CONSTRUÇÃO E DESENVOLVIMENTO DA PERSONALIDADE DA CRIANÇA NA EDUCAÇÃO INFANTIL
PDF: Clique aqui
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.15834155
Nilton César Cóta1
RESUMO
A presente pesquisa aborda a construção do desenvolvimento da personalidade da criança na etapa da Educação Infantil e reflete sobre os processos de escolarização nos primeiros anos de vida. A personalidade é uma concepção multifacetada da psique humana, que compreende as competências cognitivas, emocionais, desejos e caráter, pois é um sistema formado por diferentes finalidades psicológicas que, assimiladas, representam a maneira única de cada sujeito atuar na sociedade. Apresentou-se nesta pesquisa a importância do trabalho docente no desenvolvimento integral da criança. Sabe-se que as práticas pedagógicas colaboram para as relações entre os indivíduos e a cultura, visto que organizam atividades que destacam os variados âmbitos do desenvolvimento humano e da personalidade. Dessa forma, o objetivo geral do estudo é determinar a importância da construção e desenvolvimento da personalidade da criança na Educação Infantil e os objetivos específicos são: refletir sobre o comportamento e a personalidade do ser humano; apontar o conceito de infância; compreender o que determina a personalidade do sujeito. A metodologia utilizada foi uma revisão bibliográfica sobre o tema em questão.
Palavras-chave: Desenvolvimento. Personalidade. Educação Infantil.
ABSTRACT
This research addresses the construction of a child's personality development during early childhood education and reflects on the processes of schooling in the early years of life. Personality is a multifaceted concept of the human psyche, encompassing cognitive, emotional, desire, and character abilities. It is a system comprised of different psychological purposes that, when assimilated, represent each individual's unique way of acting in society. This research presented the importance of teaching in the comprehensive development of children. It is known that pedagogical practices contribute to the relationships between individuals and culture, as they organize activities that highlight the various areas of human development and personality. Thus, the general objective of the study is to determine the importance of the construction and development of a child's personality in early childhood education. The specific objectives are: to reflect on human behavior and personality; to identify the concept of childhood; and to understand what determines an individual's personality. The methodology used was a literature review on the topic in question.
Keywords: Development. Personality. Early Childhood Education.
1 INTRODUÇÃO
A personalidade se inicia logo nos primeiros anos de vida, a partir do momento em que a criança estabelece contato com sua família. Então, ela é influenciada pelas relações em que são submetidas com os familiares, na escola, comunidade, dentre outros. E isso vai mudando com o decorrer dos anos e dos ambientes em que o sujeito vai se inserindo.
De acordo com os escritos de Leontiev, (2010) o indivíduo não se mantém o mesmo durante toda sua vida, quando entra em contato com diferentes grupos, sua trajetória de vida é apontada por transformações no modo de agir, pensar, tomar decisões, interagir com o outro, enfim, a personalidade do ser humano é modificável.
Espera-se que este estudo favoreça a prática docente e que a temática não termine aqui, a fim de que futuramente possa aprofundar mais os conceitos com a contribuição da prática.
Para Oliveira (2012, p. 35) “Não há uma essência humana, mas uma construção do homem em sua permanente atividade de adaptação a um ambiente.” O meio em que o indivíduo está inserido e sua trajetória de vida influenciam no modo de compreender o mundo, de interagir, de viver. Cada situação vivenciada tem seu lado positivo ou negativo, pois encaminha o sujeito para o desenvolvimento e evolução de sua personalidade, tornando-o capaz de definir suas ideologias, história e sonhos a serem realizados.
A conexão emocional de uma criança com os pais ou com outros cuidadores desenvolve um sentindo de evolução e construção de sua personalidade. Manter um vínculo satisfatório com a mãe desde os primeiros dias de vida, possibilita que a criança fundamente os alicerces que serão construídos a partir de seu desenvolvimento pessoal e emocional, resultando em um adulto seguro e capaz de se relacionar positivamente com o outro e resolver suas frustrações cotidianas. Assim, justifica-se esta pesquisa.
Objetivando determinar a importância da construção e desenvolvimento da personalidade da criança na Educação Infantil o estudo se propôs a refletir sobre o comportamento e a personalidade do ser humano; apontar o conceito de infância e compreender o que determina a personalidade do sujeito.
2 MATERIAIS E MÉTODOS
No que diz respeito aos procedimentos, o estudo será bibliográfico, que segundo Kahlmeyer-Mertens e outros (2007, p. 37) “A pesquisa bibliográfica é elaborada através de material já publicado com o objetivo de dar valor e veracidade aos fatos”. Esse tipo de pesquisa é o ponto de partida do processo de investigação do tema, pois facilita a seleção do método mais pertinente e autêntico ao estudo.
A pesquisa exploratória, de acordo com Alyrio (2009, p. 2) é “caracterizada pela existência de poucos dados disponíveis, em que se procura aprofundar e apurar ideias e a construção de hipóteses”.
Segundo os estudos de Alyrio (2009, p. 2) “Na pesquisa qualitativa, a realidade é verbalizada. Os dados recebem tratamento interpretativo, com interferência maior da subjetividade do pesquisador. A abordagem é mais reflexiva. ”
Quanto à natureza, a pesquisa é Básica, que segundo Gil (2007, p. 74) “deve ser motivada pela curiosidade e suas descobertas devem ser divulgadas para toda a comunidade, possibilitando assim a transmissão e debate do conhecimento. ” Dessa forma, esse tipo de pesquisa consiste em refutar perguntas com o objetivo de ampliar o conhecimento que o sujeito tem do mundo em suas variadas formas.
2.1 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Ao apresentar a pesquisa bibliográfica, procurou-se descrever com clareza os assuntos, no intuito de que mais pesquisadores se interessem pelo tema abordado, com o propósito de investigar novas teorias que contribuam para um melhor desenvolvimento da criança no âmbito social, cultural e educacional.
2.2 CONSTRUÇÃO E DESENVOLVIMENTO DA PERSONALIDADE DA CRIANÇA NA EDUCAÇÃO INFANTIL
O comportamento do ser humano é o agrupamento de suas ações tanto físicas quanto emocionais relacionados aos seus estímulos internos ou externos do cotidiano. A estruturação dessas variadas formas de agir, possibilita reconhecer reações habituais em específicas. Apesar disso, a natureza humana e a capacidade de escolha de cada indivíduo, nunca é possível precisar se um padrão de comportamento será reproduzido ou não (BISSOLI, 2005).
É sabido que a personalidade faz parte da identidade do sujeito, pois carrega suas características pessoais, valores e comportamentos, que irão definir os hábitos e ações durante a vida. A formação da personalidade inicia-se na infância, e para seu desenvolvimento, é necessário passar por um decurso bastante complexo, progressivo e singular. Sendo assim, esse processo compreende diferentes divergências na mente do indivíduo, pois envolvem seus desejos e as regras impostas pela sociedade (BISSOLI, 2014).
Freud, através de seus estudos, mostra que é na infância que o sujeito começa a desenvolver sua personalidade, passando por diferentes fases que influenciam assim a vida adulta, pois o indivíduo já aperfeiçoou os mecanismos essenciais para a manifestação de seus impulsos, criando então a base de sua personalidade (MELLO, 2010).
Os mecanismos de defesa são as demonstrações do Ego frente as determinações das demais instâncias psíquicas, ou seja, eles são definidos pela maneira que se apresenta a organização do ego. Quando o ego for bem organizado, suas reações serão coerentes e prudentes (BISSOLI, 2014).
No entanto, as diferentes situações em que o sujeito vive, podem provocar emoções inconscientes, ocasionando assim reações irracionais, aumentando dessa forma variados mecanismos de defesa, com o intuito de proteger o ego de um provável descontentamento psíquico através dos sentimentos de preocupação, medo, dentre outros.
Existem diversos tipos de mecanismos de defesa, de acordo com Anna Freud, e dentre eles estão: Repressão; Negação; Racionalização; Formação Reativa; Projeção; Regressão e Sublimação (SILVA, 2010).
A repressão consiste na negação das ideias inaceitáveis, mantendo-as somente em seu inconsciente. Por exemplo, quando uma criança passa por um trauma na infância, mas o reprime a ponto de esquecê-lo para não precisar enfrentar tal situação (OLIVEIRA, 2020).
A negação é um mecanismo de defesa pouco eficaz, pois consiste em negar a dor ou outras sensações de descontentamento. Por exemplo: uma criança agiu de forma inadequada, podendo ser castigada, no entanto ela nega sua ação para não sofrer as consequências (NORONHA, 2021).
A racionalização são as justificativas ou racionalizações de situações que objetivam ser aceitáveis pela perspectiva moral. Por exemplo, quando uma pessoa tenta justificar com diferentes argumentos o porquê traiu seu parceiro (OLIVEIRA, 2020).
A formação reativa é um processo marcado pela aprovação de um pensamento contrário ao que foi reprimido. Ele permanece como assunto inconsciente e pode mudar a condição da personalidade. Por exemplo, quando uma pessoa é racista, mas sente atração por pessoas negras (OLIVEIRA, 2020).
A projeção se dá através da troca de características do sujeito para o outro. Sentimentos ou traços ruins de sua personalidade são transferidos para outra pessoa. Por exemplo, se uma pessoa é homofóbica, ela não assume e diz que o outro é quem comete a homofobia (NORONHA, 2021).
A regressão é a maneira de retornar a uma fase anterior a que o indivíduo se encontra, pois, o descontentamento com alguma situação era menor. Por exemplo, quando uma criança tem dificuldades em se relacionar com outras crianças, ela retorna a fase oral e começa a chupar chupeta novamente (NORONHA, 2021).
Por fim, a sublimação é o processo pelo qual determinados estímulos inconscientes são incluídos na personalidade e resultam em condutas sociais positivas. Por exemplo, quando um lutador de box concentra sua agressividade no esporte, visto que no ringue esse comportamento é socialmente aceitável (SILVA, 2010).
Sendo assim, a construção e desenvolvimento da personalidade são processos contínuos, começam na infância e permanecem até a fase adulta, e podem ocorrer alterações na personalidade, pois a convivência e a interação com a família e sociedade são elementos essenciais para que esse processo seja efetivado.
Os mecanismos de defesa são comportamentos psicológicos que procuram diminuir as demonstrações perigosas do Ego, exigindo um certo esforço na tentativa de serem satisfatórios ou não. Portanto, trabalhar as habilidades sociais e estratégias de enfrentamento, especialmente na primeira infância, podem contribuir para amenizar as consequências psicológicas causadas por acontecimentos negativos que modificam a personalidade dos indivíduos (OLIVEIRA, 2020).
“Para Freud, a estrutura da personalidade é formada por três sistemas, o Id, o Ego e o Superego. O comportamento é quase sempre o resultado da interação desses três sistemas, e raramente funcionam isoladamente.” Todo ser humano tem um aparelho psíquico, ou psique (REIS, 2011, p.3).
O ego é uma evolução do id, pois tem a função de limitar o id, a partir do momento em que considera suas necessidades ou desejos inapropriados para uma ocasião estipulada. O ego é o princípio da realidade, pois faz uma mediação entre o mundo interno e externo, equilibrando o certo e o errado, introduzindo a razão, organização e a expectativa na conduta do sujeito (LAENDER, 2015).
O superego é consciente e inconsciente, pois é aperfeiçoado ainda na infância, quando a criança passa a receber os valores éticos e os ensinamentos da família, escola e sociedade. Sua função é impedir por meio da repreensão qualquer atitude que seja contrária aos princípios determinados, além de pressionar o ego a se portar de forma ética e moral, orientando o sujeito a se comportar da maneira mais perfeita possível (LAENDER, 2015).
O ego possui três estados, que são comparados a três pessoas diferentes, que operam e comunicam-se na mente de todas as pessoas: o Pai, o Adulto e a Criança. O pai se refere a noção de ensinamento de vida; o adulto é a ideia pensada; por fim, a criança é o conceito do sentido (LAENDER, 2015).
O estado criança, se divide em três: livre, submissa e rebelde. A criança livre é a espontânea, pois procura sempre o prazer. É impulsionada pelo instinto, visto que é irracional, acrônica. A criança submissa é disciplinada, pois acata as ordens sem questioná-las. A criança rebelde vai contra as ordens impostas, desafia o ambiente (LIMA, 2010).
O estado adulto não tem divisão. Esse componente do ego se define por raciocinar de forma objetiva, pois observa a realidade e determina o que é apropriado ou não.
O estado pai se divide em crítico e nutritivo. O pai crítico dita regras duras, de forma rígida e autoritária. Está sempre certo. Utiliza palavras severas, tom de voz rígido, expressão facial enrugada, gestos como braços cruzados, dedo acusador e postura corporal ereta (LIMA, 2010).
O pai nutritivo tem uma postura positiva, pois admite o crescimento e desenvolvimento do outro. Utiliza palavras encorajadoras, tom de voz afetuoso, expressão facial sorridente, gestos como acariciar a cabeça e postura corporal com o tronco arqueado para os outros (LIMA, 2010).
Por fim, o desenvolvimento da personalidade é o meio pelo qual o indivíduo se apodera da cultura de maneira dinâmica e dos princípios dominantes das habilidades particulares à dinâmica social e, também do controle das atitudes, conferindo ao processo educacional uma relevância essencial: a expansão das heranças culturais, desempenhadas nas instituições que determina as formas de compreensão dos indivíduos sobre si e a sociedade da qual faz parte.
2.2.1 Construção Social da Concepção de Infância
Durante décadas a criança foi considerada como um ser sem importância para a sociedade e a família, visto que não fazia parte de nenhum grupo social, consequentemente não tinha acesso à educação e nem tampouco à saúde. No entanto, com o passar do tempo, essa realidade mudou e a concepção de infância se transforma através de uma ação pedagógica que passa a considerá-la como um ser social dotado de necessidades intrínsecas (BISSOLI, 2014).
Refletir sobre a concepção de infância envolve a compreensão de determinados conceitos relacionados ao fazer pedagógico, como os conceitos de desenvolvimento, infância e educação, revelando assim novas perspectivas sobre essa fase do desenvolvimento humano que resulta em novas práticas educativas.
“Apenas com a institucionalização da escola é que o conceito de infância começa lentamente a ser alterado, por meio da escolarização das crianças.” A partir do novo desenvolvimento de uma pedagogia voltada às crianças, pode-se então referenciar uma construção social da infância (NASCIMENTO; BRANCHER; OLIVEIRA, 2008, p. 9).
O Estatuto da Criança e do Adolescente Lei nº 8069, em seu art.3º dispõe que a criança deve desfrutar de todos os direitos essenciais à pessoa humana, sem que haja perda da proteção integral e goze de todas as possibilidades e oportunidades, com o objetivo de oportunizar o desenvolvimento social, físico, espiritual, moral e mental em circunstancias de liberdade e dignidade (BRASIL, 2019).
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB 9.394/96, art. 6º diz que “ É dever dos pais ou responsáveis efetuar a matrícula das crianças na educação básica a partir dos 4 (quatro) anos de idade”. Sendo assim, o ensino básico é obrigatório a todas as crianças a partir dos quatro anos de idade na Educação Infantil, e fica a responsabilidade dos pais assegurar que a criança frequente a escola em todas as modalidades de ensino (BRASIL, 2017, p.11).
A primeira infância é a fase mais importante na vida de uma pessoa, pois é através dela que começa o desenvolvimento de sua personalidade e em que adulto ela se transformará. A ligação afetiva da mãe, ou de outro cuidador, com seu filho, desde seu nascimento, interfere positiva ou negativamente no resto da vida do indivíduo (NASCIMENTO; BRANCHER; OLIVEIRA, 2008).
Dessa forma, se não houver um bom relacionamento entre mãe e filho, este poderá se tornar, futuramente, um adulto carregado de frustrações, que não consegue se relacionar com o outro, e muito menos resolver suas próprias dificuldades do dia a dia.
2.3 DINÂMICA EVOLUTIVA DA PERSONALIDADE E A CONTRIBUIÇÃO DA ESCOLA PARA O DESENVOLVIMENTO INTEGRAL DA CRIANÇA
De acordo com Leontiev (2010, p. 22) “a infância constitui o período espontâneo do desenvolvimento da personalidade”, isto é, na ontogênese o indivíduo não possui consciência relacionada a construção desse sistema. Trata-se, assim, de um período de preparação, que através das vivências resulta no advento de uma personalidade racional singular.
O desenvolvimento da personalidade está relacionado à construção de uma organização de causas e à submissão, pelo sujeito, de seus atos a esse sistema estrutural das razões. No decorrer da infância, os motivos mostram-se vinculados, ainda nivelado e, em vista disso, compreende-se que o papel fundamental da educação é a concepção de necessidades humanizadoras e o melhoramento do agrupamento das razões da conduta infantil (REIS, 2011).
O progresso das ações possibilita a alteração das finalidades das mesmas, em estímulos de novas atividades, contribuindo assim para o desenvolvimento do pensamento a respeito das circunstâncias permanentes da personalidade e o conhecimento de si mesmo. Portanto, na adolescência, os objetivos passam a se relacionar verticalmente, estabelecendo assim, um processo equilibrado de sentidos pessoais, resultando na personalidade evoluída (REIS, 2011).
De acordo com a teoria histórico-cultural, as crianças que compõem a Educação Infantil e os adolescentes, caracterizam duas situações essenciais do desenvolvimento da personalidade humana, uma vez que são nessas fases que se estabelecem mudanças significativas da psique, associadas ao posicionamento do eu diante da sociedade (BISSOLI, 2005).
Cada um destes períodos, que têm significação essencial na formação da personalidade da criança, possui suas características próprias. O período adolescente se distingue pelo início de um trabalho ativo do sujeito sobre si mesmo; é o período da formação da consciência moral, dos ideais, do desenvolvimento da autoconsciência. O período da infância pré-escolar é o da formação inicial da personalidade, o período do desenvolvimento dos ‘mecanismos’ pessoais da conduta. Nos anos pré-escolares do desenvolvimento da criança se atam os primeiros nós, se estabelecem os primeiros enlaces e relações que formam a nova unidade superior da atividade e, simultaneamente, a unidade superior do sujeito: a unidade da personalidade. Justamente a infância pré-escolar é tão importante porque é o período de formação fáctica dos mecanismos psicológicos da personalidade (LEONTIEV, 2010, p. 58).
Dessa forma, destaca-se a importância da escola e dos docentes no desenvolvimento integral das habilidades e competências das crianças, especialmente na educação infantil, pois é nessa etapa que o educando forma sua personalidade e suas condutas futuras, tornando-se adultos livres e conscientes de suas ações (CARVALHO, 2011)
A educação compreende recursos indispensáveis para a formação da personalidade da criança. Por meio de atividades sistemáticas e intencionais, o aluno é capaz de interagir com o meio em que está inserido, criando vínculos linguísticos e materiais, contribuindo assim para o desenvolvimento da consciência infantil no momento da escolarização (BISSOLI, 2005).
Nesse ínterim, as escolas juntamente com os professores devem ofertar experiências que aprimorem as “referências culturais das crianças por meio de atividades envolventes que as tenham como sujeitos”, construindo assim um currículo capaz de intervir no desenvolvimento das variadas funções da psique infantil, dos sentimentos e da personalidade (CARVALHO, 2011, p. 53).
Aceitar e entender a criança como sujeito é compreender que a mesma é um ser que constrói seu pensamento e sua história de vida por meio dos vínculos que estabelece com o meio em que convive. Sendo assim, as relações sociais e experiências que fazem parte de sua existência, contribuem para o desenvolvimento da personalidade e consequentemente para o processo de humanização, que irão determinar suas ações futuras e sua posição na sociedade (BISSOLI, 2005).
Sabe-se que as atividades educativas acontecem tanto na escola quanto fora dela. No entanto, as instituições escolares são especializadas em promover a aprendizagem dos conteúdos organizados pela humanidade ao longo da história, no intuito de desenvolver as habilidades e competências das crianças de maneira única e integral. Assim, a escola deve ser um espaço de construção de diferentes necessidades e que estimula o aprendizado e o progresso social, cultural e intelectual dos educandos.
3 CONCLUSÃO
Levando em consideração os aspectos observados, compreende-se que a estrutura essencial para o desenvolvimento moral, social, intelectual, e cultural começa nos primeiros anos de vida da criança. As instituições educacionais desempenham importante papel na vida dos educandos para que os mesmos possam construir sua personalidade e interagir ativamente na sociedade em que está inserido.
Na Educação Infantil, a criança aprende a tratar dos próprios interesses, abdicar de hábitos indesejáveis, ser condescendente em situações que geram frustrações, mudando assim costumes e atitudes que são peculiares da personalidade estabelecida no decorrer de sua história. Dessa maneira, a escola é um espaço que colabora para o desenvolvimento da personalidade, pois trabalha as capacidades que ainda estão em processo de formação na criança.
Por fim, o processo de desenvolvimento da personalidade ocorre segundo os padrões de comportamentos, consciência e emoções que o indivíduo adquire no decorrer de sua história. Toda personalidade é singular, apesar disso, as questões psicológicas, emocionais e sociais interferem em sua formação.
Dessa maneira, família, escola e sociedade desempenham importante função na construção da personalidade infantil, pois são capazes de estabelecer relações e propor experiências enriquecedoras para assim, as crianças se apropriarem desses conhecimentos e construir sua personalidade pautada na ética e no respeito às pessoas e as leis que regem a sociedade.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALYRIO, Rovigati Danilo. Métodos e técnicas de pesquisa em administração. Rio de Janeiro: Fundação CECIERJ, 2009. Disponível em: http://www.faculdaderaizes.edu.br/files/images//M%C3%89TODOS%20E%20T%C3%89CNICAS%20DE%20PESQUISA.pdf. Acesso em 29 abr. 2022.
BISSOLI, M. F. Desenvolvimento da personalidade da criança: o papel da educação infantil. Psicologia em Estudo, Maringá, v. 19, n. 4, out./dez. 2014.
______________ Educação e desenvolvimento da personalidade da criança: contribuições da Teoria Histórico-Cultural. Tese de Doutorado, Faculdade de Filosofia e Ciências, Universidade Estadual Paulista: Marília – SP, 2005.
BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA. Lei nº 8.069/90. Brasília, 2019. Disponível em: https://www.gov.br/mdh/pt-br/centrais-de-conteudo/crianca-e-adolescente/estatuto-da-crianca-e-do-adolescente-versao-2019.pdf. Acesso em 25 abr. 2022.
_________. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB. Lei nº 9.394/96. Brasília, 2017. Disponível em : https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/529732/lei_de_diretrizes_e_bases_1ed.pdf. Acesso em 25 abr. 2022.
CARVALHO, R. N. S. A construção do currículo da e na creche: um olhar sobre o cotidiano. Dissertação de Mestrado, Faculdade de Educação, Universidade Federal do Amazonas, Manaus, 2011.
GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 2007.
KAHLMEYER-MERTENS, Roberto S.; FUMANGA, Mario; TOFFANO, Claudia Benevento; SIQUEIRA, Fabio. Como elaborar projetos de pesquisa – linguagem e método. Rio de Janeiro: FGV, 2007.
LAENDER, Nadja R. A construção do conceito de superego em Freud. Reverso v.27 n.52 Belo Horizonte set. 2015. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo. Acesso em 10 mai. 2022.
LEONTIEV, A. Uma contribuição à teoria do desenvolvimento da psique infantil. In: L. S. Vigotskii, A. R. Luria, & A. N. Leontiev. Linguagem, Desenvolvimento e Aprendizagem. São Paulo: Ícone, 2010.
LIMA, Andréa Pereira de. O modelo estrutural de Freud e o cérebro: uma proposta de integração entre a psicanálise e a neurofisiologia. 2010. Universidade Federal de Uberlândia (UFU), União Educacional de Minas Gerais (Uniminas). Rev Psiq Clín. 2010;37(6):270-7. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rpc/a. Acesso em 10 mai. 2022.
MELLO, Suely Amaral. A questão do meio na pedologia e suas implicações pedagógicas. Psicol. USP [online]. 2010, vol.21, n.4. Disponível em: http://old.scielo.br/scielo.php?pid=S0103. Acesso em 09 mai. 2022.
NASCIMENTO, C.T.; BRANCHER, V.R.; OLIVEIRA, V.F. A construção social do conceito de infância: uma tentativa de reconstrução historiográfica. LINHAS, Florianópolis, v. 9, n. 1, p. 04 ñ 18, jan. / jun. 2008. Disponível em: https://www.revistas.udesc.br/index.php/linhas/article/download/1394/1191/2317. acesso em 25 abr. 2022.
NORONHA, Heloísa. Mecanismos de defesa protegem de 'gatilho'. Viva Bem – UOL. 2021. Disponivel em: https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/redacao/2021/05/05/mecanismos-de-defesa-protegem-de-gatilhos. Acesso em 09 mai. 2022.
OLIVEIRA, KARLA. Os 9 Mecanismos de Defesa na psicanálise. 2020. Disponível em: https://www.psicanaliseclinica.com/mecanismos-de-defesa/. Acesso em 09 mai. 2022.
OLIVEIRA, Zilma Ramos de. Educação infantil: Fundamentos e métodos. São Paulo: Cortez, 2012.
REIS, Simone P. Psicologia da personalidade: aspectos, conteúdo, estrutura e desenvolvimento psicossexual (0 a 12 anos), controvérsias e correlações. SUESC - Sociedade Unificada de Ensino Superior e Cultura, Rio de Janeiro/RJ, 2011. Disponível em: https://www.webartigos.com/artigos/psicologia-da-personalidade-aspectos-conteudo-estrutura-e-desenvolvimento-psicossexual-0-a-12-anos-controversias-e-correlacoes/60160/. Acesso em 26 abr. 2022.
SILVA, E.B.T. Mecanismos de defesa do ego. FUNED – MG, 2010. Disponível em: https://www.psicologia.pt/artigos/textos/TL0212.pdf . Acesso em 09 mai. 2022.
1 Mestrando em Ciências da Educação, Universidad Columbia Del Paraguay, 2022. Graduado em Pedagogia pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Alegre – FAFIA. Pós-Graduado em Planejamento Educacional. E-mail: [email protected]