CIDADÃOS DIGITAIS: DESAFIOS E OPORTUNIDADES DA EDUCAÇÃO NA ERA TECNOLÓGICA
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REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.17172667
Cristina Moreira Campos1
RESUMO
O objetivo deste estudo é investigar como a interação contínua dos jovens com dispositivos digitais, característica da geração conhecida como "Screenagers", influencia sua aprendizagem, comportamento e relações sociais, além de explorar os desafios e as oportunidades que isso apresenta para o futuro da educação. O tema examina a dependência tecnológica, seus impactos no desenvolvimento cognitivo, e a necessidade de práticas pedagógicas que integrem tecnologias de maneira responsável e criativa além de inovadora para as práticas educacionais e a aprendizagem. A metodologia adotada é bibliográfica, envolvendo a análise de artigos acadêmicos, relatórios institucionais e pesquisas recentes sobre o impacto das tecnologias digitais no ambiente escolar. Conclui-se que, embora o uso dessas tecnologias possa ampliar as possibilidades educacionais, é crucial promover uma abordagem crítica, que equilibre o desenvolvimento de competências tecnológicas com habilidades sociais, emocionais e éticas. Essa perspectiva é essencial para preparar os estudantes para enfrentar os desafios do século XXI de forma consciente e participativa.
Palavras-chave: Educação digital. Geração screenagers. Pedagogia inovadora.
ABSTRACT
The objective of this study is to investigate how the continuous interaction of young people with digital devices, a characteristic of the generation known as "Screenagers", influences their learning, behavior and social relationships, in addition to exploring the challenges and opportunities that this presents for the future of education. The theme examines technological dependence, its impacts on cognitive development, and the need for pedagogical practices that integrate technologies in a responsible, creative and innovative way for educational practices and learning. The methodology adopted is bibliographic, involving the analysis of academic articles, institutional reports and recent research on the impact of digital technologies in the school environment. It is concluded that, although the use of these technologies can expand educational possibilities, it is crucial to promote a critical approach, which balances the development of technological skills with social, emotional and ethical skills. This perspective is essential to prepare students to face the challenges of the 21st century in a conscious and participatory way.
Keywords: Digital education. Screenagers generation. Innovative pedagogy.
1 INTRODUÇÃO
Vivemos em uma era caracterizada pela presença constante da tecnologia digital, que molda de forma profunda a maneira como crianças, adolescentes e jovens interagem com o mundo, aprendem e constroem conhecimento. Essa geração, frequentemente denominada “Screenagers”, cresceu em meio a dispositivos digitais, como smartphones, tablets e computadores, o que influencia significativamente seus hábitos, processos cognitivos, formas de comunicação e percepção do ambiente social. A convivência contínua com a tecnologia não apenas altera a maneira como esses jovens acessam informações, mas também redefine a dinâmica das relações interpessoais, o desenvolvimento de habilidades cognitivas e o modo como eles enfrentam desafios educativos. Nesse contexto, compreender o fenômeno dos Screenagers torna-se essencial para pensar estratégias pedagógicas adequadas e construir práticas educativas que respondam às demandas de uma geração digitalmente conectada.
A relevância do tema está diretamente relacionada ao impacto que o uso intenso das tecnologias exerce sobre a aprendizagem, o comportamento e o desenvolvimento socioemocional dos jovens. Pesquisas recentes indicam que os Screenagers apresentam características específicas, como maior facilidade na multitarefa digital, preferência por comunicação rápida e visual, e uma relação intensa com redes sociais e aplicativos colaborativos. Entretanto, essas habilidades coexistem com desafios, incluindo déficit de atenção, dispersão, dificuldade em estabelecer relações presenciais profundas e risco de dependência tecnológica. Para a educação contemporânea, isso significa que os métodos tradicionais de ensino precisam ser repensados, integrando recursos digitais de forma equilibrada e estratégica, de modo a potencializar o aprendizado sem comprometer aspectos fundamentais do desenvolvimento social e emocional.
O objetivo deste estudo é analisar de que forma a interação intensa com dispositivos digitais influencia o aprendizado, o comportamento e as relações interpessoais dos Screenagers, bem como identificar desafios e oportunidades que essa realidade apresenta para a prática educativa. A investigação busca compreender como educadores podem utilizar ferramentas digitais para favorecer a aprendizagem ativa, a colaboração e o pensamento crítico, ao mesmo tempo em que promovem o equilíbrio entre o mundo virtual e o desenvolvimento de habilidades socioemocionais. Para alcançar esses objetivos, optou-se por uma metodologia de caráter bibliográfico, fundamentada em artigos acadêmicos, estudos de caso, relatórios institucionais e pesquisas recentes, permitindo uma visão abrangente do impacto das tecnologias digitais no contexto escolar e nos processos de aprendizagem.
Este estudo encontra sua fundamentação teórica na análise de diferentes autores e abordagens relacionadas às tecnologias digitais, à aprendizagem colaborativa e às características da geração Screenager. O trabalho considera contribuições de pesquisadores que discutem a integração da tecnologia na educação, os efeitos cognitivos e sociais do uso intensivo de dispositivos digitais e as implicações pedagógicas da cultura digital contemporânea. Além disso, examina-se como práticas inovadoras, como metodologias ativas, plataformas digitais interativas e ferramentas colaborativas, podem ser aplicadas de maneira estratégica para engajar os estudantes, desenvolver competências do século XXI e promover uma aprendizagem significativa.
O trabalho está estruturado em três partes principais, iniciando com a contextualização do conceito de Screenagers, explorando suas características, hábitos tecnológicos e relação com a cultura digital emergente. Essa seção aborda também como o acesso a informações imediatas, a presença constante em redes sociais e a exposição a múltiplas plataformas digitais afetam a cognição, o comportamento e o estilo de aprendizagem dos jovens, destacando a necessidade de compreender essas transformações para promover práticas pedagógicas efetivas.
A segunda parte concentra-se nos impactos da tecnologia na educação, analisando mudanças nas práticas pedagógicas, nas estratégias de ensino e na relação professor-aluno. Discute-se como o uso de recursos digitais pode favorecer a aprendizagem personalizada, estimular a colaboração entre estudantes, fortalecer competências digitais e promover a construção ativa do conhecimento. Paralelamente, identificam-se os desafios associados à implementação de tecnologias, incluindo desigualdade de acesso, sobrecarga de informações, distrações digitais e necessidade de formação docente contínua.
Por fim, a terceira parte do estudo aborda a importância de equilibrar o uso da tecnologia com o desenvolvimento de competências sociais e emocionais. Discute-se a necessidade de criar ambientes educativos que incentivem a comunicação presencial, a empatia, o pensamento crítico e a resiliência, evitando que a imersão digital prejudique a construção de habilidades socioemocionais essenciais. Também são apresentadas recomendações pedagógicas e estratégias que permitem integrar tecnologias digitais de forma consciente, promovendo aprendizado significativo e preparando os jovens para desafios acadêmicos, profissionais e sociais.
A análise proposta busca não apenas compreender os efeitos da tecnologia sobre a aprendizagem e o comportamento dos Screenagers, mas também identificar práticas inovadoras que possam ser aplicadas na educação contemporânea. O estudo reforça que a tecnologia, quando utilizada de maneira estratégica e mediada pelo professor, é capaz de transformar a experiência educativa, tornando-a mais interativa, colaborativa e contextualizada. Assim, a pesquisa contribui para a reflexão sobre como equilibrar recursos digitais com pedagogias tradicionais e metodologias ativas, promovendo o desenvolvimento integral dos estudantes e preparando-os para enfrentar os desafios de um mundo cada vez mais conectado.
Por meio desta abordagem, espera-se fornecer subsídios para que educadores, gestores e pesquisadores compreendam melhor o fenômeno dos Screenagers e possam planejar intervenções pedagógicas que contemplem tanto a integração tecnológica quanto o desenvolvimento socioemocional. O estudo pretende, portanto, ampliar o conhecimento sobre as oportunidades e limitações das tecnologias digitais na educação, oferecendo uma base teórica e prática para decisões pedagógicas mais conscientes, inclusivas e eficazes, alinhadas às demandas da sociedade contemporânea e às necessidades de aprendizagem das novas gerações.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
O conceito de "Screenagers", popularizado pelo documentário de Delaney Ruston (2016), refere-se à geração de jovens que cresceram imersos em tecnologias digitais, principalmente telas de dispositivos como smartphones, tablets e computadores. No Brasil, essa terminologia vem sendo discutida por autores que analisam as implicações sociais, culturais e educacionais da intensa convivência com o digital. Segundo Pereira e Castro (2021), a ubiquidade das telas redefine as formas de comunicação, aprendizagem e entretenimento, moldando uma geração com habilidades distintas, mas também com desafios inéditos, como a superficialidade das relações interpessoais e a dificuldade de concentração.
No contexto da cultura digital, a interação constante com dispositivos tecnológicos transformou as dinâmicas sociais e educacionais. Para Teles e Andrade (2022), a cultura digital é caracterizada pela rapidez na troca de informações, pelo consumo constante de conteúdos multimídia e pela construção de identidades no ambiente online. Os Screenagers inserem-se nesse cenário como protagonistas, desenvolvendo habilidades tecnológicas precoces, mas enfrentando dilemas relacionados à privacidade, segurança e saúde mental. A mediação tecnológica permeia suas rotinas, influenciando desde a forma como constroem amizades até como adquirem conhecimento.
Uma característica marcante dos Screenagers é a multitarefa, frequentemente interpretada como uma habilidade decorrente da exposição a múltiplas plataformas digitais. No entanto, Martins e Silva (2023, p.11) argumentam que “essa prática pode comprometer a profundidade do aprendizado e da reflexão, favorecendo uma abordagem fragmentada do conhecimento”. Além disso, a pressão para estar constantemente conectado intensifica sentimentos de ansiedade e FOMO (fear of missing out), que, segundo Lima e Santos (2020), afetam diretamente o bem-estar emocional dos jovens.
A relação dos Screenagers com a cultura digital também é visível na maneira como consomem informações e desenvolvem suas visões de mundo. De acordo com Souza e Almeida (2021), a personalização de conteúdos pelas plataformas digitais cria bolhas informacionais que limitam o acesso a perspectivas diversas, restringindo a capacidade de reflexão crítica. Essa realidade apresenta um desafio significativo para a educação, que precisa ajudar os estudantes a navegar de forma crítica por um ambiente digital saturado de informações.
Outro aspecto crucial é o impacto da cultura digital na socialização dos Screenagers. Conforme aponta Carvalho (2022), a predominância das interações virtuais pode enfraquecer habilidades sociais como empatia e comunicação face a face, fundamentais para o desenvolvimento humano.
Portanto, a compreensão do conceito de Screenagers e sua relação com a cultura digital exige uma abordagem crítica e multidisciplinar. Como observam Ferreira e Oliveira (2023), cabe à sociedade, especialmente às instituições educacionais, desenvolver estratégias que potencializem os benefícios das tecnologias digitais enquanto minimizam seus impactos negativos. A construção de uma cultura digital responsável e inclusiva depende de um diálogo constante entre os jovens, suas famílias e os educadores, alinhado às necessidades e expectativas do século XXI.
2.1 Os Impactos do Cenário Digital na Educação: Transformações e Necessidades nas Práticas Pedagógicas
A transformação digital trouxe implicações profundas para o campo educacional, sobretudo no contexto da geração "Screenagers", cujos hábitos de aprendizagem são moldados pela constante interação com dispositivos tecnológicos. Esse cenário exige que as práticas pedagógicas sejam revisitadas e adaptadas para atender às necessidades e potencialidades dessa geração. Como apontam Souza e Almeida (2022), a tecnologia não deve ser vista apenas como ferramenta de suporte, mas como elemento essencial para promover uma educação mais dinâmica, interativa e alinhada aos desafios contemporâneos.
A educação tradicional, baseada em metodologias expositivas, mostra-se cada vez menos eficiente para engajar estudantes imersos na cultura digital. Segundo Lima e Santos (2023), a integração de tecnologias digitais nas práticas pedagógicas não é apenas uma demanda emergente, mas uma oportunidade para criar ambientes de aprendizagem mais significativos. Ferramentas como plataformas digitais, jogos educativos e simulações interativas permitem que os alunos desenvolvam competências essenciais, como a resolução de problemas, o pensamento crítico e a criatividade.
Contudo, a introdução de tecnologias requer planejamento cuidadoso e formação continuada dos educadores. Conforme destaca Silva (2021), muitos professores enfrentam dificuldades em incorporar tecnologias devido à falta de conhecimento técnico e pedagógico. Assim, é fundamental investir em capacitações que não apenas desenvolvam competências tecnológicas, mas também fomentem a reflexão sobre o uso ético e crítico desses recursos.
Outro impacto significativo do cenário digital é a possibilidade de personalizar a aprendizagem. De acordo com Oliveira e Costa (2023), tecnologias como inteligência artificial e plataformas adaptativas permitem que os educadores acompanhem o progresso individual dos estudantes, ajustando conteúdos e metodologias conforme suas necessidades e ritmos. Essa abordagem contribui para a inclusão educacional, garantindo que todos os alunos, independentemente de suas características, possam alcançar seu pleno potencial.
A personalização, no entanto, não deve ser vista como substituição do papel do professor, mas como um recurso que potencializa sua atuação. Para Teles e Andrade (2022), o educador permanece essencial como mediador e guia no processo de construção do conhecimento, especialmente no desenvolvimento de habilidades socioemocionais, que não podem ser plenamente supridas por tecnologias.
A convivência com a tecnologia também impõe desafios no âmbito das competências socioemocionais. Souza (2022) argumenta que, enquanto os Screenagers apresentam desenvoltura no uso de dispositivos digitais, frequentemente demonstram dificuldades em interações presenciais e em habilidades como empatia, trabalho em equipe e resolução de conflitos. Nesse sentido, as práticas pedagógicas precisam equilibrar o desenvolvimento tecnológico com estratégias que promovam competências humanas fundamentais.
Uma possível solução está na implementação de metodologias ativas, como a aprendizagem baseada em projetos e a gamificação, que integram aspectos tecnológicos e socioemocionais. Essas abordagens, segundo Martins (2023, p.24), “favorecem a colaboração e o engajamento, ao mesmo tempo que desenvolvem habilidades interpessoais e senso crítico”.
O cenário digital também ressalta desigualdades no acesso à tecnologia, um fator que impacta diretamente a educação. Ferreira e Almeida (2021) destacam que, embora o Brasil tenha avançado na democratização de dispositivos digitais, muitos estudantes ainda enfrentam dificuldades de acesso à internet de qualidade e a recursos tecnológicos. Essa realidade exige políticas públicas que garantam infraestrutura adequada e programas de inclusão digital, especialmente para comunidades mais vulneráveis.
Segundo Santos e Oliveira (2023), a educação digital deve preparar os estudantes para navegar em um ambiente virtual marcado por desinformação, discurso de ódio e violações de privacidade, capacitando-os a atuar de forma consciente e cidadã.
2 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A integração da tecnologia ao cotidiano escolar trouxe benefícios inegáveis, mas também revelou desafios, especialmente no desenvolvimento das competências sociais e emocionais dos estudantes. A geração dos "Screenagers", marcada por sua fluência digital, necessita de práticas educacionais que vão além da inclusão tecnológica, equilibrando a promoção do conhecimento técnico com o fortalecimento de habilidades humanas essenciais. Segundo Oliveira e Costa (2023), a educação contemporânea deve ser vista como um espaço de formação integral, no qual os estudantes sejam capazes de compreender e navegar pelas complexidades do mundo digital sem perder de vista a empatia, a colaboração e o senso crítico.
As competências sociais e emocionais, definidas como habilidades que permitem aos indivíduos gerenciar emoções, estabelecer relações saudáveis e tomar decisões éticas, têm ganhado destaque na educação global. No Brasil, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) incorporou essas competências como elemento transversal, reforçando a necessidade de integrá-las ao currículo. Conforme aponta Lima e Santos (2022), o uso intenso de tecnologias digitais, enquanto facilita o acesso ao conhecimento, também pode enfraquecer habilidades como a comunicação interpessoal e a resolução de conflitos.
Nesse sentido, a escola desempenha um papel essencial na mediação do impacto das tecnologias no desenvolvimento socioemocional dos jovens. Ferreira e Almeida (2021) destacam que os educadores precisam adotar práticas que combinem o uso de ferramentas digitais com atividades que incentivem a interação humana e a reflexão ética. A utilização de metodologias ativas, como a aprendizagem baseada em projetos, tem se mostrado eficaz para fomentar essas competências, ao mesmo tempo que estimula o trabalho em equipe e a resolução colaborativa de problemas.
O equilíbrio entre o uso da tecnologia e o desenvolvimento socioemocional apresenta desafios significativos. De acordo com Souza e Almeida (2022, p.13), “a cultura digital muitas vezes privilegia a velocidade e a eficiência em detrimento da profundidade das relações humanas”. Redes sociais e plataformas digitais, ao mesmo tempo que conectam os jovens a uma rede global, podem gerar sentimentos de isolamento e ansiedade devido à comparação social e ao medo de exclusão.
Para enfrentar esses desafios, Teles e Andrade (2022) sugerem a introdução de práticas pedagógicas que desenvolvam a autorregulação emocional e a consciência crítica em relação ao uso da tecnologia. Por exemplo, a realização de debates sobre o impacto das mídias sociais ou a implementação de atividades de mindfulness nas escolas pode ajudar os alunos a refletirem sobre sua relação com as ferramentas digitais e a cultivarem habilidades como a empatia e a resiliência.
As perspectivas futuras para a educação no contexto digital dependem da implementação de estratégias que promovam o uso equilibrado e consciente da tecnologia. Para Silva (2023), uma abordagem integradora deve envolver não apenas a formação tecnológica dos professores, mas também o desenvolvimento de programas que incentivem o diálogo entre família, escola e comunidade. Projetos de inclusão digital que garantam acesso equitativo às ferramentas tecnológicas são igualmente importantes para assegurar que todos os estudantes tenham oportunidades de desenvolver suas competências socioemocionais e digitais.
Além disso, é necessário que a educação seja permeada por uma ética digital que promova o uso responsável e seguro da tecnologia. Martins (2023) ressalta que, em um cenário marcado pela desinformação e pelo discurso de ódio, os estudantes precisam ser capacitados para identificar fontes confiáveis, comunicar-se de forma respeitosa e exercer cidadania digital. Essas habilidades são cruciais para que a tecnologia seja uma aliada na construção de um mundo mais justo e inclusivo.
O equilíbrio entre o uso da tecnologia e o desenvolvimento de competências sociais e emocionais é um dos grandes desafios da educação contemporânea. Como observado por Lima e Santos (2022), a integração das tecnologias digitais ao processo educacional deve ser realizada de forma crítica, considerando tanto os benefícios quanto os riscos. Para isso, é fundamental que as práticas pedagógicas sejam constantemente revisadas e ajustadas às necessidades dos estudantes.
O futuro da educação no contexto digital dependerá da capacidade de escolas e professores de atuar como mediadores entre os jovens e as tecnologias, criando espaços de aprendizagem que valorizem tanto o conhecimento técnico quanto as relações humanas. Conforme destaca Souza (2023), é preciso formar uma geração que não apenas domine as ferramentas digitais, mas que também compreenda a importância de construir conexões significativas e de atuar com responsabilidade no mundo digital.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os objetivos deste trabalho foram plenamente atendidos ao destacar a necessidade de equilibrar o uso da tecnologia com o desenvolvimento de competências sociais e emocionais no contexto educacional. Ao longo da análise, tornou-se evidente que a cultura digital exerce um impacto profundo sobre o processo de ensino-aprendizagem, alterando não apenas a forma como os estudantes acessam e processam informações, mas também como interagem, se comunicam e constroem conhecimento em ambientes coletivos. Nesse sentido, o estudo reforça a importância de práticas pedagógicas inovadoras, que não se restrinjam à utilização de ferramentas digitais, mas que integrem a tecnologia de maneira estratégica, promovendo tanto a formação técnica quanto o desenvolvimento integral dos estudantes.
A análise desenvolvida evidenciou que, embora as tecnologias digitais tragam benefícios claros — como a personalização da aprendizagem, o acesso rápido à informação e a possibilidade de aprendizagem colaborativa —, sua utilização isolada não garante resultados significativos. O uso crítico, reflexivo e ético das ferramentas digitais é fundamental para que elas se tornem instrumentos de aprendizagem efetiva. É necessário que educadores e instituições escolares compreendam que a tecnologia deve ser mediada de forma intencional, promovendo não apenas a aquisição de conhecimento, mas também a construção de competências socioemocionais, como empatia, comunicação assertiva, colaboração, resiliência e pensamento crítico.
Outro ponto relevante identificado neste estudo refere-se à importância da formação docente continuada. Professores preparados tecnicamente e pedagogicamente são capazes de explorar plenamente os recursos digitais, organizando atividades que favoreçam a interação, a participação ativa e a aprendizagem significativa. Além disso, a formação docente inclui o desenvolvimento de habilidades de mediação de conflitos, orientação ética no uso das tecnologias e estratégias para promover a inclusão digital, garantindo que todos os alunos, independentemente de suas condições socioeconômicas ou características individuais, possam se beneficiar das oportunidades proporcionadas pela educação digital.
O estudo também destaca a necessidade de políticas institucionais que apoiem a integração da tecnologia na educação. A disponibilidade de infraestrutura adequada — como laboratórios de informática, conexão à internet de qualidade e softwares educacionais — é essencial para que os professores e alunos utilizem a tecnologia de forma consistente e eficaz. Além disso, ações institucionais que incentivem a troca de experiências entre docentes, o desenvolvimento de projetos colaborativos e a aplicação de metodologias ativas contribuem para fortalecer uma cultura escolar digitalmente engajada e inclusiva.
Outro aspecto relevante abordado refere-se ao papel da tecnologia no desenvolvimento de competências do século XXI. As habilidades digitais são importantes, mas não suficientes para preparar os estudantes para os desafios contemporâneos. É necessário que o uso das tecnologias esteja integrado ao ensino de habilidades humanas, como criatividade, autonomia, responsabilidade, pensamento crítico e capacidade de tomada de decisão ética. A integração equilibrada entre competências digitais e socioemocionais constitui o alicerce para uma educação que forma cidadãos conscientes, capazes de atuar de maneira responsável, colaborativa e inovadora na sociedade.
Além disso, a reflexão sobre o impacto da cultura digital na educação revela que os alunos de hoje, muitas vezes chamados de “Screenagers”, apresentam modos de aprendizagem diferentes das gerações anteriores. Estão acostumados à multitarefa digital, ao acesso rápido à informação e à interação constante em redes sociais e plataformas colaborativas. Essa realidade exige que as práticas pedagógicas sejam flexíveis, diversificadas e centradas no estudante, promovendo atividades que integrem tecnologia e interação humana, de modo a estimular o engajamento, a motivação e a aprendizagem significativa.
Outro ponto importante abordado neste estudo é a necessidade de promover uma educação ética e crítica em relação ao uso da tecnologia. O desenvolvimento de habilidades de cidadania digital, como respeito à diversidade, comportamento responsável online, segurança digital e discernimento crítico diante de informações disponíveis na internet, é essencial para que os estudantes se tornem indivíduos capazes de tomar decisões conscientes e contribuir de forma positiva para a sociedade digital. Assim, a tecnologia não se limita a um instrumento de aprendizagem, mas se torna um espaço de formação cidadã, colaborativa e crítica.
Por fim, conclui-se que o futuro da educação no contexto digital exige um compromisso contínuo de professores, gestores, alunos e sociedade em geral para adaptar as práticas educativas às demandas contemporâneas. A integração equilibrada entre tecnologia e competências humanas deve ser a orientação central das políticas educacionais e das metodologias pedagógicas. O objetivo é construir uma educação que prepare os estudantes não apenas para lidar com ferramentas digitais, mas também para atuar de maneira ética, empática, responsável e consciente em um mundo cada vez mais interconectado e complexo.
Os desafios identificados formação docente, infraestrutura, inclusão digital e mediação ética são superáveis por meio de políticas educativas estratégicas, investimento em capacitação e reflexão contínua sobre as práticas pedagógicas. O equilíbrio entre tecnologia e competências socioemocionais representa, portanto, o caminho para uma educação que combine inovação, aprendizagem significativa e desenvolvimento humano pleno, preparando os jovens para os desafios de uma sociedade digital e colaborativa.
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1 Mestre em Formação de Professores pela Funiber. Email [email protected]