AMBIENTES DE APRENDIZAGEM NO E-LEARNING: DESAFIOS, TIPOLOGIAS E METODOLOGIAS EDUCACIONAIS

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REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.17137670


Elisandra dos Santos Oliveira de Farias1


RESUMO
O presente artigo teve como objetivo analisar os ambientes de aprendizagem para E-learning, abordando sua definição, importância, tipologias, metodologias pedagógicas e desafios enfrentados no contexto brasileiro. Este estudo foi realizado com base em uma pesquisa bibliográfica, com o intuito de explorar as melhores práticas, as ferramentas tecnológicas disponíveis e as estratégias pedagógicas aplicadas no ensino a distância. O estudo explorou os conceitos fundamentais do E-learning, descreveu as principais categorias de ambientes de aprendizagem, como ambientes virtuais, plataformas de gestão e ambientes híbridos, e analisou as metodologias de ensino mais eficazes para engajar os alunos, como a aprendizagem baseada em projetos, aprendizagem colaborativa e ensino personalizado. Além disso, foram identificados os desafios tecnológicos e pedagógicos que impactam a implementação do E-learning no Brasil, incluindo a desigualdade no acesso à tecnologia e a capacitação docente. Os principais resultados indicaram que a escolha de um ambiente de aprendizagem adequado, aliado ao uso de metodologias inovadoras e à constante capacitação dos professores, pode melhorar significativamente a experiência educacional e o desempenho dos alunos no ensino a distância. Por fim, o estudo aponta a necessidade de investimentos em infraestrutura digital e programas de formação continuada para garantir a efetividade do E-learning no país, além de destacar a importância de uma reflexão crítica sobre as práticas pedagógicas no ambiente digital.
Palavras-chave: E-learning. Ambientes de Aprendizagem. Ensino a Distância. Metodologias Pedagógicas. Desafios Educacionais.

ABSTRACT
This article aimed to analyze learning environments for E-learning, addressing their definition, importance, typologies, pedagogical methodologies, and challenges faced in the Brazilian context. This study was carried out based on a bibliographical research, with the aim of exploring the best practices, available technological tools, and pedagogical strategies applied in distance learning. The study explored the fundamental concepts of E-learning, described the main categories of learning environments, such as virtual environments, management platforms, and hybrid environments, and analyzed the most effective teaching methodologies to engage students, such as project-based learning, collaborative learning, and personalized teaching. In addition, the technological and pedagogical challenges that impact the implementation of E-learning in Brazil were identified, including inequality in access to technology and teacher training. The main results indicated that choosing an appropriate learning environment, combined with the use of innovative methodologies and ongoing teacher training, can significantly improve the educational experience and student performance in distance learning. Finally, the study points to the need for investments in digital infrastructure and continuing education programs to ensure the effectiveness of e-learning in the country, in addition to highlighting the importance of critical reflection on pedagogical practices in the digital environment.
Keywords: E-learning. Learning Environments. Distance Learning, Pedagogical Methodologies. Educational Challenges.

INTRODUÇÃO

O ensino a distância (E-learning) surgiu como uma resposta a diversas necessidades educacionais, tais como a flexibilidade de horários e o acesso a recursos de aprendizagem para um público mais amplo, superando limitações geográficas. Essa abordagem digital tem se mostrado uma alternativa viável, principalmente em tempos de transformação digital e pandemia global. O E-learning, no entanto, não é isento de desafios, especialmente quando se considera a criação e gestão de ambientes de aprendizagem eficazes que envolvam e motivem os alunos.

O tema deste estudo, focado nos ambientes de aprendizagem no E-learning, é de extrema relevância no contexto atual da educação. Com o avanço da transformação digital e o impacto da pandemia global, a educação a distância se tornou uma alternativa cada vez mais necessária e eficaz. A adaptação de metodologias de ensino e a implementação de ambientes de aprendizagem inovadores são cruciais para garantir a continuidade educacional e a equidade no acesso à educação em tempos de mudanças rápidas.

Neste contexto, a pesquisa bibliográfica desenvolvida neste trabalho busca analisar e compreender os principais tipos de ambientes de aprendizagem digitais, suas metodologias associadas e os desafios enfrentados por educadores e alunos no contexto do E-learning. O objetivo do estudo é aprofundar a compreensão sobre as tipologias de ambientes de aprendizagem e suas metodologias, identificando as vantagens e limitações do E-learning.

Este estudo visa, além de identificar as tipologias de ambientes de aprendizagem, analisar as metodologias educacionais que podem ser implementadas nesse contexto. A pesquisa também investiga as barreiras tecnológicas e pedagógicas que dificultam a implementação eficaz do E-learning, como o acesso limitado à tecnologia e a resistência à mudança por parte dos educadores. A questão central que orienta este trabalho é: "Quais são os principais desafios e metodologias associadas aos ambientes de aprendizagem no E-learning, e como estes influenciam o processo de ensino-aprendizagem?"

A estrutura do trabalho está organizada da seguinte maneira: na Seção 2, serão apresentados os conceitos e definições do E-learning, além de suas diferentes tipologias. Na Seção 3, serão discutidas as metodologias de ensino aplicáveis ao E-learning, destacando suas vantagens e desafios. A Seção 4 tratará dos obstáculos tecnológicos e pedagógicos enfrentados na implementação do E-learning no Brasil, enquanto a Seção 5 apresentará as considerações finais, com conclusões e recomendações para o aprimoramento da educação a distância no país.

Assim, a análise aprofundada dos ambientes de aprendizagem no E-learning é essencial para aprimorar práticas educacionais, garantindo uma educação mais acessível, inclusiva e adaptada às necessidades do cenário contemporâneo.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

O conceito de E-learning evolui constantemente à medida que novas tecnologias são desenvolvidas e novas necessidades educacionais surgem. Rego Jr. (2001, p. 222) o conceitua como “o aprendizado remoto com a utilização de algum meio de comunicação”. Hoje, com o advento e popularização da Internet, podemos simplificar o conceito dizendo que E-learning é o aprendizado via Internet. De maneira geral, pode-se definir E-learning como o uso de tecnologias digitais para a oferta de cursos e treinamentos a distância, com o apoio de plataformas online que permitem a interação entre alunos e professores. Como destacado por Garrison e Anderson (2003), o E-learning envolve o uso de ambientes virtuais que oferecem ao aluno a oportunidade de aprender de forma autônoma, mas com o suporte de interações pedagógicas mediadas pela tecnologia.

Dentro do contexto do E-learning, podemos destacar três modalidades principais: ensino assíncrono, no qual os alunos acessam materiais e realizam atividades no seu próprio tempo; ensino síncrono, que envolve a interação em tempo real entre alunos e professores por meio de ferramentas como videoconferências; e o ensino híbrido, que combina atividades online com atividades presenciais, oferecendo uma abordagem mais flexível e adaptada às necessidades dos alunos. A escolha entre essas modalidades depende de diversos fatores, como o perfil dos alunos, os recursos disponíveis e o conteúdo a ser abordado. Cada modalidade possui vantagens específicas: o ensino assíncrono permite maior autonomia, enquanto o ensino síncrono fortalece a interação e o acompanhamento docente. Já o ensino híbrido procura equilibrar a flexibilidade do digital com os benefícios da presença física.

Os ambientes de aprendizagem desempenham papel fundamental no processo de ensino-aprendizagem, especialmente no contexto do E-learning. Estes ambientes são mais do que simples espaços digitais onde o conteúdo é disponibilizado; eles são espaços dinâmicos de interação e construção do conhecimento, capazes de influenciar significativamente o engajamento e a motivação dos alunos. Para Tinto (1993), um ambiente de aprendizagem bem projetado é essencial para o sucesso estudantil, pois proporciona as condições para o desenvolvimento de um aprendizado profundo e significativo. Quando planejados estrategicamente, esses ambientes promovem não apenas o acesso ao conteúdo, mas também a colaboração, a resolução de problemas e a reflexão crítica, habilidades fundamentais para o desenvolvimento acadêmico e profissional do estudante.

Além disso, os ambientes de aprendizagem digitais permitem a personalização do ensino, já que as tecnologias podem ser utilizadas para adaptar o conteúdo às necessidades e ao ritmo de cada aluno. A flexibilidade de acesso e a disponibilidade contínua de materiais permitem que o aluno controle sua jornada de aprendizagem, fator que pode aumentar sua autonomia e engajamento. No entanto, para que esses ambientes sejam eficazes, é necessário que sejam planejados de acordo com as características do público-alvo, objetivos educacionais e recursos tecnológicos disponíveis. É importante considerar também o suporte pedagógico, uma vez que a presença do professor, mesmo em um contexto digital, é essencial para guiar a aprendizagem e oferecer feedback contínuo, mantendo o estudante motivado e engajado.

O E-learning envolve uma variedade de ambientes e plataformas digitais que facilitam o processo de ensino-aprendizagem online. Esses ambientes variam em funcionalidade, interatividade e formato, permitindo que educadores e alunos adaptem suas práticas às necessidades de cada contexto. Com a diversidade do E-learning, esses ambientes podem ser classificados em três categorias principais: sistemas de gestão de aprendizagem (LMS), que organizam conteúdos e avaliações; plataformas colaborativas, que estimulam a interação entre alunos e professores; e ambientes de aprendizado adaptativo, que personalizam a jornada de acordo com o desempenho do estudante. Cada categoria apresenta desafios e oportunidades distintas para o planejamento pedagógico e para o desenvolvimento de competências digitais.

Um dos grandes desafios do E-learning é a manutenção da disciplina e do foco dos alunos em ambientes digitais. A autonomia que caracteriza o aprendizado online pode ser uma vantagem, mas também exige que os estudantes desenvolvam habilidades de autogestão, planejamento e organização. Garrison e Anderson (2003) destacam que a aprendizagem autônoma demanda estratégias de engajamento estruturadas, como cronogramas de atividades, fóruns de discussão, quizzes interativos e feedback constante. Além disso, a integração de recursos multimídia, como vídeos, podcasts e simulações, pode tornar a aprendizagem mais atraente, mas requer cuidado pedagógico para não gerar sobrecarga cognitiva.

A implementação do E-learning também exige atenção às desigualdades de acesso à tecnologia. Nem todos os alunos possuem os mesmos recursos, como computadores, tablets ou conexão estável à internet, o que pode comprometer o aproveitamento do ensino a distância. Tinto (1993) alerta que a inclusão digital deve ser considerada como parte do planejamento de qualquer curso online, garantindo que todos os estudantes tenham condições adequadas de participação. Medidas de mitigação podem incluir a disponibilização de conteúdos offline, horários flexíveis de estudo e suporte técnico contínuo, assegurando que a aprendizagem não seja comprometida por limitações externas.

Outro aspecto importante é o papel do professor na mediação do aprendizado online. Mesmo em contextos assíncronos, a presença docente é decisiva para orientar, motivar e avaliar o progresso dos alunos. Rego Jr. (2001) reforça que, no E-learning, o professor não apenas transmite conhecimento, mas atua como facilitador, planejando atividades, fornecendo feedback e criando oportunidades de interação que promovam o pensamento crítico. A mediação pedagógica é, portanto, central para a eficácia do E-learning, garantindo que os recursos tecnológicos sejam utilizados de forma estratégica e alinhada aos objetivos educacionais.

A avaliação em ambientes de E-learning também precisa ser repensada. Estratégias tradicionais podem não refletir adequadamente o progresso do aluno, exigindo o uso de avaliações formativas, autoavaliações e atividades práticas que permitam medir competências e habilidades de forma contínua. A integração de análises de dados, como o acompanhamento do desempenho em quizzes ou fóruns, permite ao professor identificar dificuldades específicas e intervir de forma personalizada. Esse monitoramento contribui para um ensino mais adaptativo e centrado no aluno, promovendo aprendizagens mais significativas e duradouras.

O E-learning representa uma mudança de paradigma na educação, exigindo uma articulação constante entre tecnologia, pedagogia e práticas de mediação docente. A flexibilidade, a personalização, a diversidade de recursos e a possibilidade de aprendizagem colaborativa são elementos que tornam esse modelo de ensino altamente promissor. No entanto, para que seja eficaz, é necessário planejamento cuidadoso, atenção às desigualdades de acesso e formação docente adequada, garantindo que o potencial do E-learning seja plenamente realizado e que todos os alunos possam usufruir de uma educação de qualidade, inclusiva e significativa.

Ambientes virtuais de aprendizagem (AVA) são plataformas online projetadas para apoiar o processo de ensino-aprendizagem a distância. Eles permitem que os alunos acessem materiais didáticos, participem de atividades interativas, realizem discussões e interajam com os professores e colegas. O uso de AVAs é altamente eficaz, pois esses ambientes permitem uma comunicação fluida e contínua, além de possibilitar a centralização de conteúdos e informações de maneira organizada.

As plataformas de gestão de aprendizagem, ou LMS, são sistemas utilizados para a administração de cursos e atividades educacionais. Elas permitem que os educadores criem, gerenciem e distribuam conteúdos de aprendizagem, além de oferecer ferramentas para avaliação e feedback. As principais características das plataformas LMS incluem a gestão de matrículas, o rastreamento do progresso dos alunos e a comunicação entre os participantes do curso. Ferramentas como Moodle, Blackboard e Canvas são amplamente utilizadas por instituições de ensino para organizar a aprendizagem de seus alunos.

Os ambientes híbridos oferecem uma combinação de ensino presencial e online, permitindo que os alunos experimentem o melhor dos dois mundos. O modelo híbrido tem ganhado popularidade devido à sua flexibilidade e capacidade de proporcionar uma aprendizagem mais personalizada. De acordo com Bonk (2009), os ambientes híbridos podem melhorar o engajamento dos alunos, pois eles têm a oportunidade de aprender de maneira mais flexível, ao mesmo tempo em que mantêm a interação social típica do ensino presencial.

No contexto do E-learning, torna-se essencial que as metodologias de ensino sejam cuidadosamente adaptadas para atender às especificidades e demandas desse novo formato educacional. A flexibilidade, a autonomia do estudante e o uso de recursos digitais interativos exigem estratégias pedagógicas inovadoras e centradas no aluno. A seguir, apresentamos algumas das principais metodologias que têm se mostrado eficazes no ensino a distância:

A aprendizagem baseada em projetos (ABP) envolve a resolução de problemas ou desafios reais por meio de um trabalho colaborativo entre os alunos. Essa metodologia estimula a criatividade, a autonomia e o pensamento crítico, características fundamentais no ambiente do E-learning. No contexto digital, a ABP pode ser facilitada por ferramentas de colaboração online, como fóruns, videoconferências e plataformas de compartilhamento de documentos.

A aprendizagem colaborativa é uma metodologia que enfatiza a interação e o trabalho em equipe. No E-learning, a colaboração pode ocorrer por meio de ferramentas online como fóruns, chats, wikis e documentos compartilhados. A principal vantagem dessa abordagem é o desenvolvimento de habilidades sociais e cognitivas, além de promover um ambiente de aprendizagem mais engajado e motivador.

O ensino personalizado no E-learning busca adaptar o conteúdo e as atividades de acordo com as necessidades e os ritmos de aprendizagem de cada aluno. Ferramentas de análise de dados e inteligência artificial são utilizadas para monitorar o progresso dos alunos e ajustar o conteúdo de forma dinâmica, oferecendo uma experiência de aprendizagem única e mais eficaz.

O E-learning, apesar de seu grande potencial para transformar práticas educacionais e ampliar o acesso ao conhecimento, ainda enfrenta uma série de desafios significativos que podem comprometer tanto sua implementação quanto sua eficácia pedagógica. A seguir, são apresentados os principais obstáculos no contexto do E-learning.

Os desafios tecnológicos no E-learning envolvem a necessidade de infraestrutura adequada, como acesso à internet de qualidade e dispositivos compatíveis, além de problemas técnicos com as plataformas utilizadas. No Brasil, a desigualdade no acesso à internet e à tecnologia representa um obstáculo considerável para a implementação do E-learning de forma equitativa (Oliveira, 2011). Outro desafio relevante é a falta de suporte técnico contínuo, o que pode prejudicar a experiência do usuário e afetar a continuidade do aprendizado.

Do ponto de vista pedagógico, os desafios estão diretamente relacionados à necessidade de adaptar as metodologias tradicionais ao ambiente online. Esse processo exige que os alunos se mantenham engajados e motivados, mesmo com a distância física que separa alunos e professores. Para isso, é fundamental a adoção de novas estratégias de ensino, que promovam a interação e o engajamento dos estudantes. No entanto, muitos educadores ainda enfrentam dificuldades no uso eficaz das tecnologias, o que pode comprometer a qualidade do ensino. Como afirma Rego Jr. (2001),

O e-learning permite o aprendizado mais rápido, a custos mais reduzidos, com uma clara responsabilidade de todos os envolvidos no processo de aprendizado. Os alunos estão livres para estudar no seu próprio ritmo, independentemente de onde estejam, sendo responsáveis pelo seu progresso, que é medido através de testes e gerenciamento de progresso on-line, podendo dessa forma obter informações mais rapidamente e de maneira mais produtiva (Rego Jr, 2001, p.223).

Dessa forma, o e-learning oferece uma flexibilidade que, embora vantajosa, também apresenta desafios pedagógicos significativos. Entre eles, destaca-se a necessidade de garantir que os alunos mantenham disciplina, engajamento e foco ao longo do processo de aprendizagem online, uma vez que o ambiente digital pode favorecer distrações externas e o desinteresse por atividades que não sejam interativas ou motivadoras. Além disso, professores precisam desenvolver estratégias eficazes de acompanhamento, utilizando ferramentas de monitoramento de desempenho, feedback contínuo e atividades que estimulem a autonomia do estudante. A personalização do aprendizado, por meio de trilhas adaptativas, também se mostra essencial para atender às diferentes necessidades e ritmos de estudo, evitando que lacunas de conhecimento se ampliem. Outro ponto crítico é a mediação docente, que deve ser qualificada para orientar, motivar e engajar os alunos, promovendo interações significativas e garantindo que o e-learning não se limite à transmissão de conteúdo, mas sim à construção ativa do conhecimento.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Além das tipologias de ambientes de aprendizagem mencionadas, é importante considerar o papel da personalização na efetividade do E-learning. Plataformas digitais modernas permitem adaptar o conteúdo de acordo com o ritmo, estilo de aprendizagem e desempenho individual de cada estudante, promovendo experiências mais significativas. A personalização, quando aliada a metodologias ativas, como a aprendizagem baseada em problemas e a aprendizagem colaborativa, potencializa o engajamento e a autonomia do aluno, permitindo que ele seja protagonista de sua jornada educacional. Nesse sentido, a utilização de dashboards, relatórios de desempenho e feedback automatizado contribui para que o estudante compreenda seus pontos fortes e aspectos que necessitam de melhoria, tornando o processo de aprendizagem mais transparente e orientado por dados.

Outro ponto relevante refere-se à mediação docente no E-learning. Apesar da flexibilidade e autonomia proporcionadas pelas tecnologias, a presença do professor continua sendo essencial para orientar, motivar e avaliar os alunos. A mediação pedagógica inclui o planejamento cuidadoso das atividades, a definição de objetivos claros, a criação de estratégias de interação e a oferta de suporte contínuo. Professores capacitados no uso de ambientes digitais podem articular metodologias híbridas, combinando atividades síncronas e assíncronas, e utilizando recursos multimídia, fóruns de discussão e avaliações formativas para atender às diferentes necessidades dos estudantes. Essa atuação garante que a tecnologia não seja apenas um suporte, mas um elemento central na construção do conhecimento.

A integração entre tecnologia e metodologia também exige atenção às competências digitais, tanto dos alunos quanto dos professores. É fundamental que os estudantes desenvolvam habilidades de autogestão, planejamento de estudos, colaboração virtual e pensamento crítico, enquanto os educadores precisam compreender o funcionamento das plataformas, ferramentas de avaliação, design de atividades e estratégias de engajamento online. O investimento em formação continuada e em programas de capacitação docente é, portanto, determinante para a eficácia do E-learning. Sem esse preparo, mesmo os ambientes mais sofisticados podem se tornar subutilizados ou gerar frustração entre professores e alunos.

Além disso, a motivação dos alunos constitui um desafio central na educação a distância. A ausência de um espaço físico de aula pode levar à dispersão, desengajamento e procrastinação. Para contornar essas dificuldades, estratégias de gamificação, atividades interativas, discussões em grupo e projetos colaborativos são recomendadas, pois estimulam a participação ativa e promovem o senso de pertencimento ao ambiente educacional. A integração de elementos lúdicos e desafios graduais também pode aumentar a persistência e o comprometimento dos estudantes, tornando o aprendizado mais atraente e significativo.

Outro aspecto importante diz respeito à acessibilidade e inclusão digital. Nem todos os estudantes possuem as mesmas condições de acesso à internet, dispositivos adequados ou ambientes de estudo tranquilos. Essa desigualdade pode comprometer a participação e o desempenho acadêmico. É essencial que as instituições educativas adotem medidas de mitigação, como disponibilizar conteúdos offline, flexibilizar prazos, oferecer suporte técnico e promover alternativas de participação para estudantes com limitações de infraestrutura. A inclusão digital não se limita ao acesso tecnológico; envolve também a adaptação de conteúdos e estratégias pedagógicas para atender às necessidades de todos os estudantes, garantindo equidade na aprendizagem.

A gestão do E-learning exige também uma organização cuidadosa dos conteúdos e atividades. Estruturar trilhas de aprendizagem claras, definir cronogramas realistas, disponibilizar materiais diversificados e oferecer feedback constante são práticas fundamentais para manter o ritmo e a consistência do aprendizado. Ambientes digitais desorganizados ou pouco intuitivos podem gerar confusão, frustração e desmotivação. A experiência do usuário, nesse sentido, torna-se central: interfaces amigáveis, navegação simples e recursos de suporte ajudam a criar um ambiente de aprendizagem mais eficiente e agradável.

O uso de dados e analytics é outro recurso estratégico no E-learning. Plataformas digitais permitem monitorar o progresso dos alunos em tempo real, identificar dificuldades específicas, medir engajamento e até prever risco de abandono. Com essas informações, os professores podem intervir de forma proativa, personalizando atividades, oferecendo tutoria individualizada e ajustando metodologias para atender melhor às necessidades de cada estudante. Essa abordagem baseada em evidências fortalece a aprendizagem, melhora a retenção de conhecimento e aumenta a eficiência do ensino online.

Além de beneficiar o aprendizado individual, o E-learning também favorece a aprendizagem colaborativa. Fóruns de discussão, chats, grupos de estudo e projetos em equipe estimulam a interação, o compartilhamento de ideias e a construção conjunta do conhecimento. A socialização digital ajuda a reduzir o isolamento característico da educação a distância, promove habilidades de comunicação e colaboração e contribui para o desenvolvimento de competências socioemocionais essenciais no contexto acadêmico e profissional.

É importante destacar que o E-learning não substitui completamente a experiência presencial, mas complementa e amplia as possibilidades de ensino. A combinação de atividades online e presenciais, caracterizando o modelo híbrido, oferece flexibilidade, adaptabilidade e personalização, ao mesmo tempo em que mantém a interação humana e o vínculo entre professores e alunos. A articulação entre diferentes modalidades, recursos tecnológicos e estratégias pedagógicas inovadoras permite transformar o processo de ensino-aprendizagem em uma experiência mais significativa, dinâmica e inclusiva.

O E-learning representa um avanço expressivo na educação, promovendo autonomia, personalização, colaboração e flexibilidade. No entanto, sua eficácia depende de planejamento cuidadoso, formação docente, motivação estudantil, inclusão digital e uso estratégico de tecnologias. As instituições educativas devem estar preparadas para enfrentar desafios relacionados à infraestrutura, desigualdade de acesso, engajamento e adaptação pedagógica, garantindo que todos os alunos possam usufruir plenamente das oportunidades proporcionadas pela educação online. A continuidade das pesquisas e a inovação constante são fundamentais para assegurar que o E-learning evolua de forma eficaz, promovendo uma educação de qualidade, equitativa e alinhada às demandas contemporâneas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BONK, C. J. The world is open: How web technology is revolutionizing education. Wiley, 2009.

GARRISON, D. R.; ANDERSON, T. E-learning in the 21st century: A framework for research and practice. Routledge, 2003.

OLIVEIRA, F. A. E-learning e suas dificuldades no contexto brasileiro. Revista Brasileira de Educação, v. 16, n. 47, p. 123–138, 2011.

TINTO, V. Leaving college: Rethinking the causes and cures of student attrition. University of Chicago Press, 1993.

REGO JR, M. E-Learning. In: BOOG, G. G. (Coord.). Manual de treinamento e desenvolvimento: Um guia de operações. São Paulo: Makron Books, 2001. p. 221-233.


1 Graduação. Especialização. Mestrando em Tecnologias Emergentes em Educação pela Must University. E-mail. [email protected]