INTERVENÇÕES FISIOTERAPÊUTICAS PARA O VAGINISMO: REVISÃO DE LITERATURA

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REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10359399


Maria Eduarda¹
Maicon Franciscon²
Leonardo de Medeiros³
Michelle Dias Santos Santiago⁴


RESUMO
Introdução: O vaginismo é uma disfunção sexual que envolve a contração involuntária dos músculos da vagina, tornando a penetração impossível. Essa condição pode afetar a qualidade de vida das mulheres e pode ser causada por uma variedade de fatores, incluindo motivos biológicos, psicológicos e socioculturais devido ocorrências de traumas na infância, abuso sexual, falta de conhecimento sexual, problemas genéticos e fatores etiológicos. Objetivo: Buscar referências literárias de tratamentos fisioterapêuticos para o vaginismo, seus benefícios e relevância para resultados eficientes. Métodos: Pesquisa bibliográfica e coleta de dados nas bases: Scielo, Lilacs, Pubmed e Google Acadêmico, publicados entre 2009 e 2023. Resultados: Especialistas recomendam uma abordagem multidisciplinar que inclua a fisioterapia como parte importante do tratamento para dor pélvica crônica e síndrome feminina. Conclusão: A análise apresenta os benefícios significativos no tratamento da dispareunia e do vaginismo feminino através da fisioterapia.
Palavras-chaves: Vaginismo. Fisioterapia. Contração sexual. Mulher.
 
ABSTRACT
Introduction: Vaginismus is a sexual dysfunction that involves the involuntary contraction of the vaginal muscles, making penetration impossible. This condition can affect women's quality of life and can be caused by a variety of factors, including biological, psychological and sociocultural reasons due to childhood trauma, sexual abuse, lack of sexual knowledge, genetic problems and etiological factors. Objective: Search for literary references on physiotherapeutic treatments for vaginismus, their benefits and relevance for efficient results. Methods: Bibliographical research and data collection in the Scielo, Lilacs, Pubmed and Google Scholar databases, published between 2009 and 2023. Results: Experts recommend a multidisciplinary approach that includes physiotherapy as an important part of the treatment for chronic pelvic pain and female syndrome. Conclusion: The analysis presents the significant benefits in the treatment of dyspareunia and female vaginismus through physiotherapy.
Keywords: Vaginismus. Physiotherapy. Contraction sexual. Woman.
 
1. INTRODUÇÃO
 
O vaginismo é uma disfunção sexual que se caracteriza pela contração involuntária impossibilitando a penetração, podendo ser por meio da relação sexual, absorventes internos e exames ginecológicos. (SIQUEIRA LIMA et al., 2020)
 
Essa disfunção pode ocorrer por motivos biológicos, psicológicos e socioculturais, pode ser adquirida por traumas na infância, abuso sexual, falta de conhecimento sexual, problemas genéticos e fatores etiológicos. (SIQUEIRA LIMA et al., 2020)
 
Hoje em dia diversas mulheres estão buscando ajuda médica, porém muitas ainda sofrem com esse problema, por vergonha de recorrer a um especialista. Por mais que tenha sido reconhecido o vaginismo é pouco falado, muitas mulheres acham que é normal o desconforto e quando procuram ajuda médica o profissional também desconhece essa disfunção, o que acaba frustrando ainda mais a paciente. (SIQUEIRA LIMA et al., 2020)
 
Mulheres portadoras do vaginismo relatam dores, medo, tensão, náusea, taquicardia, diminuição drástica da qualidade de vida, desencadeando estresse, insônia, mau humor e depressão. A falta de estimulação e diálogo do parceiro pode intervir negativamente na excitação, de acordo com estudos existem outros fatores que podem desencadear o vaginismo, como excesso de bebidas alcoólicas, uso de anticoncepcional oral, menopausa, depressão, uso de drogas e cirurgias ginecológicas. (TOMEN et al., 2015)
 
O vaginismo pode ser considerado primário e secundário, quando a mulher não consegue manter relações sexuais devido a contração involuntária, desde a primeira relação é chamado de primário, já o secundário ocorre quando a mulher já teve relações, porém não consegue mais manter o ato sexual sem dor e geralmente vem acompanhada de dispareunia (dor durante a relação sexual). (TOMEN et al., 2015)
 
A atuação do fisioterapeuta é de suma importância para trabalhar a musculatura do assoalho pélvico (AP), fortalecimento muscular, relaxamento e ganho de propriocepção. Por se tratar de uma disfunção que apresenta desordem muscular cinético-funcional, a fisioterapia pélvica é muito indicada, algumas das intervenções fisioterapêuticas usam técnicas como dilatadores vaginais, eletroestimulação e terapia manual. (AVEIRO; GARCIA & DRIUSSO, 2009)
 
Há indícios de que mulheres que foram submetidas a episiotomia (procedimento feito durante o parto normal para ajudar a passagem de saída da criança) podem desencadear diversas disfunções sexuais, incluindo o vaginismo. Mas ainda assim é algo muito comum, em cerca de 94% dos partos ocorrem a episiotomia. (ALVES & CIRQUEIRA, 2018)
 
Durante a avaliação do diagnóstico é importante considerar alguns fatores como parceiro, relacionamento, vulnerabilidade individual, cultura e religião, esses fatores podem influenciar na disfunção e no tratamento. Em algumas culturas muitas mulheres não podem nem citar sobre sexualidade, assim acabam sendo pessoas leigas no assunto e não sabendo identificar quando há um problema, ou muitas vezes sentem vergonha por nunca poderem falar sobre o assunto. (SILVA; SEI & VIEIRA, 2021)
 
O vaginismo também afeta o casal, o homem acaba se frustrando e por não ter conhecimento desconta na parceira, que por se sentir mal e culpada acaba se afastando ainda mais, e assim, começam as discussões e isso afeta ainda mais psicologicamente a mulher. Por isso é importante o parceiro ser compreensivo e incentivar a companheira a procurar ajuda profissional e sempre apoiá-la. (PINHEIRO, 2009)
 
Existem casos em que a rejeição é específica ao parceiro, e quando termina o relacionamento a mulher não sente mais dores e desconfortos, isso devido à violência doméstica, violência verbal ou parceiro com ejaculação precoce. (MOREIRA, 2013)
 
De acordo com a OMS o vaginismo é uma problemática na saúde pública, pois interfere na vida social das mulheres. A fisioterapia pélvica ainda é pouco estudada, mas já proporciona diversos feedbacks positivos das pacientes, diminuição de dor e tensão, promove a relação e melhora no controle da musculatura. (NAGAMINE & SILVA, 2021)
 
O tratamento deve ser feito por uma equipe multidisciplinar, principalmente em casos de abuso sexual, que deve ser encaminhado a um psicólogo. O fisioterapeuta tem a função de reabilitar a disfunção física. (COSTA; SILVA & FERRO, 2022)
 
Por mais que os estudos dessa disfunção sejam escassos, diversos profissionais concordam que precisa ser estudado com cautela, pois pode desenvolver outras patologias decorrentes. (AMARAL et al., 2022)
 
2. OBJETIVO
 
Verificar os efeitos do tratamento fisioterapêutico sobre o vaginismo, assim como sua importância e relevância para os resultados da pesquisa.
 
3. MÉTODOS
 
Segundo os estudos para execução dessa análise foram realizadas pesquisas bibliográficas e coleta de dados nas bases: Scielo, Lilacs, Pubmed e Google Acadêmico. Os artigos considerados apresentaram métodos de análises, revisões sistemáticas e ensaios clínicos randomizados, publicados entre 2009 e 2023. As palavras chaves utilizadas foram: vaginismo; Fisioterapia; Contração sexual; Mulher.
 
4 RESULTADOS
 
Segue abaixo uma análise sobre os recursos utilizados para o tratamento do vaginismo:
 
4.1 Dilatadores vaginais  

Elaborada pelos próprios autores
 
4.2 Eletroestimulação

 
Elaborada pelos próprios autores
 
4.3 Terapia manual
Elaborada pelos próprios autores
 
4.4 Cones vaginais

 
Elaborada pelos próprios autores
 
4.5 Técnicas associadas

Elaborada pelos próprios autores 
 
5. DISCUSSÃO
 
De acordo com TOMEN et al., (2016) a terapia manual melhora a qualidade de vida da mulher, porém essa técnica pode causar dor e desconforto, aborda os fatores relacionais que intervêm entre o casal, e que podem ser uma das causas para o acometimento, entretanto REGINA DE SOUSA RUA et al., [s.d.], evidencia benefícios perante quadros de vaginismo e seus acometimentos.
 
No estudo de TEIXEIRA et al., (2020) concluiu que os moldes de impressão 3D para dilatação vaginal obtiveram sucesso em 87,5% das pacientes. Perante resultados de “Recursos fisioterapêuticos utilizados no tratamento das disfunções sexuais femininas | CATUSSABA - ISSN 2237-3608”, [s.d.], a eletroestimulação auxilia nas dores e fortalecimento muscular, e que ainda relaciona a YARAGHI et al., (2018) que constata maior eficácia perante a toxina botulínica para tratar o vaginismo.
 
No estudo de HOLZSCHUH & SUDBRACK, (2019) os cones vaginais ajudam também mulheres com IU e associado a análise de “Recursos fisioterapêuticos utilizados no tratamento das disfunções sexuais femininas | CATUSSABA - ISSN 2237-3608”, [s.d.], o tratamento com os cones vaginais são importantes para o fortalecimento dos músculos do AP. Já PACIK & GELETTA, (2017) concluem que a injeção de onabotulinumtoxina é segura e eficaz no tratamento do vaginismo. A pesquisa de TALYANE, (2022) aponta que exercícios de Kegel e biofeedback são as principais técnicas para o tratamento do vaginismo, como VILLAS et al., [s.d.], que também associa com a realização de outras condutas fisioterapêuticas.
 
A maioria dos estudos apontam que quando as técnicas são relacionadas obtêm-se melhores resultados. Sendo assim, constata-se que todos entraram em comum acordo de que a fisioterapia pélvica é de extrema importância para o tratamento do vaginismo e para a melhora na satisfação sexual, resultando em maior qualidade de vida das mulheres acometidas. 
 
6. CONCLUSÃO
 
O vaginismo traz diversos problemas para as mulheres, tanto físicos quanto psicológicos. É de suma importância um bom profissional para realizar um diagnóstico correto e uma equipe multidisciplinar para ajudá-la em todos os problemas acarretados. A fisioterapia pélvica é de extrema importância para um tratamento eficaz. Houve dificuldade para encontrar estudos para o tratamento do vaginismo, pois ainda é uma disfunção pouco estudada perante a literatura.
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
 
ALVES, A. M.; CIRQUEIRA, R. P. Sintomas do Vaginismo em Mulheres Submetidas à Episiotomia. ID on line REVISTA DE PSICOLOGIA, v. 13, n. 43, p. 329–339, 18 dez. 2018. https://doi.org/10.14295/idonline.v13i43.1525
 
AMARAL, L. L. M. et al. Abordagem terapêutica em mulheres com Vaginismo: revisão de literatura / Therapeutic approach in women with Vaginism: literature review. Brazilian Journal of Health Review, v. 5, n. 4, p. 12134–12146, 4 jul. 2022. https://doi.org/10.34119/bjhrv5n4-015
 
AVEIRO, M. C.; GARCIA, A. P. U.; DRIUSSO, P. Efetividade de intervenções fisioterapêuticas para o vaginismo: uma revisão da literatura. Fisioterapia e Pesquisa, v. 16, n. 3, p. 279–283, set. 2009. https://doi.org/10.1590/s1809-29502009000300016
 
COSTA, E. A. G. DA; SILVA, J. C. DA; FERRO, T. N. DE L. Atuação fisioterapêutica no vaginismo em mulheres que sofreram abuso sexual: revisão de literatura. Research, Society and Development, v. 11, n. 17, p. e243111738905– e243111738905, 27 dez. 2022. https://doi.org/10.33448/rsd-v11i17.38905
 
HOLZSCHUH, J. T.; SUDBRACK, A. C. Eficácia dos cones vaginais no fortalecimento do assoalho pélvico na incontinência urinária feminina pós-menopausa: estudo de casos. Revista Pesquisa em Fisioterapia, v. 9, n. 4, p. 498– 504, 20 nov. 2019. 10.17267/2238-2704rpf.v9i4.2542" target="_blank">https://doi.org/10.17267/2238-2704rpf.v9i4.2542
 
MOREIRA, R. L. B. D. Vaginismus. Revista Médica de Minas Gerais, v. 23, n. 3, 2013. https://doi.org/10.5935/2238-3182.20130053
 
NAGAMINE, B. P.; SILVA, K. C. C. DA. A utilização dos massageadores perineais e dilatadores vaginais como métodos de tratamento fisioterapêutico nas Disfunções Pélvicas: Vaginismo e Dispareunia. Research, Society and Development, v. 10, n. 6, p. e41710616028, 4 jun. 2021. https://doi.org/10.33448/rsd-v10i6.16028
 
PACIK, P. T.; GELETTA, S. Vaginismus Treatment: Clinical Trials Follow Up 241 Patients. Sexual Medicine, v. 5, n. 2, p. e114–e123, jun. 2017. https://doi.org/10.1016/j.esxm.2017.02.002
 
PINHEIRO, M. O casal com vaginismo: um olhar da Gestalt-terapiaCouple with vaginismus: A look of Gestalt-therapy. IGT na Rede ISSN 1807-2526, v. 6, n. 10, 29 maio 2009. Disponível em: https://igt.psc.br/ojs3/index.php/IGTnaRede/article/view/196
 
Recursos fisioterapêuticos utilizados no tratamento das disfunções sexuais femininas | CATUSSABA - ISSN 2237-3608. repositorio.unp.br, [s.d.]. Available from: https://repositorio.unp.br/index.php/catussaba/article/view/614
 
REGINA DE SOUSA RUA, T. et al. A importância da intervenção fisioterapêutica no vaginismo: uma revisão sistemática The importance of physiotherapeutic intervention in vaginism: a systematic review. [s.l: s.n.]. Disponível em: https://docs.bvsalud.org/biblioref/2022/10/1397889/femina-2022-509-549-555.pdF
 
SILVA, A. C. DE M.; SEI, M. B.; VIEIRA, R. B. DE A. P. Family, religion, and sex education among women with vaginismus: A qualitative study. Psicologia - Teoria e Prática, v. 23, n. 3, 2021. https://doi.org/10.5935/1980-6906/eptpcp13276
 
SIQUEIRA LIMA, I. et al. IMPLICAÇÕES DO VAGINISMO NO COTIDIANO DAS MULHERES. Revista Brasileira de Sexualidade Humana, v. 31, n. 1, 28 set. 2020. https://doi.org/10.35919/rbsh.v31i1.58
 
TALYANE, S. Recursos Fisioterapêuticos Utilizados no Tratamento do Vaginismo. Unirb.edu.br, 2022. Disponível em: http://dspace.unirb.edu.br:8080/xmlui/handle/123456789/398
 
TEIXEIRA, T. et al. Development of personalized molds for neovagina creation by 3D printer. v. 66, n. 11, p. 1498–1502, 1 nov. 2020. https://doi.org/10.1590/1806-9282.66.11.1498
 
TOMEN, A. et al. A fisioterapia pélvica no tratamento de mulheres portadoras de vaginismo The pelvic-floor physical therapy for the treatment of woman suffering from vaginismus. Rev. Ciênc. Méd, v. 24, n. 3, p. 121–130, 2015. Available from: https://docs.bvsalud.org/biblioref/2019/02/837118/3147-10340-2-pb.pdf
 
VILLAS, D. et al. A B S T R A C T. [s.l: s.n.]. Disponível em: https://docs.bvsalud.org/biblioref/2020/02/1050092/femina-2018-461-32-37.pdf
 
YARAGHI, M. et al. Comparing the effectiveness of functional electrical stimulation via sexual cognitive/behavioral therapy of pelvic floor muscles versus local injection of botulinum toxin on the sexual functioning of patients with primary vaginismus: a randomized clinical trial. International Urogynecology Journal, 1 dez. 2018. https://doi.org/10.1007/s00192-018-3836-7

¹-³ Discentes do curso de Fisioterapia, UNI FACCAMP - Campo Limpo Paulista, SP, Brasil
 
⁴ Santiago MDS – Mestre em Neurologia e Neurociência - Unifesp, Docente do curso de Fisioterapia, UNI FACCAMP - Campo Limpo Paulista, SP, Brasil