INOVAÇÃO PEDAGÓGICA: TECNOLOGIAS E CURRÍCULO NA EDUCAÇÃO DO SÉCULO XXI
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REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.17335859
Patrícia Aparecida Daminelli Kestering1
RESUMO
Este trabalho de conclusão da disciplina de Princípios do Projeto de Currículo, tem por objetivo pesquisar e estudar referências bibliográficas acerca dos investimentos das culturas digitais no currículo educacional, bem como relatar uma prática inovadora utilizando as tecnologias. Diante da leitura e alguns autores, bem como os estudos da disciplina, a inserção das tecnologias no currículo escolar traz consigo pontos positivos que contribuem para o processo de ensino e aprendizagem, porém ainda há pontos negativos para que se possam atingir o uso tecnológico nas práticas pedagógicas, uma delas é a formação docente. Porém, vale ressaltar que para se possa acompanhar as novas gerações é fundamental repassar as metodologias pedagógicas do dia a dia, para tal faz-se necessário que instituições e professores recebam capacitações para o uso das tecnologias em suas práticas, propiciando assim, segurança na escolha das ferramentas tecnológicas de acordo com a realidade social da instituição, e, enriquecendo e incentivando o processo de ensino aprendizagem dos estudantes. Neste aspecto, o relato de prática inovadora aborda sobre o uso tecnológico de pranchas de comunicação alternativa para estudantes com dificuldade de comunicação e expressão.
Palavras-chave: Currículo. Educação. Tecnologia. Ensino. Aprendizagem. Comunicação.
ABSTRACT
This final work for the Principles of Curriculum Design discipline aims to research and study bibliographical references about the investments of digital cultures in the educational curriculum, as well as reporting an innovative practice using technologies. In view of reading and some authors, as well as studies of the subject, the inclusion of technologies in the school curriculum brings with it positive points that contribute to the teaching and learning process, but there are still negative points for achieving technological use in practices. pedagogical, one of them is teacher training. However, it is worth highlighting that in order to keep up with the new generations, it is essential to review everyday pedagogical methodologies. To this end, it is necessary for institutions and teachers to receive training in the use of technologies in their practices, thus providing security in their choice. of technological tools in accordance with the institution's social reality, and, enriching and encouraging the students' teaching-learning process. In this aspect, the innovative practice report addresses the technological use of alternative communication boards for students with communication and expression difficulties.
Keywords: Curriculum. Education. Technology. Teaching. Learning. Communication.
INTRODUÇÃO
Com toda evolução humana social e consequentemente também no processo educacional, tornou-se fundamental o aprimoramento das práticas pedagógicas para o enriquecimento curricular dos estudantes. Para tal, é necessário a inclusão da cultura digital no currículo educacional. Segundo Ameida (2019), para que a inovação aconteça, favorecendo uma formação crítica reflexiva, articulando o uso da tecnologia nas práticas pedagógicas, é fundamental que haja mudanças no papel do professor, bem como, as instituições incentive-os para o uso tecnológico, proporcionando assim, uma educação menos conteudista, onde o estudante seja protagonista do processo de ensino e aprendizagem.
Dessa maneira, a utilização da cultura digital como ferramenta para o processo de ensino e aprendizagem passa a fazer parte do cotidiano de sala de aula, trazendo consigo o uso tecnológico, o qual é fundamental para que se possa atender a demanda da geração atual.
O presente trabalho teve como metodologia a revisão bibliográfica com abordagem qualitativa para buscar responder sobre a evolução social, suas influências na educação, a inclusão das tecnologias no currículo escolar, e as possíveis ferramentas tecnológicas utilizadas nas práticas pedagógicas em na sala de aula.
Para isso, inicialmente farse-a uma pesquisa sobre a trajetória curricular no processo educacional, bem como, conhecer algumas legislações que marcam a evolução curricular e seus estudos. Na continuidade aborda-se sobre a internacionalização dos currículos, pois, segundo Almeida (2019), estudar diferentes currículos é estudar novas maneiras do ensinar e aprender, possibilitando mudanças de pensamento, enriquecimento do processo de ensino e aprendizagem, possibilidades inovadoras, entre outros aspectos.
Na continuidade, aborda-se sobre a importância da formação continuada do professor e incentivo das instituições de ensino para que haja a implementação das tecnologias no cotidiano e práticas pedagógicas na escola.
Por fim, a luz dos referenciais teóricos faz-se um relato de uma prática inovadora com o uso das pranchas como comunicação alternativa para os estudantes com dificuldade de comunicação. Possibilitando assim, um ambiente escolar mais inclusivo, dinâmico e com inúmeras possibilidades enriquecedoras para o processo de ensino e aprendizagem.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Estudando a história social humana, percebe-se que a evolução desta é marcada por diversos acontecimentos que caracterizaram o desenvolvimento social e educacional, sendo assim, houve muitas transformações, as quais foram necessárias para que se possa atender a demanda os interesses da sociedade atual.
Neste aspecto, as instituições de ensino também precisaram se modernizar e assim, torna-se fundamental discutir o currículo educacional, com objetivo de modificá-lo para que as escolas possam atender e formar estudantes desta sociedade “líquida”.
Segundo Buesa (2022), o currículo refere-se a um instrumento importante para as instituições de ensino para que se possa estabelecer um caminho na trajetória educacional dos estudantes, considerando as necessidades e as realidades da comunidade a qual a escola está inserida.
Diante dos estudos, percebe-se que o currículo educacional no Brasil teve grande influência internacional, neste modelo a educação estava centrada no método tradicional: memorização e conteudista, a democracia não se fazia presente neste modelo (Buesa, 2022). Então, com objetivo de romper com este modelo tradicional, na década de 1920, após algumas reformas educacionais, houve estudiosos brasileiros que iniciaram estudos acerca do processo educacional brasileiro. Buscando uma educação integral, com objetivo é formar cidadãos com desenvolvimento intelectual, físico e moral, bem como buscando desenvolver a autonomia nos estudantes (Buesa, 2022).
A partir disso, os estudiosos seguem na busca por uma educação de qualidade, com objetivo de transformar o processo educacional e colocar o estudante na posição ativa, onde a interação do professor e aluno é o caminho para o desenvolvimento de uma aprendizagem de qualidade e significativa (Buesa, 2022).
Segundo Almeida (2019), a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a LDB de 1961, marca evolução do currículo no Brasil, a qual ofertou flexibilidade as escolas, onde estas definiam seus currículos.
Outro aspecto relevante em relação a evolução do currículo brasileiro, é em 1997 o MEC publicou os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), o qual intensificou e contribuiu para as discussões dobre o currículo brasileiro. E então, em 2017, foi aprovada a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), servindo com um guia para a elaboração dos currículos e atividade pedagógicas em todo o Brasil. Neste sentido a BNCC contribui significativamente na busca por uma qualidade, contribuindo assim, para a formação do estudante de forma integral, que possam formar cidadão que estejam preparados e comprometidos para atuar na sociedade atual, a qual encontra-se em constante evolução (BUESA, 2022).
Compreendendo que a globalização está cada vez mais presente em todos os âmbitos, sociais, políticos, econômicos, culturais... buscando sempre o “novo” para atender a demanda da sociedade atual, na educação não é diferente. Em todos os aspectos educacionais: práticas pedagógicas, processos de avaliação, currículos... são marcadas por influências de mudanças globais (Almeida, 2019).
Diante disso, a educação brasileira é inspirada internacionalmente em muitos aspectos, sempre buscando referências em sistemas educacionais de outros países para aprimorar e melhorar o nosso sistema de educação. Um dos legados que as políticas internacionais influências a educação no Brasil é o modelo para elaboração de competências, de conhecimentos, de atitudes, de habilidades, de emoções e valores (Buesa, 2022).
RESULTADO E DISCUSSÃO
Segundo Buesa (2022), em 2001 foi criada a Associação Internacional para o Avanço de Estudos Curriculares, e a criação de Colóquios Luso-Brasileiros de Questões Curriculares, “que visava desenvolver um campo global de estudos sobe o currículo para conseguir o diálogo acadêmico, dentro e fora das fronteiras dos países, para debater sobre conteúdos, contexto e o processo na educação” (p. 07).
Neste sentido a internacionalização dos currículos não se deve a somente unir a diferentes culturas, mas sim, pensar e estudar novas maneiras do ensinar e aprender, possibilitando mudanças de pensamento, enriquecimento do processo de ensino e aprendizagem, possibilidades inovadoras, entre outros aspectos.
Segundo Buesa (2022), o currículo é uma ferramenta muito importante para promover a transformação e formação dos estudantes em seu processo de ensino e aprendizagem. Sendo assim, compreende-se que o currículo “[...] aborda diversas relações de poder, transmite diversas versões sociais e produz identidades individuais e identidades sociais. O currículo não está parado no tempo, tem uma história, e vai se transformando e aprimorando ao longo dos anos.” (p. 03)
Diante das mudanças sociais e a modernidade, fez-se necessário repensar o currículo educacional e consequentemente a prática pedagógica. Neste sentido, observa-se que as tecnologias digitais estão cada vez mais presentes em todos os âmbitos sociais, e na educação não é diferente. O que torna diferente o uso das tecnologias na educação é vê-la como um recurso para transformar o processo de ensino e aprendizagem, proporcionando novas oportunidade para um ensino de qualidade, dinâmico e de conhecimentos significativos. Segundo Buesa (2022, p. 03),
Ao inserir as TICs em nosso cotidiano escolar, aprendemos a lidar com a diversidade, com a abrangência e com a rapidez de acesso que temos às informações, e ainda com as novas formas de comunicar e interagir fomentando novas maneiras de produzir conhecimento.
No entanto, deve-se considerar alguns aspectos insuficientes para que a inserção do uso das tecnologias me sala de aula efetivamente aconteçam. Uma delas é a infraestrutura, apesar de haver projetos governamentais, estaduais e municipais que incentivem a cultura digital nas instituições de ensino, ainda não são suficientes para um ensino tecnológico básico.
Outro aspecto insuficiente e relevante é a formação dos docentes em relação ao uso tecnológico na escola. É falho a existências das ferramentas tecnológicas, se o docente não utiliza-as como ferramenta para uma efetiva aprendizagem significativa. Para tal, é fundamental que professores e instituições adaptam-se a nova realidade, buscando novos conhecimento acerca do uso tecnológico em sala de aula.
A este encontro, Buesa (2022, p. 03) aponta que,
Não basta que as escolas recebam os equipamentos, internet e que criem laboratórios de informática se não houver pessoas (docentes, mas outros agentes educacionais também) que saibam usar ou dar suporte para o uso dessas tecnologias, de forma que deixem de ser apenas recursos e passem a criar efetiva aprendizagem significativa.
Sendo assim, é de suma importância que docentes e a gestão escolar estejam dispostos e envolvidos a realizar as mudanças necessárias para que a inserção da tecnologia no currículo aconteça efetivamente. Ressalta-se que uma das principais mudanças é a busca pelo conhecimento deste novo âmbito tecnológico, como formação continuada. Sob esta ótica, Almeida e Valente (2016, p.38), como citado em Almeida (2019, p. 109),
Devem ser oferecidas oportunidades aos professores, para apropriação pedagógica das mídias e TIC, de modo que eles possam integrá-las ao processo de ensino, aprendizagem, desenvolvimento do currículo, avaliação e pesquisa sobre a própria prática, utilizando-as para atender às necessidades dos alunos. Com tais competências, os professores se tornam capazes de analisar por quê, para quê, om o quê, como e quando integrar esse conhecimento à prática pedagógica.
Concluindo, a associação entre tecnologia e processo educacional, enfatiza-se o processo de ensino e aprendizagem, são aliados com resultados positivos, quando pensados e estruturados de forma a explorar as potencialidades das tecnologias digitais na educação, bem como, a qualificação profissional para se alcançar este objetivo, onde busca-se uma efetiva aprendizagem e de qualidade para os estudantes.
Dessa forma, docentes e profissionais da educação precisam investir na formação continuada, estudar sobre a cultura digital e sua inserção no currículo escolar, propor metodologias e inserir as tecnologias em suas práticas pedagógicas, propondo assim uma educação mais eficaz, significativa e inclusiva.
Refletindo os estudos sobre o uso das tecnologias no âmbito educacional, ressalta-se sua importância quando aliada na busca a alcançar melhores resultados de aprendizagem, bem como, um meio para desenvolver oportunidades aos estudantes. Neste aspecto, venho através deste, apresentar a importância do uso das tecnologias como ferramenta para a comunicação alternativa para estudantes não-verbais.
A trajetória das pessoas com deficiência para se alcançar o seu reconhecimento passou por processos marcantes. Abandono, eliminação, exclusão, castigo divino, exploração, incapacidade, segregação, isolamento, integração... Palavras essas que traçam o percurso histórico das pessoas com deficiência (Romero; Souza, 2008). Porém, ressalta-se que, com a evolução de toda sociedade, construiu-se um novo contexto para as pessoas com deficiência, com o reconhecimento social, o direito a políticas públicas, a inclusão no âmbito educacional, etc.
Nessa mesma direção, a inclusão das pessoas com deficiência no contexto escolar, também se tornou um direito legal, ou seja, o direito de se matricularem em escolas da rede regular de ensino, e lá permanecerem usufruindo de um ensino de qualidade, e condições de aprendizagens adequadas as suas necessidades específicas. Desse modo, a inclusão das pessoas com deficiência no contexto escolar corrobora para a inclusão social.
Sendo assim, com a legislação que garante o acesso e permanência do estudante com deficiência incluído nas classes de rede regular, buscando promover a educação inclusiva, há a necessidade de aprimorar-se para atender esta demanda e suas especificidades.
Neste sentido, as tecnologias assistivas são ferramentas essenciais que contribuem significativamente para a inclusão de estudantes e pessoas com deficiência. Neste presente relato aborda-se especificamente o uso da comunicação alternativa para estudantes com deficiência e dificuldades de comunicação. Segundo Sameshima (2011, p. 19), como citado em Nascimento; Chagas & Chagas (2021) "a comunicação suplementar e alternativa é uma área que tem por objetivo substituir e/ou desenvolver habilidades de comunicação de maneira permanente ou temporária".
Sendo assim, as pranchas de comunicação alternativas são ferramentas que auxiliar as pessoas e estudantes a se comunicarem. No âmbito educacional, esta ferramenta é extremamente relevante para o processo de aprendizagem do estudante, bem como seu processo de inclusão.
Durante minha atuação em salas de atendimento educacional especializado com estudantes com deficiência, utilizei as pranchas de comunicação alternativa nos atendimentos individualizados, bem como, com os professores da rede regular que tinham estudantes com dificuldades de comunicação. A principal ferramenta utilizada como comunicação alternativa para estudantes não-verbais são as “pranchas”. Estas poderiam ser impressas e o estudante levava consigo, apresentava a figura para se expressar. Segundo Silveira, 1996, p. 25, como citado em Nascimento; Chagas & Chagas (2021) “Pictográficos, em que sua representação é muito próxima da realidade, com o uso de desenhos mais ou menos realistas e fotos. Esse seu alto grau de iconicidade (representação bem perto da realidade) torna fácil seu aprendizado e memorização.”
Com passar dos tempos e a evolução tecnológica, houve também o aprimoramento das pranchas de comunicação alternativa, e estas também passaram ser utilizadas em diversos tipos de aplicativos com inúmeras funções, uma das principais são os vocalizadores. Àvila (2011, p.53) como citado em Nascimento; Chagas & Chagas (2021), descreve as pranchas de comunicação alternativa da seguinte forma:
O processo de comunicação por meio de pranchas consiste em apontar para aquilo que se deseja expressar, comunicando através das imagens, palavras contidas na prancha, ou até mesmo formando palavras a partir do alfabeto, no caso de sujeitos letrados ou em processo de letramento. O ato de apontar pode variar segundo o grau de comprometimento motor do usuário da prancha. Em alguns casos utiliza-se CAA aliada a outras tecnologias assistivas, como apontadores, vocalizadores etc.
Diante disso, segue alguns aplicativos que abordam sobre as pranchas de comunicação alternativa são: Sistema de Símbolos Bliss, Sistema Rebus, Picture Communication Symbols – PCS, Expressia, Matraquinha, Livox, Falando fotos, Boardmaker 7, entre outros. Vale ressaltar que cada aplicativo possui ferramentas específicas para atender cada especificidade de cada estudante/indivíduo.
Com a implantação das pranchas de comunicação alternativa nas atividades cotidianas e principalmente no âmbito educacional, percebe-se a importância desta tecnologia transformando o processo de inclusão e o processo de ensino e aprendizagem dos estudantes com dificuldade de comunicação. Ao combinar a tecnologia e a pedagogia é possível oferecer um suporte personalizado a cada aluno, promovendo assim o sucesso no seu desenvolvimento acadêmico, social e cultural. E consequentemente investindo em uma educação de qualidade.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao final deste estudo, constatou-se que, embora haja avanços significativos na integração da tecnologia ao contexto educacional, ainda existe um caminho a ser percorrido para consolidar a inclusão da cultura digital no currículo de maneira efetiva e consistente. A modernização do ensino tem estimulado instituições e docentes a buscarem continuamente aperfeiçoamento, refletindo sobre as práticas pedagógicas e os impactos do uso de tecnologias no cotidiano escolar. Esse processo de reflexão permitiu identificar que o uso estratégico de recursos tecnológicos contribui para a construção de uma aprendizagem de qualidade, tornando o estudante protagonista e sujeito ativo no processo de ensino-aprendizagem, ao mesmo tempo em que amplia as possibilidades de engajamento, colaboração e criatividade no ambiente escolar.
A implementação de tecnologias no currículo não se limita apenas ao acesso a ferramentas digitais, mas exige uma revisão crítica das metodologias pedagógicas, de forma que o planejamento educativo contemple objetivos claros, estratégias de mediação e formas de avaliação coerentes. A utilização de recursos tecnológicos deve ser entendida como parte integrante do design instrucional, promovendo experiências de aprendizagem significativas e contextualizadas. A reflexão docente acerca dessas ferramentas permite compreender melhor o papel do aluno na construção do conhecimento e o potencial das tecnologias em apoiar processos cognitivos, afetivos e sociais. Dessa maneira, a integração tecnológica não apenas facilita o acesso à informação, mas também contribui para a formação de competências essenciais para o século XXI, como pensamento crítico, resolução de problemas e autonomia.
No âmbito da educação inclusiva, observou-se que as tecnologias assistivas de comunicação alternativa representam um avanço notável, especialmente para estudantes com dificuldades de comunicação. Ferramentas como aplicativos de fala, dispositivos de apoio visual, quadros de comunicação digital e softwares específicos de interação permitem que esses alunos expressem suas ideias, necessidades e sentimentos de maneira mais clara e autônoma. A incorporação dessas tecnologias no cotidiano escolar proporciona não apenas um meio de comunicação eficiente, mas também fortalece a autoestima e a participação ativa dos estudantes em atividades coletivas. Além disso, a utilização dessas ferramentas promove a equidade educacional, oferecendo oportunidades para que todos os alunos, independentemente de suas limitações, participem plenamente das aulas e interajam com colegas e professores.
Refletindo sobre a prática pedagógica inovadora, percebeu-se que as tecnologias assistivas não se restringem à comunicação, mas também contribuem para a inclusão acadêmica de estudantes com necessidades educacionais especiais. Recursos digitais adaptados permitem a personalização de tarefas, atividades diferenciadas e suporte na leitura, escrita e compreensão de conteúdos. Por exemplo, softwares que convertem texto em áudio possibilitam que alunos com dificuldades visuais ou de leitura acessem informações de maneira independente, enquanto aplicativos de organização visual auxiliam na execução de tarefas complexas e no planejamento do tempo. Dessa forma, a abordagem tecnológica amplia as oportunidades de participação, promovendo um ambiente escolar inclusivo, onde cada estudante encontra meios adequados para desenvolver seu potencial.
Outro aspecto relevante refere-se à transformação da relação professor-aluno. O uso de tecnologias assistivas e digitais promove uma interação mais dinâmica e colaborativa, permitindo que o docente atue como mediador do conhecimento, orientando, apoiando e desafiando os estudantes de maneira diferenciada. Essa mudança de postura contribui para a construção de uma aprendizagem mais significativa, na qual os alunos não apenas recebem informações, mas participam ativamente da construção de seus saberes, desenvolvendo habilidades de autonomia, crítica e resolução de problemas. Além disso, a presença de tecnologias no ambiente escolar favorece a inclusão social, fortalecendo laços entre estudantes com diferentes perfis e promovendo o respeito às diferenças.
É importante destacar que, embora os benefícios sejam evidentes, a implementação efetiva das tecnologias assistivas depende de condições estruturais e pedagógicas adequadas. A falta de formação docente específica, recursos financeiros limitados e infraestrutura insuficiente representam barreiras significativas à plena utilização dessas ferramentas. Portanto, a capacitação contínua dos professores, aliada a políticas públicas e investimentos estratégicos, é essencial para assegurar que a tecnologia seja incorporada de forma eficiente e sustentável. A reflexão crítica sobre essas condições permite identificar soluções viáveis, como a criação de laboratórios tecnológicos, cursos de formação continuada e o compartilhamento de boas práticas pedagógicas entre escolas e profissionais da educação.
Além disso, a incorporação de tecnologias assistivas e digitais contribui para a promoção de competências socioemocionais nos estudantes. Ao utilizar recursos que facilitam a comunicação e a interação, os alunos desenvolvem habilidades como empatia, cooperação, autorregulação e resiliência. A inclusão de atividades colaborativas mediadas por tecnologia estimula o respeito à diversidade e a valorização das diferenças individuais, fortalecendo o senso de pertencimento e a participação ativa na comunidade escolar. Essa dimensão emocional e social é essencial para a formação integral do estudante e para a construção de uma educação inclusiva, equitativa e humanizada.
Por fim, concluiu-se que a integração da tecnologia no currículo escolar, especialmente por meio de ferramentas assistivas, representa um avanço significativo para a educação contemporânea. Essa abordagem não apenas amplia a comunicação e a participação dos estudantes, mas também transforma a prática pedagógica, estimulando inovação, criatividade e protagonismo. A modernização do ensino, aliada à reflexão docente e à utilização estratégica de recursos tecnológicos, contribui para a construção de ambientes de aprendizagem mais inclusivos, dinâmicos e eficazes. Dessa forma, espera-se que este estudo contribua para fortalecer a compreensão sobre a importância das tecnologias assistivas e digitais na educação, incentivando políticas, práticas e pesquisas que promovam a inclusão e a equidade, consolidando o estudante como sujeito ativo no processo de ensino-aprendizagem e garantindo experiências educacionais mais significativas e transformadoras.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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1 Mestre em Tecnologias Emergentes da Educação pela Must University. E-mail: [email protected]