EDUCAÇÃO FINANCEIRA NO ENSINO MÉDIO: ESTRATÉGIAS PARA FORMAÇÃO DE HÁBITOS DE CONSUMO CONSCIENTE

PDF: Clique aqui


REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.17460723


Fabíula Grasiela Brandt1


RESUMO
Este artigo aborda a crescente importância da educação financeira nas escolas e propõe estratégias concretas para integrar a matemática financeira no currículo escolar. A falta de conhecimento financeiro é um problema persistente que afeta indivíduos em todas as faixas etárias, resultando em decisões financeiras prejudiciais e impactos negativos nas finanças pessoais. O artigo argumenta que a matemática financeira é uma ferramenta fundamental para promover a educação financeira e capacitar os alunos a tomar decisões financeiras informadas. Ele destaca a necessidade de iniciar o ensino de conceitos financeiros desde tenra idade, preparando os alunos para lidar com desafios financeiros ao longo de suas vidas. O artigo descreve várias estratégias que os educadores podem implementar para promover a educação financeira na sala de aula, incluindo o uso de planilhas para criar orçamentos pessoais simulados, jogos de simulação de investimento em ações, análises de descontos e promoções, e atividades práticas que ajudam os alunos a aplicar seus conhecimentos em situações do mundo real. Além disso, o artigo enfatiza a importância da avaliação da aprendizagem financeira dos alunos e discute como medir o impacto a longo prazo da educação financeira em suas vidas. Também aborda desafios comuns enfrentados pelos educadores, como a resistência dos alunos e a necessidade de recursos educacionais eficazes. Em última análise, o artigo conclui que a integração da matemática financeira na sala de aula não é apenas uma estratégia educacional, mas um investimento no futuro financeiro dos alunos. Capacitar os alunos a tomar decisões financeiras informadas não apenas beneficia indivíduos, mas também contribui para a construção de uma sociedade mais financeiramente consciente e responsável. A metodologia foi a bibliográfica por meio da coleta de informações em livros e artigos com relação ao tema proposto.
Palavras-chave: Matemática Financeira. Estratégias Pedagógicas. Aprendizagem.

ABSTRACT
This article discusses the growing importance of financial education in schools and proposes concrete strategies to integrate financial mathematics into the school curriculum. The lack of financial knowledge is a persistent problem that affects individuals of all ages, resulting in poor financial decisions and negative impacts on personal finances. The article argues that financial mathematics is a fundamental tool for promoting financial education and empowering students to make informed financial decisions. It highlights the need to introduce financial concepts from an early age, preparing students to deal with financial challenges throughout their lives. The article describes several strategies that educators can implement to promote financial education in the classroom, including the use of spreadsheets to create simulated personal budgets, stock investment simulation games, analyses of discounts and promotions, and practical activities that help students apply their knowledge to real-world situations. Furthermore, the article emphasizes the importance of assessing students’ financial learning and discusses how to measure the long-term impact of financial education on their lives. It also addresses common challenges faced by educators, such as student resistance and the need for effective educational resources. Ultimately, the article concludes that integrating financial mathematics into the classroom is not only an educational strategy but also an investment in students’ financial future. Empowering students to make informed financial decisions not only benefits individuals but also contributes to building a more financially aware and responsible society. The methodology used was bibliographic, based on the collection of information from books and articles related to the proposed topic.
Keywords: Financial Mathematics. Pedagogical Strategies. Learning.

1. INTRODUÇÃO

Este artigo tem como objetivo explorar a integração da matemática financeira no contexto da sala de aula e apresentar estratégias eficazes para promover a educação financeira entre os alunos. Examinaremos como os educadores podem utilizar os princípios da matemática financeira para criar experiências de aprendizado significativas e práticas, capacitando os alunos a compreender e aplicar conceitos financeiros em suas vidas reais. Além disso, discutiremos a importância de abordar a educação financeira desde tenra idade, garantindo que os alunos estejam preparados para enfrentar as complexidades do mundo financeiro à medida que progridem em suas vidas acadêmicas e profissionais.

Num mundo cada vez mais complexo, onde as decisões financeiras moldam não apenas o presente, mas também o futuro, a necessidade de uma educação financeira robusta nunca foi tão evidente. A Matemática Financeira emerge como uma ferramenta essencial para compreender e navegar pelas águas turbulentas do cenário financeiro contemporâneo. Nesta introdução, exploraremos a importância crescente da educação financeira e como estratégias de ensino de Matemática Financeira podem ser fundamentais para capacitar as gerações futuras a tomar decisões informadas e responsáveis sobre dinheiro.

Vivemos numa era em que as escolhas financeiras, desde investimentos até o gerenciamento do orçamento pessoal, desempenham um papel vital na qualidade de vida das pessoas. Entretanto, muitos se veem despreparados para enfrentar os desafios financeiros do dia a dia. A falta de educação financeira contribui para uma sociedade vulnerável a armadilhas como endividamento excessivo, decisões de investimento equivocadas e uma compreensão limitada sobre como otimizar recursos.

Nesse contexto, a Matemática Financeira surge como uma ferramenta poderosa para dotar os indivíduos com as habilidades necessárias para tomar decisões informadas e ponderadas sobre seus recursos financeiros. A sala de aula, sendo um ambiente de aprendizagem crucial, desempenha um papel vital na promoção da educação financeira desde a juventude.

A Matemática Financeira vai muito além dos cálculos frios e das fórmulas complexas; ela é a chave para desvendar os mistérios dos mercados, compreender o impacto das taxas de juros e moldar estratégias de investimento sólidas. Ao introduzir essa disciplina no currículo escolar, não apenas capacitamos os alunos com habilidades numéricas avançadas, mas também lhes proporcionamos as ferramentas necessárias para decifrar o mundo financeiro que os cerca.

É imperativo que os educadores compreendam o papel transformador que a Matemática Financeira pode desempenhar na vida de seus alunos. Ela não apenas abre portas para carreiras em finanças, mas também capacita os jovens a navegar pelo complexo cenário econômico global. A justificativa para incorporar a educação financeira na sala de aula não reside apenas na preparação para carreiras, mas na construção de cidadãos financeiramente alfabetizados e conscientes.

Enquanto a importância da Matemática Financeira é evidente, a abordagem de como ensiná-la de maneira eficaz é crucial. Estratégias inovadoras são necessárias para envolver os alunos, tornar os conceitos financeiros acessíveis e promover uma compreensão profunda. Desde jogos educativos até simulações de investimento, há uma gama de técnicas que podem tornar a Matemática Financeira não apenas educativa, mas também cativante.

Desde a construção de lições interativas até o uso de tecnologias educacionais, a abordagem pedagógica deve ser tão dinâmica quanto os próprios mercados financeiros. Em última análise, a Matemática Financeira na sala de aula não é apenas sobre números; é sobre capacitar os alunos a forjar caminhos financeiros sólidos em meio às complexidades da vida moderna.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

O ensino é um processo contínuo e lento, ativo, deliberado e ordenado. Ensinar e aprender cria capacidade de um indivíduo compartilhar e aprimorar habilidades e conhecimentos, mas a saída do ensino como profissão é relativamente recente. No ensino de ciências, um dos principais objetivos é desenvolver a capacidade de resolver problemas em um indivíduo (LEAL, MIRANDA, CASA NOVA, 2017).

Para Marin et al. (2010), a matemática oferece uma oportunidade de pensamento crítico e integra os conceitos do ser humano de ambiente natural e estabelecimento do meio ambiente. A matemática é considerada um assunto difícil tanto para os alunos quanto para os professores, pois eles enfrentam muitos problemas no processo de ensino e aprendizagem. Esse problema se deve à abordagem tradicional do método de ensino da matemática, porque essa abordagem não produz bons resultados, nem atende aos requisitos contemporâneos do país.

Entre as ciências, a matemática é considerada um assunto fundamental. Ela impregna os alunos com pensamento sistemático e fornece as teorias necessárias para entender a mecânica de como as coisas que a humanidade depende do trabalho. Ele fornece aos alunos habilidades analíticas, de resolução de problemas e quantitativas, importantes para muitas ciências (SOBRAL, CAMPOS, 2012).

A matemática como disciplina prepara os alunos para sintetizar e analisar dados e apresentar suas descobertas em formatos compreensíveis. A sistematização da técnica científica de resolução de problemas é empregada. A ligação entre a matemática e outras ciências é profunda continua a se expandir tremendamente no mundo contemporâneo (BARBOZA, MOURA, 2013).

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

As dificuldades dos alunos no ensino e aprendizagem de matemática estão relacionadas à sua capacidade matemática que não foi suficiente para associar os conceitos matemáticos ao conhecimento da matemática (SOBRAL, CAMPOS, 2012).

Moreira (2017) explicou que as atividades de aprendizado devem ser iniciadas de assuntos concretos a abstratos, do conhecido pelo desconhecido, do próximo ao distante, do fácil ao complexo. Ele também acrescentou que, por exemplo, os alunos devem aprender os assuntos que eles já conheceram para aprender os assuntos que eles não conheceram conhecido. Esta afirmação implica que o conceito matemático como base da física deve ser ensinado primeiro.

Se o conceito matemático não foi ensinado, enquanto no mesmo o currículo da matemática exige que sejam ensinados imediatamente, os alunos terão dificuldades em frequentar o processo de ensino e aprendizagem de matemática, exige requisitos matemáticos (CAMARGO, DAROS, 2018).

Portanto, os professores de matemática devem primeiro confirmar que o currículo implementado forneceu um pré-requisito na forma de suficiente domínio de conceitos matemáticos como base para o estudo da matemática. Além disso, o professor deve prestar atenção à sequência curricular que foi sincronizada às matérias que foram ensinadas juntamente com as lições de pré-requisito. Nesse caso, idealmente, a matemática os pré-requisitos devem ser estudados primeiro antes de estudar matemática. Se a competência matemática é necessária para resolvendo os problemas físicos, será mais sábio ensinar matemática primeiro (BOFF, BASTOS, 2017).

Ser capaz de aplicar habilidades matemáticas no ensino e aprendizagem de matemática, domínio de conceitos matemáticos torna-se a chave principal. Alguns obstáculos enfrentados pelos alunos, a saber, a falta de domínio de conceitos em matemática fazer com que os alunos sejam menos capazes de se conectar entre conceitos para resolver problemas (MOREIRA, 2017).

Um estudante de matemática geralmente possui excelentes habilidades analíticas, quantitativas e de resolução de problemas. Eles têm a capacidade de sintetizar e analisar grandes quantidades de dados e apresentar sua análise de uma forma facilmente compreensível. Quando confrontados com um problema específico, são ensinados a identificar sistematicamente todos os fatores que contribuem para o problema e a descobrir como esses fatores interagem para resolver o problema (BOFF, BASTOS, 2017).

O objetivo da educação financeira é que as pessoas devem gerir bem o seu dinheiro ao longo de suas vidas. Assim, a educação financeira deve abranger atitudes e comportamentos, bem como conhecimentos e habilidades. Isto porque, a menos que aqueles que recebem educação financeira se comportem, posteriormente, de uma forma financeiramente capaz, a educação financeira não conseguiu alcançar sua finalidade (SILVA, 2013, p. 06).

Segundo Leal e Nascimento (2008, p.2), é através da Matemática Financeira que o indivíduo adquire o conhecimento das técnicas e recursos que lhe possibilitará decidir como utilizar seu dinheiro. Através da aquisição deste conjunto de técnicas e recursos, o aluno, futuro consumidor, poderá optar ou não por tomar uma decisão. Poderá a partir deste conhecimento adquirido, analisar bem como administrar o risco que envolve a tomada de cada decisão em sua vida financeira.

O ensino da Matemática Financeira possui grande importância para o aluno do ensino fundamental e também para o aluno do ensino médio. Nas séries iniciais do ensino fundamental são apresentados aos alunos alguns conceitos que formam uma base importante e terão mais sentido quando do ensino da Matemática Financeira propriamente dita.

Conhecer os conteúdos matemáticos que estão envolvidos nas atividades financeiras tais como os cálculos dos juros simples e compostos, os descontos, as capitalizações e amortizações de dívidas é sem dúvida, uma forma agradável de dar significado a diversos conteúdos importantes da Matemática do Ensino Fundamental e Médio, tais como: Razões, Proporções, Porcentagem, Funções, Progressões Aritméticas e Geométricas, entre outros. (SANTOS, 2015, p.4)

A Matemática Financeira possui um importante aspecto positivo ao aprendizado: o seu alto grau de aplicabilidade em situações cotidianas. Assim, o professor pode desenvolver atividades interessantes e motivadoras envolvendo o contexto social onde o aluno está inserido, levando-o a se sentir sujeito ativo nos debates que envolvam resoluções de problemas (SILVA, 2013).

Na sociedade contemporânea, marcada pelo avanço tecnológico, pela globalização e pela cultura de consumo, a educação financeira deixou de ser uma opção e tornou-se uma necessidade básica para o exercício da cidadania. As transformações econômicas e sociais ocorridas nas últimas décadas exigem que os indivíduos dominem noções fundamentais de planejamento, poupança, investimento e consumo consciente. Nesse contexto, o ensino da matemática financeira na escola desempenha papel crucial, pois permite que o aluno compreenda, de maneira prática e contextualizada, como lidar com o dinheiro de forma responsável.

O grande desenvolvimento do capitalismo e do consumismo, aliado à facilidade de acesso ao crédito e à multiplicidade de produtos financeiros disponíveis, faz com que as decisões econômicas do cotidiano se tornem cada vez mais complexas. Segundo Santos (2015), a educação financeira é um processo contínuo de formação e conscientização, que visa desenvolver habilidades e atitudes voltadas à administração racional dos recursos pessoais e familiares. Assim, ensinar educação financeira significa não apenas transmitir conteúdos teóricos, mas formar sujeitos autônomos, críticos e capazes de planejar o próprio futuro.

A escola, enquanto espaço de formação integral, deve assumir a responsabilidade de preparar os alunos para lidar com as questões financeiras que permeiam suas vidas. Desde a infância, as crianças já são expostas à lógica do consumo — seja pela publicidade, pelas redes sociais ou pelos hábitos familiares — e, por isso, é fundamental orientar os estudantes a compreender o valor do dinheiro e o impacto de suas escolhas. Através de atividades práticas e reflexivas, os educadores podem estimular a consciência econômica e incentivar comportamentos sustentáveis e equilibrados.

O professor é um mediador essencial no processo de alfabetização financeira dos estudantes. Para que o ensino seja efetivo, é necessário que o educador contextualize a matemática financeira em situações do cotidiano, mostrando sua aplicabilidade real. Ao compreender que o conhecimento matemático não está restrito a cálculos abstratos, mas que pode ser utilizado para tomar decisões financeiras inteligentes, o aluno se torna protagonista do próprio aprendizado.

É preciso mostrar ao aluno que, através das ferramentas corretas e do planejamento consciente, é possível administrar melhor o próprio dinheiro, controlando os gastos e estabelecendo metas de curto, médio e longo prazo. Essa mudança de comportamento reflete uma nova postura diante da vida: planejar o presente pensando no futuro. Dessa forma, o estudante compreende que decisões financeiras equilibradas podem garantir segurança e estabilidade, inclusive na aposentadoria.

Além de aprender a gastar de maneira racional, é fundamental que o aluno desenvolva o hábito de poupar e investir. Segundo Janoni (2021), ser financeiramente educado não significa apenas evitar desperdícios, mas também fazer o dinheiro trabalhar a favor da pessoa. Com isso, o ato de poupar deixa de ser uma privação e passa a ser compreendido como uma estratégia para alcançar sonhos e objetivos pessoais. A educação financeira, portanto, contribui para a construção de uma mentalidade mais responsável, evitando o endividamento precoce e os problemas econômicos que afetam grande parte da população.

Para Peppe (2015), o dinheiro deve ser visto como um meio e não um fim. Ele é uma ferramenta que permite alcançar metas, realizar projetos e proporcionar bem-estar à família. No entanto, quando mal administrado, pode se tornar fonte de estresse e instabilidade. Nesse sentido, a educação financeira escolar atua como um instrumento de emancipação social, pois oferece aos jovens os conhecimentos necessários para tomar decisões conscientes e sustentáveis.

Incorporar a educação financeira ao currículo é também uma forma de combater as desigualdades sociais, uma vez que o acesso à informação financeira ainda é desigual entre diferentes grupos da sociedade. Alunos que aprendem desde cedo a controlar seus gastos, planejar investimentos e compreender o valor do trabalho tendem a se tornar adultos mais equilibrados e independentes economicamente. Essa autonomia é fundamental para a formação de cidadãos críticos, capazes de participar ativamente da vida econômica e política do país.

O significado matemático da palavra razão é o quociente exato do primeiro pelo segundo número. Formalmente, chamaremos razão entre dois números a e b, o quociente entre eles, onde a é chamado antecessor e b é o sucessor e que deve ser diferente de zero para que a divisão seja definida. O aluno que compreender em sua essência mais simples esta definição, poderá partir para uma próxima etapa visualizando de maneira clara o conceito de proporção que nada mais é que a igualdade entre duas razões. A proporcionalidade, por exemplo, está presente na resolução de problemas multiplicativos, nos estudos de porcentagem, de semelhança de figuras, na matemática financeira, na análise de tabelas, gráficos e funções. O fato de que vários aspectos do cotidiano funcionam de acordo com leis de proporcionalidade evidencia que o raciocínio proporcional é útil na interpretação de fenômenos do mundo real. (SANTOS, MIRANDA, 2016, p. 38).

A porcentagem é um item básico, porém com grande importância no ensino da matemática, e possui grande aplicabilidade em situações cotidianas. Segundo orientação dos PCN sua abordagem deve se iniciar nos primeiros anos de maneira mais simples, e posteriormente nas séries finais do ensino fundamental com a resolução de problemas envolvendo proporcionalidade e cálculos com porcentagens (CAMPOS, 2013).

Podemos definir a palavra juro, como sendo uma remuneração, ou seja, um aluguel cobrado pelo empréstimo de dinheiro ou bens. Esta cobrança é expressa como um percentual sobre o valor ou bem emprestado (taxa de juro ou aluguel).

O juro simples é mais utilizado em situações de curto prazo, como na cobrança do cheque especial pelos bancos, enquanto em situações de prazo maior a utilização do juro composto é dominante no mercado financeiro devido a sua maior lucratividade.

É de grande importância que o aluno aprenda os conceitos, bem como as aplicações de juros, pois o mesmo precisará tomar decisões quase que diariamente sobre situações envolvendo cobrança de juros, desde a aquisição de produtos de forma parcelada, cobrança de juros por atraso de pagamentos, taxas de financiamento e diversas outras operações do mercado financeiro. Apesar da sua importância, o ensino da Matemática Financeira não é citado nos PCNEM, que mostra com frequência a necessidade de relacionar a matemática ao cotidiano do aluno bem como a relevância de se aplicar situações-problema nas atividades (CAMPOS, 2013).

Certamente os conceitos da Matemática Financeira, principalmente os itens relacionados a juros, estão direta ou indiretamente relacionados ao ambiente familiar do aluno, e devem ser ensinados no ensino fundamental e médio para que estes alunos possam ter o conhecimento necessário para a tomada de decisões financeiras prudentes. É importante que as crianças e jovens sintam-se preparados para lidar com o dinheiro, sabendo decidir sobre as vantagens e desvantagens de uma compra à vista ou a prazo, avaliar o custo de um produto em função da quantidade, calcular impostos e tributos, sabendo da influência da inflação e também avaliar possíveis opções de aplicações financeiras bem como sua rentabilidade, podendo assim ser agente ativo nas tomadas de decisões na família (CAMPOS, 2013).

4. CONCLUSÃO

A integração da matemática financeira no ambiente escolar representa um avanço significativo na formação dos estudantes e na construção de uma sociedade mais consciente e preparada para lidar com os desafios econômicos do século XXI. A educação financeira, quando tratada como parte essencial do processo educativo, ultrapassa o campo teórico e passa a atuar como uma ferramenta de transformação social. A escola, nesse contexto, deixa de ser apenas um espaço de transmissão de conteúdos e assume um papel ativo na formação de cidadãos críticos, responsáveis e capazes de tomar decisões financeiras equilibradas.

Ao proporcionar aos alunos oportunidades de aprender sobre orçamento, consumo consciente, poupança e investimento, a matemática financeira contribui para o desenvolvimento da autonomia e da responsabilidade individual. Compreender o funcionamento do dinheiro, do crédito e das finanças pessoais permite que o estudante perceba as consequências de suas escolhas e desenvolva uma postura mais reflexiva diante do consumo. Essa compreensão amplia não apenas o conhecimento acadêmico, mas também a capacidade de planejar e agir com consciência em situações da vida cotidiana.

É fundamental reconhecer que a educação financeira vai muito além dos números e cálculos. Ela envolve valores, atitudes e comportamentos. Ensinar a administrar recursos de forma equilibrada é ensinar também sobre ética, sustentabilidade e empatia social. Quando os alunos aprendem a valorizar o esforço necessário para conquistar bens e compreender o impacto das suas decisões de consumo, passam a respeitar mais o trabalho e os recursos dos outros, tornando-se cidadãos mais justos e responsáveis. Assim, a matemática financeira contribui diretamente para o fortalecimento da cidadania e para a construção de uma cultura de planejamento e respeito mútuo.

Ao mesmo tempo, é preciso destacar que a prática educativa deve ser dinâmica, participativa e adaptada à realidade dos alunos. A aprendizagem torna-se mais significativa quando o estudante é protagonista do próprio processo e consegue relacionar os conceitos matemáticos às suas experiências diárias. Estratégias como projetos de empreendedorismo escolar, feiras financeiras simuladas, jogos educativos e debates sobre consumo responsável despertam o interesse e facilitam a compreensão dos temas trabalhados. O ensino deve ser pensado de modo a conectar o conhecimento escolar com o cotidiano do aluno, tornando o aprendizado mais atraente e duradouro.

Ainda que existam obstáculos, como a resistência inicial de alguns alunos e a escassez de materiais didáticos específicos, é importante compreender que essas dificuldades fazem parte do processo de construção de uma nova cultura educacional. O papel do educador é fundamental nesse cenário, pois é ele quem orienta, motiva e mostra aos estudantes a importância de se tornarem protagonistas de suas próprias finanças. Com paciência, criatividade e comprometimento, é possível superar barreiras e promover um ambiente de aprendizado mais significativo e transformador.

Outro aspecto relevante é o impacto social que a educação financeira pode gerar. Alunos bem orientados tendem a compartilhar o que aprendem com suas famílias e comunidades, ampliando o alcance dos conhecimentos adquiridos. Dessa forma, o ensino da matemática financeira nas escolas não beneficia apenas o estudante individualmente, mas contribui para a formação de uma sociedade mais equilibrada e economicamente consciente. Pequenas mudanças de comportamento, como aprender a poupar, comparar preços e evitar o endividamento, podem gerar grandes resultados coletivos a longo prazo.

O desenvolvimento de competências financeiras desde cedo também favorece o amadurecimento emocional dos alunos. Aprender a lidar com o dinheiro é aprender a lidar com frustrações, com limites e com a importância do planejamento. A educação financeira, portanto, atua como uma forma de educação para a vida, preparando o aluno não apenas para o mercado de trabalho, mas para a gestão de suas escolhas pessoais e profissionais. Essa formação integral contribui para o desenvolvimento da autoestima, da responsabilidade e da autonomia, aspectos fundamentais na construção da identidade e da cidadania.

À medida que a sociedade avança, novas demandas surgem e exigem indivíduos mais preparados para administrar recursos e planejar o futuro. O ensino da matemática financeira nas escolas básicas, especialmente a partir do Ensino Fundamental II e do Ensino Médio, é uma estratégia que contribui para reduzir desigualdades e ampliar oportunidades. O aluno que compreende o valor do dinheiro e sabe aplicá-lo de forma consciente tem mais chances de alcançar estabilidade, realizar seus sonhos e contribuir positivamente para o desenvolvimento econômico e social do país.

Consolidar a presença da matemática financeira no currículo escolar é, portanto, um investimento de longo prazo. Ao oferecer esse tipo de formação, as escolas ajudam a construir uma base sólida para o desenvolvimento pessoal e coletivo. Essa integração representa uma oportunidade de transformar o modo como as novas gerações lidam com o dinheiro, promovendo comportamentos mais sustentáveis, planejados e responsáveis.

A educação financeira deve ser vista como um direito e não como um privilégio. Formar cidadãos capazes de compreender, planejar e gerir seus recursos financeiros é preparar o país para um futuro mais estável e consciente. Quando o aluno entende que o dinheiro é apenas uma ferramenta para realizar sonhos e garantir qualidade de vida, ele aprende também sobre equilíbrio, respeito e solidariedade. Assim, o ensino da matemática financeira na escola não se limita a ensinar fórmulas ou porcentagens, mas contribui para a formação integral do ser humano um ser pensante, crítico e preparado para viver de forma plena em sociedade.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARBOSA, E. F., MOURA, D. G. (2013). Metodologias ativas de aprendizagem na educação profissional e tecnológica. Boletim Técnico do Senac, 39(2), 48-67. 2013. Disponível em:<https://doi.org/10.26849/bts.v39i2.349>

BOFF, C.A, BASTOS, R.O. Práticas experimentais no ensino de física nuclear utilizando material de baixo custo. Cad Bras Ens Fís. 2017;34(1): 236-247. Disponível em: <https://doi.org/10.5007/2175-7941.2017v34n1p236>

CAMARGO, F., DAROS, T. A sala de aula inovadora: estratégias pedagógicas para fomentar a aprendizagem ativa. Porto Alegre: Penso. 2018.

CAMPOS, A. B. Investigando como a Educação Financeira Crítica pode contribuir para tomada de decisões de consumo de Jovens-Indivíduos Consumidores (Jic's). Disponível em < https://www2.ufjf.br/mestradoedumat//files/2011/05/Disserta%c3%a7%c3%a3oAndre-Campos.pdf>.

JANONI, L. Situação financeira piorou para 78,5% dos brasileiros durante pandemia, diz estudo. CNN, Rio de Janeiro, 2021. Disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/business/situacao-financeira-piorou-para-785-dosbrasileiros-durante-pandemia-diz-estudo.

LEAL, E. A., MIRANDA, G. J., E CASA NOVA, S. P. C. Revolucionando a sala de aula: como envolver o estudante aplicando as técnicas de metodologias ativas de aprendizagem. São Paulo: Atlas. 2017.

LEAL, C. P.; NASCIMENTO, J A. R. do. Planejamento Financeiro Pessoal. Brasília. 2008. Disponível em: http://www.fasep.edu.br/prova/arquivo.php?arquivo=artigo_Plan...pd.

MARIN, M. J. S., LIMA, E. F. G., MATSUYAMA, D. T., PAVIOTTI, A. B., SILVA, L. K. D., GONZALES, C., ILIAS, M. Aspectos das fortalezas e fragilidades no uso das Metodologias Ativas de Aprendizagem. Revista Brasileira de Educação Médica, 1(34), 2010.13–20. Disponível em:<https://doi.org/10.1590/S0100-55022010000100003>

MOREIRA, M. A. Mapas conceituais e aprendizagem significativa. São Paulo: Centauro. 2017.

PEPPE, L. Perspectiva da Educação Financeira: uma análise didática. Anais do XIX Encontro Brasileiro de Estudantes de Pós-Graduação em Educação Matemática XIX EBRAPEM. Juiz de Fora. 2015.

SANTOS, J; MIRANDA, F. Educação Matemática Crítica e Conexões. Anais do XII Encontro Nacional de Educação Matemática- XII ENEM, São Paulo. 2016.

SILVA, I. Educação Financeira e Educação Matemática Crítica na escola: articulando conhecimentos no Ensino Médio. Anais do XIX Encontro Brasileiro de Estudantes de Pós-Graduação em Educação Matemática- XIX EBRAPEM. Juiz de Fora. 2015.

SILVA, A. M. da; Um Programa de Educação Financeira para a Matemática Escolar da Educação Básica. 2013. Disponível em: https://docplayer.com.br/5940248-Um-programa-de-educacaofinanceira-para-a-matematica-escolar-da-educacao-basica.html.

SOBRAL, F. R., E CAMPOS, C. J. G. Utilização de metodologia ativa no ensino e assistência de enfermagem na produção nacional: revisão integrativa. Revista da Escola de Enfermagem da USP, 46(1), 208-218. 2012. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S0080-62342012000100028>


1 Mestre em Tecnologias Emergentes em Educação pela Must University. E-mail: [email protected]