BRINCANDO E APRENDENDO COM A FLORA DE MANEIRA SUSTENTÁVEL
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REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.15884352
Rejane Pereira Alves1
Adriana Maria Guedes Miranda2
Elaine Cristina Costa dos Santos3
Leila Maria Barreto Duarte4
Silvana Alves Queiroz5
RESUMO
O presente relato de experiência teve o objetivo de apresentar os resultados obtidos por meio do projeto de aprendizagem intitulado “Biomas da Amazônia: Brincando e Aprendendo com a Flora de Maneira Sustentável”, cujos procedimentos teórico-metodológicos basearam-se no trabalho cooperativo, como forma de promover a interdisciplinaridade. Ressalta-se que as experiências promovidas foram desenvolvidas junto aos alunos do 4º ano E, do turno vespertino, da Escola Municipal Francisco de Souza Bríglia, em Boa Vista-RR, tendo como fio condutor a promoção de práticas sociais e educacionais, com foco na compreensão sobre a flora amazônica e questões ambientais relacionadas. Dessa forma, para apresentar o trabalho desenvolvido, realizou-se uma pesquisa bibliográfica, com abordagem qualitativa do tipo descritiva. Os resultados obtidos demonstram que as experiências promovidas se apresentaram dinâmicas, criativas e desafiadoras para os alunos, permitindo contribuições a sua formação integral, pois partiu e estimulou o seu protagonismo infantil e estudantil, chegando-se a conclusão de que os alunos não apenas adquiriram conhecimentos valiosos sobre as plantas do bioma, mas também se tornaram defensores engajados da preservação ambiental.
Palavras-chave: Projetos de Aprendizagem. Biomas da Amazônia. Sustentabilidade. Protagonismo Infantil.
ABSTRACT
The present experience report aimed to present the results obtained through the learning project entitled “Amazon Biomes: Playing and Learning with Flora in a Sustainable Way”, whose theoretical-methodological procedures were based on cooperative work, as a way of promoting interdisciplinarity. It is worth noting that the experiences promoted were developed with students from the 4th year E, in the afternoon shift, at the Francisco de Souza Bríglia Municipal School, in Boa Vista-RR, having as a guiding principle the promotion of social and educational practices, with a focus on understanding the Amazon flora and related environmental issues. Thus, to present the work developed, a bibliographical research was carried out, with a qualitative descriptive approach. The results obtained demonstrate that the experiences promoted were dynamic, creative and challenging for the students, allowing contributions to their integral education, as it started and stimulated their child and student protagonism, reaching the conclusion that the students not only acquired valuable knowledge about the plants of the biome, but also became engaged defenders of environmental preservation.
Keywords: Learning Projects. Amazon Biomes. Sustainability. Children's Leadership.
Introdução
Com o objetivo principal de promover o aprendizado lúdico e educativo que explore a flora da Amazônia entre os alunos do 4º ano E, do turno vespertino, da Escola Municipal Francisco de Souza Bríglia, Boa Vista/RR, por meio do desenvolvimento de atividades interativas e criativas, como jogos da memória, cartas, atividades lúdicas e a construção de maquetes representativas da flora da Amazônia utilizando materiais recicláveis, buscando-se incentivar práticas sustentáveis e o respeito ao meio ambiente, foi desenvolvido o projeto de aprendizagem “Biomas da Amazônia: Brincando e Aprendendo com a Flora de Maneira Sustentável”.
Para apresentar os resultados obtidos por meio do projeto de aprendizagem em destaque, estruturou-se esse relato de experiência intitulado “Brincando e Aprendendo com a Flora de Maneira Sustentável”, cujos procedimentos teórico-metodológicos basearam-se no trabalho cooperativo entre os professores (titular de sala de aula e a de Arte), como forma de promover a interdisciplinaridade.
A escolha do título desse relato se deu após perceber o quanto o componente curricular Arte contribuiu com o trabalho proposto pela professora de sala, onde juntas, tentaram aliar o tema central da Feira de Iniciação Científica de Boa Vista (FEIC-BV), que foi “Biomas da Amazônia: diversidade, saberes e tecnologias sociais” com os conteúdos previstos para o 2º bimestre, conforme currículo escolar.
Isso é possível porque a própria Proposta Curricular Municipal de Ensino Fundamental (PCMEF) dos Anos Iniciais/Educação de Jovens e Adultos (EJA) prevê, entre outros aspectos, a pedagogia de projetos e a interdisciplinaridade, em virtude de apresentar-se “como uma das expressões desse entendimento globalizante da realidade que permite ao aluno analisar os problemas, as situações e os acontecimentos dentro de um contexto” (BOA VISTA, 2022, p. 64), utilizando-se, para isso, dos conhecimentos desenvolvidos por meio das competências e habilidades a partir das experiências socioculturais.
Ciente disso, destaca-se que este relato de experiência, além de apresentar os resultados obtidos, traz para a análise as contribuições de teóricos sobre o assunto, assim como as evidências que confirmam a sua realização, e que foram implementadas por meio de uma pesquisa bibliográfica e qualitativa baseada no método descritivo, conforme definido por autores como Gil (2002).
O aprendizado da Flora para o desenvolvimento sustentável na escola
A organização do trabalho pedagógico nas escolas de Ensino Fundamental tem como premissa a criação de projetos de aprendizagem que considerem fatores que exijam trabalho gradativo individual e coletivo de todos os profissionais da escola a partir dos conhecimentos já conquistados pelas crianças.
Pensando no ensino de Ciências da Natureza na escola, numa perspectiva interdisciplinar e a favor da sustentabilidade, tem sido proposto, na rede municipal de Boa Vista/RR, um ensino com foco no desenvolvimento de um currículo que responda os avanços do conhecimento científico e a participação ativa do aluno no processo de ensino e aprendizagem.
Nesse contexto, a pedagogia de projetos apresenta-se como uma das propostas de trabalho assumida por toda a rede municipal de ensino de Boa Vista/RR. Para isso, propõe-se que os alunos sejam capazes de analisar os problemas, as situações e os acontecimentos , utilizando para isso, os conhecimentos desenvolvidos por meio das competências e habilidades adquiridas a partir das experiências vivenciadas em cada componente curricular previsto (BOA VISTA, 2022).
Isso se faz necessário porque é na escola que se pode, entre outros aspectos, aprimorar diversos conhecimentos, como é o caso do:
Conhecimento ambiental com o objetivo de manter e preservar o equilíbrio global necessário para o convívio harmônico entre as espécies que habitam o planeta. Para tanto, observa-se a importância de se aliar os conteúdos teóricos com a prática dos alunos. Afinal, é necessário despertar um espaço de valores de solidariedade, de cooperação, de participação, de responsabilidade e cuidados o Meio Ambiente (GODOY; TAVARES, 2010, p. 02).
Diante disso, a metodologia de ensino proposta na rede municipal de ensino de Boa Vista/RR busca ampliar o espírito investigativo do aluno que está nos anos iniciais do Ensino Fundamental, visando, acima de tudo, dinamizar o seu contato com os conhecimentos estudados.
A própria escola possui ambientes de aprendizagem que permitem o contato com o conteúdo a ser explorado. E, por sua constituição específica, eles tendem a propiciar uma ótima percepção dos fenômenos a serem observados e dos conhecimentos a serem adquiridos, “dada a proximidade entre o objeto de estudo e aluno, gerando condições adequadas ao surgimento de situações-problemas em torno dos conceitos” (BRASIL, 2017, p. 321).
Como exemplo desses ambientes, para explorar a flora, na perspectiva do desenvolvimento sustentável na escola, pode-se citar o jardim, a horta, os reservatórios de água, entre outros espaços físicos, que já existem ou se que podem implementar para o tornar o aprendizado mais rico e significativo para os alunos dos anos iniciais do Ensino Fundamental.
Esperava-se, com isso, democratizar o conhecimento científico, pois já é reconhecida a importância da vivência científica na escola, desde os anos iniciais do Ensino Fundamental. E, o ensino de Ciências da Natureza, aliada a outros componentes do currículo escolar, como o de Arte, se torna um componente curricular privilegiado para o debate sobre o mundo, dos fenômenos da natureza e das transformações produzidas pelo homem, “utilizando-se dos conhecimentos da natureza científica e tecnológica de maneira ética e ambientalmente responsável” (LUSTOSA, 2013, p. 12).
Nessa perspectiva de entendimento, a flora é um dos importantes conteúdos a serem explorados na escola, uma vez que conhecer o que a constitui para permanecer e preservar o equilíbrio global é essencial para o crescimento dos alunos dos anos iniciais do Ensino Fundamental, principalmente como:
Seres humanos que respeitam a si próprios e os outros com consciência social e ecológica, de modo que possa atuar com responsabilidade e liberdade na comunidade a que pertencem. Mas, para isso, é necessário despertar um espaço de convivência em valores de solidariedade, de cooperação, de participação, de responsabilidade e com cuidado de reconhecer as diferenças (GODOY; TAVARES, 2010, p. 04).
Isso implica o desenvolvimento de um processo de ensino e aprendizagem, não apenas numa perspectiva interdisciplinar, mas, também, mais crítico e criativo, com foco na formação integral dos alunos. Contudo, isso só é possível se o professor assumir o papel de mediador e orientador deste processo.
Para que isso aconteça os estudantes devem adquirir “a capacidade de compreender e interpretar o mundo (natural, social e tecnológico), mas também de transformá-lo com base nos aportes teóricos e processuais das ciências” (BRASIL, 2017, p. 321).
E, considerando o conteúdo Flora, numa perspectiva sustentável, na escola, França e Oliveira (2024) pontuam a importância que se tem de implementar projetos de aprendizagem que foquem no desenvolvimento de práticas sustentáveis que tenham como ponto de partida a participação democrática e meio ambiente, a gestão de resíduos sólidos, a ampliação de espaços verdes e o consumo racional de recursos.
Isso se faz necessário porque, é na escola, que os alunos dos anos iniciais do Ensino Fundamental tem a oportunidade de adquirir “um novo olhar sobre o mundo que os cerca, como também façam escolhas e intervenções conscientes e pautadas nos princípios da sustentabilidade e do bem comum” (BRASIL, 2017, p. 321).
Sabendo disso, reforça-se que os projetos de aprendizagem que exploram a fauna, na perspectiva interdisciplinar, na escola, representam, acima de tudo, uma forma de ensinar, cujo ponto central é a problematização, que permite aos alunos, entre outros aspectos, construir aprendizagens essenciais.
No entanto, França e Oliveira (2024) destacam que isso só é possível se forem garantidos aos estudantes, não apenas a matrícula, acesso e permanência do aluno na escola. Mas, acima de tudo, um currículo comum e, ao mesmo tempo, diversificado, rico em oportunidades de aprendizagem.
Nesse sentido, é mais do que necessário trabalhar a flora, numa perspectiva interdisciplinar, com a finalidade de construir uma “ética ambiental capaz de fomentar atitudes e um modelo de sociedade sustentável, que conviva de forma harmoniosa com a natureza” (BRASIL, 2007, p. 06).
Afinal, não se pode mais pensar que as pessoas por si só vão conseguir entender que é preciso se desenvolver sustentavelmente. É preciso, mais do que tudo, uma mudança de atitude. E, isso só ocorre se, desde a escola, logo no início do processo de escolarização, ocorrer a organização de situações de aprendizagem desafiadoras e que estimulem o interesse e a curiosidade científica dos alunos, justamente porque o próprio processo educativo deve estar focado na promoção habilidades e competências voltados para o letramento científico.
E, isso só é possível se houver uma preocupação com o desenvolvimento de conteúdos que foquem na Educação Ambiental, no trabalho interdisciplinar e na fomentação de uma consciência sustentável. Sem isso, corre-se o sério risco de fracassar.
Metodologia
O projeto de aprendizagem “Biomas da Amazônia: Brincando e Aprendendo com a Flora de Maneira Sustentável” foi desenvolvido junto aos alunos do 4º ano E, do turno vespertino, da Escola Municipal Francisco de Souza Bríglia, em Boa Vista-RR, tendo como fio condutor as atividades colaborativas propostas pela professora de sala e a do componente curricular Arte.
Como parte dos procedimentos metodológicos, planejou-se e executou-se ações teórico-práticas de cunho pedagógico e educativo:
construção do projeto de aprendizagem em parceria com a professora de sala;
apresentação a coordenação pedagógica para conhecimento e monitoramento;
planejamento e realização das atividades propostas;
apresentação dos resultados obtidos a partir do projeto de aprendizagem na IV Feira de Iniciação Cientifica de Boa Vista (FEIC-BV), Etapa Escolar;
avaliação contínua, diagnóstica e processual, ao longo do desenvolvimento do projeto de aprendizagem na escola.
Destaca-se que a participação do componente curricular Arte ocorreu de forma mediada, durante as duas aulas ministradas na turma, sendo que uma era para os conteúdos previstos pela disciplina, e o outro tempo foi destinado ao projeto de aprendizagem, sempre sem comprometer o previsto pelo currículo escolar.
As atividades, cuja participação ativa do componente curricular Arte aconteceu, foram:
Criação de jogos da memória e cartas que apresentavam diferentes espécies da flora amazônica, ajudando os alunos a reconhecer e aprender sobre esses animais de maneira divertida;
Construção de uma maquete representativa da flora amazônica, promovendo o trabalho em equipe e a criatividade.
Os instrumentos utilizados para avaliar os resultados foram, além da frequência, a participação, o envolvimento e o trabalho em equipe, onde foram sendo relatados a professora de sala o progresso das atividades propostas, além de serem descritas no diário de bordo que foi utilizado na IV FEIC-BV, Etapa Escolar e Municipal.
As aulas aconteceram expositivamente com recursos online para realizar pesquisas sobre as plantas nativas da Amazônia, utilizando essas informações na produção de textos e histórias em quadrinhos que destacaram as características e a importância das espécies vegetais locais.
Para promover o engajamento e a criatividade, foram incentivados a confeccionar cartas (figurinhas) e jogos da memória com imagens das plantas do bioma amazônico. Essas atividades não apenas reforçaram o aprendizado sobre a flora amazônica, mas também incentivaram a interação social e a colaboração entre os colegas, mediante o seguinte cronograma:
Quadro 1: Processo de desenvolvimento do projeto de aprendizagem.
Estratégias Pedagógicas | Materiais/ | Produção | Avaliação |
Aula expositiva com vídeos, conversa sobre conhecimentos prévios sobre a exuberante biodiversidade e riqueza ecológica da Amazônia. | Tv | Conversa sobre práticas sustentáveis e o respeito pelo meio ambiente | Por meio de sugestões apresentadas pelos alunos |
Definição de nomes para formação dos grupos e seleção de materiais descartáveis. | Papelão, plásticos e tampinhas de garrafa. | Separação de materiais e estratégia de montagem das maquetes | Por meio da participação e interesse dos grupos |
Confecções de maquetes | Cola quente, papelão, lápis, tampas, papel A4 e tesoura | Cada grupo confeccionou sua maquete. | Por meio da produção das maquetes |
Confecção e produção dos jogos | Notebook, papel cartão, cola, canetas coloridas, tesoura. | Início da produção dos jogos | Por meio da participação dos alunos na produção dos jogos |
Socialização de jogos | jogos da memória e cartas educativas. | Tarde de jogos | Por meio da participação e respeito às regras do jogo |
Finalização do projeto de aprendizagem | Ajustes nas maquetes e verificação dos jogos e cartas. | Interação e brincadeiras | Por meio da participação dos alunos |
Fonte: Dados da pesquisa (2025).
Ressalta-se que, além do trabalho interdisciplinar, este projeto de aprendizagem se propôs a melhorar as práticas sociais e educacionais, ampliando a compreensão dos alunos sobre a flora amazônica e questões ambientais relacionadas, tudo alinhado ao que propõe a pesquisa bibliográfica, com abordagem qualitativa do tipo descritiva proposta por Gil (2002).
A pesquisa bibliográfica, por exemplo, foi desenvolvida a partir da seleção de “fontes impressas e/ou eletrônicas, com o objetivo de colocar o pesquisador em contato direto com todo o material já escrito sobre o assunto da pesquisa” (CHIZZOTTI, 2013, p. 54). Cabendo apenas ser verificado a confiabilidade destes dados com a finalidade de não prejudicar a qualidade de sua pesquisa.
Com base nisso, a abordagem empregada foi a qualitativa em virtude de se buscar “compreender um problema de caráter humano ou social, por meio da elaboração de um desenho complexo construído sobre palavras e desenvolvido num contexto natural” (GONZÁLEZ; FERNÁNDEZ; CAMARGO, 2014, p. 54).
E, por fim, empregou-se a pesquisa de caráter descritivo visando atender aos objetivos propostos neste estudo, que segundo Marconi e Lakatos (2014, p. 52):
Esse tipo de pesquisa permite ao pesquisador registras e descrever os fatos observados sem interferir neles. Visa, portanto, descrever as características de determinada população ou fenômeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis, pois envolve o uso de técnicas padronizadas de coleta de dados (...).
Como se pode observar, a pesquisa descritiva foi utilizada neste estudo em virtude de permitir à observação, o registro e a ordenação dos dados necessários à resolução do problema de pesquisa, mas sem qualquer tipo de interferência, de modo a descobrir a ocorrência do fato pesquisado, bem como suas causas, características e particularidades.
Análise e discussão dos resultados
Partindo-se da premissa necessária que se tem de desenvolver, como estratégia, um projeto de aprendizagem partindo do protagonismo do aluno, pois o desenvolvimento cognitivo é imprescindível à formação de conceitos necessários ao ensino de Ciências (BOA VISTA, 2022), destaca-se que os resultados alcançados tanto em contexto geral quanto específico, mostrou que:
houve o aprendizado lúdico e educativo sobre a flora da Amazônia entre os alunos do 4º ano E, por meio do trabalho cooperativo entre a professora de sala e a do componente curricular Arte;
as atividades interativas e criativas, como jogos educativos e a construção de maquetes utilizando materiais recicláveis ajudaram a estimular os alunos a querer explorar e compreender a biodiversidade vegetal desse bioma único;
os alunos se interessaram muito mais pelo assunto, uma vez que foram envolvidos em atividades práticas tanto em sala quanto nas aulas de Arte;
houve ampliação do seu conhecimento sobre as diferentes espécies de plantas presentes na Amazônia, entendendo suas características, funções ecológicas e importância para o equilíbrio ambiental.
Considerando os resultados alcançados, concorda-se com Fas (2014, p. 09) ao afirmar que desenvolver projetos de aprendizagem dessa natureza, na perspectiva interdisciplinar “representam uma oportunidade para manter acesa a chama da esperança de um desenvolvimento mais justo com as pessoas, mais generoso com a natureza e mais sustentável para as gerações futuras”.
Sabendo disso, ressalta-se que a execução do projeto foi sendo pensada desde o primeiro bimestre, mas a sua realização ocorreu somente no 2º bimestre, após observar-se que os alunos apresentavam grande interesse em brincadeiras com cartas durante o intervalo e algumas vezes em sala de aula de maneira dispersa ou indisciplinada.
Além disso, o convite ao componente de Arte para participar do projeto de aprendizagem se deu pela professora de sala que queria aliar a interdisciplinaridade como proposta de ensino, incluindo assim, a participação na confecção prática dos jogos e das maquetes.
Essa proposta interdisciplinar vai ao encontro do que propõe a Proposta Curricular Municipal do Ensino Fundamental (PCMEF) dos Anos Iniciais/Educação de Jovens e Adultos (EJA), que prevê “a importância da criança perceber o objeto em sua totalidade, e não na forma decomposta” (BOA VISTA, 2022, p. 227).
Logo, as experiências promovidas apresentaram-se dinâmicas, criativas e desafiadoras para os alunos, permitindo contribuições a sua formação integral, como:
criar e testar hipóteses;
conscientização sobre a importância da preservação e conservação da flora amazônica;
comparar lembranças e vivências;
refletiram sobre os desafios enfrentados pelas plantas do bioma, como o desmatamento e as mudanças climáticas;
relatar situações do cotidiano familiar;
entenderam, a partir de seus relatos orais, como suas próprias ações podem contribuir para a proteção e recuperação desse ecossistema vital.
Tais contribuições foram importantes porque se apresentam como espaços de aprendizagem dedicados a “acolher iniciativas de educação transformadora e holística, que privilegiam o debate, a construção e disseminação de alternativas para transformar a realidade na direção da sustentabilidade” (FAZ, 2014, p. 09).
Assim, como parte das contribuições vivenciadas a partir do projeto de aprendizagem, destacam-se:
o desenvolvimento de habilidades práticas, como a criatividade na produção de artesanato com materiais recicláveis, promovendo a sustentabilidade e o reaproveitamento de recursos;
reforço da mensagem de responsabilidade ambiental, assim como da capacidade de aplicar esses princípios em suas vidas diárias, contribuindo para uma cultura de respeito e cuidado com a natureza;
se comunicar, se expressar e a trazer uma leitura e escrita de mundo prévia realizada do jeito que viam e compreendiam tudo a sua volta.
Estes resultados mostram, entre outros aspectos, o compromisso assumido com o desenvolvimento do letramento científico na escola, tendo como base os aportes teóricos e processuais das ciências, por isso a importância de se assegurar aos alunos do Ensino Fundamental, o acesso à diversidade de conhecimentos científicos, como parte de sua formação integral (BRASIL, 2017).
Em suma, ao integrar aprendizado lúdico e educativo com a exploração ativa da flora amazônica, os alunos não apenas adquiriram conhecimentos valiosos sobre as plantas do bioma, mas também se tornaram defensores engajados da preservação ambiental. Com isso, contribuíram para um futuro mais consciente e sustentável para a Amazônia.
Conclusão
Trabalhar a flora, numa perspectiva interdisciplinar, utilizando os jogos e a maquete, como ponto de partida para a aprendizagem escolar, tornou-se possível junto a turma de 4º ano E, do turno vespertino, da Escola Municipal Francisco de Souza Bríglia, Boa Vista/RR.
A proposta de trabalho tornou-se bastante positiva uma vez que seu desenvolvimento teve como base a implementação de um projeto de aprendizagem que considerou, em cada uma das suas etapas metodológicas, entre outros aspectos, as vivências, histórias e realidades da turma, numa perspectiva integrada com o currículo proposto para os Anos Iniciais do Ensino Fundamental na rede pública municipal de ensino de Boa Vista/RR.
E, isso só foi possível porque as professoras de sala e de Arte se uniram para ampliar o espírito investigativo dos alunos, ao mesmo tempo em que buscaram dinamizar o seu contato com a flora, cujo foco principal foi o desenvolvimento sustentável no ambiente escolar.
Assim, diante da necessidade de possibilitar a esses alunos do 4º ano E, do turno vespertino, da Escola Municipal Francisco de Souza Bríglia, Boa Vista/RR, ter um novo olhar sobre o mundo que os cerca, é que se propôs a junção dos conteúdos de sala e do componente de Arte, tendo como fio condutor a interdisciplinaridade, mostrando ser possível realizar escolhas e fazer intervenções conscientes e pautadas nos princípios da sustentabilidade e do bem comum.
E, para tornar essa proposta de trabalho possível, se uniu a aprendizagem ao lúdico por meio da vivência de jogos e brincadeiras, assim como se fomentou a construção de uma maquete que muito bem representou a fauna que tanto se faz necessário ser preservada. Afinal, hoje mais do que nunca, a escola tem o papel de desenvolver nos alunos, habilidades e competências voltadas para o exercício de uma cidadania planetária, pautada na consciência sustentável e no protagonismo ecológico destes sujeitos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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GONZÁLEZ, José Antonio Torres; FERNÁNDEZ, Antonio Hernández; CAMARGO, Claudia de Barros. Aspectos fundamentais da pesquisa científica. Asunción, Paraguay: Marben Editora & Gráfica, 2014.
LUSTOSA, M. S. O olhar docente sobre o ensino de Ciências da Natureza no Ensino Fundamental II em Campina Grande, PB. 2013. 57p. Monografia (Licenciatura em Ciências Biológica). Professora Orientadora Cibelle Flávia Farias Neves. Universidade Estadual da Paraíba, Campina Grande, 2013.
MARCONI, Marina de Andrade. LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de metodologia científica. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2014.
Anexos
1 Graduada em Pedagoga (Faculdade de Ciências, Educação e Teologia do Norte do Brasil – FACETEN, 2010) e em Matemática (Universidade Estadual de Roraima – UERR, 2019), Especialista em Educação Especial e Inclusiva (Faculdade de Educação São Luís, 2022). E-mail: [email protected]
2 Graduada em Pedagogia (Universidade Luterana do Brasil, 2010). E-mail: [email protected]
3 Pedagoga (Faculdade Estácio da Amazônia, 2013), Especialista em Educação Infantil com habilitação em Educação Especial (Faculdade de Ciências, Educação e Teologia do Norte do Brasil – FACETEN, 2019).
4 Graduada em Pedagogia (Faculdade Pio Décimo, 2006). E-mail: [email protected]
5 Graduada em Pedagogia (Universidade Federal de Roraima – UFRR, 2006), Especialista em Educação Especial (Faculdade Internacional de Curitiba/Instituto Brasileiro de Pós-Graduação e Extensão – IBPEX, 2008), Especialista em Educação Especial – Déficit Cognitivo e Educação de Surdos (Universidade Federal de Santa Maria – UFSM, 2011) e Mestre em Ensino de Ciências (Universidade Estadual de Roraima – UERR, 2023). E-mail: [email protected]