CIRURGIA GERAL APLICADA À CIRURGIA MAXILO FACIAL: A RELEVÂNCIA NA OBTENÇÃO DO CONHECIMENTO DE CIRURGIA GERAL AO CIRURGIÃO MAXILO FACIAL

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REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.14583118


Edson Carlos Zaher Rosa1


RESUMO
A Cirurgia Oral e Maxilo Facial, reconhecida como uma especialidade de caráter médico-cirúrgico pertencente a Odontologia e a Medicina, exige do profissional cirurgião que dela ocupa habilidades multidisciplinares que muitas vezes podem incluir a aplicação de princípios da Cirurgia Geral.
Este artigo analisa como os conhecimentos em Cirurgia Geral complementam e expandem a prática do Cirurgião Maxilo Facial, explorando as relações entre estas disciplinas, a relevância do manejo sistêmico de pacientes, e as implicações técnico-científicas e éticas na prática clínica.
Assim sendo, o objetivo do presente estudo é fundamentar a necessidade de uma abordagem integrada, demonstrando como a formação em Cirurgia Geral fortalece a prática da Cirurgia Bucomaxilofacial e contribui para resultados clínicos mais seguros e eficazes.
Palavras-chave: Cirurgia Bucomaxilofacial; Cirurgia Geral; Abordagem Multidisciplinar; Manejo Sistêmico; Formação Médica-Cirúrgica.

ABSTRACT
Oral and Maxillofacial Surgery, recognized as a medical-surgical specialty belonging to Dentistry and Medicine, requires multidisciplinary skills from the surgeon who works in it, which can often include the application of General Surgery principles. This article analyzes how knowledge in General Surgery complements and expands the practice of the Maxillofacial Surgeon, exploring the relationships between these disciplines, the relevance of systemic patient management, and the technical-scientific and ethical implications for clinical practice. Therefore, the aim of this study is to substantiate the need for an integrated approach, demonstrating how training in General Surgery strengthens the practice of Oral and Maxillofacial Surgery and contributes to safer and more effective clinical outcomes.
Keywords: Oral and Maxillofacial Surgery; General Surgery; Multidisciplinary Approach; Systemic Management; Medical-Surgical Training.

1. Introdução

A Cirurgia Maxilo Facial é uma área de atuação cirúrgica que compreende o diagnóstico, além do tratamento cirúrgico e coadjuvante das doenças, traumatismos, lesões e anomalias congênitas e adquiridas do aparelho mastigatório e anexos, tais como estruturas crânio-faciais associadas, sendo que as nomenclaturas dessa especialidade variam de acordo com cada pais, tendo como alguns sinônimos: Cirurgia Oral e Maxilo Facial, Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial, Cirurgia Maxilo Facial, Crânio Maxilo Facial, Cirurgia Cervico Bucomaxilofacial, dentre outros.

No Brasil, a especialidade de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial (CTBMF) é uma especialidade que transcende os limites tradicionais da odontologia, demandando competências que envolvem o domínio de técnicas cirúrgicas complexas e manejo clínico sistêmico.

Historicamente, a integração entre Cirurgia Geral e Cirurgia Maxilo Facial, tem sido subestimada, mas os avanços no cuidado interdisciplinar destacam a relevância desse vínculo.

Este artigo busca explorar as bases teóricas e práticas que justificam a importância do conhecimento em Cirurgia Geral como componente indispensável na formação e atuação do Cirurgião Maxilo Facial, universalmente no mundo.

2. O Papel da Cirurgia Geral na Reconstruções Faciais: Técnicas Avançadas e Integração Multidisciplinar

As reconstruções da região Crâniofacial representa um dos maiores desafios na prática cirúrgica, especialmente após ressecções oncológicas extensas, traumas graves ou deformidades congênitas. Dessa forma, cada vez mais é observado que a integração entre áreas como a Cirurgia Geral e Cirurgia Maxilo Facial é vital para garantir a cobertura de tecidos moles, enxertos ósseos e revascularizações, exigindo profundo conhecimento anatômico e domínio técnico. Pode se dizer que o Cirurgião Maxilo Facial, quando treinado em Cirurgia Geral, possui expertise em manipular Retalhos Livres Microcirúrgicos, como o Retalho de Fíbula Vascularizado, Retalho de Antebraço Radial e o Retalho do Músculo Peitoral Maior, freqüentemente exigidos em diversos tipos de cirurgias de caráter reconstrutivo na área da Cirurgia Maxilo Facial. Esses procedimentos demandam compreensão dos princípios cirúrgicos de ressecção tumoral com margens seguras, bem como habilidades em anastomose vascular e manipulação de tecidos complexos pelo Cirurgião Maxilo Facial responsável. Além disso, a reconstrução em múltiplos estágios freqüentemente envolve equipes multidisciplinares, incluindo Cirurgiões Plásticos, Otorrinolaringologistas e Cirurgiões Vasculares, sendo a participação do Cirurgião Maxilo Facial de fundamental importância, quando o caso cirúrgico for de competência da área de Cirurgia Maxilo Facial, que deverá corroborar para que o mesmo seja coordenador dessas equipes, reforçando a necessidade de um conhecimento abrangente em Cirurgia Geral, capacitando-o a gerir complicações intraoperatórias, como sangramentos extensos, infecções e falência de retalhos.

É visto com freqüência em estudos científicos que apontam a taxa de sucesso em reconstruções complexas de mandíbula e maxila ultrapassa 90% quando realizadas por equipes treinadas em Microcirurgia Reconstrutiva e Cirurgia Geral, destacando a importância de uma formação integrada.

3. Controle Hemodinâmico e Cirurgia de Urgência em Pacientes Politraumatizados com Fraturas Faciais

Pacientes politraumatizados frequentemente apresentam fraturas faciais associadas a lesões torácicas, abdominais ou pélvicas. O manejo inicial, seguindo o protocolo de ATLS (Advanced Trauma Life Support), prioriza a estabilização hemodinâmica, controle da via aérea e avaliação de lesões concomitantes. Nesses casos, o Cirurgião Maxilo Facial com treinamento em Cirurgia Geral, desempenha um papel essencial na abordagem inicial desses pacientes quando houver ausência de outros cirurgiões especializados, fato esse que ocorre com freqüência em alguns serviços hospitalares, principalmente em cenários de trauma penetrante, hemorragia ativa ou fraturas que comprometem a via aérea superior. O controle de sangramentos extensos, a drenagem torácica e a laparotomia exploratória podem ser necessários em alguns casos, exigindo do cirurgião habilidades além do âmbito cirúrgico Bucomaxilofacial que poderão fazer toda a diferença na manutenção de uma vida. Dessa forma, a realização de traqueostomias de emergência, fixação de fraturas instáveis e estabilização de tecidos moles são intervenções fundamentais que requerem conhecimento profundo não só na área de Cirurgia Maxilo Facial, mas também em Cirurgia Geral, pois a experiência do cirurgião em casos raros e pontuais emergenciais em técnicas de laparotomia, toracotomia e sutura vascular poderá ser um fator determinante na sobrevida de um paciente.

4. Abordagem Cirúrgica de Patologias Infecciosas Graves em Cirurgia Maxilofacial

Podemos destacar também as infecções Cervicofaciais profundas que representam uma das maiores emergências na prática Cirúrgica Maxilo Facial, podendo evoluir para mediastinite, trombose do seio cavernoso e sepse generalizada. Esse fato também merece destaque em reafirmar a necessidade de experiência em conhecimentos de Cirurgia Geral, que permite ao Cirurgião Maxilo Facial atuar de forma eficaz na drenagem de abscessos extensos, desbridamento de tecidos necróticos e controle do foco infeccioso. Algumas situações emergenciais como em infecções odontogênicas graves, flegmões cervicais e abscessos retrofaríngeos exigem intervenções imediatas e abordagens cirúrgicas agressivas do parte do cirurgião. A drenagem através de acessos cervicais profundos e, em casos graves, mediastinoscopia e toracotomia podem ser necessárias para evitar a progressão da infecção.

Além disso, o conhecimento aprofundado em Farmacologia por parte do Cirurgião Maxilo Facial, em antibioticoterapia de largo espectro e manejo de fluidos é fundamental para evitar complicações sistêmicas. Dessa forma, o Cirurgião Maxilo Facial sendo já capacitado em sua formação na área, compreende os princípios de Antibioticoprofilaxia e prescrição medicamentosa sistêmica, reconhecendo sinais precoces de choque séptico e intervenções cirúrgicas adicionais necessárias para o controle da infecção.

5. Cirurgia Endoscópica em Cirurgia Maxilo Facial: Abordagens Minimamente Invasivas Inspiradas na Cirurgia Geral

A evolução mundial das técnicas minimamente invasivas tem transformado a prática Cirúrgica Maxilo Facial (CMF), sendo a Endoscopia uma das áreas de maior avanço. Inspirada em procedimentos endoscópicos da Cirurgia Geral, como a Colecistectomia laparoscópica e as Endoscopias digestivas. Assim sendo, a Cirurgia Maxilo Facial mundialmente vem incorporando abordagens menos invasivas para o tratamento de fraturas orbitais, disfunção da Articulação Temporomandibular (ATM) e remoção de cistos ou tumores. A Sialoendoscopia, por exemplo, revolucionou o tratamento de quadros de Sialolitíases e estenoses ductais, permitindo a remoção de cálculos sem a necessidade de ressecção das glândulas salivares. Da mesma forma, a artroscopia da ATM permite intervenções diretas, como Artrocentese ( lavagem articular, ressecção de aderências e tratamento de deslocamentos discais). Desse modo, o Cirurgião Maxilo Facial com treinamento em Cirurgia Geral, também possuirá maior facilidade em dominar técnicas endoscópicas, aplicando conceitos de hemostasia minimamente invasiva, uso de câmeras de alta definição e manipulação de instrumentos cirúrgicos em espaços restritos.

6. Treinamento em Trauma Avançado: A Experiência em ATLS e a Cirurgia Maxilofacial

A formação em ATLS (Advanced Trauma Life Support) é uma exigência crescente mundialmente reconhecida para Cirurgiões Maxilofaciais que lidam com traumas de face associados a lesões multisistêmicas. A habilidade de realizar entubações de emergência, cricotireoidotomias e controle cirúrgico de hemorragias está diretamente relacionada também ao treinamento em Cirurgia Geral. Assim sendo, os Cirurgiões Maxilo Faciais que participam de cursos de trauma avançado adquirem competências fundamentais em triagem de pacientes críticos, priorização de intervenções cirúrgicas e manejo de complicações intraoperatórias. O domínio de técnicas de fixação interna rígida em crânio e face, reparo de fraturas mandibulares complexas e reconstrução de tecidos moles são essenciais em cenários de trauma.

Os estudos mostram que os Cirurgiões Maxilo Faciais treinados em ATLS possuem uma taxa de sucesso cirúrgico 30% maior na resolução de traumas complexos quando comparados a profissionais sem essa formação.

7. Intervenções Cirúrgicas nas Patologias das Glândulas Salivares: Sialografias e Sialoendoscopias

Comumente as glândulas salivares são acometidas por patologias como sialolitíase, estenose ductal, tumores benignos e malignos. A habilidade de realizar sialografias e sialoendoscopias, oferece ao Cirurgião Maxilo Facial (CMF) uma abordagem diagnóstica e terapêutica eficaz, evitando cirurgias mais invasivas. A aquisição de conhecimento e experiência em Cirurgia Geral permite ao Cirurgião Maxilo Facial, conduzir parotidectomias, submandibulectomias e dissecções com maior segurança, preservando estruturas neurovasculares adjacentes. O conhecimento anatômico adquirido na área de Cirurgia Geral, aliado à prática em Microcirurgia, é fundamental para minimizar complicações como parestesia facial e fístulas salivares.

8. Fundamentos da Cirurgia Geral no Contexto da Cirurgia Maxilo Facial

8.1 Definição e Objetivos da Cirurgia Geral

A Cirurgia Geral engloba um conjunto de técnicas e princípios voltados ao tratamento de patologias que afetam sistemas orgânicos diversos, sendo alicerce para várias especialidades cirúrgicas.

Seu objetivo é a intervenção eficaz e segura, com foco na preservação funcional e integridade sistêmica dos pacientes intervidos.

8.2 Interseção entre Cirurgia Geral e Cirurgia Maxilo Facial

A Cirurgia Oral e Maxilo Facial frequentemente lida com condições que requerem conhecimentos abrangentes sobre anatomia, fisiologia e fisiopatologia de órgãos e sistemas, como em traumas complexos de face, infecções odontogênicas de caráter sistêmico, oncologia de cabeça e pescoço e neoplasias em geral.

Esses cenários ilustram a importância do domínio de conceitos e técnicas provenientes da Cirurgia Geral por parte do Cirurgião Maxilo Facial.

9. Benefícios do Conhecimento de Cirurgia Geral aplicada a Cirurgia Maxilo Facial

9.1 Abordagem Sistêmica de Pacientes em Cirurgia Maxilo Facial (CMF)

Na área de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial, diversos são os casos de pacientes com condições sistêmicas, como diabetes, hipertensão e coagulopatias, necessitarem de abordagens para estabilização metabólica e assim estarem aptos para as intervenções cirúrgicas.

Da mesma forma, é sabido que no Brasil e demais países do mundo, o Cirurgião Maxilo Facial é o responsável direto pelos seus pacientes, possuindo o respaldo legal para atuar em qualquer ato que esteja ligado ao seu exercício profissional, garantindo a segurança por seus atos e a saúde em geral de seus pacientes, conforme consta em legislação brasileira pelas leis federais 5081/66 e 12842/13.

Assim sendo, a formação em Cirurgia Geral capacita o Cirurgião Maxilo Facial a reconhecer e manejar melhor complicações sistêmicas, promovendo segurança e eficácia nos seus tratamentos.

9.2 Princípios de Técnica Cirúrgica e Cicatrização Tecidual

Podemos citar alguns aspectos cirúrgicos fundamentais, como controle hemostático, manejo de tecidos moles e duros, compreensão da cascata de cicatrização, como alguns dos princípios cirúrgicos que são compartilhados entre a Cirurgia Geral e a Cirurgia Maxilo Facial, potencializando a prática clínica.

9.3 Experiência com Intervenções de Emergência em Cirurgia Maxilo Facial

Alguns eventos ocorridos na área de Traumatologia Buco Maxilo Facial, como em Traumas Crâniomaxilofaciais, frequentemente demandam decisões rápidas e intervenções que envolvem vias aéreas,além de hemorragias importantes e lesões associadas.

Dessa forma, a formação em Cirurgia Geral amplia a competência do Cirurgião Maxilo Facial em contextos de emergenciais, sendo essencial para a segurança e a eficácia nos atendimentos aonde se exige competência técnica associada à agilidade.

10. Formação Acadêmica e Clínica Integrada

10.1 Necessidade de Currículos Interdisciplinares

Em países como Brasil e América Latina, a formação na área de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial, consiste em residência no regime integral com media de 3 a 4 anos e carga horária total de 8640 a 12.000 horas, fornecendo ao cirurgião um saber essencial e de destaque na condução de diversas situações que podem ocorrer durante o exercício da especialidade.

Por outro lado, sabemos que na maior parte dos países da Europa e Estados Unidos, os programas de formação na área são mais abrangentes e completos, aonde especialidades como a Cirurgia Geral e Medicina Interna fazem parte da formação do profissional cirurgião da área.

Desse modo, a inserção de disciplinas médicas nos programas de residência em Cirurgia Maxilo Facial, como Semiologia, Clínica Médica (Medicina Interna), Cirurgia Geral com Anatomia aplicada e técnicas cirúrgicas gerais nos programas de formação em Cirurgia e Traumatologia Buco Maxilo Facial no Brasil, representa uma tendência essencial para a formação de profissionais mais completos, além de equiparar a especialidade de Cirurgia Maxilo Facial com os programas de formação praticados ao redor do mundo inteiro.

10.2 Experiência em Ambientes Hospitalares

O internato hospitalar em Cirurgia Maxilo Facial abordando as disciplinas como a Cirurgia Geral proporcionará vivência prática que conectará as duas áreas, preparando o Cirurgião Maxilo Facial (CMF) para lidar com complicações sistêmicas e contextos clínicos complexos com maior eficácia e agilidade.

11. Desafios e Perspectivas na Prática Clínica

11.1 Direito Médico e Legislação aplicada á Cirurgia Maxilo Facial

Diferentemente da maior parte dos países do mundo, no Brasil a deficiência no entendimento do Direito Médico aplicado à Cirurgia Maxilo Facial e dos aspectos legislativos que denotam a amplitude de atuação do cirurgião como profissional de caráter médico, acaba por limitar erroneamente a sua atuação.

Este cenário exige esforços para ampliar o entendimento sobre a prática interdisciplinar, além da disseminação do conhecimento aprofundado do Direito Médico aplicado a Cirurgia Maxilo Facial (CMF), pois as leis federais brasileiras 5081/66 e 12842/13, fornecem todo o respaldo legal para a atuação do profissional de forma abrangente em todas as situações que estejam atreladas ao exercício da especialidade.

Ainda assim, a lei garante que em casos graves de urgência e emergência, havendo risco de vida, que o profissional lance mão de todo o seu conhecimento adquirido, visando a manutenção da vida e saúde dos pacientes, como é citado no artigo 6, inciso VIII da Lei Federal Brasileira 5081/66:

VIII - prescrever e aplicar medicação de urgência no caso de acidentes graves que comprometam a vida e a saúde do paciente;

Assim sendo, conforme o texto extraído do artigo 6, inciso VIII da Lei 5081/66, citado acima, o Cirurgião Maxilo Facial (CMF) tem o dever de prestar atendimento emergencial aos pacientes que porventura necessitarem, o que justifica e respalda a necessidade do mesmo na aquisição do conhecimento de disciplinas médicas, principalmente na área de Cirurgia Geral, no intuito de prover aos pacientes a manutenção da vida em casos emergenciais e de saúde em geral.

11.2 O Futuro da Integração Médico-Cirúrgica

Conforme explorado nesse artigo, a tendência global de cuidados integrados aos pacientes, sugere que no Brasil, haja a ampliação de programas formativos que equiparem a formação do Cirurgião Maxilo Facial (CMF) brasileiro, com os demais cirurgiões da especialidade no Mundo, unindo Cirurgia Geral e Cirurgia Maxilo Facial, além de incentivar a colaboração interprofissional.

12. Conclusão

Podemos dizer que o conhecimento em Cirurgia Geral é um pilar indispensável para a atuação segura e eficaz do Cirurgião Maxilo Facial (CMF), conforme praticado na maioria dos países do mundo.

A integração de princípios e práticas dessas áreas, fortalece a capacidade de diagnóstico, manejo e tratamento, assegurando um cuidado abrangente e centrado no paciente.

Diferentemente da maior parte dos países do mundo, no Brasil a deficiência no entendimento legislativo da amplitude de atuação do Cirurgião Maxilo Facial, acaba por limitar erroneamente a sua atuação, acarretando em programas de formação deficientes em relação a formação da mesma especialidade nos demais países do mundo.

Em países como Brasil e América Latina, a formação na área de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial (CTBMF), consiste em residência no regime integral com media de 3 a 4 anos (como é praticado comumente em residências médicas convencionais), com uma vasta e exaustiva carga horária, fornecendo ao cirurgião um saber essencial e de destaque específico na área de Cirurgia Maxilo Facial.

Por outro lado, sabemos que na maior parte dos países da Europa e Estados Unidos, os programas de formação na área são ainda mais abrangentes e completos, aonde especialidades como a Cirurgia Geral e Medicina Interna compõem a grade dos programas de formação do profissional cirurgião da área.

Assim sendo, recomenda-se a implementação de currículos acadêmicos mundialmente integrados e pareados, além da promoção de ambientes clínicos colaborativos como estratégias para a formação de profissionais mais aptos a atender às demandas crescentes da prática clínica e cirúrgica, principalmente no que tange a área de Cirurgia Maxilo Facial, uma vez que o cirurgião do segmento é o responsável direto pelos seus pacientes, possuindo o respaldo legal para atuar em qualquer ato que esteja atrelado ao seu exercício profissional, garantindo a segurança por seus atos, a manutenção da vida em casos graves e emergenciais, além da saúde em geral de seus pacientes.

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1 Especialista em Cirurgia Maxilo Facial e Cirurgia Crânio Maxilo Facial, Clínica Médica / Medicina Interna, Patologia Geral e Semiologia Médica. Mestre em Medicina e Cirurgia (MSc). Mestre em Ciências Cirurgicas (Área de Concentração Cirurgia Oral e Maxilo Facial- MSc). Doutor em Medicina (MD). Doutor em Medicina e Cirurgia (PhD). Pós-Doutor em Medicina e Cirurgia (Post-Doc). E-mail: [email protected]