INCLUSÃO NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: UM OLHAR CRÍTICO SOBRE TECNOLOGIAS, METODOLOGIAS E POLÍTICAS PÚBLICAS
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REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.15672465
Joana de Lourdes Evangelista1
RESUMO
Este artigo aborda a inclusão educacional na educação a distância, com foco na análise crítica das tecnologias, metodologias e políticas públicas que favorecem o acesso de públicos historicamente excluídos do ensino formal. O objetivo foi investigar de que forma a educação a distância pode ser efetivamente utilizada como ferramenta de inclusão, superando barreiras sociais, econômicas e pedagógicas. A metodologia adotada foi a pesquisa bibliográfica qualitativa, com base em fontes teóricas atualizadas e relevantes sobre a temática. Foram examinadas produções acadêmicas, legislações e documentos institucionais que versam sobre acessibilidade, tecnologia assistiva e práticas pedagógicas inclusivas. Os resultados evidenciam que, apesar dos avanços tecnológicos e legais, persistem desafios estruturais e sociais que dificultam o acesso e a permanência de muitos estudantes em cursos na modalidade a distância. Conclui-se que a inclusão plena na educação a distância exige investimentos contínuos, políticas públicas eficazes e práticas pedagógicas adaptadas, que considerem a diversidade dos sujeitos e suas condições de aprendizagem.
Palavras-chave: Inclusão. Educação a Distância. Políticas Públicas. Acessibilidade.
ABSTRACT
This article addresses educational inclusion in distance education, focusing on a critical analysis of technologies, methodologies and public policies that favor access for groups historically excluded from formal education. The objective was to investigate how distance education can be effectively used as a tool for inclusion, overcoming social, economic and pedagogical barriers. The methodology adopted was qualitative bibliographic research, based on updated and relevant theoretical sources on the subject. Academic productions, legislation and institutional documents that address accessibility, assistive technology and inclusive pedagogical practices were examined. The results show that, despite technological and legal advances, structural and social challenges persist that hinder access and retention of many students in distance learning courses. It is concluded that full inclusion in distance education requires continuous investment, effective public policies and adapted pedagogical practices that consider the diversity of subjects and their learning conditions.
Keywords: Inclusion. Distance Education. Public Policies. Accessibility.
1 INTRODUÇÃO
A Educação a Distância (EaD) consolidou-se como uma modalidade de ensino em expansão, possibilitada pelos avanços tecnológicos e pela crescente demanda por flexibilidade educacional. Nesse cenário, surge o desafio de garantir que a educação a distância seja também um espaço de inclusão educacional efetiva e equitativa.
A inclusão educacional refere-se à garantia do direito de todos à aprendizagem, contemplando especialmente aqueles historicamente marginalizados pelo sistema educacional tradicional. Isso inclui pessoas com deficiência, populações de baixa renda, trabalhadores e moradores de áreas rurais ou de difícil acesso.
A educação a distância, ao flexibilizar tempo e espaço, apresenta-se como potencial ferramenta de democratização do ensino. Entretanto, essa promessa só se concretiza se acompanhada de políticas públicas eficazes, metodologias acessíveis e recursos tecnológicos que contemplem a diversidade dos estudantes.
O presente artigo tem como objetivo analisar criticamente a inclusão na educação a distância, destacando as potencialidades e os desafios enfrentados nesse processo. O estudo foca em tecnologias assistivas, práticas pedagógicas inclusivas e políticas públicas voltadas à ampliação do acesso ao ensino.
Além desta introdução, o artigo está estruturado em quatro subseções analíticas: a EaD como instrumento de inclusão; os principais desafios enfrentados por estudantes em situação de vulnerabilidade; os recursos metodológicos e tecnológicos voltados à acessibilidade; e o papel das políticas públicas e instituições na garantia de uma EaD verdadeiramente inclusiva. A discussão é finalizada com as considerações finais, nas quais se retoma o objetivo proposto, destacam-se as principais conclusões obtidas, apresentam-se contribuições do estudo e propõem-se sugestões para futuras pesquisas sobre inclusão educacional na modalidade a distância.
2. A Inclusão Educacional na Educação a Distância
2.1 A EaD como Ferramenta de Inclusão Educacional
A educação a distância apresenta-se como alternativa promissora para ampliar o acesso ao ensino, especialmente para públicos tradicionalmente excluídos. Sua flexibilidade de tempo e espaço permite a inserção de estudantes que, por diversos fatores, enfrentam barreiras no ensino presencial.
Entre os beneficiários da educação a distância estão trabalhadores que não conseguem frequentar cursos regulares devido às suas jornadas laborais. A possibilidade de estudar em horários alternativos torna viável a permanência e o êxito educacional desses indivíduos, contribuindo para sua qualificação profissional.
Pessoas com deficiência também encontram na educação a distância oportunidades de aprendizagem, desde que garantidas condições de acessibilidade. Recursos como leitores de tela, legendas e intérpretes de Libras viabilizam a participação efetiva desses estudantes, promovendo inclusão e autonomia no processo formativo.
Moradores de áreas rurais ou de difícil acesso geográfico são outro grupo historicamente marginalizado pela educação presencial. A EaD supera as limitações de deslocamento, levando o conhecimento a regiões distantes, como comunidades amazônicas, sertanejas e ribeirinhas, antes alijadas do direito à educação continuada.
De acordo com Paschoal, Soares e Costa (2024), a educação a distância tem se consolidado como uma ferramenta de inclusão ao permitir que diferentes públicos, com diversas limitações, ingressem em processos formativos antes inacessíveis. Essa abertura amplia o horizonte educacional de forma significativa.
Dados do Censo da Educação Superior apontam crescimento constante nas matrículas em cursos de EaD, com destaque para regiões menos atendidas pela rede presencial. Esse avanço demonstra como a modalidade contribui para uma maior equidade no sistema educacional brasileiro.
A democratização promovida pela educação a distância também contempla mulheres com filhos pequenos, cuja rotina domiciliar impede a frequência presencial. Ao estudar em casa, essas alunas conciliam maternidade e formação, favorecendo sua inserção no mercado de trabalho e autonomia financeira.
Estudantes com mobilidade reduzida, como cadeirantes ou pessoas com doenças crônicas, também se beneficiam da EaD. Ao evitar deslocamentos exaustivos e ambientes fisicamente inacessíveis, esses indivíduos encontram na modalidade uma alternativa viável e digna para sua formação acadêmica.
Os cursos a distância, quando bem estruturados, podem incluir estratégias pedagógicas adaptadas às necessidades dos estudantes. Plataformas acessíveis e conteúdos multimodais tornam-se instrumentos fundamentais na promoção de uma educação mais equitativa e sensível às diferenças.
Bezerra et al. (2024) destacam que a tecnologia assistiva, quando integrada aos ambientes virtuais de aprendizagem, amplia as possibilidades de acesso ao conteúdo por parte de estudantes com deficiência, reforçando o papel inclusivo da educação a distância.
Outro fator relevante é o custo reduzido da EaD em comparação ao ensino presencial. Essa economia favorece estudantes de baixa renda, que muitas vezes não dispõem de recursos para transporte, alimentação e material didático exigidos em instituições físicas.
Entretanto, para que a EaD seja verdadeiramente inclusiva, é necessário garantir infraestrutura adequada, como acesso à internet e dispositivos digitais. Sem esses recursos, os públicos vulneráveis continuam à margem, mesmo com a expansão das ofertas educacionais.
A educação a distância representa, assim, mais do que uma inovação tecnológica; ela constitui um instrumento de transformação social, desde que ancorada em princípios de equidade, acessibilidade e compromisso com a inclusão. A democratização do ensino passa, necessariamente, por essa perspectiva ampliada de educação.
2.2 Desafios da Inclusão na Educação a Distância
Embora a educação a distância (EaD) amplie o acesso ao ensino, diversos obstáculos ainda limitam sua efetiva inclusão. Estudantes em situação de vulnerabilidade social enfrentam dificuldades que comprometem sua permanência e sucesso em cursos ofertados nessa modalidade.
O acesso limitado à internet de qualidade é um dos principais entraves. Em muitas regiões periféricas e rurais, a conexão é instável ou inexistente, o que inviabiliza o acompanhamento das atividades virtuais e a interação com professores e colegas de turma.
Adicional a conectividade, a ausência de equipamentos adequados, como computadores ou tablets, compromete o desempenho acadêmico. Muitos estudantes dependem exclusivamente de celulares, o que dificulta o acesso a plataformas de aprendizagem e limita a realização de tarefas complexas.
Outro desafio relevante é a baixa formação digital de parte significativa dos alunos. A falta de familiaridade com o uso de tecnologias educacionais impede o pleno aproveitamento das ferramentas disponíveis, exigindo maior suporte institucional e ações de capacitação.
A ausência de um ambiente doméstico apropriado para o estudo também prejudica a aprendizagem. Em residências compartilhadas e barulhentas, com responsabilidades familiares acumuladas, os estudantes têm dificuldades para se concentrar e cumprir as demandas acadêmicas com qualidade.
Muitos cursistas não contam com apoio pedagógico individualizado. A distância física entre docentes e discentes dificulta o acompanhamento contínuo, o que agrava o abandono escolar, especialmente entre aqueles que apresentam dificuldades de aprendizagem ou necessidades educacionais específicas.
A evasão na EaD é frequentemente associada à solidão acadêmica. A carência de interação humana, motivação constante e vínculos afetivos com colegas e professores pode gerar desengajamento, sobretudo entre estudantes com trajetórias escolares marcadas por fracassos anteriores.
Estudantes com deficiência encontram obstáculos adicionais. A falta de recursos de acessibilidade nos ambientes virtuais de aprendizagem impede a participação plena desses sujeitos, negando-lhes o direito a uma educação inclusiva e equitativa, conforme previsto em legislação vigente.
De acordo com Bezerra et al. (2024), a deficiência de tecnologias assistivas nas plataformas educacionais compromete a inclusão de pessoas com deficiência. Sem essas adaptações, os estudantes não conseguem acompanhar os conteúdos de forma autônoma e eficaz.
A ausência de políticas públicas direcionadas à permanência estudantil na EaD agrava o cenário. Faltam iniciativas governamentais de apoio financeiro, distribuição de equipamentos e ampliação do acesso à internet para os segmentos sociais mais fragilizados economicamente.
Também é necessário repensar o papel dos tutores e professores nos cursos a distância. A formação pedagógica para atuar com populações vulneráveis é escassa, o que prejudica a mediação didática e o acolhimento das demandas específicas desses estudantes.
A descontinuidade de programas públicos voltados à inclusão digital representa outro desafio. Sem investimentos constantes e estratégias sustentáveis, as conquistas tornam-se pontuais e insuficientes para enfrentar as desigualdades estruturais que atravessam o sistema educacional brasileiro.
A inclusão na educação a distância exige, portanto, não apenas ampliação de vagas, mas também políticas integradas de permanência, acessibilidade e apoio pedagógico. Só assim será possível transformar o potencial inclusivo da modalidade em realidade concreta para todos os sujeitos.
2.3 Recursos Tecnológicos e Metodológicos para a Inclusão
A educação a distância (EaD) depende fortemente de recursos tecnológicos e metodológicos para garantir a inclusão educacional. Ferramentas digitais e abordagens pedagógicas específicas são fundamentais para atender às diversas necessidades dos estudantes em contextos de vulnerabilidade ou com deficiência.
Leitores de tela são exemplos essenciais de tecnologia assistiva. Esse recurso permite que pessoas cegas ou com baixa visão acessem conteúdos digitais de forma autônoma, convertendo textos escritos em áudio, o que amplia significativamente sua participação em ambientes virtuais de aprendizagem.
A utilização de legendas em vídeos é uma prática inclusiva que beneficia não apenas pessoas surdas, mas também alunos em ambientes ruidosos ou com dificuldades de compreensão auditiva. Essa medida promove a equidade na compreensão dos conteúdos audiovisuais.
A presença de intérpretes de Libras em aulas síncronas e a tradução de materiais para a Língua Brasileira de Sinais são ações fundamentais para a inclusão de estudantes surdos. A acessibilidade linguística assegura seu direito ao aprendizado em igualdade de condições com os demais.
As plataformas acessíveis, quando projetadas segundo critérios de usabilidade e acessibilidade digital, tornam-se ambientes acolhedores para todos os perfis de estudantes. Navegação simples, contraste adequado e compatibilidade com tecnologias assistivas são elementos indispensáveis nessa construção.
Bezerra et al. (2024) apontam que a aplicação de tecnologias assistivas na EaD é uma estratégia eficaz para ampliar o acesso ao conhecimento e garantir a participação ativa de todos, respeitando suas particularidades e promovendo a autonomia acadêmica.
Além da tecnologia, metodologias inclusivas, como o design universal para a aprendizagem (DUA), desempenham papel central. Essa abordagem propõe múltiplos meios de representação, expressão e engajamento, respeitando os estilos e ritmos de aprendizagem de cada estudante.
O DUA favorece a personalização do ensino e promove a equidade ao propor alternativas variadas para o acesso ao conteúdo, a demonstração do conhecimento e a motivação dos alunos. Essa metodologia torna o processo educacional mais flexível e receptivo às diversidades.
A gamificação é outra prática metodológica que estimula o engajamento de diferentes perfis de estudantes. Ao utilizar elementos de jogos, como desafios e recompensas, os cursos tornam-se mais atrativos e incentivam a participação, especialmente entre os jovens.
Ambientes virtuais que integram fóruns, chats e recursos colaborativos favorecem a interação entre os alunos, contribuindo para a construção de vínculos sociais e o sentimento de pertencimento. Esses aspectos são fundamentais para o sucesso na EaD, sobretudo entre os mais isolados.
Boas práticas de inclusão envolvem ainda a oferta de tutorias especializadas. Tutores capacitados para atender às necessidades específicas de determinados grupos são capazes de mediar o aprendizado com mais sensibilidade e eficácia, promovendo a equidade educacional.
A produção de materiais didáticos multimodais, que combinam textos, áudios, vídeos e imagens, é outra estratégia eficaz. Essa diversidade de formatos atende a diferentes estilos de aprendizagem e torna os conteúdos mais acessíveis e atrativos para todos.
O uso consciente e planejado das tecnologias e metodologias inclusivas transforma a educação a distância em uma ferramenta de justiça social. A democratização do conhecimento exige compromisso com a diversidade humana e com a superação das barreiras que limitam a aprendizagem.
2.4 O Papel das Políticas Públicas e Instituições na Promoção da Inclusão na EaD
A promoção da inclusão na educação a distância (EaD) exige ações coordenadas entre governo e instituições educacionais. A atuação conjunta dessas esferas é essencial para garantir equidade de acesso, permanência e sucesso acadêmico de todos os estudantes, especialmente os mais vulneráveis.
As políticas públicas têm papel fundamental na construção de um sistema educacional inclusivo. A Lei nº 13.146/2015, conhecida como Estatuto da Pessoa com Deficiência, assegura o direito à educação em todos os níveis e modalidades, prevendo a oferta de recursos de acessibilidade e apoio especializado.
O Ministério da Educação (MEC) também tem contribuído com diretrizes voltadas à inclusão. A Secretaria de Educação Especial, por exemplo, disponibiliza materiais e programas de formação docente para o atendimento às necessidades educacionais específicas, como o voltado ao ensino de alunos surdos (Brasil, 2006).
Programas de financiamento estudantil e distribuição de equipamentos tecnológicos são iniciativas importantes. Tais medidas visam reduzir desigualdades sociais, possibilitando que estudantes de baixa renda tenham condições mínimas para acompanhar os cursos e concluir sua formação com êxito.
A ampliação do acesso à internet em regiões periféricas e rurais deve ser prioridade das políticas educacionais. Sem conexão estável, os estudantes não conseguem acessar plataformas de aprendizagem, prejudicando a inclusão digital e comprometendo a efetividade da educação a distância.
As instituições de ensino têm responsabilidade direta na promoção da inclusão. Elas devem adotar práticas pedagógicas acessíveis, garantir a presença de tutores qualificados e disponibilizar tecnologias assistivas, assegurando que todos possam usufruir das mesmas oportunidades de aprendizagem.
A capacitação continuada dos docentes é essencial. Professores preparados para lidar com a diversidade conseguem adaptar metodologias e estratégias de ensino, respeitando as limitações e potencialidades dos estudantes, como preconiza o paradigma da educação inclusiva.
Segundo Prodanov e Freitas (2013), a formação docente deve ser orientada por fundamentos teóricos sólidos, aliando conhecimentos pedagógicos, tecnológicos e sociais. Essa abordagem amplia a capacidade crítica e prática dos educadores frente aos desafios da inclusão na EaD.
A criação de núcleos de acessibilidade dentro das instituições é uma prática relevante. Esses espaços atuam no desenvolvimento de ações voltadas a pessoas com deficiência, além de promoverem a sensibilização da comunidade acadêmica sobre os direitos e necessidades desse público.
As universidades e institutos federais têm se destacado por meio de iniciativas inclusivas, como plataformas adaptadas, cursos com intérpretes de Libras e apoio psicopedagógico. Essas experiências demonstram que é possível implementar políticas institucionais eficazes para a educação a distância.
A articulação entre instâncias governamentais e educacionais deve ser pautada pela cooperação. A efetividade das políticas públicas depende do envolvimento ativo das instituições, das redes locais e da sociedade civil na implementação de ações inclusivas e sustentáveis.
Iniciativas regionais também desempenham papel importante. Governos estaduais e municipais podem desenvolver programas específicos de apoio à inclusão digital e educacional, considerando as particularidades territoriais e culturais dos estudantes atendidos.
Para que a educação a distância seja, de fato, um instrumento de inclusão, é imprescindível que as políticas públicas sejam acompanhadas de investimentos consistentes, fiscalização efetiva e avaliação contínua. Somente assim será possível transformar a educação em um direito plenamente acessível.
3 METODOLOGIA
Para atingir os objetivos delineados, este estudo adotou uma metodologia fundamentada na pesquisa bibliográfica, com enfoque qualitativo, exploratório e aplicado, centrando-se na análise de produções acadêmicas, legislações e documentos institucionais. A coleta de dados foi realizada por meio da leitura crítica e seleção criteriosa de fontes atualizadas, permitindo uma análise descritiva e interpretativa do material examinado. Conforme destacam Prodanov e Freitas (2013), esse tipo de abordagem é essencial para garantir uma base teórica sólida e adequada à natureza da investigação científica.
A seleção metodológica baseou-se na consulta a livros e artigos científicos disponíveis tanto em formato impresso quanto em plataformas digitais acadêmicas. O levantamento teórico priorizou publicações dos últimos dez anos, com destaque para produções nacionais e obras internacionais traduzidas para o português, desde que abordassem diretamente os temas centrais do estudo. Essa delimitação temporal e temática teve como finalidade garantir a atualidade e a relevância das informações utilizadas na análise.
Fontes que não apresentavam alinhamento com o referencial teórico proposto ou que se afastavam dos objetivos da pesquisa foram excluídas do corpus analítico. A interpretação dos dados seguiu uma abordagem qualitativa, com o objetivo de identificar padrões, insights e contribuições relevantes à compreensão da problemática investigada. Prodanov e Freitas (2013) ressaltam que a definição criteriosa da metodologia e a seleção adequada das fontes são fundamentais para assegurar a validade científica e a profundidade analítica das pesquisas acadêmicas.
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
A pesquisa bibliográfica revelou que a educação a distância (EaD) tem se consolidado como uma importante ferramenta de inclusão, ao ampliar o acesso ao ensino para públicos diversos e historicamente excluídos, como trabalhadores, mães, pessoas com deficiência e moradores de áreas rurais, conforme discutido por Paschoal, Soares e Costa (2024).
A flexibilidade de tempo e espaço oferecida pela EaD favorece a permanência de estudantes que enfrentam dificuldades de frequentar cursos presenciais. A possibilidade de organizar os próprios horários amplia as chances de conclusão dos estudos e de qualificação profissional, especialmente para quem trabalha em tempo integral ou cuida da família.
A inclusão de pessoas com deficiência na EaD depende diretamente da oferta de recursos acessíveis, como leitores de tela, legendas e intérpretes de Libras. Segundo Bezerra et al. (2024), a presença de tecnologias assistivas nos ambientes virtuais é determinante para a participação efetiva e autônoma desses estudantes.
Os dados também evidenciam que moradores de regiões remotas, como comunidades rurais ou ribeirinhas, são beneficiados pela EaD, que elimina a necessidade de deslocamento. O acesso remoto ao conteúdo educacional representa uma importante estratégia de democratização do ensino nas regiões menos assistidas pela rede presencial.
Por outro lado, a pesquisa identificou diversos desafios que limitam a inclusão na EaD. O acesso precário à internet e a ausência de equipamentos adequados, como computadores ou tablets, impedem muitos estudantes de acompanhar as atividades educacionais de forma eficiente e contínua.
A falta de familiaridade com o uso das tecnologias digitais é outro obstáculo relevante. Muitos estudantes não possuem as habilidades necessárias para interagir com plataformas educacionais. Isso exige ações institucionais de capacitação digital e suporte constante ao longo do processo formativo, como destacam Bezerra et al. (2024).
Adicionalmente, a ausência de ambientes domésticos adequados para o estudo compromete a aprendizagem. Situações como barulho, falta de espaço ou excesso de responsabilidades familiares afetam a concentração e o rendimento acadêmico, dificultando a permanência dos estudantes nos cursos a distância.
A evasão também está ligada à solidão acadêmica e à falta de apoio pedagógico individualizado. A escassa interação com docentes e colegas gera desmotivação, especialmente entre estudantes com trajetórias escolares marcadas por dificuldades e exclusão, exigindo maior presença institucional.
A análise mostrou ainda que metodologias inclusivas, como o Design Universal para a Aprendizagem (DUA), tornam a EaD mais acessível e eficaz. Essa abordagem propõe múltiplas formas de ensinar e avaliar, respeitando os diferentes estilos de aprendizagem e promovendo uma educação mais equitativa.
As políticas públicas e ações institucionais são essenciais para o êxito da inclusão na EaD. Como indicam Prodanov e Freitas (2013), o alinhamento entre práticas pedagógicas e investimentos governamentais é indispensável para transformar a modalidade em um instrumento efetivo de justiça social.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
As discussões apresentadas ao longo deste artigo permitiram alcançar o objetivo proposto de analisar a inclusão educacional na educação a distância (EaD), com foco nas tecnologias, metodologias e políticas públicas que contribuem para esse processo. O estudo partiu do problema da exclusão de determinados grupos sociais do ambiente educacional e buscou compreender de que forma a EaD pode reduzir essas desigualdades.
Observou-se que, embora a educação a distância apresente potencial democratizador, sua efetividade inclusiva depende da superação de desafios relacionados à infraestrutura, formação digital e apoio pedagógico, especialmente para estudantes em situação de vulnerabilidade.
O trabalho evidenciou que a utilização de tecnologias assistivas, metodologias inclusivas e ações institucionais comprometidas pode favorecer a participação plena de todos os estudantes. Além disso, mostrou-se que políticas públicas são essenciais para garantir o acesso, a permanência e o sucesso acadêmico.
Como contribuição, o estudo oferece subsídios para ampliar o debate sobre práticas inclusivas na EaD. Contudo, limita-se a uma abordagem bibliográfica, o que restringe sua aplicação empírica. Para futuras pesquisas, sugere-se o desenvolvimento de estudos de campo que avaliem a implementação das práticas inclusivas em contextos educacionais reais, especialmente nas instituições públicas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BEZERRA, E. B.; LUNA, C. B. B.; SILVA, A. L. da; PEREIRA, H. de L. Utilização da tecnologia assistiva para a educação à distância. Revista de Gestão e Secretariado, [S. l.], v. 15, n. 12, p. e4413, 2024.
BRASIL. Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015 (Estatuto da Pessoa com Deficiência). Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13146.htm. Acesso em: 10 de maio de 2025.
_______. Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial. Saberes e práticas da inclusão: desenvolvendo competências para o atendimento às necessidades educacionais especiais de alunos surdos. 2. ed. Brasília, 2006. Disponível em: https://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/alunossurdos.pdf. Acesso em: 10 de maio de 2025.
PASCHOAL, A. S. B. S.; SOARES, C. da S.; COSTA, T. L. da. A Educação a distância (EAD) como oportunidade de inclusão. Poíesis Pedagógica, Catalão, v. 22, p. e2024003, 2024.
PRODANOV, C. C.; FREITAS, E. C. de. Metodologia do trabalho científico: métodos e técnicas da pesquisa e do trabalho acadêmico. 2. ed. Novo Hamburgo, RS: Feevale, 2013.
1 Supervisora da Educação Básica na Escola Municipal Dona Durvalina na cidade de São João do Manhuaçu - MG. Graduada em Pedagogia. Especialista em Educação Inclusiva. Mestranda em Tecnologias Emergentes em Educação pela Must University. E-mail: [email protected].