ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO (A) NO CRAS: ANÁLISE A PARTIR DE ESTUDOS TEÓRICOS
PDF: Clique Aqui
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.14885095
Bruna Cabrera Fabricio1
Géssica Beatriz Faga Salviano2
Heloisa Gabriela de Oliveira Munhoz3
Maria Júlia Costa Santos4
Maria Tereza Aparecida de Lima5
Stefani Kauani de Oliveira Santana6
Daniela Emilena Santiago7
RESUMO
O presente trabalho foi elaborado a partir da reflexão dos autores em torno das questões que envolvem o surgimento e a consolidação da Psicologia Social no Brasil e que permitiram a consolidação da ação profissional junto as políticas sociais. Nesse interim, orientamos a reflexão para as questões que se manifestam na prática profissional desenvolvida no território por meio do Centro de Referência da Assistência Social (CRAS). No estudo realizamos um recorte sobre elementos que demarcam a prática em tal espaço e que demonstram correspondência entre a ação profissional no CRAS e os postulados postos pela Psicologia Social. Metodologicamente o estudo foi realizado através da pesquisa teórica, com base em análise de artigos os quais nos demonstraram a importância da ação social e coletiva e não individual, assentada na realidade concreta e em práticas orientadas para a transformação da realidade.
Palavras-chave: Psicologia Social, Assistência Social, CRAS.
ABSTRACT
This paper was developed based on the authors' reflections on the issues surrounding the emergence and consolidation of Social Psychology in Brazil, which allowed for the consolidation of professional action in social policies. In the meantime, we focused on the issues that are manifested in the professional practice developed in the territory through the Social Assistance Reference Center (CRAS). In the study, we focused on elements that demarcate the practice in such a space and that demonstrate correspondence between professional action at CRAS and the postulates set forth by Social Psychology. Methodologically, the study was conducted through theoretical research, based on the analysis of articles that demonstrated the importance of social and collective action, rather than individual action, based on concrete reality and practices oriented towards the transformation of reality.
Keywords: Social Psychology, Social Assistance, CRAS.
1 INTRODUÇÃO
O presente artigo é um recorte de um trabalho acadêmico apresentado à disciplina de Temas em Psicologia Social, desenvolvido pelos alunos e autores do presente texto em decorrência de sua vinculação, no 4º semestre do curso de Psicologia da Universidade Paulista – UNIP/Assis, da disciplina de Psicologia Social. A temática desenvolvida refere-se atuação do psicólogo na área social, identificando alguns fatores históricos, como o surgimento do SUAS e a prática dos profissionais no contexto da Assistência Social, especificamente no Centro de Referência da Assistência Social (CRAS). Nesse sentido, vemos que a Psicologia Social tem assumido importante papel na disseminação de práticas sociais atreladas à políticas sociais, como a Assistência Social.
O tema será abordado através da apresentação de alguns acontecimentos históricos e da construção da psicologia social, posteriormente o trabalho do profissional, suas ações em uma perspectiva social, tendo como objetivo ampliar a compreensão sobre a Psicologia Social, identificando o trabalho do psicólogo e suas práticas de atuação profissional na área. Trata-se de pesquisa desenvolvida através de consultas à literatura disponível sobre o assunto, por meio da leitura e da sistematização do saber produzido a partir da leitura de artigos científicos que abordavam o tema. Utilizou-se para tanto material científico disponibilizado em bibliotecas virtuais bem como materiais indicados em sala de aula, no contexto da disciplina Psicologia Social.
O tema de estudo é extremamente importante e relevante ao passo que orienta o olhar para a atuação do Psicólogo no Cras, sendo essa uma representação prática da atuação social que é possível à Psicologia. Por conseguinte, é uma produção que interessa a profissionais atuantes na área e aos demais interessados nas discussões que a temática suscinta e desperta.
Consideramos ainda que a atuação no CRAS representa e retrata uma possibilidade de atuação social, aplicada à contemporaneidade. Isso porquê desenvolve ações coletivas, comunitárias e voltadas a potencialização dos indivíduos, mas, também porque visa a atenção de suas demandas e necessidades básicas. Dessa maneira, não é uma ação descolada dos princípios que regem e orientam a Psicologia como um todo, uma vez que aborda demandas atreladas à inclusão social.
Contudo, nossa análise foi realizada com base em um recorte, como destacado, de apenas dois texto em que os mesmos retratavam elementos de uma ação que já fora desenvolvida em um equipamento social. Se, observamos outras experiências podemos ter perspectivas diferenciadas e distintas sobre a ação em tal equipamento. Há que se considerar, no entanto, que o recorte representa uma fração da realidade investigada e portanto, é representativo da mesma. Minayo; Deslandes (2007) nos colocam que quando delimitados uma amostra ou fonte de pesquisa precisamos escolher elementos que nos permitirão conhecer o que desejamos investigar, e, assim sendo, definimos pela escolha dos textos uma vez que foi orientado pela disciplina de tal forma visto que nesse momento não seria possível realizar pesquisa de campo. Isso não desqualifica ou diminui a relevância do saber aqui produzido.
2 A ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO (A) NO CRAS
Partindo do disposto por Lane (2017) é possível inferir que atuação do psicólogo (a) deve ser sempre útil para a transformação da realidade, proporcionando condições dignas de vida a sociedade. Assim, a atuação do profissional de Psicologia deve priorizar elementos que busquem a minimização das desigualdades sociais e a efetivação de políticas sociais com tal intento. A atuação na Assistência Social, por meio da prática desenvolvida no CRAS constitui um dos espaços em que a prática idealizada por Lane.
Para tanto, essa intervenção advém do desenvolvimento histórico e social da Psicologia como profissional no Brasil, e, que, permite o abandono de práticas assentadas na intervenção individual em detrimento de abordagens coletivas e sociais, como as propostas no âmbito do CRAS, o que demanda, em essência, a realização de uma revisão histórica.
O surgimento da psicologia enquanto ciência acontece no laboratório de Psicologia experimental na Alemanha. Nesse contexto, a intervenção foi orientada pelas referências de Wundt que criou o laboratório de Psicologia. Esse laboratório exerceu influência na prática psicológica exercida por longos períodos resultando na prática calcada na ação centrada no indivíduo e visando, via de regra, o ajuste de condutas.
Esse modelo, conforme indicam Silva;Corgozinho (2011) foi hegemônico durante muitos anos, uma vez que os experimentos de Wundt nos remontam a meados dos anos 1879. No entanto, em meados dos anos 60 observamos a América Latina colocando em cheque os postulados e parâmetros que até então sustentavam o fazer psicológico no momento. No Brasil, vemos que várias críticas foram tecidas a partir de tal período em relação a prática dos profissionais de Psicologia, destacando-se, sobretudo as contribuições de Silvia Lane. Silvia foi filósofa, professora da Pontíficia Universidade Católica (PUC) no Laboratório de Psicologia, em São Paulo, e foi uma das principais autoras de referência ao pensamento de que a prática do profissional de Psicologia deveria ser alterada.
Wundt teve como intenção também a produção de uma Psicologia Social, para tanto elabora uma obra chamada: “Psicologia do povo ou Psicologia das Massas”. Nela ele estudava temas como a linguagem do pensamento, a cultura, os mitos, as religiões, dentre outros e os considerava como pontos coletivos que não podem ser explicados nem reduzidos à consciência individual. O Método Experimental Introspectivo acabou sendo incapaz de dar subsídios suficientes para tais explicações, porém, os estudos realizados por Wundt assim como a obra supra citada foram importantes para que a Psicologia fosse compreendida como um saber científico e independente da Filosofia ou da Sociologia, por exemplo (Jacques et al., 1998).
O contexto histórico e social do momento também se mostrou importante quando pensamos na delimitação da Psicologia como ciência no mundo. Nesse sentido, no contexto da primeira guerra observamos que a Psicologia passa a ser reivindicada devido a sua capacidade de aplicar testes psicométricos e nesse sentido por conseguir delimitar aqueles seres humanos que poderiam colaborar com a guerra. Isso se mostrou presente no contexto da primeira e da segunda guerra mundial. Por outro lado, já durante a segunda guerra mundial os profissionais da Psicologia passaram a ser requisitados para interferir junto ao perfil dos soldados, estimulando o sentimento de vínculo e de pertencimento ao país. Os experimentos ganharam então notoriedade no contexto em pauta e a Psicologia era o saber que orientava a realização de estudos e de ações destinadas a delimitação do perfil dos seres humanos.
Os experimentos, no entanto, eram agressivos e coercitivos e com o tempo houve muita discussão em torno dos aspectos que envolviam a base experimental da ação da Psicologia. Neles, a abordagem acaba sendo orientada para intervenções de cunho predominantemente individual.
Para tanto, os profissionais de Psicologia do período e nomeados como “psicologistas” possuíam uma formação e uma discussão orientada para a controle dos corpos e de posturas das pessoas. No aspecto da intervenção profissional os psicólogos atuam em hospitais e em escolas e nesses espaços visavam atuar de forma a manipular as condutas daqueles que atendiam. Motivo pelo qual a base experimental ganhou força e notoriedade entre os profissionais. O Tratado de Nuremberg é um dos elementos que passou a refrear as ações experimentais, mas, não foi único dispositivo uma vez que os profissionais de Psicologia passaram também por momentos de crise e de revisão endógena.
Na América Latina, conforme nos dizem Campos; Guareschi (2017) observamos que as perspectivas apresentadas acima e que estavam em grande evidência nos Estados Unidos, se faziam presentes nas práticas dos profissionais. Com o tempo, os profissionais latinos começaram a tecer críticas ao formato de ações acima referendados em decorrência de se referirem a métodos de ação atrelados a realidade dos Estados Unidos e não a realidade latina. Um dos elementos que deflagra essa situação foi a criação, por parte dos profissionais de Psicologia, em meados dos anos 60 da Associação Latino-Americana de Psicologia Social ou ALAPSO.
Apesar de haver na ALAPSO grande aporte ainda às técnicas americanas tivemos, nesse contexto, a presente de brasileiros como por exemplo Aroldo Rodrigues e que não deixaram o Brasil de fora dessa perspectiva. Já no ano de 1980, através da prática de vários pesquisadores, destacando Silvia Lane, surge a Associação Brasileira de Psicologia Social (ABRAPSO). A ABRAPSO, criada por Silvia Lane, uma vez que a ALAPSO ainda trazia como subsídio e referência a perspectiva americana como referência para os profissionais, busca incorporar a realidade brasileira às formulações que embasam a Psicologia. A ABRAPSO e os pensadores vinculados a ela passam a defender também uma psicologia crítica e combativa.
Outro aspecto que deflagra a maior criticidade da Psicologia no período foi a publicação da obra: “Psicologia social: o homem em movimento”, considerada um marco na ruptura com a Psicologia Social Norte-Americana. A obra vem assinada por vários pensadores de referência do momento e, dentre eles, temos a organização de Silvia Lane e Wanderley Codo. Nele, além da crítica ao aporte do Brasil aos parâmetros americanizados de intervenção temos o fortalecimento do marxismo como referência teórica além de também haver grande vinculação ao pensamento de autores como Paulo Freire e Orlando Fals Borba. Jacques et al. (1998) colocam que essa obra enfatiza o caráter histórico e social da formação do ser humano e mais, enfatiza e assevera a importância de uma Psicologia crítica e combativa.
É necessário se ressaltar a figura de Sílvia Lane. Para ela, todo conhecimento produzido teria de ser útil para a transformação da realidade com o intuito de proporcionar condições dignas as pessoas. Dentre seus objetivos ela almejava romper com a tradição elitista da Psicologia, para tanto a consciência crítica, o trabalho coletivo e a atenção permanente e comprometida com os problemas e emergências das pessoas, foram essenciais (Bock et al., 2007). Segundo a própria Silva Lane, a Psicologia alcançaria uma potência de libertação dos indivíduos das condições de opressão que viviam e que advinham do desenvolvimento do sistema capitalista.
Pode se perceber humano visto na óptica de um ser social, que influência e é influenciado pelo meio, um sujeito que desenvolve a sua individualidade na vivência em grupos e nos confrontos que isso vai proporcionando, a verificação das semelhanças e também das diferenças. (Lane, 2006). Nesse contexto, conclui-se que, a Psicologia Social foi sendo construída e moldada com o passar dos anos, a partir das influências das circunstâncias históricas e sociais, as lutas dos profissionais e populações para a mudança de perspectiva com relação a forma de atuação, e de organização social, o deixar uma Psicologia Elitista e individualista e o olhar para o sujeito como um todo, fruto de seus convívios, realidades sociais, vivências e experiências.
No aspecto do manejo vemos que Lane (2017) vem propor o rompimento com práticas assentadas no controle dos corpos e de natureza individual. Nesse sentido, a intervenção passa ser orientada para práticas coletivas, comunitárias e não mais orientada a delimitação de hábitos e de posturas por parte das pessoas. É colocado para a Psicologia uma possibilidade de emancipação das pessoas, com base em uma nova compreensão de homem e de mundo. O manejo, por outro lado, também é alterado, uma vez que as abordagens coletivas, naquele contexto, se mostram mais específicas para os objetivos da Psicologia no momento (Bernardes, 2012).
Os espaços de trabalho passam a ser deslocados, das clínicas privadas presentes nos hospitais para os Centros de Saúde e para os Centros Comunitários, por exemplo. O objetivo da mudança de local foi a possibilidade de atuar em espaços por abordagens grupais e orientadas para o estímulo à reflexão coletiva. Atualmente temos visto que as abordagens coletivas ainda figuram como extremamente positivas e sobretudo as que estão vinculadas à políticas públicas, como a Saúde, por exemplo.
Importante destacar que o momento de início dessas reflexões, no Brasil, se instala o período de Ditadura Militar, contexto esse marcado por profunda repressão política e por buscar evitar críticas ao status quo vigente. Por conta do momento histórico e político vivido, as reflexões atreladas à Psicologia aconteceram, inicialmente, nos espaços universitários, e, com o tempo acabaram alcançando também profissionais atuantes na prática profissional. No contexto dos anos 80, mais especificamente no período de 1988, surge a implementação da Constituição Federal, que vem assegurar os direitos básicos da pessoa humana. Com essa nova perspectiva sobre a sociedade brasileira, surgem avanços e criações de leis, ONG`S e sistemas de assistência, até atingir a implementação definitiva do Sistema Único de Assistência Social (SUAS) em 2005, que dentre suas funções, visa prevenir situações de vulnerabilidade e riscos sociais, constituindo-se em níveis de proteção, como o Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) e o Centro de Referência Especializado em Assistência Social (CREAS) locais esses que o Psicólogo atua (Silva, Corgozinho, 2011).
Vale ressaltar que nos anos 80 teremos também uma grande expansão da Psicologia Social uma vez que observamos a adesão da categoria à Psicologia Social. Lane apresenta, conforme nos indicam Silva; Corgozinho (2011), que o substrato teórico que ofereceu sustentação a essa nova forma de entender a ação profissional esteve orientado no pensamento marxista e no aporte a base conferida pela Psicologia Russa. Assim, a Psicologia passa a compreender a importância do sistema econômico como meio influente para o desenvolvimento da subjetividade. Além disso, nos anos 90, derivando dessa compreensão de ser humano, e, de realidade, temos também menções em relação a prática profissional do Psicólogo (a) que, passa a ser orientada para abordagens coletivas, sociais e assentadas em intervenções que privilegiem os grupos e comunidades. Nos anos 2000 com a consolidação dos CRAS junto a Política de Assistência Social temos um terreno fértil para acolher esses profissionais, por meio da ação em área pública.
A operação dos psicólogos no cotidiano dos serviços públicos acontece em meio a um cenário de profunda desigualdade social. A inserção nesse campo, por vezes é contraditória devido a vários fatores, dentre eles a dificuldade de articulação entre os profissionais, a precarização dos serviços públicos que “Em alguns municípios, a contratação de muitos psicólogos oficializa-se por meio de ONG`S, sob a justificativa de impedimentos fiscais e legais pelos gestores municipais e a ausência de concursos públicos para o cargo" (Senra; Guzzo, 2012, p. 149). Esse tópico acaba prejudicando os outros contextos de atuação, contribuindo também para a desvalorização profissional, levando em conta os salários baixos e alguns outros fatores inclusos. Citando os psicólogos que são concursados nos serviços públicos, é válido ressaltar ainda os problemas estruturais que encontram em seus cotidianos, nos quais são afetados por falta de investimentos, infraestrutura e mudanças administrativas. (Senra; Guzzo, 2012).
O atendimento na área social precisa de fatores próprios, como a atenção, observação e estudos de itens como os históricos, os sociais, análises críticas, interferências ou não do Estado nas circunstâncias específicas e não de forma geral, é uma construção constante, que influência e é influenciada, além disso, é definida de acordo com as conjunturas da população que será atendida.
A prática pressupõe ainda a construção e o fortalecimento de vínculos com grupos vulneráveis. Visando criar vínculos saudáveis e permitir que as pessoas reconheçam suas próprias capacidades. A construção de um projeto na prática social pode implantar a ideia de que, ao longo do tempo, os indivíduos assumam cada vez mais suas ações, buscando sua independência e criando oportunidades para superar a vulnerabilidade social. Um dos projetos de interação social que o indivíduo pode ter é a do grupo, pois auxilia na satisfação de necessidades comuns, podendo contribuir na solução de problemas, modo de agir, imagem pessoal, como o indivíduo se identifica e se vê no contexto, sendo importante esse processo para a estruturação da autonomia da comunidade. Após a conclusão de um projeto como este, a equipe pode retornar a uma fase inicial, revisando projetos anteriores e formulando novos, reiniciando o planejamento e a implementação de novas práticas. (Silva e Corgozinho, 2011). Sendo assim, como indicam Senra; Guzzo (2012) os psicólogos sociais assumem um compromisso com a sociedade devendo ter como horizonte a perspectiva das massas populares, voltando sua prática para a melhoria das condições de vida da população com o intuito de transformar sua realidade social.
Lane (2017) ao realizar indicações sobre a questão do manejo, ou seja, de como as intervenções deveriam acontecer, nos aponta a necessidade de desenvolvimento de práticas grupais as quais tinham como enfoque realizar a reflexão dos atendidos e também viabilizar a criticidade entre os indivíduos. Dessa maneira, seria possível também o fortalecimento de vínculos de pertencimento os quais serviram para que os grupos, minorias sociais pudessem se defender mutuamente e se colocar contrários às formas de dominação a que estavam submetidos.
Para isso, é necessário o desenvolvimento de uma prática articulada às bases teóricas que sustentam e orientam a ação. Melhor dizendo, é necessária uma efetiva articulação entre a prática profissional e a produção de conhecimentos, é necessário que sua formação seja adequada, com estudo preparado, validando a importância de uma estrutura de trabalho. No aspecto estrutural há que se considerar a importância do profissional tem ciência sobre a relevância da sua prática e de compreender que a mesma será desenvolvida em uma realidade real, concreta e sob um sujeito real e igualmente, concreto.
Ao entrar na comunidade, o psicólogo deve estar ciente que lidará com um sujeito concreto, inserido numa realidade sócio-histórica-cultural, tendo no cotidiano seu espaço vital, portanto, opta-se por se pensar em uma metodologia cujos objetivos são definidos a posteriori e o trabalho pensado e formulado juntamente com a população (Silva; Gorgozinho, 2011, p. 50)
Lane (2017) em suas formulações sempre destacou a importância de compreendermos que o homem é real e concreto. Nesse sentido, a autora indicava que a própria subjetividade humana precisa ser compreendida como decorrente de uma realidade social em que os seres humanos estão inseridos e pelos quais transitam. Nesse sentido, a autora indica a importância de se compreender a influência dos meios de produção, no caso capitalista, traz a subjetividade e a constituição do ser humano.
Esse compromisso particular com os excluídos, com as minorias, conforme proposto por Lane (2017) se alinha com o trabalho dos CRAS, que podem atuar com grupos, famílias e indivíduos em contextos comunitários visando garantir o direito à proteção social e segurança. Em um panorama geral, retomando tudo o que foi retratado acima, é necessário que o psicólogo do CRAS reconheça o território físico e social da região, incluindo igrejas, escolas, entidades, empresas e a cultura local. Isso ajuda a compreender as problemáticas enfrentadas, que serão o foco e base para o seu trabalho. Ele deve colaborar com a comunidade e envolver os usuários na definição de objetivos prioritários. Isso é essencial para criar projetos que atendam às demandas, levando em consideração as responsabilidades burocráticas da Assistência Social e políticas específicas, que precisam ser respeitadas e mantidas.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em conformidade com a análise feita, conclui-se que, a partir dos estudos de Senra e Guzzo (2012), no campo da Psicologia, os profissionais enfrentam tensões e conflitos diários. Acerca do contexto de atuação, como resultante dos empecilhos e barreiras do processo, alguns deles acabam apenas repetindo práticas sem efetiva mudança, prosseguindo com à corrente conservadora resistindo a avanços e a transformação social.
De acordo com o que foi estudado em sala de aula e em artigos científicos a fim de obter informações que acrescentassem à pesquisa, foi possível adquirir novos conhecimentos na área e debater opiniões sobre o determinado assunto. O objetivo do artigo foi direcionado à compressão da atuação do psicólogo na área social, ampliando o entendimento sobre a psicologia neste cenário.
Dessa maneira, constata-se que o papel do psicólogo é fundamental no que se diz respeito a sociedade, devendo lutar contra a hegemonia, observando os fatores que estão ao seu redor, desmistificando a ideia de que a pessoa não depende de fatores externos e assim trazendo a perspectiva de que na verdade o homem faz parte de um grupo social, que está em constante construção.
E mais, é possível concluir ainda que essa ação no CRAS representa e retrata a própria maturação da Psicologia enquanto ciência e profissão. Isso porque a partir da vinculação á Psicologia Social foi possível a Psicologia rever sua maneira de ler o mundo mas também foi possível o entendimento de questões endógenas e que envolvem o fazer psi, a atuação dos profissionais junto à população que deixa de ser cada vez mais individualista e clínica e assume uma posição coletiva, grupal. Para tanto, essa construção ainda não está consolidada, antes, ela padece de fortalecimento constante e contínuo para a própria Psicologia e também par aa efetivação dos direitos das minorias.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BOCK, A. M. B. et al. Sílvia Lane e o projeto do "Compromisso Social da Psicologia". Psicol. Soc., Porto Alegre, v. 19, n. spe2, 2007.
Bernardes, J. de S. História. In: STREY, M. N; JACQUES, M. G. C. (Orgs.) Psicologia social contemporânea. Petrópolis: Vozes, 2016.
CAMPOS, R.H. de F.; GUARESCHI, P.A. Paradigmas em Psicologia Social: a perspectiva Latino-Americana. Petrópolis: Vozes, 2017.
JACQUES, M. G. C. et al. Psicologia social contemporânea. Petrópolis:Editora Vozes, 1998.
LANE, S. T. M. O que é psicologia social. São Paulo: Brasiliense, 2017.
MINAYO, M. C. S.; DESLANDES, S. F . Pesquisa social: teoria, método e criatividade. 25. ed. rev. atual. Petrópolis: Vozes, 2007.
Senra, C. M. G.; Guzzo, R. S. L.Assistência social e psicologia: sobre as tensões e conflitos do psicólogo no cotidiano do serviço público. Psicologia & Sociedade, 24(2), 293–299, 2012.
Silva, J. V. da .; Corgozinho, J. P.Atuação do psicólogo, SUAS/CRAS e Psicologia Social Comunitária: possíveis articulações. Psicologia & Sociedade, 23(spe), 12–21, 2011.
1 Discente do Curso Superior de Psicologia do Instituto de Ciências Humanas da UNIP, Campus Assis. E-mail: [email protected]
2 Discente do Curso Superior de Psicologia do Instituto de Ciências Humanas da UNIP, Campus Assis. E-mail: [email protected]
3 Discente do Curso Superior de Psicologia do Instituto de Ciências Humanas da UNIP, Campus Assis. E-mail: [email protected]
4 Discente do Curso Superior de Psicologia do Instituto de Ciências Humanas da UNIP, Campus Assis. E-mail: [email protected]
5 Discente do Curso Superior de Psicologia do Instituto de Ciências Humanas da UNIP, Campus Assis. E-mail: [email protected]
6 Discente do Curso Superior de Psicologia do Instituto de Ciências Humanas da UNIP, Campus Assis. E-mail: [email protected]
7 Docente do Curso Superior de Psicologia do Instituto de Ciências Humanas da UNIP, Campus Assis-SP. Mestre em Psicologia pela Unesp, Mestre em História pela Unesp e Doutora em Unesp. E-mail: [email protected]