ENRIQUECENDO O PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM: EXPLORANDO O PEER INSTRUCTION NA EDUCAÇÃO CONTEMPORÂNEA
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REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.17335840
Patrícia Aparecida Daminelli Kestering1
RESUMO
Este trabalho de conclusão da disciplina de Teorias e práticas de Aprendizagem Ativa, tem por objetivo pesquisar e estudar referências bibliográficas a acerca das metodologias ativas no âmbito educacional, com enfoque na ferramenta Peer Instruction ou instrução entre pares e suas possiblidades de utilização em aulas presenciais e on-line. Diante da leitura de alguns autores, bem como, os estudos da disciplina, percebe-se que o abandono das metodologias tradicionais são essenciais para a promoção do processo de ensino-aprendizagem dos estudantes das gerações atuais. A este encontro as metodologias ativas de aprendizagem emergem como forma de contemplar esta demanda. Uma delas é o Peer Instruction, o qual promove que o processo de aprendizagem se dá na interação entre os estudantes para a solução de um problema, e nesta interação, há a construção do próprio conhecimento do estudante. Objetivando assim, uma aula muito mais dinâmica, atrativa e tornando o processo de aprendizagem mais significativo.
Palavras-chave: Metodologias Ativas. Ensino-Aprendizagem. Peer Instruction. Gerações. Conhecimento.
ABSTRACT
This final work for the discipline of Active Learning Theories and Practices aims to research and study bibliographical references about active methodologies in the educational field, focusing on the Peer Instruction tool or instruction between peers and its possibilities for use in face-to-face classes and online. After reading some authors, as well as studying the subject, it is clear that the abandonment of traditional methodologies is essential for promoting the teaching-learning process of students of current generations. At this meeting, active learning methodologies emerge as a way of meeting this demand. One of them is Peer Instruction, which promotes that the learning process takes place in the interaction between students to solve a problem, and in this interaction, there is the construction of the student's own knowledge. Thus aiming for a much more dynamic, attractive class and making the learning process more meaningful.
Keywords: Active Methodologies. Teaching-Learning. Peer Instruction. Generations. Knowledge.
INTRODUÇÃO
Com toda evolução humana social e consequentemente também no processo educacional, tornou-se fundamental o aprimoramento das práticas pedagógicas para que se possa atender a demanda de estudantes das gerações atuais, sendo assim, é primordial refletir sobre enriquecimento curricular dos estudantes. A este encontro emerge as metodologias ativas de aprendizagem que buscam promover um processo de ensino-aprendizagem mais dinâmico, criativo e significativo. Neste sentido, o estudante deixa de ser sujeito passivo e passa a ser protagonista na construção do seu conhecimento.
As metodologias ativas são diversificadas ferramentas que possibilitam essa atuação integral dos estudantes no processo de aprendizagem. O presente trabalho apresenta enfoque na ferramenta Peer Instruction e sua utilização em aulas presenciais e on-line. O qual objetiva a construção do conhecimento na interação entre os estudantes.
O presente trabalho teve como metodologia a revisão bibliográfica com uma abordagem qualitativa para buscar responder sobre a importância das metodologias ativas de aprendizagem na educação atual com enfoque na ferramenta Peer Instruction.
Para isso, incialmente farse-a uma pesquisa acerca da contextualização da contribuição das metodologias ativas de aprendizagem para o atendimento dos estudantes nesta educação contemporânea, bem como, o papel do professor deste método de ensino.
Na continuidade, aborda-se sobre a ferramenta Peer Instruction, suas contribuições para o processo de ensino-aprendizagem. O qual pode ser compreendido como uma ferramenta de fácil aplicação, desenvolvida por Eric Mazur, da Universidade de Harvard.
Por fim, a luz dos referenciais teóricos faz-se uma análise e sugestões de atividades da ferramenta Peer Instruction nas aulas presenciais e on-line. Possibilitando assim, um ambiente escolar mais inclusivo, dinâmico e com inúmeras possibilidades enriquecedoras para o processo de ensino e aprendizagem.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Acompanhando a evolução social, a revolução tecnológica está presente em todos os aspectos, e isto não é diferente no cenário educacional. Para atender a demanda de gerações da sociedade atual, também se fez necessário repensar o processo de ensino-aprendizagem nas salas de aulas.
Com uma sociedade muito mais atenta aos avanços tecnológicos, a educação também passou a estar mais conectada, sendo influenciada pela tecnologia. Dessa forma, propondo uma educação muito mais atraente e prazerosa.
O estudante é cada vez mais protagonista do seu processo de ensino-aprendizagem, enriquecendo ainda mais sua qualificação no mercado de trabalho. Neste sentindo, educação e tecnologia andam lado a lado, atualmente buscamos uma educação que seja significativa e prazerosa aos nossos estudantes, assim, destaca-se a importância da contribuição do desenvolvimento tecnológico em sala de aula. (Tani, 2022).
Diante deste contexto, as metodologias ativas como estratégias pedagógicas inseridas nas propostas de sala de aula vêm com objetivo de contribuir para este processo de ensino-aprendizagem, colocando o estudante como foco neste processo. (Buesa, 2023).
Deste modo, pode-se dizer que as metodologias ativas criam situações de aprendizagens onde o estudante participa ativamente do processo de aprendizagem, ou seja, possui uma postura ativa, está no centro, e o professor encoraja-o a participar engajadamente na construção do conhecimento, assumindo um papel de intermediador e/ou facilitador do processo de aprendizagem.
Em controverso aos métodos tradicionais, onde os estudantes são apenas receptores e decoradores de conteúdos, nas práticas pedagógicas com metodologias ativas os estudantes são envolvidos no processo, são desafiados a pensar, resolver problemas, ouvir, falar, questionar, debater, fazer e até mesmo ensinar, são estimulados a construir seus saberes, dessa forma, o estudante têm um papel mais significativo no seu aprendizado. (Buesa, 2023).
A este encontro, Mitre (2008, p. 2137, como citado em Pinto; et al. 2012, p. 79), aborda que,
O estudante precisa assumir um papel cada vez mais ativo, descondicionando-se da atitude de mero receptor de conteúdos, buscando efetivamente conhecimentos relevantes aos problemas e aos objetivos da aprendizagem. Iniciativa criadora, curiosidade científica, espírito crítico reflexivo, capacidade para autoavaliação, cooperação para o trabalho em equipe, senso de responsabilidade, ética e sensibilidade na assistência são características fundamentais a serem desenvolvidas em seu perfil.
Pensar nas metodologias ativas associadas a evolução constante tecnológica que está cada vez mais presente no ambiente escolar, é perceber as possibilidades de se expandir uma aprendizagem significativa aos estudantes, tornando assim, “agradável a tarefa de ensinar aprender, recuperando o prazer e a vontade dos estudantes pela aquisição do saber que é o grande foco da educação moderna” (Buesa, 2023, p. 04).
A tecnologia no âmbito educacional nos possibilita aprender de qualquer lugar, contribuindo assim, para potencializar as aulas não presenciais. Sendo assim, professores devem utilizar a tecnologia como um aliado para o processo de ensino-aprendizagem, tornando-a mais prazerosa e significativa. Para isso, é fundamental que tenhamos profissionais competentes ou dispostos a acompanhar e utilizar a evolução tecnológica na educação. Segundo Lushesi; Lara & Santos (2022, p. 14), “[...] os professores da atualidade têm de se reinventar e buscar novas formas de envolver os alunos, desse modo, proporcionando a troca de conhecimentos e a autonomia dos estudantes”.
RESULTADO E DISCUSSÃO
Compreender o uso da tecnologia como aliado no âmbito educacional é uma tarefa que vem sendo conhecida aos poucos, neste sentido, os professores foram aprendendo a “não temer as máquinas e a não achar que elas poderiam substituir a figura docente em suas aulas” (Buesa, 2023, p. 03).
Sendo assim, a atuação docente na era digital necessita de um profissional com perfil criativo, inovador, persistente, motivador, ter inciativa, assumir desafios, entre outras características (Munhoz, 2019). Ao encontro disso, docentes devem utilizar-se das metodologias ativas como aliadas na formação destes estudantes cada vez mais conectados e globalizados.
Segundo Buesa (2023), as metodologias ativas são técnicas pedagógicas que objetivam engajar os estudantes para que de fato sejam protagonistas no seu processo de aprendizagem, abandonando o ensino tradicional onde os estudantes eram meros receptores de informações, para que assim, possam ser construtores de seu conhecimento, tornando o processo de aprendizagem mais significativo.
Nas palavras de Diesel; Baladez & Martins, 2017, como citado em Lushesi; Lara & Santos, 2022, p. 14 “as metodologias ativas priorizam os estudantes como centro do processo de ensino-aprendizagem, com experiências, valores e opiniões valorizadas para a construção coletiva do conhecimento.”
Diante dos estudos bibliográficos percebe-se que há diversificadas metodologias ativas que podem ser utilizadas no contexto escolar: sala de aula invertida, aprendizagem baseada em problemas, gamificação, aprendizagem baseada em projetos, aprendizagem baseada em equipes, instrução entre pares ou peer instruction, entre outras, todas objetivam o estudante como protagonista do processo de aprendizagem.
A seguir apresenta-se a metodologia ativa Peer Instruction ou instrução entre pares onde o processo de aprendizagem se dá na interação entre os estudantes para a solução de um problema.
O Peer Instruction, é um tipo de metodologia pedagógica bastante utilizada como ferramenta de aprendizagem das metodologias ativas. E que também se considera uma técnica simples, bem como, permite que o professor desenvolva aulas mais envolventes e prazerosas. O objetivo desta técnica é envolver os estudantes nas atividades e discussões para a efetiva aprendizagem (Ferreira; Moreira, 2017).
Esta metodologia foi desenvolvida por Eric Mazur na Universidade de Harvard, após perceber que durante uma revisão de conteúdo seus estudantes não estavam compreendendo nada. (Buesa, 2023).
De maneira geral, o peer instruction modifica o método tradicional de ministrar aulas expositivas e conceituais. Para utilizar desta técnica, os estudantes recebem as indicações dos conteúdos que serão estudados e os realizam sozinhos. Em sala de aula, o professor faz uma breve explicação do conteúdo e apresenta questões de múltipla escolha para que assim os estudam possam refletir e responder de maneira individual. (Buesa, 2023). Após as respostas é incentivada a discussão entre os pares para que possam explicar ao seu par o entendimento sobre o assunto.
Segundo Munhoz (2019, p. 300), “o resultado final é obtido dessas discussões e ele aponta para uma solução conjunta do problema, sem individualizar em grupos, o que é proposto na abordagem tradicional do método. Aqui é colocado um problema para todos resolverem de forma conjunta.”
O método Peer Instruction, também conhecido como Instrução entre Pares, representa uma das abordagens mais significativas dentro do campo das metodologias ativas de aprendizagem, as quais buscam colocar o estudante no centro do processo de ensino-aprendizagem. Em vez de assumir uma postura passiva diante do conhecimento, o aluno torna-se agente de sua própria formação, construindo saberes de forma colaborativa, crítica e reflexiva. Nesse contexto, o Peer Instruction destaca-se como uma proposta pedagógica que promove a troca de conhecimentos, a discussão de ideias e o desenvolvimento de habilidades socioemocionais e cognitivas, alinhando-se às demandas da educação contemporânea e à formação de sujeitos autônomos e participativos (Buesa, 2023).
Neste sentido, observou-se que o Peer Instruction consiste em um método em que os estudantes aprendem uns com os outros, havendo colaboração, debate e compartilhamento de saberes. Essa dinâmica possibilitou uma aprendizagem significativa e prazerosa, uma vez que envolve os estudantes na construção do próprio conhecimento, promovendo o engajamento ativo e o protagonismo discente. A metodologia favoreceu a reflexão individual e coletiva, bem como o desenvolvimento de competências comunicativas e de argumentação, essenciais no processo formativo.
Compreendendo as características e as estratégias de aplicação deste método, percebeu-se a importância de sua utilização tanto em aulas presenciais quanto nas modalidades on-line, especialmente no cenário educacional atual, que demanda inovação, flexibilidade e o uso de tecnologias digitais. Buesa (2023) destaca que o Peer Instruction pode ser adaptado a diferentes níveis de ensino e contextos, sempre respeitando as especificidades da turma e os objetivos pedagógicos propostos.
Nas aulas presenciais, o Peer Instruction pode ser desenvolvido por meio de diferentes estratégias. Uma delas é a discussão em grupo, em que o professor propõe uma situação-problema e os alunos, divididos em pequenos grupos, analisam, debatem e formulam respostas, compartilhando-as posteriormente com toda a turma. Essa prática permite que os estudantes desenvolvam a escuta ativa, o respeito às opiniões divergentes e a capacidade de argumentar com base em fundamentos sólidos. Outra estratégia eficaz são as atividades cooperativas, nas quais os alunos trabalham de forma colaborativa em projetos, estudos de caso ou apresentações, fortalecendo o senso de coletividade e a responsabilidade compartilhada. Além disso, a aprendizagem baseada em problemas (PBL), integrada ao Peer Instruction, estimula os alunos a desenvolverem o pensamento crítico e a capacidade de resolução de problemas reais, colocando-os como protagonistas da construção de soluções e tornando o processo de aprendizagem mais dinâmico e prazeroso.
Já nas aulas on-line, a aplicação do Peer Instruction se revelou igualmente potente, pois as tecnologias digitais ampliam as possibilidades de interação e colaboração entre os estudantes. Os fóruns de discussão são exemplos de ferramentas que permitem aos alunos trocar ideias e construir conhecimento de forma coletiva, mesmo à distância. Esses espaços virtuais de debate se mostraram fundamentais para a socialização de saberes e o fortalecimento de vínculos acadêmicos. Além disso, os trabalhos compartilhados em nuvem, como os desenvolvidos em plataformas como o Google Docs, favoreceram a coautoria e a aprendizagem colaborativa, permitindo que os alunos contribuíssem simultaneamente na produção de textos, apresentações e projetos.
Outras ferramentas, como as salas de aula virtuais, proporcionaram interação em tempo real entre professores e estudantes, criando um ambiente que reproduz, de forma adaptada, as dinâmicas de uma sala de aula presencial. As avaliações on-line, por sua vez, possibilitaram que os alunos respondessem questões de forma autônoma e, posteriormente, discutissem as respostas entre si, fortalecendo o raciocínio crítico e a compreensão dos conteúdos. Por fim, a apresentação de conteúdos digitais antes das aulas presenciais permitiu que o tempo em sala fosse utilizado para a discussão e o aprofundamento, alinhando-se ao conceito de sala de aula invertida — prática que dialoga diretamente com o Peer Instruction.
De acordo com Ferreira e Moreira (2017), o uso do Peer Instruction em experiências educacionais no Brasil tem apresentado resultados positivos no que diz respeito à melhoria da participação discente, ao desenvolvimento da autonomia e ao fortalecimento da aprendizagem significativa. Os autores apontam que, ao promover o diálogo e a troca de experiências entre os estudantes, o método favorece a compreensão de conceitos complexos e estimula a capacidade de argumentação e reflexão crítica.
Essa abordagem também contribuiu para reduzir a distância entre teoria e prática, permitindo que os alunos aplicassem os conhecimentos adquiridos em situações reais ou simuladas. Além disso, observou-se que o Peer Instruction fortaleceu a relação entre professor e estudante, uma vez que o docente passou a atuar como mediador do conhecimento, orientando e estimulando o raciocínio coletivo, em vez de apenas transmitir informações.
Na educação on-line, Ferreira e Moreira (2017) ressaltam que o método pode ser potencializado pelo uso de tecnologias de comunicação e colaboração, tornando-se um instrumento poderoso para o ensino híbrido e a educação digital. As plataformas educacionais e os ambientes virtuais de aprendizagem (AVAs) tornam-se espaços ideais para a aplicação do Peer Instruction, uma vez que permitem o acompanhamento do progresso dos alunos, a mediação de debates e o compartilhamento de materiais multimídia.
Ao analisar os benefícios pedagógicos do Peer Instruction, Buesa (2023) enfatiza que ele favorece o desenvolvimento de habilidades cognitivas superiores, como análise, síntese e avaliação, além de promover competências socioemocionais, como empatia, comunicação e trabalho em equipe. Dessa forma, o método responde às demandas da educação do século XXI, que valoriza a formação integral do sujeito e o desenvolvimento de aprendizagens significativas e duradouras.
Diante das sugestões apresentadas e dos estudos acerca do tema, observou-se que a implementação do Peer Instruction exige planejamento pedagógico cuidadoso, mediação ativa do professor e um ambiente que estimule o diálogo e a colaboração. O papel do docente é fundamental para orientar, acompanhar e avaliar as interações entre os estudantes, garantindo que o processo de ensino-aprendizagem seja realmente produtivo.
Assim, concluiu-se que a metodologia Peer Instruction é uma proposta pedagógica inovadora e transformadora, que traz consigo inúmeras possibilidades de aprendizagem entre os estudantes, tanto em ambientes presenciais quanto on-line. Ao promover a troca de saberes, a construção coletiva do conhecimento e a reflexão crítica, essa abordagem torna o processo de ensino-aprendizagem mais significativo, participativo e prazeroso.
Dessa forma, espera-se que este estudo contribua para a valorização de práticas pedagógicas ativas e colaborativas, estimulando professores e instituições a repensarem suas metodologias de ensino e a incorporarem o Peer Instruction como uma ferramenta essencial para o enriquecimento do processo educacional contemporâneo, alinhando-se às exigências da sociedade atual e ao desenvolvimento integral dos estudantes.
Diante das sugestões apresentadas e dos estudos acerca do tema, percebe-se que é importante que professor faça as orientações diante das atividades propostas, mas que a utilização da metodologia Peer Instruction é uma proposta pedagógica que traz consigo muitas possibilidades de aprendizagem entre os estudantes, tornando o processo de ensino-aprendizagem significativo e prazeroso, e assim, motivando os estudantes das gerações atuais para a continuidade no processo do aprender.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante das transformações sociais e tecnológicas que caracterizaram o mundo contemporâneo, o campo educacional passou por um processo inevitável de reconfiguração. A entrada das novas gerações nas instituições de ensino trouxe consigo novos modos de aprender, de se relacionar com o conhecimento e de interagir com o ambiente escolar. As metodologias tradicionais, centradas na transmissão de conteúdos e na figura do professor como único detentor do saber, mostraram-se cada vez menos eficazes diante das demandas e expectativas dos estudantes atuais, que buscam experiências de aprendizagem mais participativas, colaborativas e conectadas com a realidade digital.
Nesse contexto, a necessidade de repensar a prática pedagógica tornou-se uma exigência para todos os profissionais da educação. O papel do professor passou a ser o de mediador e facilitador do conhecimento, criando condições para que o estudante pudesse desenvolver autonomia, senso crítico e protagonismo em seu processo de aprendizagem. O uso de recursos tecnológicos emergiu como um importante aliado nesse processo de transformação, oferecendo meios para que as aulas se tornassem mais interativas, dinâmicas e alinhadas às formas de comunicação e interação que os alunos já utilizam fora da escola.
As metodologias ativas surgiram, assim, como uma resposta às limitações das abordagens tradicionais, propondo um novo paradigma educacional centrado no estudante. Por meio delas, o ensino deixa de ser um processo unidirecional e passa a ser construído de forma compartilhada, com a participação efetiva de todos os envolvidos. Nesse tipo de metodologia, o conhecimento não é apenas recebido, mas construído a partir da experiência, da problematização e da reflexão crítica sobre a realidade.
Entre as diversas metodologias ativas existentes, o Peer Instruction destacou-se por sua capacidade de promover o diálogo e a colaboração entre os estudantes. Essa abordagem baseia-se na troca de saberes e na discussão coletiva como meio de consolidação do conhecimento. O professor, ao invés de ser o único responsável por transmitir as informações, propõe situações-problema, perguntas conceituais e desafios que incentivam o aluno a refletir, argumentar e debater com os colegas, construindo, assim, uma compreensão mais profunda e significativa dos conteúdos.
A essência do Peer Instruction está na interação. Quando o estudante explica uma ideia para outro colega, ele também reforça seu próprio aprendizado, pois precisa organizar o raciocínio, articular o pensamento e comunicar com clareza o que compreendeu. Além disso, o contato com perspectivas diferentes amplia o entendimento coletivo, permitindo que a turma construa, em conjunto, soluções mais criativas e completas. Essa troca de papéis entre aprendizes e ensinantes transforma o ambiente da sala de aula em um espaço de diálogo, respeito e construção mútua.
No ambiente presencial, o Peer Instruction se mostrou uma metodologia de grande potencial para o desenvolvimento de aulas participativas. Por meio de dinâmicas em grupo, debates orientados e resolução colaborativa de problemas, os estudantes puderam exercitar não apenas o raciocínio lógico, mas também habilidades socioemocionais, como empatia, escuta ativa e trabalho em equipe. O professor, por sua vez, assumiu a função de mediador, promovendo questionamentos e incentivando a reflexão sobre os argumentos apresentados, sem impor respostas prontas. Essa postura favoreceu a autonomia intelectual dos alunos e criou um espaço onde todos se sentiram parte integrante do processo de ensino-aprendizagem.
Já nas aulas on-line, o Peer Instruction apresentou novas possibilidades de aplicação, especialmente com o uso de ferramentas digitais que permitem a interação e a colaboração a distância. Plataformas virtuais de aprendizagem, fóruns de discussão, videochamadas e documentos compartilhados tornaram-se meios eficazes para que os estudantes pudessem debater ideias e construir conhecimentos coletivamente, mesmo sem estarem fisicamente próximos. Essa experiência contribuiu para derrubar a visão de que a educação a distância é solitária, mostrando que o aprendizado colaborativo também pode florescer em ambientes digitais quando há planejamento e intencionalidade pedagógica.
A metodologia também se mostrou capaz de promover aprendizagens mais duradouras e significativas, pois envolveu o estudante de forma ativa e emocional no processo. Quando o aluno participa, opina, explica e é ouvido, o conteúdo ganha sentido. O aprendizado deixa de ser uma obrigação e passa a ser uma experiência de descoberta e construção pessoal. A motivação, que muitas vezes se perde nas metodologias tradicionais, ressurge como um elemento essencial para o sucesso da aprendizagem.
Além disso, o Peer Instruction fortaleceu o vínculo entre professor e estudante, pois ambos passaram a atuar como parceiros no processo educativo. Essa relação horizontalizada contribuiu para o desenvolvimento de uma cultura de confiança e respeito mútuo, essenciais para um ambiente de aprendizagem saudável e produtivo. Ao compartilhar responsabilidades e reconhecer o papel ativo dos alunos, o professor estimulou neles o senso de pertencimento e a consciência de que o aprendizado é fruto do esforço coletivo.
A aplicação dessa metodologia também favoreceu a integração entre teoria e prática. Ao serem convidados a discutir e resolver problemas reais ou situações que simulam contextos da vida cotidiana, os estudantes conseguiram visualizar a utilidade do que estavam aprendendo, o que gerou maior engajamento e interesse. Essa aproximação com a realidade contribuiu para o desenvolvimento do pensamento crítico e da capacidade de aplicar os conhecimentos adquiridos em diferentes contextos, dentro e fora da escola.
Por outro lado, a adoção do Peer Instruction também exigiu dos professores uma mudança de postura e planejamento pedagógico cuidadoso. O docente precisou reorganizar o tempo de aula, elaborar questões desafiadoras e promover um ambiente de respeito e escuta ativa entre os alunos. Essa transição, embora desafiadora, representou uma oportunidade de crescimento profissional e pessoal, uma vez que o professor passou a aprender continuamente com as interações e descobertas realizadas pelos estudantes.
Ao longo do processo, ficou evidente que a aplicação de metodologias ativas, especialmente o Peer Instruction, não se limita a um conjunto de técnicas, mas envolve uma mudança de concepção sobre o que é ensinar e aprender. Trata-se de uma proposta que redefine o papel do professor, transforma a sala de aula em um espaço de diálogo e faz do estudante o protagonista do próprio percurso educativo.
O Peer Instruction revelou-se uma metodologia capaz de responder aos desafios da educação contemporânea, pois estimula a autonomia, a colaboração e o pensamento crítico dos estudantes. Seu uso em ambientes presenciais e on-line mostrou que, quando o ensino é planejado de forma intencional e participativa, o aprendizado torna-se mais envolvente e significativo.
Dessa forma, compreendeu-se que a educação do século XXI deve valorizar metodologias que respeitem a diversidade de ritmos, estilos e formas de aprender, utilizando a tecnologia não como fim, mas como meio para ampliar as oportunidades de interação e construção do conhecimento. A proposta do Peer Instruction reforçou a ideia de que ensinar não é apenas transmitir informações, mas criar experiências que inspirem o estudante a aprender por si mesmo, despertando nele o prazer pelo conhecimento e o desejo de continuar aprendendo ao longo da vida.
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1 Mestre em Tecnologias Emergentes da Educação pela Must University. E-mail: [email protected]