APRENDER FAZENDO: A REVOLUÇÃO DAS METODOLOGIAS ATIVAS NA EDUCAÇÃO CONTEMPORÂNEA

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REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.17317467


Fabiula Grasiela Brandt1


RESUMO
As metodologias ativas representam uma abordagem inovadora no processo de ensino-aprendizagem, promovendo o protagonismo do aluno, a interação entre pares e a construção prática do conhecimento. Este estudo busca analisar a aplicação de metodologias ativas em contextos escolares, considerando seus impactos na motivação, no engajamento e no desenvolvimento de competências cognitivas e socioemocionais. Por meio da revisão bibliográfica de autores brasileiros contemporâneos, evidencia-se que estratégias como aprendizagem baseada em projetos, aprendizagem cooperativa, gamificação e estudo de caso favorecem a aprendizagem significativa, estimulam a autonomia dos estudantes e fortalecem habilidades críticas e criativas. Conclui-se que o uso intencional e planejado das metodologias ativas contribui para transformar a prática docente e ampliar a qualidade da aprendizagem.
Palavras-chave: Metodologias Ativas. Aprendizagem Significativa. Protagonismo do Aluno. Inovação Pedagógica. Educação Brasileira.

ABSTRACT
Active methodologies represent an innovative approach in the teaching-learning process, promoting student protagonism, peer interaction, and practical knowledge construction. This study aims to analyze the application of active methodologies in school contexts, considering their impact on motivation, engagement, and the development of cognitive and socio-emotional skills. Through a literature review of contemporary Brazilian authors, it is evident that strategies such as project-based learning, cooperative learning, gamification, and case studies favor meaningful learning, stimulate student autonomy, and strengthen critical and creative skills. It is concluded that intentional and planned use of active methodologies contributes to transforming teaching practices and enhancing learning quality.
Keywords: Active Methodologies. Meaningful Learning. Student Protagonism. Pedagogical Innovation. Brazilian Education.

1. INTRODUÇÃO

O cenário educacional brasileiro tem experimentado transformações significativas nas últimas décadas, impulsionadas pela busca por práticas pedagógicas que promovam uma aprendizagem mais significativa e alinhada às demandas do século XXI. Nesse contexto, as metodologias ativas emergem como estratégias inovadoras que colocam o aluno no centro do processo de ensino-aprendizagem, desafiando o modelo tradicional de educação centrado no professor.

Segundo Bacich e Moran (2018), as metodologias ativas são abordagens que incentivam a participação ativa dos estudantes, promovendo a autonomia, o pensamento crítico e a resolução de problemas. Essas metodologias incluem práticas como a aprendizagem baseada em projetos, a sala de aula invertida, a gamificação e a aprendizagem colaborativa, entre outras.

A implementação dessas metodologias, no entanto, enfrenta desafios significativos, especialmente no contexto brasileiro, onde a formação docente, a infraestrutura escolar e a resistência a mudanças pedagógicas podem dificultar sua adoção (Marques, 2021). Apesar dessas barreiras, estudos indicam que, quando bem aplicadas, as metodologias ativas podem resultar em um ensino mais dinâmico e eficaz, capaz de engajar os alunos e promover uma aprendizagem mais profunda e duradoura (Felix et al., 2025).

Este artigo tem como objetivo analisar a aplicação das metodologias ativas no contexto educacional brasileiro, explorando suas potencialidades, desafios e impactos na prática pedagógica. Para isso, será realizada uma revisão bibliográfica de autores brasileiros contemporâneos que discutem o tema, buscando compreender como essas metodologias podem contribuir para a transformação da educação no país.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

As metodologias ativas têm ganhado cada vez mais espaço nas discussões sobre inovação pedagógica e reconfiguração das práticas de ensino. Essa abordagem propõe o rompimento com o modelo tradicional, centrado na transmissão de conhecimento, para dar lugar a uma aprendizagem em que o aluno participa ativamente da construção do saber. Segundo Moran (2018), “nas metodologias ativas o estudante se envolve profundamente com o processo de aprendizagem, experimenta, cria e descobre, sendo o protagonista do seu próprio percurso formativo”. Essa perspectiva, além de promover maior engajamento, favorece o desenvolvimento de competências essenciais no século XXI, como autonomia, colaboração e pensamento crítico.

A proposta das metodologias ativas está alinhada à concepção de educação preconizada pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC, 2018), que destaca a importância da formação integral e do protagonismo discente. Essa diretriz reforça que a aprendizagem deve partir de situações reais e significativas, nas quais o estudante possa aplicar seus conhecimentos em contextos diversos. Para Bacich e Moran (2018), o papel do professor, nesse cenário, transforma-se: ele deixa de ser o transmissor de conteúdo e passa a atuar como mediador, orientador e curador de experiências de aprendizagem.

Um dos pilares das metodologias ativas é o conceito de “aprender fazendo”, que resgata ideias de John Dewey e se adapta às demandas contemporâneas. Dewey (1979) já defendia que o conhecimento se consolida pela ação e pela reflexão sobre a experiência, perspectiva que hoje é atualizada com o uso de tecnologias digitais e ambientes colaborativos. Nesse sentido, a sala de aula se torna um espaço de experimentação e cocriação, no qual os alunos aprendem ao resolver problemas, construir projetos e refletir sobre suas próprias práticas.

A aprendizagem baseada em projetos (ABP) é uma das estratégias mais difundidas dentro desse paradigma. Conforme Pontes e Figueiredo (2018), a ABP “possibilita integrar diferentes áreas do conhecimento em torno de um objetivo comum, estimulando a pesquisa, o trabalho em equipe e a responsabilidade compartilhada”. Essa metodologia favorece o desenvolvimento da autonomia e da capacidade investigativa dos estudantes, aproximando-os de situações reais do cotidiano. Uma das grandes contribuições da ABP é permitir que o aluno perceba o sentido prático dos conteúdos curriculares, transformando o conhecimento escolar em ferramenta de intervenção no mundo.

Outra estratégia relevante é a sala de aula invertida (flipped classroom), que propõe a inversão dos papéis tradicionais de estudo e prática. Nesse modelo, o aluno tem acesso ao conteúdo teórico antes do encontro presencial — por meio de vídeos, textos ou recursos digitais — e o tempo de aula é dedicado à resolução de problemas, discussões e atividades colaborativas. Valente (2018) destaca que essa metodologia “potencializa o tempo de interação entre professor e aluno, deslocando o foco da transmissão de informações para o desenvolvimento de competências cognitivas e socioemocionais”. Trata-se de uma proposta que se ajusta às necessidades da educação híbrida, na qual o digital e o presencial se complementam de forma contínua.

Além dessas abordagens, a gamificação e a aprendizagem baseada em problemas (PBL) também se mostram eficazes na promoção do engajamento e da aprendizagem significativa. Para Demo (2020), “a escola que se recusa a inovar tecnologicamente condena o aluno à passividade e à obsolescência do conhecimento”. A gamificação, ao incorporar elementos dos jogos — como desafios, recompensas e níveis de progressão —, torna o processo educativo mais dinâmico e prazeroso. Já a PBL incentiva a investigação e a resolução de problemas complexos, exigindo do estudante o uso de raciocínio crítico e colaborativo.

Cabe destacar que a adoção das metodologias ativas requer uma mudança de postura docente. Como afirma Bacich (2020, p. 45),

“Implementar metodologias ativas exige do professor uma atitude investigativa, flexível e aberta ao novo. É necessário compreender que o erro faz parte do processo de aprendizagem e que o papel do educador é criar condições para que o aluno experimente, reflita e avance.”

Essa mudança implica repensar não apenas a prática, mas também o planejamento pedagógico e a avaliação. O professor passa a ser um designer de experiências de aprendizagem, alguém que articula objetivos, recursos e estratégias para potencializar o aprendizado dos alunos.

A avaliação, nesse contexto, deve ser contínua e formativa, privilegiando o acompanhamento do progresso e o feedback qualitativo. Para Zabala (1998), “avaliar não é apenas medir resultados, mas compreender o processo e orientar as ações pedagógicas subsequentes”. Assim, a avaliação deixa de ser um instrumento de controle e passa a ser parte integrante da própria aprendizagem.

Outro aspecto relevante é o papel das tecnologias digitais no fortalecimento das metodologias ativas. Segundo Kenski (2012), as tecnologias “transformam o modo de ensinar e aprender, oferecendo novas formas de comunicação, acesso à informação e interação social”. O uso de plataformas colaborativas, ambientes virtuais de aprendizagem e recursos gamificados amplia o alcance das práticas pedagógicas e favorece a personalização do ensino. Nesse cenário, o professor atua como curador digital, selecionando e articulando ferramentas conforme os objetivos de aprendizagem.

É importante destacar que, embora as metodologias ativas apresentem grande potencial, sua implementação demanda planejamento cuidadoso, infraestrutura adequada e formação docente contínua. Behrens (2018) alerta que a inovação não se resume à adoção de tecnologias, mas à construção de novas formas de pensar e praticar a educação. Assim, as metodologias ativas devem ser compreendidas como parte de uma cultura pedagógica mais ampla, comprometida com a autonomia intelectual, a criticidade e a transformação social.

Dessa forma, a fundamentação teórica sustenta que as metodologias ativas representam um avanço significativo na busca por uma educação mais significativa, interativa e transformadora. Elas deslocam o foco da memorização para a experimentação, do ensino transmissivo para a aprendizagem colaborativa, e da passividade para o protagonismo. Como sintetiza Moran (2018), “ensinar menos para que o aluno aprenda mais é o grande desafio da educação contemporânea”.

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES

A análise bibliográfica sobre metodologias ativas na educação contemporânea evidencia que a transformação pedagógica depende de uma mudança estrutural na forma como se concebe o processo de ensino e aprendizagem. Os estudos de Bacich e Moran (2018) apontam que o engajamento e o protagonismo dos estudantes aumentam significativamente quando o professor adota práticas centradas na experiência, na investigação e na resolução de problemas reais. Essa mudança de paradigma tem se mostrado especialmente eficaz em contextos de ensino básico e superior, onde a aprendizagem significativa torna-se fundamental para o desenvolvimento das competências previstas na BNCC (2018).

Observa-se que, nas instituições que incorporam práticas ativas, há maior interação entre os sujeitos da aprendizagem. Essa interação ultrapassa a relação vertical entre professor e aluno, promovendo trocas horizontais, colaboração e reflexividade. Para Valente (2018), “as metodologias ativas estimulam a participação do aluno como sujeito de sua aprendizagem, incentivando a experimentação, a descoberta e a autonomia intelectual”. Isso demonstra que o estudante deixa de ser mero receptor de informações para tornar-se agente de transformação do próprio processo de aprendizagem.

Um aspecto recorrente na literatura é a integração entre metodologias ativas e tecnologias digitais. Kenski (2012) enfatiza que o uso de tecnologias não é um fim em si mesmo, mas um meio de ampliação das possibilidades pedagógicas. Plataformas interativas, ambientes virtuais e recursos multimídia favorecem o protagonismo discente e permitem que o professor atue como mediador de experiências mais dinâmicas. Essa combinação tem se revelado eficaz para diferentes níveis de ensino, pois amplia a autonomia e o acesso a múltiplas fontes de conhecimento.

De acordo com Demo (2020), “a tecnologia, quando utilizada de forma crítica e criativa, contribui para uma aprendizagem mais reflexiva, menos reprodutiva e mais voltada à construção do conhecimento”. Esse entendimento reforça que a presença da tecnologia não deve se limitar à mera substituição de práticas tradicionais, mas à criação de novas formas de pensar e aprender. Nesse sentido, as metodologias ativas mediadas por tecnologias representam uma alternativa potente à passividade característica do ensino tradicional.

Nos estudos analisados, percebe-se que a aprendizagem baseada em projetos (ABP) e a sala de aula invertida têm sido amplamente empregadas por promoverem a integração entre teoria e prática. Segundo Pontes e Figueiredo (2018), “a ABP permite que o aluno desenvolva competências como autonomia, comunicação e resolução de problemas, pois o conhecimento passa a ser construído de forma colaborativa”. Da mesma forma, a sala de aula invertida redefine o papel do professor e otimiza o tempo de interação, favorecendo o acompanhamento individualizado e a aprendizagem significativa.

Essas metodologias também contribuem para a avaliação formativa, que se mostra mais compatível com os princípios da educação contemporânea. Zabala (1998) ressalta que a avaliação deve acompanhar o processo de aprendizagem e não apenas medir resultados finais. A partir das práticas ativas, o professor pode observar o percurso do aluno, compreender suas estratégias de raciocínio e intervir de modo mais assertivo, transformando a avaliação em instrumento de reflexão e crescimento.

Outro ponto recorrente nas pesquisas revisadas é o impacto das metodologias ativas na motivação dos alunos. De acordo com Souza e Boruchovitch (2019), o envolvimento dos estudantes aumenta quando as atividades propostas exigem participação ativa, tomada de decisão e criatividade. A ludicidade, a gamificação e a aprendizagem por desafios, quando bem aplicadas, despertam o interesse e a curiosidade, levando o aluno a aprender com prazer e propósito. Essa motivação é fundamental para o desenvolvimento de habilidades socioemocionais, como empatia, colaboração e resiliência.

É importante destacar que, embora as metodologias ativas tragam resultados positivos, sua implementação ainda enfrenta desafios significativos. Behrens (2018) chama atenção para o fato de que “a inovação educacional exige uma ruptura cultural, não apenas técnica”. Muitos professores ainda encontram dificuldades em abandonar práticas transmissivas, seja por falta de formação continuada, seja por limitações estruturais das instituições. A resistência à mudança e o medo do erro são barreiras que precisam ser enfrentadas de forma sistemática, com apoio institucional e formação reflexiva.

No contexto brasileiro, os resultados também apontam que a formação docente é um fator determinante para o sucesso das metodologias ativas. Bacich (2020, p. 47) destaca que

“a formação continuada precisa estar voltada para a vivência prática das metodologias ativas, permitindo que o professor aprenda pela experiência, reflita sobre suas ações e ressignifique sua prática pedagógica.”

Essa perspectiva evidencia que o desenvolvimento profissional docente não pode se restringir a cursos teóricos, mas deve incluir espaços de experimentação, compartilhamento e análise crítica da prática.

Os estudos analisados também mostram que a adoção de metodologias ativas impacta diretamente a cultura escolar e a gestão pedagógica. Instituições que incentivam a autonomia dos alunos e a colaboração entre docentes conseguem criar um ecossistema de aprendizagem mais aberto, participativo e inovador. Nesse ambiente, o erro é compreendido como parte natural do processo de aprender, e a diversidade de ideias passa a ser valorizada como elemento formador do pensamento crítico. Como afirma Moran (2018), “a escola que acolhe a diversidade de ritmos e estilos de aprendizagem prepara melhor seus alunos para um mundo em constante transformação”.

Em síntese, as metodologias ativas promovem uma mudança paradigmática que ultrapassa a dimensão metodológica e alcança a própria concepção de educação. Elas reposicionam o aluno no centro do processo, valorizam a autonomia docente e reconhecem o aprendizado como um fenômeno social, colaborativo e contínuo. A análise das obras revisadas permite afirmar que, quando aplicadas com intencionalidade, as metodologias ativas potencializam o desenvolvimento integral do estudante, articulando saberes, competências e valores essenciais à vida contemporânea.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

As metodologias ativas configuram-se como um marco de transformação na educação contemporânea, especialmente por possibilitarem que o aluno se torne protagonista do próprio processo de aprendizagem. Os resultados teóricos apresentados e discutidos ao longo deste estudo evidenciam que o “aprender fazendo” rompe com o paradigma tradicional de ensino centrado na transmissão e na memorização, abrindo espaço para práticas reflexivas, investigativas e colaborativas.

De acordo com Bacich e Moran (2018), o papel do professor, nesse novo cenário, deixa de ser o de transmissor de conteúdo e passa a ser o de mediador, orientador e designer de experiências de aprendizagem. Essa transição exige sensibilidade, preparo e, sobretudo, disposição para o diálogo com as novas demandas educativas. Ao repensar a prática docente sob a ótica da autonomia e da experimentação, a escola caminha em direção a uma pedagogia mais humana e emancipatória.

Pode-se afirmar que o sucesso das metodologias ativas está diretamente relacionado à formação continuada dos professores. Kenski (2012) defende que o domínio pedagógico das tecnologias e das estratégias participativas é essencial para o docente se adaptar aos desafios de uma sociedade conectada e em constante mudança. Quando o professor compreende que aprender é também um ato de pesquisa e descoberta, ele se torna capaz de inspirar seus alunos a assumirem um papel ativo e crítico frente ao conhecimento.

Nesse sentido, a formação docente não pode limitar-se à transmissão de técnicas. Como argumenta Behrens (2018), “o educador do século XXI precisa compreender a complexidade do processo de ensinar e aprender, reconhecendo que o conhecimento é construído na interação e no diálogo”. Isso implica a necessidade de políticas públicas que promovam uma formação reflexiva e experiencial, em que os professores possam testar, avaliar e reconfigurar suas práticas pedagógicas com base em contextos reais de sala de aula.

Além disso, os resultados da pesquisa indicam que as metodologias ativas ampliam a noção de aprendizagem significativa ao integrar aspectos cognitivos, afetivos e sociais. Souza e Boruchovitch (2019) destacam que, ao participar ativamente do processo educativo, o aluno se sente mais motivado, autônomo e confiante em suas capacidades, o que contribui para o desenvolvimento de competências socioemocionais essenciais no mundo contemporâneo. Assim, o aprender deixa de ser um processo meramente técnico e passa a ser um fenômeno integral, que envolve emoções, valores e relações interpessoais.

Outro ponto a ser considerado é a importância da cultura escolar e da gestão pedagógica na consolidação das práticas ativas. As instituições que fomentam o trabalho colaborativo entre docentes e o uso de metodologias diversificadas conseguem romper com estruturas rígidas e promover ambientes mais criativos. Como ressalta Moran (2018, p. 36),

“as escolas inovadoras não são aquelas que apenas introduzem novas tecnologias, mas as que criam culturas de aprendizagem contínua, abertas ao erro, à experimentação e à diversidade de trajetórias.”

Essa perspectiva amplia o papel da escola como espaço de formação integral, comprometida com o desenvolvimento humano, ético e social.

Outro aspecto que emerge da análise diz respeito ao uso pedagógico das tecnologias digitais como potencializadoras das metodologias ativas. Demo (2020) alerta que a tecnologia, por si só, não garante inovação; o diferencial está na maneira como ela é integrada ao currículo e às estratégias de ensino. Assim, o desafio contemporâneo é formar professores capazes de transformar os recursos tecnológicos em instrumentos de autoria e reflexão, e não apenas em suportes de transmissão.

Portanto, a adoção das metodologias ativas exige um compromisso ético e político com a formação de sujeitos críticos, criativos e participativos. O “aprender fazendo” se apresenta como uma possibilidade concreta de reconectar a escola à realidade social e às demandas de um mundo que valoriza a colaboração, a autonomia e a aprendizagem contínua. Essa abordagem aproxima o ensino da vida, promovendo experiências significativas que mobilizam os alunos a pensar, criar e agir de maneira consciente.

Em síntese, a pesquisa conclui que a revolução das metodologias ativas na educação contemporânea não reside apenas nas técnicas empregadas, mas na mudança de mentalidade que elas provocam. Trata-se de um convite à reinvenção da prática pedagógica, ao protagonismo discente e à valorização do professor como intelectual transformador. Ao reconhecer que o conhecimento se constrói na interação entre sujeitos, a escola se reafirma como espaço de emancipação, diálogo e cidadania.

Como reforça Bacich (2020, p. 62),

“as metodologias ativas não são um modismo educacional, mas uma resposta às exigências de um tempo em que aprender a aprender se tornou condição essencial para viver, trabalhar e conviver.”

Assim, o futuro da educação depende da capacidade de unir teoria e prática, tradição e inovação, razão e emoção — em um movimento contínuo de aprender, desaprender e reaprender. O “aprender fazendo”, nesse contexto, deixa de ser apenas uma metodologia e se torna uma filosofia educativa comprometida com a transformação social e o desenvolvimento humano integral.

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1 Graduação Plena em Matemática. Especialização - Lato Sensu em Educação e Interdisciplinaridade. Mestranda em Tecnologias Emergentes em Educação pela Must University. E-mail: [email protected]