ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM A PACIENTES COM DIABETES MELLITUS TIPO 2 FUNDAMENTADA NA TEORIA DO AUTOCUIDADO
PDF: Clique Aqui
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.14580184
Liege Moreira Musse1
RESUMO
As Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) mais prevalentes incluem doenças cardiovasculares, doenças respiratórias, hipertensão e Diabetes Mellitus. Para o controle dessas condições e a prevenção de suas complicações, é essencial uma autogestão eficaz por parte dos pacientes, com o apoio de suas famílias. Nesse contexto, destaca-se a importância do autocuidado na abordagem de pacientes com diabetes mellitus. O conceito de autocuidado refere-se à capacidade dos indivíduos de cuidarem de si mesmos, adotando ações voltadas à promoção de saúde e qualidade de vida. O objetivo da pesquisa foi descrever a assistência a pacientes com Diabetes Mellitus Tipo 2, fundamentada na Teoria do Déficit do Autocuidado de Orem. O método utilizado foi uma revisão de literatura realizada entre 2012 e 2022, por meio de levantamento em bases de dados eletrônicas da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e Scientific Electronic Library Online (Scielo). Foram selecionados 15 artigos científicos, os quais foram classificados e organizados em categorias. O estudo permitiu identificar a relevância do autocuidado como um processo contínuo, que exige dos pacientes com diabetes mellitus uma postura comprometida com a saúde. Apenas o conhecimento sobre as ações que favorecem o autocuidado não é suficiente; é necessário que o paciente com Diabetes Mellitus Tipo 2 tenha acesso à informação adequada, o que possibilitará sua autonomia no tratamento e a prevenção das complicações associadas à doença.
Palavras-chave: Teoria de Orem, Diabetes Mellitus, Autocuidado, Teoria do Déficit de Autocuidado, Comportamentos de Saúde.
ABSTRACT
The most prevalent Chronic Non-communicable Diseases (NCDs) include cardiovascular diseases, respiratory diseases, hypertension, and Diabetes Mellitus. To control these conditions and prevent their complications, effective self-management by patients, with the support of their families, is essential. In this context, the importance of self-care in the approach to patients with diabetes mellitus stands out. The concept of self-care refers to the ability of individuals to take care of themselves, adopting actions aimed at promoting health and quality of life. The aim of the research was to describe the care provided to patients with Type 2 Diabetes Mellitus, based on Orem's Self-Care Deficit Theory. The method used was a literature review conducted between 2012 and 2022, through searches in electronic databases of the Virtual Health Library (BVS) and Scientific Electronic Library Online (Scielo). Fifteen scientific articles were selected, which were classified and organized into categories. The study allowed for the identification of the relevance of self-care as a continuous process, requiring patients with diabetes mellitus to adopt a committed attitude toward their health. Simply knowing the actions that support self-care is not enough; it is necessary for patients with Type 2 Diabetes Mellitus to have access to appropriate information, which will enable their autonomy in treatment and the prevention of complications associated with the disease.
Keywords: Orem's Theory, Diabetes Mellitus, Self-care, Self-care Deficit Theory, Health Behaviors.
Introdução
As Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT), como doenças cardiovasculares, hipertensão e Diabetes Mellitus (DM), são prevalentes na população. A DM é uma doença crônica caracterizada pela incapacidade de produzir insulina ou pela deficiência na utilização da insulina. A DM é um grupo de distúrbios metabólicos, com hiperglicemia resultante de defeitos na ação ou secreção de insulina. O Diabetes Mellitus Tipo 2 (DM2) ocorre quando o organismo não consegue utilizar adequadamente a insulina ou não produz insulina suficiente para controlar a glicemia. A DM2 é comum em adultos, mas também pode afetar crianças, sendo controlada por meio de atividade física, planejamento alimentar ou, em casos mais graves, com insulina e outros medicamentos.
A DM, especialmente em idosos, é uma das principais causas de morbidade e mortalidade, agravada pelo envelhecimento da população. O aumento da expectativa de vida e mudanças sociocomportamentais contribuem para o aumento da prevalência de doenças crônicas. A DM2 é caracterizada pela resistência à insulina e pela deficiência relativa de insulina, que piora com a evolução da doença. Sintomas como poliúria, polidipsia, polifagia e perda de peso são comuns, e as complicações graves, como doenças cardíacas, lesões oculares, neuropatia e amputações, ocorrem principalmente em pacientes com controle inadequado da doença.
Embora a DM2 muitas vezes não apresente sintomas iniciais, as complicações podem surgir com o tempo, como proteinúria e neuropatia periférica. O diagnóstico é feito por exames laboratoriais como glicemia, TOTG e HbA1c. Hábitos saudáveis, como alimentação equilibrada e atividade física, são fundamentais para o tratamento, com o tratamento farmacológico complementando esses hábitos.
As doenças crônicas exigem uma autogestão eficaz da saúde por parte dos pacientes para que possam controlar a doença e evitar suas complicações, com o apoio da família. Nesse sentido, o Ministério da Saúde, no Caderno de Atenção Básica nº 35 de 2014, reforça que:
As pessoas com condições crônicas e seus familiares convivem com seus problemas diariamente por longo tempo, ou toda a vida. É fundamental que estejam muito bem informadas sobre suas condições, motivadas a lidar com elas e adequadamente capacitadas para cumprirem com o seu plano de tratamento. Precisam compreender sua enfermidade, reconhecer os sinais de alerta das possíveis complicações e saber como e onde recorrer para responder a isso. Os resultados alcançados são menos sintomas, menos complicações, menos incapacidades. (BRASIL, 2014).
É neste contexto que surge a necessidade de refletirmos sobre a importância do autocuidado na abordagem dos pacientes portadores de Diabetes Mellitus. O conceito de autocuidado refere-se à capacidade que as pessoas têm de cuidar de si mesmas, adotando ações que visam promover benefícios à saúde e garantir uma boa qualidade de vida. Na assistência, ou seja, no processo de cuidar, os modelos teóricos têm contribuído de forma significativa quando utilizados como referencial para a sistematização da assistência. Dessa forma, as intervenções de enfermagem,
Tem por finalidades: atender as necessidades básicas da pessoa, implementando estados de equilíbrio e prevenindo desequilíbrios; promover a sua adaptação em quatro modos de se adaptar; suprir-lhes as demandas de auto cuidado e leva-las a se auto cuidar; ajuda-las a manter, restaurar e promover a saúde, interagindo com as mesmas para alcance de metas estabelecidas; ajuda-las a restaurar sua totalidade, seu bem estar e sua independência, pela conservação da sua energia, integridade estrutural, pessoal e social; promover uma interação harmônica da pessoa com o seu ambiente interno e externo. (Souza, 2008)
A Teoria do Déficit do Autocuidado de Orem é uma abordagem sistemática para o ensino do autocuidado ao paciente. Orem desenvolveu sua teoria com base na ideia de que os indivíduos, quando capazes, devem cuidar de si mesmos. No entanto, quando existe a incapacidade para realizar esse autocuidado, o trabalho do enfermeiro se torna fundamental no processo de cuidado. A partir da proposta da Teoria de Orem, o tratamento do paciente com Diabetes Mellitus inclui a promoção da saúde e a conscientização sobre a doença, com o objetivo de estimular uma postura de autocuidado e responsabilidade pelo tratamento e controle da doença. Nesse sentido, Zinn (2019) defende que:
A atuação do profissional de saúde consiste em focalizar o potencial da pessoa para o bem‑estar e encorajá‑la a modificar ou fortalecer hábitos pessoais, estilo de vida e ambiente, de modo a reduzir os riscos e aumentar a saúde e o bem‑estar. Para isso, o princípio de corresponsabilização nas práticas terapêuticas torna‑se fundamental. (2019, pág. 14)
Esta pesquisa visa ampliar o debate sobre a assistência de enfermagem a pacientes com Diabetes Mellitus Tipo 2, utilizando a Teoria do Autocuidado, com o objetivo de fornecer informações sobre a doença, seus fatores de risco e formas de tratamento. O estudo busca promover a saúde, tornando os pacientes mais independentes e responsáveis pelo seu autocuidado, incentivando mudanças positivas no estilo de vida. A pesquisa é relevante, pois a Diabetes Mellitus é uma doença crônica comum, que impacta a qualidade de vida, a produtividade e a sobrevida, sendo um grave problema de saúde pública associado a complicações significativas. De fato, o Ministério da Saúde ressalta que:
Os resultados no controle do DM advêm da soma de diversos fatores e condições que propiciam o acompanhamento desses pacientes, para os quais o resultado esperado além do controle da glicemia é o desenvolvimento do autocuidado, o que contribuirá na melhoria da qualidade de vida e na diminuição da morbimortalidade. (BRASIL, 2013b, p.21)
Devido às mudanças no estilo de vida, a Diabetes Mellitus Tipo 2 tem se manifestado mais precocemente, afetando adultos jovens, adolescentes e até crianças. O tratamento exige controle e autocuidado por parte do paciente, o que depende de como ele lida com a doença. Nesse contexto, é fundamental que o paciente receba uma assistência de enfermagem de qualidade na Atenção Básica, complementada por atividades de promoção da saúde, com o objetivo de estimular a cooperação e a corresponsabilidade, essenciais para o tratamento e prevenção de complicações. O Ministério da Saúde afirma: "As evidências demonstram que o bom manejo desse problema na atenção básica evita hospitalizações e mortes por complicações cardiovasculares e cerebrovasculares, e pode melhorar também a qualidade de vida das pessoas acometidas pela doença" (BRASIL, 2013). A Teoria de Enfermagem do Autocuidado de Dorothea Orem, também conhecida como Teoria do Déficit no Autocuidado, destaca o papel do enfermeiro no apoio ao paciente para que ele seja responsável por seus cuidados. A teoria baseia-se na ideia de que as pessoas devem entender seus problemas de saúde para fornecer o cuidado adequado e é composta por três teorias interligadas: a teoria do autocuidado, a teoria do déficit no autocuidado e a teoria dos sistemas de enfermagem (Bud et al., 2006):
Descreve e explica a prática de cuidados executados pela pessoa portadora de uma necessidade para manter a saúde e o bem-estar. O déficit de autocuidado constitui a essência da Teoria Geral do Déficit de Auto-Cuidado por delinear a necessidade da assistência de enfermagem. E, por último, o sistema de enfermagem descreve e explica como as pessoas são ajudadas por meio da enfermagem. (2006 pag. 155).
A Diabetes Mellitus, por ser uma doença crônica e progressiva com altas taxas de complicações, exige novas demandas de autocuidado, tornando essencial o acompanhamento constante do enfermeiro. O autocuidado na diabetes baseia-se em hábitos saudáveis, como alimentação adequada, lazer e bem-estar, para prevenir complicações. Segundo Bub et al. (2006), a enfermagem é vista como um serviço especializado que, por meio de ações sequenciais, pode superar limitações de saúde e promover o desenvolvimento. O autocuidado é o que o indivíduo faz para atender suas necessidades, enquanto o déficit de autocuidado ocorre quando as exigências superam a capacidade do paciente, necessitando de intervenção de enfermagem para apoiar a implementação de ações adequadas.
A assistência de enfermagem para a pessoa com DM precisa estar voltada para um processo de educação em saúde que auxilie o indivíduo a conviver melhor com a sua condição crônica, reforce sua percepção de riscos à saúde e desenvolva habilidades para superar os problemas, mantendo a maior autonomia possível e tornando-se corresponsável pelo seu cuidado. As ações devem auxiliar a pessoa a conhecer o seu problema de saúde e os fatores de risco correlacionados, identificar vulnerabilidades, prevenir complicações e conquistar um bom controle metabólico que, em geral, depende de alimentação regular e de exercícios físicos. (BRASIL, 2013b, pág. 35)
Diante disso, os profissionais de saúde devem ser habilitados e estimulados a detectar e identificar lesões em órgãos-alvo ou complicações, formular diagnósticos adequados e realizar o tratamento correto para o Diabetes Mellitus Tipo 2. Tais medidas contribuem para a redução dos fatores de risco e, consequentemente, para a diminuição da gravidade desta doença, que requer intervenções imediatas devido à sua alta prevalência e à incapacidade que provoca nos pacientes. As ações de enfermagem, fundamentadas na Teoria do Autocuidado, têm como objetivo a promoção da saúde do paciente. Conforme Teixeira et al. (2008), é necessário desenvolver a habilidade para o autocuidado ao longo da vida diária, por meio de um processo espontâneo de aprendizagem, com supervisão dos profissionais de saúde e dos familiares, além da experiência pessoal do indivíduo durante a execução de seu autocuidado.
O objetivo geral deste estudo é descrever a assistência oferecida a portadores de Diabetes Mellitus Tipo 2, fundamentada na Teoria do Déficit do Autocuidado de Orem. Para alcançar esse propósito, os objetivos específicos incluem a análise dos cuidados de enfermagem direcionados aos pacientes com Diabetes Mellitus Tipo 2, com base na referida teoria, e a identificação da relação entre a Teoria do Autocuidado e as ações educativas voltadas para a prevenção das complicações associadas à doença. A partir dessa abordagem, pretende-se explorar como a teoria contribui para a promoção de práticas autônomas e eficazes de autocuidado, fundamentais para o controle da doença e a redução de complicações a longo prazo.
Metodologia
Este estudo é uma revisão da literatura qualitativa sobre o tema, realizada a partir de uma pesquisa bibliográfica. A busca foi realizada nas bases de dados BVS, SciELO, LILACS e BDENF, utilizando os Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) relacionados à Teoria de Orem e Diabetes Mellitus. Foram selecionados artigos publicados entre 2012 e 2022, em português e disponíveis na íntegra. A seleção envolveu quatro etapas: na primeira, foram encontrados 92 artigos; na segunda, 16 foram excluídos por não disponibilizarem o texto completo, restando 76; na terceira, 34 artigos foram escolhidos após leitura de títulos e resumos; e na quarta, 19 artigos foram descartados, ficando 15 artigos finais. A análise foi realizada entre agosto e outubro de 2022, usando uma tabela com informações como autor, ano, título e tipo de estudo. A revisão revelou que 7 artigos abordam cuidados de enfermagem, 5 descrevem a Teoria de Orem, 4 focam em ações educativas, e 6 tratam tanto de ações de enfermagem quanto educativas.
A análise dos artigos selecionados foi realizada com o auxílio de uma tabela que incluiu os seguintes itens: nome do autor, ano de publicação, título do artigo, tipo de estudo e a resposta à pergunta de indagação proposta. Esse processo de análise foi conduzido de maneira ordenada e sistemática, entre os meses de agosto e outubro de 2022.
Analise e Resultados
A Figura 1 apresenta o fluxograma que ilustra a estratégia adotada para a seleção dos artigos, destacando os critérios de inclusão e exclusão utilizados no processo. O objetivo desse fluxograma é mapear de maneira clara os pontos pertinentes à seleção, integrando dados e características essenciais para compor a pesquisa de revisão. Através dessa representação visual, é possível compreender o fluxo de análise e as etapas seguidas para garantir a consistência e relevância dos artigos incluídos na pesquisa.
Com base nos 15 artigos selecionados, foi elaborada uma tabela (Quadro 1) com o intuito de proporcionar uma análise mais detalhada e avaliação dos dados pertinentes. A tabela contém informações como título, autores, objetivo, tipo de estudo, categorias e ano de publicação, sendo organizada de forma crescente conforme o período de publicação dos artigos.
A Categoria A refere-se a: “Cuidados de enfermagem no âmbito da Teoria do Déficit de Autocuidado na Diabetes Mellitus”, enquanto a Categoria B abrange: “Teoria do Autocuidado com as ações educativas para a prevenção das complicações”. Essa organização facilita a visualização e compreensão das diferentes abordagens abordadas nos artigos, permitindo uma análise mais profunda dos temas discutidos.
Quadro 1 – Distribuição dos artigos de acordo com o título, autores, objetivo, método, conclusão e ano de publicação. Brasília (DF), Brasil, 2022.
Título | Autor | Revista Ano | Tipo de estudo | Cuidados de enfermagem no âmbito da Teria do Déficit de Autocuidado na Diabetes Mellitus | Teoria do Autocuidado com as ações educativas para a prevenção das complicações |
Autocuidado das pessoas com diabetes mellitus que possuem complicações em membros inferiores. | Danielle dos Santos Gomides; Lilian Cristiane Gomes Villas-Boas; Anna Claudia Martins Coelho; Ana Emilia Pace. | Acta Paul Enfer. / 2013 | Estudo transversal de abordagem quantitativa. | - Necessidade dos cuidados com pés. - Adoção de um plano alimentar. - Monitorização da glicemia. - Realização de atividade física. | - Importância dos profissionais da saúde para motivar e desenvolver as habilidades de autocuidado. |
Autocuidado: o contributo teórico de orem para a disciplina e profissão de Enfermagem. | Paulo Joaquim Pina Queirós; Telma Sofia dos Santos Vidinha; António José de Almeida Filho. | Revista de Enfermagem Referência - IV - n.° 3/ 2014 | Revisão Bibliográfica |
| - Enfermeiro como agente do autocuidado terapêutico. - Contribuição da Teoria do Autocuidado para dar sentido a atividade profissional. |
Construção e Validação de Conteúdo do Histórico De Enfermagem Guiado pelo Referencial de Orem. | Camila Santana Domingos; Priscila Camara de Moura; Luciene Muniz Braga; Nayara Vilela Rodrigues; Marisa Dibbern Lopes Correia; Alessandra Montezano de Paula Carvalho | REME-Rev Min Enferm 2015 | Trata se de uma revisão bibliográfica |
| - Construção e análise do instrumento de subsidio a coleta dos dados na consulta de enfermagem. |
Práticas educativas no paciente diabético e perspectiva do profissional de saúde: uma revisão sistemática | Roxana Claudia Condori Iquize; Fabrício Claudino Estrela Terra Theodoro; Karla Andréa Carvalho; Manuela de Almeida Oliveira; Jônatas de França Barros; André Ribeiro da Silva. | Sociedade Bras Nefro. / 2017 | Revisão sistemática da literatura com abordagem qualitativa. |
| - Promoção e a capacitação do profissional de enfermagem na assistência e cuidado do paciente com diabetes. - A intervenção educativa em saúde melhora a autopercepção do paciente acerca do diabetes mellitus. - Benefícios das atividades de intervenção junto ao paciente |
Coconstrução da autonomia do cuidado da pessoa com diabetes. | Rosilei Teresinha Weiss Baade; Edison Bueno. | Interface/ 2016 | Trata-se de uma pesquisa qualitativa. | - Desafio atividade física regular;
- Alimentação surgem como um dos principais desafios enfrentados. -Tratamento da diabetes considerada como monótona o que entendem como um dificultador para a realização do autocuidado. | -Coconstrução da autonomia do cuidado em diabetes. - Educação em Diabetes. |
A Percepção do Autocuidado em Portadores de Diabetes Mellitus atendidos na Atenção Básica de Saúde. | Daniel Herson Silveira Queiroz; Lennara de Siqueira Coelho; Fernanda Ferreira De Morais; Raiana Soares de Sousa Silva; Debora de oliveira rodrigues; Nalma Alexandra Rocha de Carvalho | Revista UNINGÁ/ 2017 | Trata-se de uma pesquisa de caráter descritivo, de abordagem qualitativa. | - Benefícios do autocuidado no paciente. - Redução de complicações. - Alimentação com menor índice glicêmico. - Uso adequado das medicações nos horários corretos.
| -Figura do enfermeiro como ente promotor de saúde e de informação. - O enfermeiro deve executar atividades educativas que tragam conhecimento do paciente. - Mecanismos de que contribuam para adesão e participação ativa do paciente. |
Autocuidado em Diabetes Mellitus: estudo bibliométrico. | Patrícia Simplício Oliveira; Marta Miriam Lopes Costa; Josefa Danielma Lopes Ferreira; Carla Lidiane Jácome Lima. | Enfermería Global / 2017 | Trata-se de um estudo bibliométrico. | - Responsabilidade do paciente na adesão ao tratamento. Mudança ao plano alimentar. - Adesão a atividade física |
|
Aplicabilidade da Teoria do Déficit do Autocuidado de Orem no Brasil: uma revisão Integrativa. | Maria Luiza Rêgo BEZERRA; Renata de Paula Rocha FARIA; Cristine Alves Costa de JESUS; Paula Elaine Diniz dos REIS; Diana Lúcia Moura PINHO; Ivone KAMADA. | J. Manag Prim Health Care/ 2018 | Trata se de uma revisão integrativa | - Prática de cuidados executadas pelo paciente aliada a Teoria do autocuidado. | -Orientações da enfermagem para minimizar o grau de dependência do paciente. |
Atividades de autocuidado de homens diagnosticados Com diabetes mellitus tipo 2. | Fabiano Divino Alves Sousa; Jonas Rabelo Soares; Ronilson Ferreira Freitas. | Revista Brasileira de Obesidade, Nutrição e Emagrecimento 2019 | Trata-se de um estudo descritivo. | - Atividades de autocuidado como alimentação saudável, atividade física. - Monitoração de glicemia. - Cuidados com os pés. - Uso dos medicamentos no tratamento. |
|
Intervenção educativa em homens com diabetes mellitus: efeitos sobre comportamentos e perfil antropométrico | Guilherme Oliveira de Arruda; Sonia Silva Marcon; Hellen Emília Peruzzo; Aline Gabriela Bega Ruiz; Ivi Ribeiro Back; Evelin Matilde Arcain Nass; Vanessa Carla Batista; Iven Giovanna Trindade Lino. | Acta Paul Enferm
2019 | Ensaio clínico Randomiza-do. |
| -Estratégias educativas em grupo terapêutico e em visita domiciliar produzem benefícios. - Atendimento individualizado na consulta de enfermagem. |
Processo de enfermagem fundamentado Na teoria do autocuidado aplicado em Paciente com diabetes mellitus: relato de Experiência | Lairton Batista de Oliveira; Marília Costa Cavalcante; Pallysson Paulo da Silva; Sarah Nilkece Mesquita Araújo Nogueira Bastos | Atena Editora / 2019 | Trata-se de um relato de experiência com abordagem qualitativa. | -Autocuidado: alimentação, higiene;
- Autocontrole do Diabetes; - Autodireção dos Cuidados; - Bem-estar Pessoal. | - Reflexão sobre a prática da promoção da saúde por intermédio da educação para o autocuidado |
O Autocuidado no Controle do Diabetes Mellitus Tipo 2 | Andréa Martins da Silva; Roberta Morgana da Mota Quirino; Neide Kazue Sakugawa Shinohara | Brazilian Journals Publicações de Periódicos / 2020 | Estudo de revisão bibliográfica | - Importância da abordagem nutricional no autocuidado. - Cuidados de higiene pessoal. - Adesão atividade física e alimentação saudável. - Cuidado com pés. - Monitorização glicêmica | - Atividade educativa para o controle da Diabetes. - Letramento em saúde. |
Práticas de autocuidado dos portadores de diabetes mellitus tipo II: contribuições da teoria de Dorothea Orem. | Jackelliny Carvalho Neves; Luciane Sousa Pessoa Cardoso; Andressa Arraes Silva, Rafaela Duailibe Soares, Joelmara Furtado dos Santos Pereira, Alan Cássio Carvalho Coutinho, Larissa Silva Oliveira, Maria Beatriz Pereira da Silva, Railda Lima Rodrigues, Ana Cláudia de Almeida Varã | Revista Eletrônica Acervo Saúde / 2021 | Trata-se de uma pesquisa transversal, de caráter descritivo com abordagem quantitativa. | - Adesão atividade física e alimentação saudável. - Cuidado com pés. - Monitorização glicêmica. |
|
Autocuidado a luz da teoria de dorothea orem: panorama da produção cientifica brasileira. | Karem Poliana Santos da Silva; Aline Costa da Silva; Andreina Maciel de Sena dos Santos; Cliviane Farias Cordeiro; Deila Ávila Machado Soares; Fernanda Freitas dos Santos; Maxwell Arouca da Silva. | Brazilian Journal of Development / 2021 | Trata-se de um levantamento bibliográfico |
| -Conhecimento da Teoria do Auto cuidado permite identificar as necessidades de autocuidado, além de capacitar o paciente para que desenvolva seu próprio cuidado. |
Efeitos do autocuidado apoiado por enfermeiros Em homens com diabetes mellitus tipo 2 | Guilherme Oliveira de Arruda; Sonia Silva Marcon; Hellen Emília Peruzzo Aveiro; Maria do Carmo Fernandez Lourenço Haddad; Luciana Puchalski Kalinke; Gleiciane da Silva Fonseca; Afonso de Arruda Martinhago. | Rev baiana enferm 2022 | Ensaio clínico. |
| - Nível de conhecimento de homens acerca do diabetes. - Participação, os homens na intervenção em grupo apresentaram melhor assimilação do autocuidado. |
Discussão
Após a análise dos artigos selecionados para este estudo, os resultados foram agrupados em duas categorias temáticas principais: "Cuidados de Enfermagem versus Autocuidado na Diabetes Mellitus" e "Teoria do Autocuidado versus Ações Educativas para a Prevenção das Complicações do Diabetes Mellitus".
1. Cuidados de Enfermagem versus Autocuidado na Diabetes Mellitus
A assistência de enfermagem a pacientes com Diabetes Mellitus Tipo 2 (DM2) vai além do cuidado direto, envolvendo promoção da saúde e ações educativas. O enfermeiro tem um papel fundamental em estimular e apoiar o autocuidado, considerando as limitações das comorbidades e complicações. O autocuidado é essencial para controlar a glicemia e reduzir complicações a longo prazo. Segundo Gomides et al. (2013), os enfermeiros devem ajudar os pacientes a desenvolverem habilidades de autocuidado, com acompanhamento contínuo, identificando dificuldades e oferecendo suporte individualizado para decisões informadas sobre o tratamento.
Baade e Bueno (2016) destacam a importância de uma abordagem colaborativa entre profissionais de saúde e pacientes, onde as preferências dos pacientes são consideradas, favorecendo a adesão ao tratamento. Queiroz e Bueno (2017) reforçam o papel do enfermeiro em capacitar a equipe de saúde, identificar necessidades do paciente e acompanhar a adesão ao tratamento. O enfermeiro deve também realizar exames, monitorar a glicemia e orientar sobre atitudes saudáveis, facilitando a autonomia do paciente no manejo da doença.
Em relação ao diagnóstico de enfermagem na consulta de enfermagem, Domingos et al. (2015) destacam a importância da identificação dos déficits de autocuidado, associada à classificação do indivíduo dentro dos sistemas de enfermagem, para orientar ações terapêuticas. Essa identificação pode subsidiar o planejamento de intervenções de enfermagem focadas no ensino de cuidados que promovam o autocontrole e a participação ativa do paciente no autocuidado. Além disso, o reconhecimento de déficits no autocuidado pode ser crucial para a promoção de mudanças no estilo de vida, além de ajudar o paciente a identificar sinais e sintomas que evidenciem riscos à saúde. Dessa forma, a análise crítica do estado de saúde do paciente é fundamental para planejar ações educativas e práticas de autocuidado que melhorem sua qualidade de vida e o controle da doença.
No contexto do autocuidado em pacientes com Diabetes Mellitus tipo 2 (DM2), diversos estudos apontam que a adoção de práticas de autocuidado pode ser uma estratégia eficaz para o controle da doença. Silva et al. (2020) destacam que a implementação de hábitos saudáveis, como a prática regular de atividade física, alimentação balanceada e cuidados com a higiene pessoal, especialmente com os membros inferiores, são fundamentais para evitar complicações e promover o bem-estar do paciente. A prática do autocuidado torna-se, assim, uma ferramenta essencial para o manejo da doença, minimizando os riscos de complicações associadas ao DM2.
Além disso, Queiroz et al. (2017) enfatizam que, após o diagnóstico de diabetes mellitus, os pacientes frequentemente precisam passar por mudanças significativas em seus estilos de vida. Entre as mudanças mais impactantes estão a adoção de uma alimentação mais saudável, a introdução de medicamentos para o controle da doença e a implementação de práticas de autocuidado que exigem mudanças no comportamento diário. Essas modificações no cotidiano, que envolvem a implementação de atividades que antes não faziam parte da rotina do paciente, exigem um esforço contínuo e um comprometimento com o autocuidado para garantir a adesão ao tratamento e prevenir complicações futuras.
Para Oliveira et al. (2017), o tratamento da Diabetes Mellitus tipo 2 (DM2) e a responsabilidade do paciente na gestão da doença envolvem desafios significativos. O sucesso no manejo do DM2 exige mudanças no estilo de vida, com a adesão ao tratamento farmacológico, a implementação de um plano alimentar adequado e a prática regular de atividade física. No entanto, para que essas mudanças sejam efetivas, o paciente precisa estar bem informado sobre os aspectos que envolvem sua condição de saúde e compreender a importância de prevenir as complicações associadas à doença.
Além disso, é essencial que o paciente reconheça as barreiras que podem dificultar o autocuidado e esteja preparado para tomar decisões informadas e positivas no que diz respeito ao seu tratamento. O conhecimento sobre a doença, a percepção das dificuldades e a capacidade de adotar atitudes proativas no controle da DM2 são fundamentais para a promoção da adesão ao tratamento e, consequentemente, para a melhoria da qualidade de vida do paciente. A educação em saúde, o apoio contínuo dos profissionais de saúde e o incentivo à mudança de comportamentos são fatores-chave para fortalecer a autogestão da doença.
A terapia medicamentosa é, sem dúvida, um pilar essencial no controle da Diabetes Mellitus, sendo frequentemente a primeira abordagem no tratamento da doença. De acordo com os estudos de Gomides et al. (2013) e Sousa et al. (2019), a adesão à terapia medicamentosa por parte dos pacientes é, muitas vezes, mais alta do que a adesão a outras práticas de autocuidado, como a monitoração da glicemia, cuidados com os pés e a realização de atividades físicas. Essa diferença pode estar relacionada à percepção de que o uso de medicamentos é uma solução mais direta e menos exigente em termos de comportamento e disciplina pessoal.
No entanto, a educação alimentar desempenha um papel igualmente crucial no tratamento do Diabetes Mellitus, contribuindo significativamente para o controle da glicemia e a prevenção das complicações associadas à doença. Uma dieta saudável não apenas ajuda a manter os níveis de glicose dentro dos limites recomendados, mas também pode evitar picos que frequentemente levam a complicações graves. Para que isso aconteça, é necessário que os pacientes façam mudanças significativas em seus hábitos alimentares, incluindo a exclusão de alimentos de alto índice glicêmico, que causam elevações rápidas na glicose sanguínea.
Sousa et al. (2019) afirmam que os pacientes diabéticos não precisam excluir completamente os alimentos consumidos pela sua família, mas devem ser mais cautelosos ao escolher os alimentos com base no impacto glicêmico que eles podem gerar. Portanto, a educação nutricional e o acompanhamento constante são fundamentais para que os pacientes adquiram a habilidade de fazer escolhas alimentares adequadas, promovendo, assim, um controle mais eficaz da doença e minimizando o risco de complicações associadas à DM2.
O cuidado com os pés é uma parte essencial do manejo da Diabetes Mellitus Tipo 2, especialmente devido à prevalência de complicações crônicas associadas a essa condição, como o pé diabético. Essa complicação é caracterizada pela diminuição da sensibilidade nos pés, o que impede o paciente de perceber feridas, úlceras ou outras lesões, muitas vezes resultando em infecções graves e até amputações. A falta de sensibilidade pode fazer com que o paciente não perceba danos nos pés até que se tornem sérios, o que torna o acompanhamento regular e a educação sobre os cuidados essenciais para evitar complicações.
De acordo com Gomides et al. (2013), o acompanhamento contínuo dos pacientes com diabetes é crucial, especialmente no que se refere ao cuidado das úlceras e lesões nos pés. As atividades de autocuidado, como o monitoramento diário dos pés e o cuidado adequado com as feridas, podem prevenir complicações graves e melhorar a qualidade de vida desses pacientes. No entanto, o estudo também destaca que a baixa adesão às práticas de atividades físicas pode ser reflexo das limitações impostas pela própria condição de saúde do paciente. O pé diabético, juntamente com outros problemas de saúde associados ao diabetes, pode dificultar a mobilidade e a prática regular de exercícios, o que, por sua vez, pode impactar negativamente o controle glicêmico e a saúde geral do paciente.
A educação e o suporte contínuos sobre cuidados com os pés, atividades físicas adequadas e autocuidado são essenciais para o manejo eficaz do Diabetes Mellitus Tipo 2 e prevenção de complicações. Segundo a Teoria do Autocuidado de Dorothea Orem, o autocuidado envolve atividades diárias necessárias para atender às necessidades de saúde, aprendidas ao longo da vida e transformadas em hábitos. Orem (apud Queirós et al., 2014) define o agente de autocuidado como o adulto responsável por atender suas próprias necessidades de saúde, ou, quando necessário, um profissional de saúde ou familiar que apoie o paciente.
No caso do Diabetes Mellitus Tipo 2, é importante que o paciente compreenda as dificuldades do tratamento e siga o plano terapêutico. O enfermeiro, como agente de autocuidado, orienta sobre a adesão ao plano alimentar, monitorização da glicemia, prática de atividades físicas e uso de medicamentos. A intervenção do enfermeiro, em conjunto com o suporte familiar e conscientização do paciente, visa garantir que ele se torne protagonista de seu autocuidado e controle das complicações associadas à doença.De acordo com Silva et al. (2020), a gestão da saúde no contexto da Diabetes Mellitus Tipo 2, fundamentada na Teoria do Autocuidado de Dorothea Orem, envolve a adoção de práticas como a atividade física regular, uma alimentação saudável, o monitoramento constante da glicemia, o gerenciamento adequado da medicação, bem como a higiene dos membros inferiores e a promoção do lazer. Para que o tratamento seja bem-sucedido, é essencial que a dieta, as orientações sobre atividades físicas e a prescrição médica sejam adaptadas ao estilo de vida do paciente, considerando aspectos como a rotina de trabalho, hábitos alimentares, nível socioeconômico e a medicação prescrita.
Em um dos artigos analisados, foi relatado a experiência de acadêmicos de enfermagem durante o Processo de Enfermagem, utilizando a Teoria do Autocuidado de Dorothea Orem como referencial teórico e os parâmetros da Associação Norte-Americana de Diagnósticos de Enfermagem (NANDA). Para Oliveira et al. (2019), é fundamental reconhecer o papel central que o paciente desempenha na gestão de sua doença e na execução das atividades de autocuidado. O estudo destaca algumas orientações cruciais que surgem a partir do diagnóstico de enfermagem, como a administração correta de medicamentos, a terapia nutricional, a identificação de riscos, a prevenção de lesões por pressão, o controle de infecções e a assistência no autocuidado, envolvendo práticas como alimentação adequada e higiene pessoal (banho e cuidados com a pele). Essas orientações visam capacitar o paciente para que ele possa tomar decisões mais conscientes e responsáveis em relação ao controle da doença, melhorando assim sua qualidade de vida e prevenindo complicações.
2. Teoria do Autocuidado versus ações educativas para a prevenção de complicações do Diabetes Mellitus
O enfermeiro desempenha um papel crucial na implementação de ações educativas, aumentando o conhecimento dos pacientes sobre a Diabetes Mellitus e promovendo a adesão ao tratamento e ao autocuidado. Queiroz et al. (2017) destacam que o enfermeiro, como promotor de saúde, é fundamental para que os pacientes com doenças crônicas, como o Diabetes Mellitus, gerenciem sua condição de forma eficaz, melhorando a qualidade de vida e reduzindo complicações graves e mortalidade.
A educação em saúde é essencial no tratamento do Diabetes Mellitus Tipo 2, promovendo mudanças comportamentais nos pacientes, como hábitos saudáveis, alimentação equilibrada, prática de atividade física e monitoramento da glicemia. A atuação do enfermeiro vai além da orientação, incentivando o paciente a refletir sobre a importância do autocuidado e os riscos da falta de controle da doença. Isso resulta em maior adesão e melhores resultados a longo prazo.
Por meio de ações educativas, o enfermeiro também identifica barreiras ao autocuidado, como dificuldades de acesso a medicamentos ou falta de apoio familiar, e cria estratégias para superá-las. Capacitando o paciente no autocuidado, como medição de glicose, cuidados com os pés e adesão ao plano alimentar, o enfermeiro ajuda a prevenir complicações do Diabetes Mellitus, como neuropatia, retinopatia e doenças cardiovasculares. A Teoria do Autocuidado de Orem se alinha com as práticas educativas, proporcionando uma abordagem integral e personalizada ao tratamento do Diabetes Mellitus Tipo 2.
Segundo Iquize et al. (2017), a intervenção educativa tem um efeito benéfico significativo, sendo uma ferramenta importante para estimular a participação ativa dos pacientes em todas as fases do processo: planejamento, desenvolvimento e implementação das atividades educativas. Esse tipo de intervenção favorece o aprendizado, com o objetivo de promover mudanças no estilo de vida, essenciais para o controle adequado da doença. Além disso, essas ações educativas ajudam a minimizar as dificuldades que os pacientes diabéticos enfrentam em relação ao conhecimento e às atitudes sobre o manejo da doença no cotidiano. Dessa forma, as práticas educativas não apenas aumentam a conscientização, mas também contribuem para a efetividade das estratégias de autocuidado, fundamentais na prevenção das complicações do Diabetes Mellitus.
Queiroz et al. (2017) defendem que a atenção a pacientes com diabetes mellitus deve envolver uma equipe multiprofissional de saúde, proporcionando os meios necessários para um autocuidado eficaz e manejo adequado da doença. Esses meios incluem a aceitação da condição, o poder de tomar decisões frente a variações de glicemia, conhecimento sobre a quantidade de calorias nos alimentos, administração correta de medicamentos e controle da glicemia capilar em casa. Esses aspectos são essenciais para que o paciente desenvolva autonomia no manejo da doença e tome decisões informadas sobre seu tratamento.
O apoio educacional fornecido pelos profissionais de saúde permite que os pacientes adquiram o conhecimento necessário para prevenir complicações e manter o controle da doença de forma eficaz. A equipe de saúde, assim, tem um papel fundamental em fornecer as ferramentas e o suporte necessários para que os pacientes implementem práticas de autocuidado de maneira independente.
Em relação ao grau de escolaridade, os artigos analisados destacam a influência da educação formal no autocuidado. Gomides et al. (2013) afirmam que a escolaridade está diretamente relacionada ao autocuidado, ou seja, pacientes com baixa escolaridade têm mais dificuldades no acesso à informação e no processo de aprendizagem, o que pode impactar negativamente na gestão da doença e na prevenção de complicações.Iquize et al. (2017) complementam essa análise, apontando que o nível de escolaridade pode ser um fator determinante na efetividade de programas educativos, especialmente em pacientes com diabetes mellitus. Pacientes com menor nível educacional podem enfrentar barreiras adicionais para adquirir o conhecimento necessário para o autocuidado, o que dificulta o manejo da doença de forma eficaz. Portanto, as estratégias educativas devem ser adaptadas ao nível de compreensão e aprendizado dos pacientes, visando superar essas limitações e garantir que todos os pacientes, independentemente de seu grau de escolaridade, possam desenvolver habilidades de autocuidado adequadas para a gestão do diabetes mellitus.
Estudos como os realizados por Sousa et al. (2019) destacam que a baixa escolaridade e a falta de informação desempenham papéis cruciais na falta de habilidades para o autocuidado em pacientes com Diabetes Mellitus Tipo 2 (DM II). Pacientes com menor nível educacional frequentemente apresentam dificuldades em compreender as orientações terapêuticas fornecidas pelos profissionais de saúde, o que pode resultar em uma adesão insuficiente ao tratamento. Essa relação entre escolaridade e compreensão das recomendações terapêuticas é um fator crítico para o controle da doença e a prevenção de complicações.
Dessa forma, durante as consultas de enfermagem, o processo educativo deve ser estruturado de maneira a priorizar as orientações sobre hábitos saudáveis. Isso inclui a promoção de uma alimentação equilibrada, a prática regular de atividades físicas, a redução do consumo de bebidas alcoólicas, o abandono do tabagismo e o seguimento adequado da terapia medicamentosa, seja ela oral ou injetável. A mudança de hábitos diários inadequados é considerada por diversos autores como o primeiro passo essencial para o controle do DM2, e isso pode ser alcançado por meio de atividades educativas direcionadas aos portadores da doença.
Essas intervenções educativas são fundamentais, pois promovem a conscientização do paciente sobre a importância de adotar comportamentos saudáveis, não apenas para o controle glicêmico, mas também para a prevenção de complicações associadas à doença. Ao integrar essas orientações no contexto das consultas de enfermagem, é possível capacitar o paciente a realizar escolhas informadas e a se engajar ativamente no autocuidado, melhorando sua qualidade de vida e minimizando os riscos de complicações do diabetes mellitus.
Os artigos que utilizam a Teoria do Autocuidado como referencial teórico em suas pesquisas apresentam a teoria sob um enfoque conceitual, enfatizando a importância do autocuidado na promoção da saúde e prevenção de complicações, especialmente em doenças crônicas como a Diabetes Mellitus. De acordo com Oliveira et al. (2019), essa teoria valoriza a responsabilidade do indivíduo em relação à sua saúde, reconhecendo que a prevenção e a educação para a saúde são aspectos essenciais nas intervenções de enfermagem. Nesse sentido, os profissionais de enfermagem são vistos como facilitadores do processo de autocuidado, estimulando os pacientes a se tornarem mais autossuficientes e menos dependentes de assistência contínua, o que pode contribuir para a redução das complicações associadas à doença.
Ainda segundo Oliveira et al. (2019), é fundamental que os profissionais de enfermagem adotem uma abordagem de incentivo, ajudando os pacientes a desenvolverem o autocuidado de forma que se sintam responsáveis por sua saúde, evitando, assim, complicações e hospitalizações. A ênfase está na capacitação dos pacientes para que possam tomar decisões informadas sobre seus cuidados diários, estabelecendo um controle ativo sobre sua condição de saúde.
Para Silva et al. (2021), a Teoria do Autocuidado, ao perceber limitações no cuidado de pacientes que enfrentam déficits de autocuidado devido a fatores como idade, condições de saúde ou outros, orienta que a enfermagem deve adaptar suas intervenções para atender essas necessidades. A teoria, portanto, busca identificar as possibilidades do paciente em compreender a necessidade de mudança e, a partir disso, incentivar ações que favoreçam a independência do paciente. O objetivo é promover a autonomia, garantindo que os pacientes possam alcançar um nível adequado de cuidado pessoal, assegurando sua saúde e bem-estar, e evitando dependência excessiva de assistência profissional.
Quanto à alimentação saudável, Silva, Quirino e Shinohara (2020) ressaltam que o profissional de enfermagem desempenha um papel essencial na promoção de mudanças no estilo de vida dos pacientes com Diabetes Mellitus tipo 2 (DM2). Através de atividades educativas, o enfermeiro pode estimular a adoção de práticas alimentares mais adequadas, como a redução do consumo de alimentos ricos em açúcares e gorduras, a promoção de uma alimentação balanceada e, principalmente, o incentivo à perda de peso corporal. Essas orientações têm como objetivo ajudar os pacientes a controlar a glicemia e melhorar o manejo da doença, contribuindo assim para a prevenção de complicações associadas ao DM2.
Em relação à orientação medicamentosa, Neves et al. (2021) identificaram que muitos pacientes com DM2 apresentam conhecimento insuficiente sobre as atividades de autocuidado, o que resulta em baixa adesão a práticas essenciais como a atividade física, o cuidado com os pés, a monitorização glicêmica e a manutenção de consultas regulares. A falta de adesão a essas orientações pode levar ao agravamento da condição, aumentando as chances de aparecimento de complicações e comorbidades. A pesquisa enfatiza a importância do profissional de enfermagem em fornecer educação contínua e suporte para que os pacientes compreendam a necessidade de seguir as recomendações terapêuticas, garantindo, assim, o controle da doença e a redução de complicações a longo prazo. Cabe à equipe de enfermagem, nas consultas de enfermagem, orientar e reforçar a compreensão dos pacientes em relação à importância de uma alimentação saudável, motivando-os, assim, a aderir ao autocuidado no tratamento do Diabetes Mellitus tipo 2 (DM2). Silva et al. (2020) destacam que a educação nutricional, juntamente com o acompanhamento de uma equipe multiprofissional, é essencial para o controle efetivo do DM2. A adoção de uma dieta individualizada é uma ferramenta crucial no controle dos distúrbios metabólicos e na prevenção de complicações associadas à doença, evidenciando a importância de um plano alimentar que atenda às necessidades específicas de cada paciente.
Assim, a capacidade do paciente de realizar, de forma independente, procedimentos de autocuidado contribui significativamente para seu bem-estar emocional e saúde geral. A enfermagem tem como objetivo auxiliar os pacientes com DM2 a aprender ou a reaprender as atividades de autocuidado necessárias no contexto das atividades da vida diária. A literatura analisada fornece dados que reforçam a relevância das ações educativas, mostrando que a atuação da enfermagem, fundamentada na Teoria do Autocuidado de Dorothea Orem, desempenha um papel crucial na prevenção de complicações do DM2. A implementação de estratégias educativas orientadas por essa teoria é essencial para empoderar o paciente, melhorar a adesão ao tratamento e promover um manejo mais eficaz da doença.
Considerações Finais
Este estudo destacou a importância do autocuidado como um processo contínuo e essencial para os pacientes com Diabetes Mellitus tipo 2, enfatizando que, além de conhecer as ações necessárias, é fundamental que os pacientes tenham acesso ao conhecimento que os torne autônomos em seu tratamento, prevenindo complicações associadas à doença.
Os cuidados de enfermagem desempenham um papel crucial, orientando os pacientes a adotarem hábitos de vida saudáveis para minimizar complicações decorrentes de um tratamento inadequado. As ações de enfermagem devem buscar o controle da glicose, adesão a uma dieta saudável, prática regular de atividades físicas, uso correto da medicação e cuidados com os pés. O profissional de enfermagem deve orientar esse gerenciamento, promovendo a autonomia do paciente no cuidado de sua saúde e preservando seu estilo de vida.
As práticas educativas, fundamentadas na Teoria do Autocuidado de Orem, são essenciais nas consultas de enfermagem, grupos terapêuticos e visitas domiciliares. Elas visam inserir o autocuidado na rotina do paciente, incentivando-o a se comprometer com o tratamento e a estabelecer metas e prazos que favoreçam sua autonomia.
A intervenção dos profissionais de enfermagem deve ser adaptada à realidade de cada paciente, utilizando a Teoria de Orem como base para capacitá-los a realizar as atividades de autocuidado necessárias para o tratamento. A educação do paciente é fundamental para promover a cooperação no tratamento, e uma explicação clara sobre a doença e o controle do diabetes contribui para a conscientização e corresponsabilidade do paciente.
Em suma, o estudo de revisão bibliográfica sobre a assistência de enfermagem a pacientes com Diabetes Mellitus, fundamentada na Teoria do Autocuidado, mostra que essa abordagem tem sido amplamente discutida nos últimos 10 anos e que a Teoria de Orem é um guia essencial para a educação dos pacientes diabéticos, auxiliando-os a tomar decisões informadas sobre seu cuidado e tratamento.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BIANCHI, Mariana, Giovana Pimentel Gurgueira. Sistematização da assistência de enfermagem Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2018. 184 p.
BUB, Maria Bettina Camargo et al. A noção de cuidado de si mesmo e o conceito de autocuidado na enfermagem. Texto & Contexto - Enfermagem [online]. 2006, v. 15, n. spe [acessado 23 abril 2022], pp. 152-157.
BEZERRA, M. L. R.; FARIA, R. de P. R.; COSTA DE JESUS, C. A.; DOS REIS, P. E. D.; PINHO, D. L. M.; KAMADA, I. Aplicabilidade da teoria do déficit do autocuidado de ordem no Brasil: uma revisão integrativa. JMPHC | Journal of Management & Primary Health Care | ISSN 2179-6750, [S. l.], v. 9, 2019. DOI: 10.14295/jmphc.v9i0.538.
BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde Departamento de Atenção Básica. Diabetes Mellitus Cadernos de Atenção Básica, nº16. 2013.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica: diabetes mellitus / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – Brasília: Ministério da Saúde, 2013.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Envelhecimento e saúde da pessoa idosa / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – Brasília: Ministério da Saúde, 2007.192 p.: il. – (Série A. Normas e Manuais Técnicos) (Cadernos de Atenção Básica; n. 19)
BRASIL. Ministério da Saúde. Estratégia para o cuidado da pessoa com doença crônica. Brasília: Ministério da Saúde, 2014. (Cadernos de Atenção Básica, n. 35)
CIANCIARULLO, Tamara Iwanow; GUALDA, Dulce Maria Rosa; MELLEIRO, Marta Maria; ANABUKI, Marina Hideko. Sistema de assistência de enfermagem: evolução e tendências. [S.l: s.n.], 2008.
COIADO, Cristina Rodrigues Padula. Prática Clínica e Processos de Cuidar da Saúde do Adulto - São Paulo: Editora Sol, 2018.
FORTES, Taís Masotti Lorenzetti. Fundamentos históricos de Enfermagem. São Paulo: Editora Sol, 2017.
FORTES, Taís Masotti Lorenzetti. Enfermagem do idoso. – São Paulo: Editora Sol, 2020.
GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 2002.
GUSSO, G.; LOPES, J. M. C. Tratado de Medicina de Família e Comunidade. v. 2. São Paulo: Artmed, 2012.
GEORGE, Julia B. Teorias de enfermagem: os fundamentos para a prática profissional. 4. ed. Porto Alegre: Artes Médicas Sul; 2000.
GOMIDES, Danielle dos Santos et al. Autocuidado das pessoas com diabetes mellitus que possuem complicações em membros inferiores. Acta Paulista de Enfermagem. 2013, v. 26, n. 3, pp. 289-293.
JUDENSNAIDER, Ivy. Métodos de Pesquisa. São Paulo: Editora Sol, 2021.
OLIVEIRA, J.E.P.; MILECH, A. Diabetes Mellitus — Clínica, Diagnóstico e Tratamento Multidisciplinar EDITORA ATHENEU — São Paulo, Rio de Janeiro, Ribeirão Preto, Belo Horizonte, 2006.
PINA Queirós, Paulo Joaquim, dos Santos Vidinha, Telma Sofia, de Almeida Filho, António José Autocuidado: o contributo teórico de Orem para a disciplina e profissão de Enfermagem. Revista de Enfermagem Referência. 2014, IV (3), 157-164
SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES. Atualização Brasileira Sobre Diabetes. Rio De Janeiro: Diagraphic, 2005.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES. Diretrizes Tratamento e acompanhamento do Diabetes mellitus, 2019.
TEIXEIRA, Carla Regina de Souza, ZANETTI, Maria Lúcia e Pereira, ALVES, Marta Cristiane. Perfil de diagnósticos de enfermagem em pessoas com diabetes segundo modelo conceitual de orem. Acta Paulista de Enfermagem [online]. 2009, v. 22, n. 4, pp. 385-391.
ZINN, Gabriela Rodrigues. Práticas Educativas em Saúde. São Paulo: Editora Sol, 2019.
1 Bacharel em enfermagem. Especialista em Pedagogia Hospitalar e Docência em Enfermagem. orcid.org/0009-0000-7211-6115