas vidas marcadas por situações que o impediram de seguir nos bancos escolares. No entanto, sabe-se que quando um jovem ou adulto volta à sala de aula, ele não está ou é desprovido de educação. Afirma- se isso ao tomar como referência o conceito proposto por Brandão (1995) de que a educação é uma fração do modo de vida dos grupos sociais. Estes por sua vez a criam e recriam, por isso, ela existe por toda a parte, sendo o resultado da ação de todo o meio sócio-cultural sobre os seus participantes.
Nesse sentido, entendemos que as salas de EJA compõem-se a partir da diversidade de sujeitos, os quais necessitam de muito além da educação informal que já possuem, necessitam ser educados dentro de moldes formais que só a escola, enquanto instituição mediadora do processo de ensino-aprendizagem pode oferecer.
O trabalho do professor da EJA, mediante esse contexto, deve proporcionar a mudança, segundo FREIRE, “[...] a mudança de percepção não é outra coisa senão a substituição de uma percepção distorcida da realidade por uma percepção crítica da mesma” (FREIRE, 1983, p. 60).
Esses alunos buscam depois de muito tempo, as oportunidades que não tiveram num outro momento. Os motivos que os levam a evadir dos bancos escolares são diversos, podem ser destacados, por exemplo, a necessidade de muitos jovens em trabalhar para complementação da renda familiar; ou ainda, o analfabetismo e a cultura dos pais que não tiveram estudo e não incentivam os filhos a estudarem passando culturalmente, falta de dinheiro, difícil locomoção, principalmente na área rural, entre outras.
Com o retorno desses jovens na EJA, estudos acadêmicos afirmam que os mesmos aspectos que os afastam, após anos, auxiliam para o seu retorno, principalmente sob aspectos pessoais e econômicos. Quanto ao aspecto pessoal, nota-se que se o indivíduo, ao tomar consciência da importância do estudo para sua vida, decide voltar. Infelizmente, muitos diante das adversidades deixarão novamente a escola. Quanto ao aspecto financeiro, o mercado de trabalho ou até mesmo a empresa exige do funcionário o mínimo de estudo para exercer de forma eficaz o seu trabalho.
O mundo do trabalho evidencia a qualificação e o aperfeiçoamento, com isso, exige de seus funcionários os mínimos de formação em algumas aéreas alem de que muitas empresas necessitam exportar seus produtos e só podem fazê-lo se atender as exigências dos países internacionais.
Portanto, coloca desafios aos seus trabalhadores facilitando a inserção da EJA que precisam saber e experimentar a mudança. Conforme FREIRE, (1983) “mudança e estabilidade resultam ambas da ação, do trabalho que o homem exerce sobre o mundo. Como um ser de práxis, ao responder aos desafios, o homem cria seu mundo: o mundo histórico-cultural” (p. 46);
Assim, por meio de seus interesses econômicos, o resgate social, a elevação de possíveis cargos e a satisfação de seus funcionários que antes não tinham tempo ou dinheiro para retornar aos estudos tornam-se momentos de valorização humana e responsabilidade social. Ou seja, “a mudança não é trabalho exclusivo de alguns homens, mas dos homens que a escolhem” (FREIRE, 1983, p. 52).
Diante do exposto, vê-se que o público da PROEJA é bem variado, multicultural e, em uma sala de aula podem estudar pessoas com diferentes concepções de mundo, experiências, históricos escolares. A PROEJA por esses e outros fatores é considerada uma das modalidades de educação com maior diversidade cultural. Por ser uma demanda diferenciada das atendidas no ensino regular, requer a utilização de metodologias as quais partam das experiências acumuladas, que promova o diálogo dentro de sala de aula, por isso é muito importante conhecer as especificidades da EJA.
1.2 Educação Profissional
Frente aos novos desafios relacionados aos avanços tecnológicos e dos mercados globalizados extremamente competitivos, a educação profissional evidencia-se como fator estratégico de competitividade e desenvolvimento humano (Gil (2001, p. 23).
A aprendizagem profissional destaca-se como meio eficaz para tirar o jovem do ócio, fazendo com que não se desvie do crescimento profissional e pessoal. Tem como objetivo formar o jovem para o processo produtivo, e cada curso profissional está referido a uma área específica da atividade, desta forma os cursos atendem as perspectivas de trabalho para os jovens e facilita seu acesso ao mercado de trabalho e a continuidade dos estudos por meio de cursos de qualificação.
Com o Decreto nº 5.598/05, foi criado o Manual da Aprendizagem Profissional pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), estabelecendo os parâmetros necessários ao fiel cumprimento da legislação e, assim, regulamentar a contratação de aprendizes de 14 a 24 anos nos moldes propostos.
A nova política estabelece a educação continuada, permanente, como forma de atualizar, especializar e aperfeiçoar jovens e adultos. Desta forma, a educação profissional precisa ser sempre complementar à educação básica, de caráter geral. Ou seja, precisa ter uma forte base humanística, científica e tecnológica, e competências para tomada de decisão, para o trabalho em grupo e para a adequação às constantes mudanças que se processam no mundo do trabalho.
A aprendizagem prepara o indivíduo para desempenhar atividades profissionais e ter capacidade de discernimento para lidar com diferentes situações no mundo do trabalho. A formação técnico-profissional deve ser constituída por atividades teóricas e práticas, organizadas em tarefas de complexidade progressiva, preferencialmente em programa correlato às atividades desenvolvidas nas empresas contratantes, sempre em funções que exijam formação profissional. Essa formação realiza-se em programas de aprendizagem organizados e desenvolvidos sob a orientação e responsabilidade de instituições de aprendizagem legalmente qualificadas.
Existem níveis que regulamentam a educação profissional, tais como: Nível básico: voltado para pessoas de qualquer nível de instrução e que pode ser realizado por qualquer instituição de ensino. Nível técnico: voltado para estudantes de Ensino Médio ou pessoas que já possuam este nível de instrução.
Pode ser realizado por qualquer instituição de ensino com autorização prévia das secretarias estaduais de educação. Há a opção de se fazer esses cursos integrados com o ensino médio ou separados, a partir do término do 2º ano do ensino médio. Nível tecnológico: realizado apenas por instituição de ensino superior (faculdades ou universidades). Pode ser realizado como graduação ou pós-graduação.
As matrícula em programas de aprendizagem devem observar a prioridade legal atribuída aos Serviços Nacionais de Aprendizagem e, subsidiariamente, às Escolas Técnicas de Educação e às Entidades sem Fins Lucrativos (ESFLs), que tenham por objetivos a assistência ao adolescente e a educação profissional, registradas no Conselho Municipal dos Direitos da
Criança e do Adolescente. Por se tratar de um direito trabalhista, regido pela CLT, cabe ao MTE fiscalizar o cumprimento da legislação sobre a aprendizagem, bem como dirimir as dúvidas suscitadas por quaisquer das partes envolvidas
Nesse cenário educacional os cursos de aprendizagem profissional podem ser oferecidos pelas escolas técnicas federais, estaduais, municipais e privadas, sendo que, nestas últimas, estão incluídos os estabelecimentos do chamado Sistema S (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial – SENAI; Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial – SENAC; Serviço Nacional de Aprendizagem Rural – SENAR; Serviço de Apoio à Pequena e Microempresa – SEBRAE) e instituições empresariais, sindicais, comunitárias e filantrópicas.
1.3 Educação Profissional integrada à Educação de Jovens e Adultos – PROEJA
PROEJA - Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos - Educação Profissional Técnica de Nível Médio / Ensino Médio.
O PROEJA tem por objetivo contribuir para a superação do quadro da educação brasileira, tendo em vista a urgência de ações para ampliação das vagas no sistema público de ensino jovem e adulto, por meio do Governo Federal que instituiu, em 2005, no âmbito federal o primeiro Decreto do PROEJA nº 5.478, de 24 de junho de 2005, em seguida substituído pelo Decreto nº 5.840, de 13 de julho de 2006, introduzindo novas diretrizes que ampliam a abrangência do primeiro com a inclusão da oferta de cursos PROEJA para o público do ensino fundamental da EJA.
Tem como proposta o PROEJA a integração da educação profissional à educação básica buscando a superação da dualidade trabalho manual e intelectual, assumindo o trabalho na sua perspectiva criadora e não alienante.
Esse cenário fortalece e eleva a EJA, impõe a construção de respostas para diversos desafios, tais como, o da formação do profissional, da organização curricular integrada, da utilização de metodologias e mecanismos de assistência que favoreçam a permanência e a aprendizagem do estudante, da falta de infra-estrutura para oferta dos cursos dentre outros fatores antes dialogado com uma pequena parcela da população acadêmica que considera a EJA de suma importância para o resgate da cidadania.
2. APMI - ASSOCIAÇÃO PROTETORA DA MATERNIDADE E DA INFÂNCIA GUARDA MIRIM DE LONDRINA
A APMI Guarda Mirim de Londrina é uma instituição filantrópica que presta dois tipos de serviços à comunidade Londrinense. Serviço de convivência social – apoio sócio educativo fiscalizado pelo CMDCA – Conselho Municipal da Criança e do Adolescente e Educação Profissional em parceria com o SENAI – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial e outras empresas APETIT, Instituto Federal do Paraná, Embeleze, Mesa Brasil, entre outras parcerias.
Todas as parcerias devem seguir os objetivos do corpo docente que é ampliar a inserção de jovens no mercado de trabalho, com disciplinas que compreendem a pesquisa, a investigação, a ação, o trabalho coletivo e a reflexão na formação de cidadãos críticos, reflexivos em desenvolvimento social.
2.1 Histórico da Instituição
A APMI Guarda Mirim de Londrina foi fundada em 13 de julho de 1965 pelo Lions Clube com o objetivo de atender adolescentes do sexo masculino, na faixa etária dos 12 aos 17 anos.
Conforme seus primeiros Estatutos, sua atividade era o encaminhamento à vida profissional, de seus membros, em regime de aprendizado profissional em local de serviço, mediante convênios com empresas comerciais, industriais e agrícolas no município. No ano de 1973, a entidade passou a ser mantida pela APMI – Associação Evangélica Beneficente de Londrina e posteirormente, em 1976, a Secretaria de Saúde e Promoção Social assumiu a manutenção financeira da Entidade. Neste mesmo ano, passou a ter como entidade mantenedora a APMI – Associação de Proteção a Maternidade e à Infância.
A partir de 2000, com o processo de reordenamento institucional, a entidade passou a adequar à legislação vigente (CLT – Consolidação da Leis Trabalhistas, ECA – Estatuto da Criança e do
Adolescente, LDB – Lei das Diretrizes e Bases da Educação, Lei 10.097, entre outras).estão distribuídas através do programa de Serviço de Convivência Sócio educativo, para os adolescentes de faixa etária de 14 e 16 anos, de segunda a sexta feira, no período de contra-turno escolar, os quais participam de atividades ofertadas em forma de oficinas pedagógicas que são desenvolvidas de forma mais prazerosa e lúdica abrangendo o desenvolvimento global dos adolescentes no aspecto físico, emocional, social e cognitivo.
Para a faixa dos 15 aos 24 anos, em conformidade com a Lei nº 10.097/2000 é ofertado o programa de Aprendizagem, também desenvolvido de segunda a sexta feira, no período de contra turno escolar, sendo oferecido aos adolescentes formação e capacitaLLção semi profissional que possibilitem sua inserção no mercado de trabalho com a característica de trabalho aprendiz.
2.2 Perfis dos jovens atendidos e cursos ofertados
A instituição atende 348 jovens de 14 a 24 anos (masculino/feminino) em estado de vulnerabilidade social, abrangendo toda a região de Londrina, aérea urbana e agrícola, matriculados no contra turno escolar em diferentes programas educacionais oferecendo cursos profissionalizantes e de arte educação, prezando desenvolver e apoiar projetos na área de educação, cultura e meio ambiente, nos cursos de:
Educação profissional:
Auxiliar Administrativo e de Produção Industrial - SENAI, Auxiliar em Serviços de Alimentação e Nutrição – APETIT, Padeiro e Confeiteiro
- SENAI, Pintor de Obras Prediais – SENAI, Aprendizagem em Pedreiro – SENAI, Iniciação Profissional de Desenhista Maquetista para Áreas de Engenharia e Arquitetura, Auxiliar Administrativo – Guarda Mirim de Londrina, Atendente de Supermercado, Laboratório de Culinária.
Apoio sócio educativo:
Arte Educação: Artes Cênicas, Artes Plásticas, Musicalização, Educomunicação.
Oficinas Complementares
Orientação sócio-familiar
Oficinas de prevenção com os jovens e as famílias.
Ao oferecer os atendimentos e cursos a Guarda Mirim de Londrina preza pela ética e pela capacidade transformadora e multiplicadora de suas ações em formar o cidadão.
Ao final dos cursos oferecidos a comunidade Londrinense o educando terá autonomia para escolher se será encaminhado para o mercado de trabalho, validando seu objetivo de conseguir um emprego. Com a certificação profissional poderá atuar em indústrias e empresas de qualquer ramo, seguindo as orientações da legislação vigente como aprendiz.
O trabalho pedagógico está voltado para distintas questões como: higiene, cuidados pessoais, educação coletiva, respeito ao próximo, regras de convivência social, ética, meio ambiente, saúde, educação e trabalho, cidadania, educação sexual, prevenção, pluralidade cultural, humanização, tendo o educando como protagonista de todas as atividades.
2.3 Preocupação com a educação e com a profissionalização dos jovens atendidos na Guarda Mirim de Londrina
A Guarda Mirim se preocupa com a iniciação profissional dos jovens com históricos de atraso escolar favorecendo a inserção de novas atividades e propostas educativas, para que os adolescentes envolvidos compreendam e problematize as situações que observam experienciando a ação concreta da realidade por meio da arte antes de sua inserção nos cursos profissionalizantes.
Oferece através dos cursos de Arte Educação possibilidades de criação coletiva por meio da linguagem artística, por ser uma das mais antigas que possibilita inúmeros paralelos e reflexões sobre movimentos e contextos históricos e culturais, pois compreende períodos e épocas de grande importância para toda a humanidade.
Segundo Santos, a “cultura diz respeito a todos os aspectos da vida social”, (SANTOS, 1986, p.44) é algo inerente ao ser, e se faz como um produto direto das relações humanas, sendo assim, estará sempre sujeita as diversidades destas relações inconstantes por natureza. “Cabe ainda lembrar, que cada cultura será sempre produto de seu tempo, o que se faz é extrair da experiência histórica de um povo produtos, estilos, épocas, formas e constrói- se com isso um modelo de cultura” (SANTOS, 1986, p.48), ou seja, a inserção de um modo cultural em nosso contexto.
De acordo com Santos acreditamos que a cultura é de suma importância social ao ser expressada pela arte e que e o acesso que se tem à arte, além de possibilitar a construção de um conhecimento crítico e consciente, permite ao educando a transformação do conhecimento adquirido em outras formas de expressão artística.
Por meio das linguagens do curso de arte educação (Artes Cênicas, Musicalização, Artes Plásticas, Educomunicação) e Educação Profissional é promovido um ambiente de interação social entre pares, ou seja, além de possuir valorosa importância social, oferece inúmeras situações de aprendizagem, interagindo com o cotidiano dos alunos e, conseqüentemente relacionando-se com a comunidade, por meio de semana cultural, Workshop, ações sociais, entre outros.
Desta forma, o fazer por meio da arte como iniciação profissional possibilita/favorece o desenvolvimento individual e em grupo no que compete ao autoconhecimento, apuração dos sentidos, criatividade, percepção e memorização além da apreensão de conhecimentos diversos.
É importante ressaltar, ainda de acordo com Harper (1991), que cada educando tem um ritmo. Tratá-los como se não houvesse diferença pode ressaltar e até aumentar essa desigualdade. O meio em que vivem e a disponibilidade dos pais, as diferenças culturais, de valores e de experiências vividas fora do ambiente escolar, influenciam na formação da personalidade e na aprendizagem dos alunos.
Nota-se, desta forma, que o educador tem grande responsabilidade para com a formação intelectual e da personalidade, e que, dependendo da forma como conduz os ensinamentos, pode acarretar em diversos resultados. Com a inserção da arte educação na vida dos alunos os métodos são revistos e o cotidiano dos mesmos é levado sempre em consideração e faz parte do planejamento das atividades e trabalhos propostos.
A formação teórica e prática oferecida aos alunos pela Guarda Mirim têm como objetivo proporcionar a mobilização de conhecimentos, habilidades e atitudes, gerando, por conseguinte, as competências que são demandadas pelos cidadãos para vida e para o encaminhamento no mercado de trabalho.
Para desenvolver os alunos a APMI Guarda Mirim de Londrina busca desenvolver competências através das tendências individuais encaminhar a formação do gosto, estimular a inteligência contribuindo para a formação da personalidade do indivíduo, despertando / aprimorando a criatividade, a percepção, a imaginação, a observação, o raciocínio, o controle gestual, contribuindo com o desenvolvimento pessoal do adolescente durante o processo de ensino que perpassem:
Situações que façam o aluno agir, observando a existência de vários pontos de vista e de diferentes formas e caminhos para aprender;
A necessidade dos alunos confrontarem suas próprias idéias com os conhecimentos técnico-científicos, instigando a dúvida e a curiosidade;
A formação teórica e prática seja na sala de aula ou nos ambientes externos, como elementos indissociáveis que possibilitam o desenvolvimento de competências para a vida cidadã e profissional, compatíveis com o desenvolvimento físico, psíquico, moral e social do educando.
Levando em conta os objetivos da instituição os cursos propõem uma metodologia a ser desenvolvida por meio de situações-problema como estratégicas para que as atividades se efetivem com êxito.
Tais estratégias que se constituem em orientadores básicos das atividades, de acordo com a linguagem especifica que o educando elege para cursar durante o ano, simulam situações que possibilitam aos alunos mobilizarem conhecimentos, habilidades e atitudes para resolvê-las, sempre considerando a evolução das atividades das menos complexas para as mais complexas.
Assim, objetiva-se que o educando, com o recurso às situações- problema, desenvolva capacidades pró ativas para resolver problemas novos, comunicar idéias, tomar decisões, ter iniciativa, ser criativo e ter crescente autonomia intelectual.
A avaliação que a instituição educacional adota é desenvolvida ao longo de todo o processo de maneira diagnóstica, formativa e somativa, visando constatar a capacidade do educando em resolver uma situação problemática real, priorizando a mobilização e articulação de recursos.
Seus parâmetros são definidos no perfil do curso pelo educador que desenvolvera atividades que indicam que competências os alunos necessitam desenvolver (ou aprimorar) durante o processo formativo. Com base em tais competências, define-se que critérios serão considerados na avaliação, levando em conta como os alunos resolvem as diversas situações- problema que lhes são apresentadas durante a oferta formativa.
O estabelecimento da maneira como será realizada e de quando ocorrerá será negociada entre educadores e alunos, que devem estar cientes das competências que se esperam deles, de modo que a avaliação seja um instrumento que garanta a aprendizagem dos alunos, um sistema de controle de qualidade, e não mera formalidade do sistema escolar.
Portanto, por meio de situações-problemas os alunos validam suas experiências na instituição com atividades de ensino que constituem em orientadores básicos das ações de acordo com o mercado de trabalho, pois os alunos simularam situações que possibilitaram a mobilização de habilidades e atitudes para resolvê-las, sempre considerando a evolução das tarefas menos complexas para as mais complexas. Assim, objetiva-se que o educando, com o recurso às situações-problema, desenvolvam capacidades para resolver problemas novos, comunicar idéias, tomar decisões, ter iniciativa, ser criativo e ter crescente autonomia intelectual.
3. A INCLUSÃO SOCIAL POR MEIO DA LEITURA NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
Embora a diversidade sempre tenha estado presente nas salas de aula, nos diferentes ritmos de aprendizagem, no contato com as várias realidades sociais e culturais, a preocupação em atender a todos, sem exceção, está em debate na sociedade. Assim, indagamos, será que sabemos respeitar e aproveitar essa multiplicidade de contribuições culturais quando nos deparamos com jovens e adultos no retorno ao conhecimento científico?
Sabemos, que cada ser humano é único e diferente. Esta diversidade é uma característica da vida no planeta, deve e precisa ser valorizada. As pessoas podem ser diferentes, ter os mesmos direitos, sem descaracterizar-se. É necessário reconhecer que todos nascem com potencial e que ele precisa ser desenvolvido, sem desconsiderar as características de cada um.
É fundamental proporcionar aos jovens da EJA o entendimento não só dos conteúdos, mas, também no âmbito das políticas públicas governamentais, assim como o Programa Nacional de Direitos Humanos, mais recentemente, a lei nº. 10.639, de 09 de janeiro de 2003, que estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional, para incluir no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática “história e cultura afro-brasileira”, evidenciado a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e política pertinentes à história do Brasil" (art. 26-a, § 1º apud FERNANDES, 2005, p. 06).
Os jovens ao se depararem com temáticas que transpassam a educação formal de acordo com a lei nº. 10.693/03 representa um avanço ao possibilitar a construção de um multiculturalismo crítico na educação brasileira, por sua vez, estima-se que este conhecimento será disseminado pelos alunos diretamente na interação social.
Gadotti (1992), defensor da educação popular e comunitária, propõe uma educação multicultural, considerando-a como uma das tendências do mundo contemporâneo que deve se traduzir no respeito e valorização das diferenças socioculturais. De acordo com Silva (2002):
A escola, na figura do professor, precisa compreender o aluno e seu universo sócio-cultural. Conhecer esse universo é de grande eficácia para o trabalho do professor que atua no plano universal, cultural e pessoal, já que existem, para a espécie humana, processos mentais próprios, mas que podem variar de acordo com as culturas nacionais, regionais, e até em momentos históricos específicos. (SILVA, 2002 p. 57).
Em função dessa realidade apresentada, acredita-se que a EJA é um importante meio de iniciar um processo de eliminação de toda e qualquer forma de discriminação. Sensibilizar sobre a diversidade cultural é o caminho para uma sociedade, na qual a confiança, o respeito aos direitos humanos, a participação e a justiça social sejam, de fato, realidade.
A necessidade de se comunicar é inerente ao ser humano, porém com o avanço da tecnologia em um mundo cada vez mais ligado por redes, faltam capacitações que incluam os jovens e adultos aprendizes que não possuem idade escolar regular, dando-lhes oportunidades de ensino para acompanharem os novos códigos e evoluções dos meios de comunicação.
O mundo do trabalho exige a aquisição de habilidades específicas para a produção de um bem ou serviço. No entanto, somente elas não são suficientes para que os jovens e adultos se tornem capazes de construir seu trajeto profissional de maneira eficaz.
É muito importante que nossos jovens e adultos sintam-se motivados para obter novos conhecimentos, logo se faz necessário o desenvolvimento de projetos que trabalhem com o autoconhecimento e que possibilitem a elevação da auto-estima.
Nossa estudo revela a temática inclusão social por meio da leitura que culmina na idéia de trabalhar com realidades diversificadas, diferentes estágios de alfabetização e necessidades especiais, desenvolvendo propostas de trabalho lúdicas, buscando atender os objetivos do projeto e os princípios gerais da E.J.A.
Abordamos uma aprendizagem característica da racionalidade humana, cujo aprender é uma necessidade e não uma formalidade. E por ser uma necessidade, não adianta tentar fugir, de uma forma ou de outra depararemos com alguma situação envolvendo algum de tipo de aprendizagem, seja ao pegar um ônibus, ao ler o edital da empresa, ao fazer a lista de supermercado, entre outras atividades cotidianas, nas quais devemos saber ler e escrever.
Mediante essa perspectiva devemos estar cientes que preparar o aluno para essa inserção social demanda esforços e segundo FREIRE (1983) o aluno deve:
ser capaz de sair de seu contexto, de „distanciar-se‟ dele para ficar com ele; capaz de admirá-lo para, objetivando-o, transformá-lo e, transformando-o, saber-se transformado pela sua própria criação; um ser que é e está sendo no tempo que é o seu, um ser histórico, somente este é capaz, por tudo isto, de comprometer-se (FREIRE, 1983, p. 17).
Sendo assim, o papel social de valorização e de difusão da cultura e da pluralidade de nossa formação étnica-cultural é fundamental ser apresentada por meio da leitura ao jovens visando construir ações ativas e reflexivas sobre o conhecimento da diversidade cultural e pluralidade étnica, reafirmando o sujeito do conhecimento como sujeitos históricos e como agentes de transformação social.
Portanto, a leitura de textos científicos, obras literárias, mitos, lendas, a leitura de mundo é a riqueza da humanidade e precisa ser respeitada em sua totalidade.
3.1 A EJA como propulsora de novas possibilidades de leitura de mundo e resgate social.
Compreendendo que o aprender é uma necessidade exigida internamente e individual, e que não pode ser confundida com uma formalidade forjada e calculista acreditamos que a leitura inserida como resgate social vem de encontro com a necessidade social de trabalhar o despertar de uma consciência cidadã.
De forma interdisciplinar, favorecemos a compreensão da realidade, unindo saberes técnicos com o conhecimento experimental, desenvolvendo uma visão crítica que lhes permitam nas tomadas de decisões do coletivo alcançar as metas estabelecidas na melhoria do acesso ao conhecimento e da cidadania, validando as ações cidadãs na empresa e em seu lócus familiar, transcendendo a teoria e a prática, formando um cidadão, ativo, disponível, solidário, flexível, ético, co-participativo, voluntário, parceiro da empresa com condições de melhoria de cargo e novos rendimentos.
Desta forma, promover por meio de ações cidadãs o resgate da identidade do aluno e o exercício da cidadania, de forma relevante para o crescimento intelectual, desenvolvendo a auto-estima e um olhar critico sobre a realidade, demanda esforços e direcionamento social e validação do aprendizado. O aluno da EJA precisa sair da educação bancária que foi inserido e penetrar no mundo no qual o homem deve ser comprometido consigo e com a sociedade.
Segundo FREIRE (1983, p.20) quanto mais o aluno de capacita como profissional, “quanto mais ele sistematiza suas experiências, pois, utiliza do patrimônio cultural, que é patrimônio de todos e ao qual todos devem servir, aumentando sua responsabilidade com os homens. Nesse momento de reflexão promove práxis e coloca em foco a sua consciência ingênua, que facilitava a alienação mediante a realidade.
O aluno supera a alienação se insere numa nova consciência critica, “inserção esta que, sendo crítica, é compromisso verdadeiro. Compromisso com os destinos do país. Compromisso com seu povo. Com o homem concreto. Compromisso com o ser mais deste homem” (FREIRE, 1983, p. 25).
Com essas ações da práxis evidencia a importância do respeito que se deve ter com as diferenças dos colegas, no seu lócus familiar e convívio social, compartilhando experiências, idéias e sentimentos, valores e atitudes.
Também fomenta a descoberta de potencialidades e o desenvolvimento de competências, fortalecendo a valorização de si, favorecendo a construção de vínculos de confiança e cooperação e, dessa forma, ressignificando relações consigo, com o outro e com o mundo; sobre suas histórias de vida, possibilitando-lhes ressignificá-las, desenvolver novas estratégias de enfrentamento de situações de vulnerabilidade e construir projetos de vida que produzam sentido para o dia-a-dia.
3.2 Processo de ensino e aprendizagem
A sociedade atual encontra-se marcada por constantes mudanças políticas, econômicas e culturais, considerando que estas influenciam significamente o trabalho do homem, transformando-o.
Assim, de acordo com Esteve (1995), o professor confronta-se com diferentes modelos de socialização, onde deve, além de mediar o conhecimento, lidar com diversas realidades, organizar projetos, auxiliar o equilíbrio psicológico e afetivo dos alunos, formar cidadãos críticos, reflexivos, criativos e capazes de lidar com o contexto em que se encontram.
Devido às mudanças sociais, os professores enfrentam a necessidade de integrar em seu trabalho o potencial informativo dos meios de comunicação de massas, refletir sobre o ensino como produção de conhecimento, processo este, contínuo e histórico. Devem valorizar a investigação e a problematização, privilegiando a intervenção do conhecimento socialmente acumulado e valorizando o questionamento e o pensamento divergente (ESTEVE, 1995).
É possível afirmar que o trabalho diferencia o ser humano dos demais animais e instaura-se a partir da modificação da natureza. O ser humano busca, na mesma, recursos para condições de subsistência, conforto, etc., e transformando-a, ele produz cultura. A educação surge assim, das necessidades básicas e de aprimoramento do homem, ou seja, das práticas sociais, tendo o trabalho como principio educativo (SAVIANI, 2003).
Faz-se necessário atentar-se para as relações ensino- aprendizagem e educador-educando, onde se enfatiza o processo de conhecer-ensinar-aprender, instituindo-se a práxis docente, ou seja, sintetizando teoria e prática. Não existe uma teoria que não tenha por trás uma prática social e vice-versa, pois este não é um processo linear, sendo que tudo muda: a prática muda, dando base para uma nova teoria. A teoria, por sua vez é sistematizada, estando diretamente ligada à prática, resultando na dialética que consiste em um movimento em constante mudança.
A luta incessante da Guarda Mirim de Londrina destaca-se nos cursos oferecidos, pois luta por uma educação democrática continua, sendo ela contra uma prática mecanicista, respeitando a sintaxe de cada aluno, enfatizando a humanização, a formação crítica-reflexiva dos mesmos, respeitando-os em sua realidade e utilizando seu contexto social, político, econômico e cultural como instrumento de trabalho na práxis docente.
É importante ressaltar, ainda de acordo com Harper (1991), que cada aluno tem um ritmo. Tratá-los como se não houvesse diferença pode ressaltar e até aumentar essa desigualdade. O meio em que vivem, a disponibilidade dos pais, as diferenças culturais, de valores e de experiências vividas fora do ambiente escolar, influenciam na formação da personalidade e na aprendizagem dos alunos.
Nota-se, desta forma, que o educador tem grande responsabilidade para com a formação intelectual e da personalidade das crianças, e que, dependendo da forma como conduz os ensinamentos, pode acarretar em diversos resultados. Os métodos devem ser revistos e o cotidiano dos alunos deve ser levado sempre em consideração e fazer parte do planejamento das atividades e trabalhos propostos.
Frente à realidade analisada do cotidiano educacional da instituição iniciamos uma discussão com duas perguntas: como se dá o processo de ensino-aprendizagem? O os jovens e adultos aprendem igual às crianças e adolescentes? Respondê-las não é simples e exige que se recorra a vários estudos, os quais apresentam uma discussão sobre o processo de desenvolvimento do ensino-aprendizagem na idade pós-adolescência.
Todavia, antes, é importante lembrar que os estudos relacionados ao desenvolvimento intelectual na idade adulta ainda são poucos, pois as pesquisas e análises quanto ao ensino e aprendizagem se debruçam mais nas etapas de infância e adolescência, com isso, é apenas na metade do século XX que os estudos neste campo começaram a ter espaço.
Sobre a ausência de estudos sobre a aprendizagem na fase adulta, Oliveira (2001, p. 17) destaca que:
[...] os processos de construção de conhecimento são, assim, muito menos explorados na literatura psicológica do que aqueles referentes às crianças e aos adolescentes. Palácios, em uma artigo que sintetiza a produção em psicologia sobre o desenvolvimento humano após a adolescência, comenta como a idade adulta tem sido tradicionalmente encarada como um período de estabilidade e ausência de mudanças, e enfatiza a importância de se considerar a vida adulta como etapa substantiva do desenvolvimento.
Antes de discutir as características da aprendizagem do adulto faz-se importante esclarecer as diferenças de aprendizagem e as diferenças sociais entre crianças e adultos, as quais vão influenciar na metodologia de ensino em ambos. Dentre uma das diferenças, como Oliveira (2001, p. 18) enfatiza que
O adulto está inserido no mundo do trabalho e das relações interpessoais de um modo diferente daquele da criança e do adolescente. Traz consigo uma história mais longa (e provavelmente mais complexa) de experiências, conhecimentos acumulados e reflexões sobre o mundo externo, sobre si mesmo e sobre as outras pessoas.
Na fala da autora, observa-se a distinção entre estes públicos na perspectiva social, ou seja, os adultos ocupam posições diferentes na sociedade, comparados às crianças, porque estas estão sendo preparadas para exercerem seus papéis como cidadãos e formando suas relações com os grupos sociais e o mundo. Enquanto que os adultos e jovens já desenvolveram essas etapas, alguns de modo precoce, outros progressivamente.
Além desta abordagem social, outros autores estudam as distinções na perspectiva da aprendizagem e comportamento dentro de sala de aula. Dentre estes estudiosos está Durante (1998), que aborda as diferenças e semelhanças entre a alfabetização de adultos e crianças para embasar o processo de ensino-aprendizagem. De acordo com a autora, as pessoas adultas “apresentam resistência a escrever a partir dos conhecimentos que possuem do sistema de escrita, decorrentes da própria condição de adulto e da compreensão que têm da função da língua escrita, o que ocorre menos com as crianças” (DURANTE, 1998, p. 21).
Dessa forma, vê-se que a resistência pode estar relacionada ao medo de errar, já com as crianças isso não ocorre. Outro aspecto é que o adulto tem consciência da necessidade do estudo e dos seus níveis de dificuldade, já a criança não adquiriu ainda tal consciência.
Também discutindo esta perspectiva de diferenças de comportamentos ante as atividades escolares, principalmente na alfabetização, estudos observaram que as crianças, diante das atividades de leitura e escrita, participam de forma mais livre e despreocupada, já os adultos mostram-se tímidos e preocupados em como deve ser feito tal exercício, pois eles prendem-se muito na reprodução de regras pré-estabelecidas. Por isso, o medo de produzir e o que escreverem estar fora dos „padrões‟ que têm em mente.
Ainda se podem discutir as diferenças do público adulto em relação às crianças no que se refere à distinção na concepção de tempo, assim como em relação às conseqüências que a aprendizagem exerce na vida dos discentes. Kidd (1973) exemplifica bem este conceito, quando comenta que a visão de tempo na juventude é diferente na idade adulta.
De acordo com o referido autor, a criança e o adolescente vivem mais o presente e o futuro, como se o tempo fosse interminável; os adultos, principalmente os idosos, o valorizam e querem poupá-lo. Isso, às vezes, ocorre de forma demasiada e de algum modo chega a ser contraditória a maneira como os adultos conceituam o tempo, pois se por um lado dão tanta importância ao tempo e o acham breve, por outro o utilizam como desculpa para não fazer algo, como se já não houvesse mais tempo para realizar algumas ações, mencionando frases comuns como: “Estou velho demais para isso!” ou “Seu eu fosse mais novo!”.
A outra concepção são as conseqüências que a aprendizagem tem na vida dos discentes, principalmente nos alunos da EJA. A aprendizagem por parte do aluno adulto não é isolada, ela vai afetar todos os indivíduos que o rodeiam, de maneira imediata como, por exemplo, ao participar das aulas de biologia, um discente aprende que sempre antes de beber água da torneira, deve fervê-la. Este conhecimento provavelmente não irá ficar restrito à sala de aula, ele avisará seus familiares e colegas explicando porque devem fazer isso. Isto é, dependendo do conteúdo aprendido e interiorizado o discente terá conseqüências favoráveis ou não para sua vida. Já para as crianças e para os adolescentes, o conteúdo aprendido muitas vezes não tem impacto imediato, mas sim em longo prazo.
Com base nas referências acima e muitas outras fica evidente que o ensino e logo seus modos de aprender não podem ser iguais, mesmo que o adulto ou jovem nunca tenha sido alfabetizado. Desse modo, as interações as quais as pessoas passam exercem grandes influências na maneira pela qual ela aprende e se comporta, em destaque na EJA porque os alunos trazem consigo experiências sociais e históricas, traumas, concepções de escola.
Como observa Durante (1998, p. 19), “o desenvolvimento e a aprendizagem estão diretamente relacionados à experiência no coletivo”, ou seja, na idade adulta os conhecimentos culturais adquiridos no grupo social a que o adulto pertence podem contribuir para o processo de aprendizagem, seja em ambientes de ensino formal ou informal.
Se a experiência tem grande importância para a aprendizagem do aluno da EJA e eles trazem toda uma bagagem cultural diversificada com conceitos e preconceitos, como se deve trabalhar a leitura nas aulas de língua portuguesa e demais disciplinas, considerando que os alunos do ensino de EJA ao aprender a ler já pode entender qualquer texto? A leitura é um processo simples? Onde entra a experiência acumulada pelo aluno?
3.3 Estratégias de leitura utilizadas nos projetos realizados na Guarda Mirim como ferramenta importante da profissionalização
Durante o primeiro semestre de 2011, pudemos observar e constatar os aspectos exigidos no mercado de trabalho a respeito das qualidades que o futuro jovem empregado deve ter para contribuir com o desenvolvimento da empresa e das equipes pré - existentes que são aspectos fundamentais que afloraram nos jovens dos cursos: Pintor de Obras Prediais e Pedreiro, formado por 25 jovens em cada turma, totalizando 50 jovens reinseridos na profissionalização.
Verificamos as competências construídas por eles tais como: Trabalhar em equipe; Saber ouvir; Agir de acordo com a ética profissional; Com iniciativa; Ser pró-ativo; Ser organizado; Comunicar-se e interagir com os pares; Ter atenção; Ser criativo; Exercer a autonomia; Auto estima, Motivação; Liderança; entre outros.
Todos esses aspectos construídos pelos jovens perpassaram dias em carteiras da instituição em que se dedicaram e experienciaram novas formas de ler o mundo, precedendo a leitura da palavra por meio das aulas e dos projetos da APMI sobre a importância da leitura.
A construção do letramento e não apenas da alfabetização é identificado nos jovens da instituição ao serem encaminhados para o mercado de trabalho, pois se apropria do trabalho e constrói uma nova ação na sociedade. Essa transformação ocorre na Guarda Mirim, pois os jovens participam de distintas disciplinas do currículo da instituição: Clube dos Leitores; Roda da Leitura e Temas Transversais – Rádio Web Mirim. A instituição exige para todos os cursos ministrados que dediquem 50 minutos de aula voltados para as disciplinas.
A primeira disciplina, Clube dos leitores, acontece nas praças no entorno da instituição, os alunos e educadores se deslocam as praças com diferentes tipos de leitura visando promover um ambiente diferente da sala de aula para como Leitura de Imagens, Mitologia, Poesias, Poemas, Jornais, Artigos, Revistas, Placas sinalizadoras, Lendas, Fábulas, Parábolas, Obras Literárias.
A segunda disciplina, Roda da Leitura, favorece a leitura de reportagens, artigos, decretos, leis específicas dos cursos profissionalizantes, visando esclarecer dúvidas e compartilhar experiências dos aprendizes já inseridos no mercado de trabalho, contribuindo para o esclarecimentos de dúvidas dos aprendizes em processo de construção da identidade profissional.
A terceira disciplina, Temas Transversais favorece a inserção de problemáticas sociais que exigem ações cidadãs conscientes da realidade social, formando uma visão crítica, política e transformadora da realidade na qual o jovem está inserido, tendo como principal foco a rádio poste. Para a montagem da Rádio Poste utilizamos de uma caixa amplificadora e um microfone de mão, os adolescentes produzem recados e os divulgam, entrevistam os funcionários, falam de assuntos atuais, curiosidades, veiculam músicas temáticas e apresentam espetáculos artísticos, concretizando a rádio- poste como um espaço de troca e formação a ser fortalecido com novas ações, contribuindo assim com experiências locais de socialização e democratização da informação.
A instituição em seu cronograma de atividades promove para a comunidade, escolas da rede e convidados das indústrias mostras de projetos validando o trabalho desenvolvido pelos alunos anualmente no evento Projetando Arte e Workshop da Guarda Mirim de Londrina.
Dessa forma, o trabalho desenvolvido na APMI Guarda Mirim de Londrina, seja no Clube dos Leitores, Roda de Conversa, Temas Transversais ou apresentação de trabalhos anuais, ou em qualquer espaço de ação pedagógica, requer do jovem a disposição de participar da multiplicidade cultural do universo da leitura, valorizando-a como essencial no desenvolvimento dos cidadãos, pois pelas diferentes leituras acontecem as adaptações, os acertos e erros, as soluções de problemas que vão torná-los sujeitos autônomos com capacidade crítica de opinião e transformação.
A proposta da avaliação formativa engloba um trabalho diferenciado, voltado para a formação integral dos alunos, sendo ela flexível, interativa e contínua. Ressalta-se que a mesma é válida tanto para os alunos envolvidos no projeto quanto para os educadores, abarcando reflexões sobre o processo de ensino-aprendizagem nos seus mais diferentes níveis, respeitando-se a individualidade e capacidade de cada sujeito. Ressalta-se que aqui não se considera apenas o produto final, mas sim o processo. Destaca-se que a avaliação formativa propõe rupturas de paradigmas de avaliações tradicionais, conhecidas por avaliações somativas.
Alunos que constroem ativamente sua compreensão sobre novos conceitos (e não meramente absorvem informações) desenvolvem estratégias que os capacitam a situar novas idéias em contexto mais amplo, têm a oportunidade de julgar a qualidade do seu próprio trabalho e do trabalho dos colegas, a partir de objetivos de aprendizagem bem definidos e critérios adequados de avaliação, e estão, ao mesmo tempo, construindo capacidades que facilitarão a aprendizagem ao longo da vida (BOAS, 2001, p. 164).
A avaliação formativa é percebida na prática diária através de auto-reflexão tanto do educador quanto do educando e na observação das ações aplicadas durante o processo. É uma forma de avaliação que permite e propõe mudanças nas diretrizes do processo, na busca de um objetivo maior: a práxis. Assim, pode-se afirmar que, através da ação e reflexão frente os trabalhos realizados, é possível identificar e analisar novas possibilidades para o desenvolvimento dos trabalhos.
Essa avaliação requer que se considerem as diferenças dos alunos, se adapte o trabalho às necessidades de cada um e se dê tratamento adequado aos seus resultados. Isso significa levar em conta não apenas os critérios de avaliação, mas, também, tomar o aluno como referência (BOAS, 2001, p. 163).
Ressalta-se que o planejamento está diretamente ligado à avaliação formativa, uma vez que possibilita uma visão aprofundada dos objetivos a serem alcançados, bem como traçar novos rumos no processo de aprendizagem. É então uma relação cíclica, permitindo rever o planejamento de forma dialética e atendendo, assim, as necessidades do grupo (possíveis mudanças de metodologia e olhares diferenciados). A partir da avaliação consegue-se conjeturar sobre o planejamento.
Com a certificação profissional o aluno da EJA poderá atuar em indústrias e empresas de qualquer ramo, seguindo as orientações da legislação vigente, atuando como cidadão ativo e participativo na sociedade.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com base na pesquisa desenvolvida pode se perceber que a modalidade EJA (Educação de Jovens e Adultos) e o público a qual ela atende é bem variado, porém este possui aspectos em comum, como o histórico de evasão escolar num determinado momento da vida do aluno e a superação e validação da cidadania quando retorna aos bancos escolares.
Por ser uma clientela diferenciada das atendidas no ensino regular, trabalhar com eles requer a utilização de metodologias as quais partam das experiências acumuladas, que dê primazia ao diálogo dentro de sala de aula, por isso é muito importante conhecer as especificidades da EJA. Como ela é constituída em relação aos alunos, as concepções que eles trazem; o processo de ensino-aprendizagem.
Além de caracterizar a PROEJA, alunado da EJA e o trabalho realizado pela APMI - Guarda Mirim de Londrina, procuramos apresentar como se dá o processo de construção da leitura significativa e não simplesmente a decodificação de palavras, de que modo pode ser desenvolvida a leitura nas aulas de língua portuguesa e outras disciplinas.
A importância da leitura para a formação de cidadãos críticos ficou evidente durante a pesquisa e a observação dos projetos oferecidos pela Guarda Mirim de Londrina e a preocupação da mesma com os projetos existente atuantes voltados para a leitura não só decodificada, mas a oportunização da leitura critica de mundo que tem um grande papel na vida de uma pessoa e a necessidade de o leitor articular os conhecimentos acumulados até então para que esta atividade seja significativa.
Levantamos algumas estratégias de aprendizagem que a instituição oferece e muito nos chamou atenção a rádio poste que favorece o desenvolvimento social e da comunicação comunitária. Nesse contexto, a Rádio Web Mirim, chamada carinhosamente pelos alunos, busca trabalhar com estes mesmos princípios, a fim de validar as ações internas dos alunos, de melhorar o nível cultural sobre os assuntos relacionados às suas vidas, de melhorar o nível crítico sobre os conteúdos aplicados em outras disciplinas e de consolidar a educação não-formal da Instituição as quais são ou poderão contribuir para uma compreensão e interpretação de textos significantes.
Assim como Edgar Morin defende a incorporação dos problemas cotidianos ao currículo, é visível que a Guarda Mirim nos cursos ofertados de EJA promove a integração dos saberes, validando a problematização da realidade, afirmando uma reforma de pensamento critico antes não pensando ou concretizado pelo aluno que se esforça para compreender a complexidade da realidade social e inserir-se nela promovendo a sua cidadania.
È importante, ressaltar que ao mesmo tempo em que o ser humano é múltiplo, ele é parte de uma unidade. Portanto, ou vemos a unidade do gênero e esquecemos a diversidade das culturas dos indivíduos, ou vemos a diversidade das culturas e não vemos a unidade do ser humano (MORIN, 2000)
São ações assim que fazem com que os adultos inseridos na EJA conheçam um mundo antes inacessível, seja por dificuldades financeiras, por diferenças culturais ou por simplesmente acharem que a arte não possui importante representação. Por isso, o pensamento de leitura na escola, em especial na PROEJA, não deve estar associado somente às obras literárias, pois há uma gama de textos não-verbais e verbais que podem ser explorados, permitindo que o aluno fale, expresse sua opinião e se auto-afirme como sujeito discursivo.
Assim, evidencia-se que a atividade de leitura não incide apenas em tomar um livro para ler, mas antes ela suscita a emancipação do sujeito. É nesse sentido que a leitura emancipa politicamente o sujeito, seja, pela roda da leitura, clube dos leitores ou temas transversais trabalhados e construídos pelos alunos por meio da radio poste que permiti ao aluno assumir um papel crítico dentro da sociedade quando lhe dá opções de escolha, de gostos, quando aumenta sua capacidade de criticar ou interpretar os fatos, permitindo que tenha sempre uma postura diante das situações que se apresentam.
Nesse recorte de realidade da Guarda Mirim foi notório que o professor é também um sujeito leitor, para trocar experiências com seus alunos; sugerir livros que acredita ser do interesse deles; propiciar momentos de debates dando oportunidades para os alunos se expressarem, enfim, o papel do professor da instituição é o de mediar o aluno e o objeto do conhecimento, neste caso, não somente os livros, mas também uma gama de textos verbais e não verbais.
Assim como a maravilhosa experiência vivida na Guarda Mirim acredito que a escola precisa aprimorar-se e atender à exigência de formar cidadãos conscientes; consciência essa que é adquirida através da leitura do escrito e do não escrito, e do uso que se faz da escrita no contexto de contato com outras pessoas, ou seja, socialização. Uma pessoa só consegue posicionar-se com consciência diante de um assunto se ela realmente conhece as várias possibilidades de posicionamento. E para conhecer essas possibilidades ela precisa ser estimulada a ler mais do que o que está exposto; a procurar descobrir o que há por trás do que está escrito e/ou das situações aparentes. Ao elaborar atividades em que sejam acionadas essas estratégias de compreensão do texto incidirá na possibilidade de proporcionar o amadurecimento e a autonomia para o leitor em formação, fator que deve ser prioridade da prática pedagógica. Isso será possível fazendo um trabalho, isto é, orientar o leitor para que ele articule suas estratégias e defina os objetivos da leitura, elaborando assim, sentidos ao texto, com os procedimentos envolvidos nessa construção, com as estratégias acionadas no processo de leitura e, principalmente, com a necessidade de o professor assumir uma nova postura para que efetivamente sejam formados leitores críticos.
Portanto, dessa forma contínua, se fortalece um circuito positivo de desenvolvimento pessoal e profissional entre os alunos da E.J.A na promoção de ações cidadãs politizadas, que evidencia a qualidade de vida, o respeito ao meio ambiente, entre outros. O espaço educacional em busca do despertar para cidadania fortaleceu as perspectivas iniciais desses jovens e adultos, na busca de uma melhor condição de vida, por meio da socialização critica da realidade e da aquisição da leitura e da escrita. É através da Educação que formamos os futuros construtores de um país melhor, de futuros cidadãos.
A escolha da instituição APMI DE LONDRINA, foi por uma questão de estudos já realizados em cursos de formação, pois a Cidade de Londrina é referencia nacional em Assistência Social juntamente com projetos de desenvolvimento humano ,educacional e social .
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