APRENDENDO A PRESERVAR, DESDE A PRIMEIRA INFÂNCIA, AS BELEZAS DO LAVRADO: BURITI E MURICI

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REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.16675735


Salma Ferreira Sampaio1
Adriana Maria Guedes Miranda2
Francinaide Campos Verdolin3
Jocilene Rosa da Silva4
Leila Maria Barreto Duarte5


RESUMO
A Proposta Curricular Municipal para a Educação Infantil (PCMEI) propõe, como parte do currículo escolar, que se desenvolvam projetos de aprendizagem a partir do interesse das crianças visando estimular, entre outros aspectos, o protagonismo infantil e ações de cooperação em prol da preservação do meio ambiente. Com base nisso, o presente relato de experiência é fruto do projeto de aprendizagem desenvolvido numa turma de maternal integral de uma escola da rede pública municipal de ensino de Boa Vista, Roraima. Seu objetivo foi o de proporcionar momentos de aprendizagem, envolvendo as crianças no cuidado com o meio ambiente. Para isso, desenvolveu-se um estudo de caso, de natureza aplicada, com abordagem qualitativa, de caráter descritivo, com elementos da pesquisa bibliográfica e documental. Como parte dos resultados obtidos constatou-se que diversas foram as contribuições propiciadas a aprendizagem das crianças, colimando com a ampliação do currículo escolar para outros âmbitos da educação não-formal, uma vez que as vivência do projeto de aprendizagem contaram com o apoio da família, dos cuidadores, da equipe gestora, dos servidores e da Secretaria Municipal de Educação e Cultura (SMEC).
Palavras-chave: Primeira Infância. Belezas do Lavrado. Buriti. Murici.

ABSTRACT
The Municipal Curricular Proposal for Early Childhood Education (PCMEI) proposes, as part of the school curriculum, that learning projects be developed based on children's interests, aiming to stimulate, among other aspects, children's protagonism and cooperative actions in favor of environmental preservation. Based on this, this experience report is the result of a learning project developed in a full-time kindergarten class at a municipal public school in Boa Vista, Roraima. The goal was to provide learning opportunities by engaging children in environmental stewardship. To this end, an applied case study was developed, with a qualitative, descriptive approach, incorporating elements of bibliographic and documentary research. As part of the results obtained, it was found that several contributions were made to children's learning, aiming to expand the school curriculum to other areas of non-formal education, since the experiences of the learning project had the support of the family, caregivers, the management team, employees and the Municipal Secretariat of Education and Culture (SMEC).
Keywords: Early Childhood. Beauties of Lavrado. Buriti. Murici.

Introdução

O projeto de aprendizagem, intitulado “RIQUEZAS DO LAVRADO NAS MÃOZINHAS DO FUTURO: PRESERVANDO O BURITI E O MURICI”, foi realizado no período de 18 de abril a 28 de junho de 2024, na Escola Municipal Waldinete de Carvalho Chaves, com os alunos de 2 e 3 anos do maternal integral, turma D.

A ideia do projeto surgiu durante uma rodinha de conversa quando algumas crianças relataram ter comido buriti e murici na chácara da família. Nesse momento, os demais alunos demonstraram curiosidade sobre as frutas, e foi onde se percebeu o interesse em saber mais sobre o assunto.

Lançou-se a proposta as crianças de trabalhar o projeto a respeito do buriti e murici, onde se começou a pesquisar um nome para o estudo, sendo que eles escolheram o que mais lhe agradou. As crianças foram motivadas a se expressar e, por serem do maternal, alguns nomes foram sugeridos sendo a escolha feita da seguinte maneira: elas bateriam palmas se gostassem do nome, e indicariam o que queriam.

Uma vez definido o tema do projeto, o seu objetivo geral foi proporcionar momentos de aprendizagem, envolvendo as crianças no cuidado com o meio ambiente. Os objetivos específicos foram: contribuir para uma educação consciente da importância dos cuidados com o ecossistema local e prevenção de impactos ambientais; educar na primeira infância sobre a prática do plantio e cuidados com a vegetação no meio ao qual estão inseridos; e, desenvolver habilidades de coordenação dinâmica global envolvendo a temática abordada.

Com base nisso, o presente relato, denominado “APRENDENDO A PRESERVAR, DESDE A PRIMEIRA INFÂNCIA, AS BELEZAS DO LAVRADO: BURITI E MURICI” busca retratar, mesmo que de forma breve, as aprendizagens construídas a partir da vivência do projeto que contou com o apoio da família, dos cuidadores, da equipe gestora, dos servidores e da Secretaria Municipal de Educação e Cultura (SMEC), uma vez que houveram atividades práticas que necessitaram de transporte, de acompanhamento e do apoio das gerências de Educação Infantil, de Planejamento e de transporte, para poderem ser realizadas dentro do esperado.

Espera-se, portanto, que quem tenha acesso a esse trabalho possa compreender a sua grandeza, as contribuições propiciadas a aprendizagem das crianças, a dinâmica da ampliação do currículo escolar para outros âmbitos da educação não-formal, para o contexto social e que muito teve a ver com o tema da Feira de Iniciação Científica de Boa Vista (FEIC BV).

A preservação do lavrado de Roraima na primeira infância

A primeira infância é entendida como o período que abrange os primeiros seis anos de vida de uma criança. É constituída de uma janela de oportunidades de desenvolvimento e de aprendizagem (VENANCIO et al., 2023). Em Roraima, Boa Vista é reconhecida como a capital da primeira infância justamente por entender essa faze como a “base para todo o desenvolvimento e aprendizagem humana” (BOA VISTA, 2018, p. 13).

É sabendo disso que as escolas da rede municipal de ensino de Boa Vista/RR vêm tentando se organizar e construir espaços de aprendizagem, internos e externos, destinados ao brincar e que valorizem a aproximação da criança de elementos da natureza durante a Primeira Infância. Prova disso, tem sido as hortas escolares, as praças interativas, os laboratórios de Ciências, os jardins sensoriais, etc.

Isso tem se tornado possível porque a primeira infância tem sido considerada, principalmente, “encantadora do ponto de vista humano e instigante na perspectiva da ciência” (QUEIROZ apud MARINO; PLUCIENNIK, 2013, p. 04). Afinal, é nesse período que boa parte da personalidade de um indivíduo se define. Engloba seu perfil, habilidade como agilidade do pensamento, a forma de se relacionar com os outros e o mundo à sua volta, até as características emocionais.

E, por conta disso, essa é uma fase marcada, de acordo com Alana (2016, p. 09), por:

Vários processos de desenvolvimento, que são influenciados pela realidade na qual a criança está inserida, pelos estímulos que recebe e pela qualidade dos vínculos afetivos que vivencia. Justamente por isso, o começo da vida deve receber proteção especial. Desse modo, é fundamental garantir um desenvolvimento pleno desde a primeira infância, tendo em mente que a formação da criança depende de uma atenção especial de todos que estão ao seu redor, propiciando, assim, uma infância saudável, capaz de gerar fortes alicerces para o futuro.

E, é, justamente considerando isso que se espera que a escola seja capaz de ofertar um currículo de Educação Infantil alinhado com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), constituído de uma parte diversificada implementada com características regionais e locais, da cultura, da economia e do próprio educando, afinal, a aprendizagem deve levar em consideração o protagonismo infantil, e, para isso, precisa ser adaptável, flexível e desafiador.

Como forma de tornar a vivência desse currículo possível, a rede municipal de ensino de Boa Vista/RR tem investido no desenvolvimento de projetos de aprendizagem desde a Educação Infantil, no qual, no 2º bimestre cada turma implementa-os a partir do interesse das crianças, levando em consideração a temática principal tanto da Feira Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT) quanto da Feira de Iniciação Científica de Boa Vista (FEIC-BV).

E, no ano de 2024, o tema foi “Biomas do Brasil: diversidade, saberes e tecnologias sociais”. Na sala de aula, a proposta de trabalhar as riquezas existentes no lavrado de Roraima, surgiu durante uma rodinha de conversa onde as crianças citaram dois frutos muito importante da cultura local: o buriti e o murici.

Logo, o foco do projeto de aprendizagem intitulado “RIQUEZAS DO LAVRADO NAS MÃOZINHAS DO FUTURO: PRESERVANDO O BURITI E O MURICI”, realizado no período de 18 de abril a 28 de junho de 2024, na Escola Municipal Waldinete de Carvalho Chaves, com os alunos de 2 e 3 anos do maternal integral, turma D, foi a preservação das riquezas do lavrado de Roraima, na perspectiva do fortalecimento do protagonismo infantil na primeira infância, uma vez que se entendeu a importância de se valorizar e disponibilizar:

Espaços naturalizados no ambiente escolar. No entanto, para que isso ocorra se faz necessário uma mudança de paradigma dentro das instituições de ensino, para que se possa olhar os ‘espaços abertos’ como um lugar de movimento, interação e descontração, onde por intermédio do brincar se é permitido conhecer e vivenciar o convívio cuidadoso com todas as formas de vida (RAMBO; ROESLER, 2021, p. 513).

E, essa mudança de paradigma sobre a importância de se valorizar e desenvolver um trabalho com foco nas riquezas naturais e locais de onde vivem os alunos, envolve romper, entre outros aspectos, com um conjunto único de objetivos padronizados que servem apenas para satisfazer, por exemplo, os interesses do professor, sem considerar o protagonismo das crianças no processo de ensino e aprendizagem.

É por isso que Venancio et al. (2023) fomenta que só desenvolver projetos de aprendizagem não é suficiente para garantir a aprendizagem na primeira infância. É preciso que eles tenham como base um currículo comum e diversificado, que valorize as riquezas locais do entorno dos estudantes, que considere as capacidades e as especificidades de cada um à luz das atividades curriculares, assim como o seu protagonismo infantil.

Mesmo porque, faz parte da proposta do ensino de Ciências da Natureza na rede pública municipal de ensino de Boa Vista/RR, mesmo o currículo da Educação Infantil não trabalhando na perspectiva de áreas de conhecimento específicas, mas de campos de experiências, contribuir para que as crianças se interessem pela investigação científica desde a primeira infância.

Para isso a Proposta Curricular Municipal para a Educação Infantil (PCMEI) trazem como proposta metodológica no campo de experiência “Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações”, que as crianças tenham a oportunidade de investigar o ambiente em que vivem para que assim consigam compreendê-lo com base nas transformações que são realizadas pelo ser humano (BOA VISTA, 2018).

Nessa perspectiva de entendimento, explorar as riquezas do lavrado de Roraima permitiu, entre outros aspectos, aprofundar os conhecimentos em torno de temas específicos e locais da realidade das crianças, com foco na transversalidade e na sustentabilidade, mostrando que, com seu ecossistema único, possui uma identidade ecológica própria com elevada importância para a conservação da biodiversidade e dos recursos hídricos nele existentes.

Metodologia

Com aportes teóricos-metodológicos do estudo de caso, de natureza aplicada, com abordagem qualitativa, do tipo descritivo e com elementos da pesquisa bibliográfica e documental, conforme propõe Gil (2010), o projeto “RIQUEZAS DO LAVRADO NAS MÃOZINHAS DO FUTURO: PRESERVANDO O BURITI E O MURICI” foi realizado no período de 18 de abril a 28 de junho de 2024, na Escola Municipal Waldinete de Carvalho Chaves, com os alunos de 2 e 3 anos do maternal integral, turma D.

As principais experiências desenvolvidas com as crianças, tendo o apoio dos pais, dos cuidadores, da equipe gestora e de servidores da escola, foram:

  • Conhecimento das frutas buriti e murici com degustação e observação das suas características (cores das cascas e das polpas, texturas, pesos, cheiros, som produzido ao cair no chão, bem como o sabor);

  • Experimentos com tinturas de densidade sobre o papel A4;

  • Preparo do suco de buriti e murici e do dindin, degustação e aprendizagem sobre a importância do consumo de alimentos saudáveis, ricos em vitaminas;

  • A partir das cores dos frutos, trabalhou-se as cores primárias (amarelo, azul e vermelho) e secundárias (verde, roxo e laranja), por meio de jogos educativos, desenhos, pinturas e brincadeiras;

  • Exploração, no momento da rodinha, de músicas infantis que tratavam das cores, onde se relacionou com a tonalidade das frutas buriti e murici;

  • Rodas de conversa para explorar sobre a palha do buriti (seus aspectos, formas de utilização, gravuras de moradias, artesanatos e brinquedos);

  • Exposição e manipulação de frutas, sementes, talos e sobras de barbante, assim como a confecção de carros, bonecas, centopeias, jogo de boliche e trenzinhos;

  • Utilização da palha do buriti, para confeccionar e brincar com a pipa;

  • Exibição de vídeos sobre o período de tirar o buriti;

  • Construção do calendário com colagem de imagens do buriti e murici nos referidos meses em que acontece a retirada das frutas;

  • Plantio de sementes e mudas em sementeiras de cartela de ovos e canteiros de garrafas pet;

  • Histórias infantis sobre o murici e buriti foram exploradas na hora da leitura, com apresentação de imagens;

  • Passeio e plantio na praça municipal Germano Augusto Sampaio, com percurso realizado a pé com as crianças, pois fica ao lado da escola, para conhecer o ambiente e ser melhor explicado sobre a árvore do buriti, o que era uma região de lavrado, as mudanças ocorridas com o passar do tempo;

  • Brincadeiras de roda;

  • Representação da paisagem observada nos passeios realizados por meio de desenhos e pinturas, sendo reproduzida em tecido branco, de seis metros, preso com barbante nas palmeiras, formando uma espécie de parede entre os buritizais;

  • Conhecimento do local da construção do viveiro na escola, para o plantio, manejo e cultivo de sementes e mudas de buriti e murici;

  • Apresentação de dois métodos de tecnologia social sustentável, sem o uso de energia elétrica: o primeiro, tratava-se de um gotejador de garrafa pet, que consistia em colocar água no recipiente, botar uma ponta de barbante na boca do frasco e a outra ponta sobre o canteiro, para regar sementes e mudas. Já o segundo método, consistia em misturar o adubo com pedaços pequenos de papelão e colocar na planta;

  • Secagem, plantio e acompanhamento do processo de germinação de sementes, que posteriormente, foram retiradas duas mudas para serem plantadas no jardim da escola, sendo uma de murici e uma de buriti;

  • Visita ao Bosque dos Papagaios para apresentação do projeto como parte da ação do meio ambiente desenvolvida por esta instituição, além de plantio de mudas de murici;

  • Culminância do projeto na Feira de Iniciação Científica de Boa Vista (FEIC BV) – Etapa Escolar, na quadra da escola;

  • Participação da FEIC BV Municipal como um dos projetos representantes da escola.

É importante mencionar que o planejamento inicial do projeto, por ser flexível, foi sendo ampliado de acordo com cada experiência proposta, pois foi a partir das curiosidades das crianças que novas atividades foram sendo pensadas e executadas. E, cada experimento pensado, foi sendo vivenciado com o apoio dos pais que contribuíram significativamente com o envio dos diferentes recursos que se fizeram necessários, assim como participaram da construção do viveiro, acompanharam os passeios e as apresentações realizadas dentro e fora da escola.

A escola contribuiu com materiais, com a disponibilização de espaços e de servidores que, em diversos momentos, apoiaram na realização das experiências, além de servir de ponte com a Secretaria Municipal de Educação e Cultura (SMEC), na solicitação de autorizações para visitas e de transporte.

As crianças foram as principais protagonistas, não apenas de seu aprendizado, mas de todas as ações desenvolvidas, afinal, elas participaram diretamente de sua execução, estavam sempre atentas as orientações, participavam de tudo o que era proposto, e instigavam com suas curiosidades a professora a pensar em diferentes ideias para que elas pudessem vivenciar o maior número de experiências possíveis com o tema.

Não se pode deixar de destacar que a cada experiência pensada e executada, o processo avaliativo foi sendo desenvolvido, onde professora e colaboradores iam pensando o que poderia ser feito de diferente, o que precisava ser modificado ou que podia ser proposto para tornar cada vivência ainda mais significativa. Foi um verdadeiro trabalho colaborativo entre escola (professora, cuidadores e servidores) e família (pais das crianças).

Análise e discussão dos resultados

Por meio do projeto vivenciado foi possível observar que diversos avanços no fortalecimento do processo de ensino e aprendizagem aconteceram, uma vez que ações importantes foram empregadas no início da vida escolar dessas crianças, bem como respostas que atenderam aos interesses e curiosidades próprios da infância foram planejadas e executadas sobre as frutas buriti e murici. Entre estes destacam-se:

  • Construção de habilidades como: memória visual, noção espacial, linguagem oral, compreensão, raciocínio lógico, coordenação motora, concentração;

  • As experiências permitiram que as crianças observassem o que as cerca e que podem ser transformadas em outras categorias, possibilitando elevar a autoconfiança, reconhecendo a capacidade de imaginar e criar utilizando os recursos naturais;

  • Ao motivar as crianças para brincar com sementes ou outros recursos extraídos do meio ambiente, instigou-se a preservação e manutenção das brincadeiras em meio a natureza;

  • Aprenderam sobre a importância da preservação, evitando a extinção dos muricizeiros e buritizais no lavrado, a partir de momentos de aprendizagem significativa, orientados sobre os cuidados que precisam ter com o meio ambiente.

Tudo isso foi importante porque comprova o que destaca Vygotsky (2007) quando destaca que o que torna a atividade de brinquedo um meio de suprir a necessidade da criança, é que dentro desta atividade, a criança pode realizar desejos que não são realizáveis em seu mundo imediato.

Como parte das inovações e contribuições exitosas propiciadas por meio do desenvolvimento do projeto, podem ser destacadas:

  • O conhecimento e prática no uso de tecnologias sustentáveis no ambiente escolar, como os usados no plantio e na irrigação das sementes no viveiro construído para tal;

  • As crianças vivenciaram práticas que proporcionaram o aprimoramento de habilidades dentro e fora do espaço escolar;

  • Aprenderam como podem contribuir no desenvolvimento de uma sociedade consciente e dedicada aos cuidados com a natureza.

E, é por isso que compreende-se a importância de propor às crianças, experiências que despertem o lado imaginário, levando-as a manipular objetos que podem ser, desde os mais sofisticados aos mais simples, encontrados na natureza, a fim de que construa de maneira criativa e independente (SILVA; VICTER, 2016).

Fazendo uma análise do desenvolvimento do projeto, assim como dos resultados obtidos, destaca-se que:

  • A participação e o apoio dos atores do processo educativo (equipe gestora, cuidadores, servidores e família) foram essenciais para que o projeto desse certo;

  • Envolver Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) em projetos de aprendizagem é possível;

  • É na primeira infância que importantes aprendizagens acontece, afinal, é nela que as crianças tem a oportunidade de vivenciar e experienciar objetivos e direitos, por meio dos campos de experiência, tal como propõe a Proposta Curricular Municipal para a Educação Infantil (PCMEI) (BOA VISTA, 2018).

Tudo isso, leva a concordar que cada criança é única. E, para atender essas individualidades, de modo a garantir o seu desenvolvimento integral, os professores devem ser desafiados a desenvolver uma escuta atenta e um olhar sensível às produções infantis, pois são elas que informam sobre seus conhecimentos, desejos, interesses e sobre como pensam, tal como consolida a PCMEI (BOA VISTA, 2018).

E, considerando a realidade local, cujo tema explorado foi as riquezas do lavrado de Roraima, pode-se afirmar que o próprio contexto abordado, além de rico, é único, pois “o estado de Roraima possui as maiores áreas de savanas da Amazônia brasileira, sendo dominado por áreas abertas, mas também apresenta ambientes florestais” (COSTA, 2020, p. 10).

Sua rica biodiversidade (fauna e flora) é formada principalmente por palmeiras de grande porte, conhecidas como veredas de buritizais, onde é possível também se encontrar o murici, espécies nativas arbóreas e frutíferas que se desenvolve em meio às condições climáticas extremas do Lavrado, bem conhecidas da população local, fonte de alimento, matéria prima, inclusive, de produtos artesanais, alimentícios, etc.

Logo, focar na preservação das riquezas do lavrado de Roraima também foi importante porque sabe-se que grandes são as ameaças à sua conservação, derivadas, principalmente, por conta do crescimento urbano, da expansão de áreas de lavouras e da silvicultura (COSTA, 2020).

Conclusão

Acredita-se que tudo o que se propôs no projeto de aprendizagem inicial foi executado. Na verdade, as ações pensadas foram ampliadas de acordo com a curiosidade das crianças. E, o que era só ideia foi vivenciado com o apoio dos membros da comunidade escolar.

Pensando na ampliação do projeto para anos seguintes, por exemplo, acredita-se que tudo o que dava para ser explorado foi feito. No entanto, acredita-se que teria sido melhor se somente o buriti ou o murici fosse o centro da aprendizagem, pois seriam temas isolados a serem estudados, e o conhecimento produzido seria melhor utilizado em diferentes vivências do dia a dia. A ampliação para dois tipos de frutos acabou ampliando muito a discussão e em alguns momentos acabava confundindo as crianças na hora de diferencial qual era qual.

Em todo caso, acredita-se que o desenvolvimento do projeto de aprendizagem foi um sucesso, pois as crianças tiveram liberdade e espaço para expressar o que vivenciavam. Convém dizer, que no momento de cada experiência, elas puderam ter o contato direto com a natureza e com tudo o que dela faz parte, aprendendo assim, a importância que se tem de protege-la para as gerações futuras.

Destaca-se, também, que este projeto ganhou importante notoriedade, sendo transformado em notícias nos principais meios de comunicação, sendo levado como experiência para a semana do meio ambiente realizada pelo Bosque dos Papagaios e sendo premiado na Etapa Escolar da Feira de Iniciação Científica de Boa Vista (FEIC BV) e em 2º lugar foi premiado na FEIC BV Municipal, demonstrando que um bom trabalho foi realizado e fez toda a diferença na vida das crianças e em seu processo de ensino e aprendizagem.

Seja na apresentação feita no Bosque dos Papagaios, seja na FEIC BV (Etapa Escolar) ou na FEIC BV Municipal, todos os trabalhos apresentados, como maquetes, pinturas, brinquedos, alimentos degustados, mudas, etc., foi tudo produzido pelas crianças, com as orientações da professora e com o auxílio dos pais, dos cuidadores, de diferentes servidores da escola e da própria equipe gestora, reafirmando que com o apoio de todos, tudo é possível.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALANA. O Programa Prioridade Absoluta. Disponível em: <www.prioridadeabsoluta.org.br>. Acesso em: 15 Jul. 2025.

BOA VISTA. Proposta Curricular Municipal para a Educação Infantil. Prefeitura Municipal de Boa Vista; Secretaria Municipal de Educação e Cultura, Boa Vista, Roraima, 2018.

COSTA, Kézia da Conceição. Explorando o Lavrado: sequência didática baseada na metodologia dos três momentos pedagógicos e fundamentada na teoria da aprendizagem significativa. 2020. 36p. Produto Educacional (Mestrado em Ensino de Ciências). Orientadora Profª. Drª. Ivanise Maria Rizzattido; Coorientador Prof. Dr. Rodrigo Leonardo Costa de Oliveira. Boa Vista (RR): UERR, 2020.

GIL, Antonio Carlos. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 6. ed. 3. reimpr. São Paulo: Atlas, 2010.

MARINO, Eduardo; PLUCIENNIK, Gabriela Aratangy (Orgs.). Primeiríssima infância da gestação aos três anos: percepções e práticas da sociedade brasileira sobre a fase inicial da vida. São Paulo: Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, 2013.

RAMBO, Graciele Cristiane; ROESLER, Marli Renate von Borstel. Primeira infância e natureza: investigação da percepção ambiental no contexto escolar. Ambiente & Educação – Revista de Educação Ambiental, Volume 26, nº 1, 2021.

SILVA, Karen Caroline Nascimento Rodrigues da; VICTER, Eline das Flores. O uso de materiais didáticos no processo de ensino aprendizagem. In.: XII Encontro Nacional de Educação Matemática: “Educação Matemática na Contemporaneidade: desafios e possibilidades”. São Paulo – SP, 13 a 16 de julho de 2016, pp. 01-08.

VENÂNCIO, Sonia Isoyama et al. Pesquisas de implementação na área da primeira infância: revisão de escopo. Acta Paul Enferm., 2023; 36 supl 1: eAPESPE023073.

VYGOTSKY, L. S. Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem. 3. ed. São Paulo: Ícone, 2007.


Anexos

Anexo 1 – Registro fotográfico da apresentação das frutas para as crianças
Anexo 2 – Registro fotográfico da pintura ao ar livre sobre a paisagem observada realizada na praça Germano Sampaio
Anexo 3 – Registro fotográfico do preparo do dindin em sala de aula
Anexo 4 – Registro fotográfico do plantio da muda de Murici no Bosque dos Papagaios
Anexo 5 – Registro fotográfico da Culminância do Projeto na Feira de Iniciação Científica de Boa Vista (FEIC BV) – Etapa Escolar

1 Pedagoga (Faculdade de Ciências, Educação e Teologia do Norte do Brasil – FACETEN, 2011). Especialista em Educação Especial e Inclusiva (Faculdade de Educação São Luiz, 2020). E-mail: [email protected]

2 Graduada em Pedagogia (Universidade Luterana do Brasil, 2010). E-mail: [email protected]

3 Graduada em Matemática (Universidade Estadual de Roraima – UERR, 2008) e em Educação Física (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Roraima – IFRR, 2009), Especialista em Metodologia do Ensino da Matemática e Física (Centro Universitário Internacional – UNINTER, 2009), Especialista em Gestão de Sistemas Educacionais (UERR, 2009) e Especialista em Docência em Educação Física e Práticas Pedagógicas (Faculdade Iguaçu, 2023). E-mail: [email protected]

4 Pedagoga (Universidade Federal de Roraima – UFRR, 2005), graduada em Educação Especial (Centro Universitário ETEP, 2025), Especialista em Psicopedagogia Clínica e Institucional (Instituto Brasileiro de Pós-Graduação e Extensão – IBPEX/Faculdade Internacional de Curitiba – FACINTER, 2007), Especialista em Educação Especial (IBPEX/FACINTER, 2007), Especialista em Educação Especial – Déficit Cognitivo e Educação de Surdos (Universidade Federal de Santa Maria, 2008), Especialista em Atendimento Educacional Especializado na perspectiva da Educação Inclusiva (Faculdade de Filosofia e Ciências do Campus Marília, 2012). E-mail: [email protected]

5 Graduada em Pedagogia (Faculdade Pio Décimo, 2006). E-mail: [email protected]