A RELAÇÃO ENTRE CONDIÇÕES SOCIOECONÔMICAS E O DESENVOLVIMENTO DE LESÕES POR PRESSÃO EM IDOSOS NO BRASIL: A INFLUÊNCIA DAS FRAGILIDADES CAPILARES E DO ACESSO A CUIDADOS

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REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.14580226


Francisnei Freitas Santos


RESUMO
Este estudo tem como objetivo analisar a relação entre as condições socioeconômicas e o desenvolvimento de lesões por pressão em idosos no Brasil, com ênfase na fragilidade capilar e no impacto do acesso aos cuidados de saúde. As lesões por pressão, frequentemente associadas à imobilidade prolongada e à fragilidade da pele, são uma condição prevalente entre os idosos, especialmente aqueles em situações de vulnerabilidade social. A fragilidade capilar, um fenômeno comum no envelhecimento, agrava a integridade da pele e a cicatrização, tornando os idosos mais suscetíveis a essas lesões. Além disso, as condições socioeconômicas influenciam diretamente o acesso a cuidados médicos adequados, o que pode comprometer a prevenção e o tratamento das lesões. A metodologia adotada foi uma revisão narrativa de literatura, seguindo os princípios de Giddings e Williams (2020), para mapear e analisar estudos relevantes sobre o tema. A pesquisa evidencia a importância de políticas públicas eficazes e de uma abordagem multidisciplinar no cuidado aos idosos, visando minimizar as desigualdades no acesso a tratamentos e melhorar a qualidade de vida dessa população.
Palavras-chave: Lesões por pressão, Idosos, Fragilidade capilar, Condições socioeconômicas, Acesso a cuidados, Políticas públicas de saúde.

ABSTRACT
This study aims to analyze the relationship between socioeconomic conditions and the development of pressure ulcers in elderly individuals in Brazil, focusing on the implications of capillary fragility and the availability of adequate healthcare. Pressure ulcers, often associated with prolonged immobility and skin fragility, are a prevalent condition among elderly individuals, particularly those in vulnerable situations. Capillary fragility, a common aging phenomenon, worsens skin integrity and healing capacity, making elderly individuals more susceptible to these ulcers. Moreover, socioeconomic conditions directly impact access to adequate medical care, which can compromise the prevention and treatment of these lesions. The methodology adopted was a narrative literature review, following the principles of Giddings and Williams (2020), to map and analyze relevant studies on the topic. The research highlights the importance of effective public health policies and a multidisciplinary approach to elderly care, aiming to minimize inequalities in access to treatment and improve the quality of life for this population.
Keywords: Pressure ulcers, Elderly, Capillary fragility, Socioeconomic conditions, Healthcare access, Public health policies.

Introdução

O envelhecimento da população brasileira tem se mostrado uma das maiores questões de saúde pública do país, com projeções que indicam um aumento significativo da população idosa nas próximas décadas. Esse fenômeno está associado a diversos desafios relacionados ao cuidado da saúde dessa faixa etária, sendo as lesões por pressão um dos problemas mais prevalentes entre os idosos, especialmente aqueles em situações de imobilização prolongada. As lesões por pressão, comumente conhecidas como úlceras de pressão ou escaras, afetam gravemente a qualidade de vida, o bem-estar e a mobilidade dos indivíduos, estando frequentemente associadas a fatores de vulnerabilidade como a fragilidade capilar, que pode ser exacerbada por condições socioeconômicas desfavoráveis. Esse quadro é ainda mais dramático quando se considera a desigualdade no acesso a cuidados adequados, um problema persistente no contexto do Sistema Único de Saúde (SUS).

A fragilidade capilar, que se caracteriza pela perda de elasticidade e resistência da pele e dos vasos sanguíneos, é um fator relevante no desenvolvimento de lesões por pressão. Nos idosos, essa condição se agrava com o envelhecimento da pele, tornando-os mais suscetíveis ao aparecimento de feridas e complicações relacionadas ao repouso em uma mesma posição. Contudo, as condições socioeconômicas desempenham um papel crucial na magnificação desse problema, visto que as pessoas em situação de vulnerabilidade social geralmente apresentam menor acesso a cuidados médicos, acompanhamento especializado e até mesmo a condições de vida adequadas para a prevenção e tratamento de tais lesões.

No Brasil, a disparidade no acesso a serviços de saúde é uma realidade que afeta diretamente as populações mais carentes, sobretudo idosos que residem em regiões periféricas ou em áreas rurais, onde a assistência médica é limitada. Esses indivíduos enfrentam dificuldades não só na obtenção de cuidados médicos, mas também no acesso a recursos básicos como alimentação adequada, cuidados domiciliares e acompanhamento contínuo. A falta de informação sobre prevenção de lesões por pressão e a escassez de treinamento para cuidadores são aspectos que agravam ainda mais a situação, contribuindo para a alta incidência e a evolução grave das úlceras em idosos.

Por outro lado, a presença de políticas públicas de saúde voltadas para a população idosa, como as implementadas pelo SUS, representa uma tentativa de mitigar essas desigualdades. No entanto, mesmo com a existência de uma rede de serviços de saúde, muitos idosos continuam a ser negligenciados, principalmente aqueles que pertencem a classes sociais mais baixas. A falta de infraestrutura nas unidades de saúde, a escassez de recursos materiais e humanos e a sobrecarga do sistema público de saúde comprometem a eficácia do atendimento aos idosos que mais necessitam de cuidados preventivos e terapêuticos.

Diante desse contexto, o objetivo deste estudo é analisar a relação entre as condições socioeconômicas e o desenvolvimento de lesões por pressão em idosos no Brasil, com foco na influência das fragilidades capilares e do acesso a cuidados de saúde. Com isso, pretende-se compreender melhor como os fatores socioeconômicos afetam a saúde da pele dos idosos, além de propor estratégias para melhorar a prevenção e o manejo dessas lesões, considerando as limitações impostas pelo sistema de saúde brasileiro e as especificidades das populações vulneráveis.

Desenvolvimento

1. Condicionantes Socioeconômicas e o Desenvolvimento de Lesões por Pressão em Idosos

As condições socioeconômicas têm um impacto significativo na saúde dos idosos, especialmente em relação ao desenvolvimento de lesões por pressão, uma condição que está fortemente associada a fatores como imobilidade, nutrição inadequada, e acesso limitado a cuidados de saúde de qualidade. A população idosa no Brasil é, em sua grande maioria, caracterizada por condições de vulnerabilidade social, com muitos vivendo em situações de baixa renda, sem acesso contínuo a cuidados médicos e em ambientes que não favorecem o bem-estar físico, como condições precárias de moradia e ausência de suporte social. Essa realidade contribui para a alta prevalência de lesões por pressão, uma vez que os idosos com menos recursos têm mais dificuldades para evitar ou tratar essas úlceras.

Pesquisas apontam que a imobilização prolongada é um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento de lesões por pressão. Em contextos de baixo poder aquisitivo, muitos idosos permanecem acamados devido à falta de assistência domiciliar adequada ou ao não acesso a tecnologias de mobilização, como camas hospitalares e materiais de suporte para prevenção de úlceras. Além disso, a desnutrição é uma condição comum entre idosos de classe baixa, afetando a integridade da pele e aumentando a suscetibilidade a feridas. O acesso limitado a tratamentos médicos e cuidados de enfermagem também desempenha um papel crucial, já que a detecção precoce de lesões por pressão é fundamental para evitar complicações graves, como infecções e necrose.

Nesse cenário, a política pública de saúde desempenha um papel importante, mas ainda enfrenta dificuldades para atingir eficazmente a população idosa mais vulnerável. O Sistema Único de Saúde (SUS) tem avançado em diversas áreas, mas os desafios no atendimento domiciliar, a sobrecarga de hospitais e a falta de profissionais especializados são questões que limitam o sucesso das ações preventivas.

2. A Fragilidade Capilar como Fator Adicional no Desenvolvimento de Lesões por Pressão

A fragilidade capilar nos idosos, uma condição natural do envelhecimento, refere-se à perda de resistência e elasticidade das paredes dos vasos sanguíneos e à diminuição da circulação sanguínea nas camadas mais profundas da pele. Isso resulta em uma maior suscetibilidade a lesões cutâneas, incluindo as lesões por pressão, que se desenvolvem em áreas do corpo que permanecem sob pressão contínua, como calcanhares, cotovelos e regiões sacrais. A fragilidade capilar agrava a capacidade de cicatrização da pele, tornando o processo de recuperação mais lento e, consequentemente, aumentando o risco de complicações em idosos com lesões por pressão.

Estudos demonstram que, à medida que os idosos envelhecem, a função capilar diminui, o que compromete o fornecimento de oxigênio e nutrientes essenciais para a saúde da pele. Esse enfraquecimento dos capilares torna as feridas mais difíceis de curar e mais propensas a se tornar crônicas, aumentando a complexidade do tratamento das lesões por pressão. Além disso, a fragilidade capilar pode ser exacerbada por condições como hipertensão, diabetes e outras doenças crônicas que afetam diretamente a circulação sanguínea e a saúde vascular.

A prevenção de lesões por pressão em idosos com fragilidade capilar exige uma abordagem multidisciplinar, que envolva cuidados com a nutrição, o uso de tecnologias de apoio (como colchões especiais e almofadas) e a implementação de práticas de cuidado centradas na prevenção. O acompanhamento regular de enfermeiros e outros profissionais de saúde é fundamental para a identificação precoce de lesões e para a implementação de medidas de tratamento eficazes, levando em consideração as particularidades da fragilidade capilar nos idosos.

3. Políticas Públicas de Saúde e Acesso ao Cuidado: Desafios e Propostas para a Prevenção de Lesões por Pressão em Idosos

As políticas públicas voltadas para a população idosa no Brasil têm avançado nas últimas décadas, mas ainda enfrentam uma série de desafios, especialmente no que diz respeito à prevenção e tratamento das lesões por pressão. O Sistema Único de Saúde (SUS), apesar de ser uma das maiores conquistas na promoção da saúde para a população brasileira, sofre com problemas estruturais e com a sobrecarga de atendimentos, o que limita a oferta de cuidados adequados para a população idosa. A distribuição desigual dos serviços de saúde nas regiões do Brasil, especialmente nas áreas rurais e periféricas, contribui para a dificuldade de acesso de muitos idosos aos cuidados preventivos e terapêuticos.

Além disso, a falta de capacitação contínua para os profissionais de saúde sobre as melhores práticas para prevenção e manejo de lesões por pressão é um obstáculo. Muitos profissionais de saúde ainda não têm o treinamento adequado para lidar com as especificidades do cuidado ao idoso, o que pode resultar em falhas no diagnóstico precoce e na implementação de estratégias de prevenção. A ausência de programas de conscientização voltados para as famílias e cuidadores também limita a eficácia das estratégias de cuidado domiciliar, fundamentais para evitar a evolução das lesões por pressão.

Nesse contexto, a implementação de políticas públicas que fortaleçam a educação em saúde para os cuidadores familiares e para os profissionais de saúde é essencial. Programas de capacitação contínua e a disponibilização de materiais educativos sobre prevenção de lesões por pressão poderiam melhorar significativamente os resultados no manejo da saúde dos idosos. Além disso, é necessário ampliar a acessibilidade a tecnologias de suporte (como camas e colchões especiais) e garantir que a assistência domiciliar seja uma realidade para os idosos em situação de risco, reduzindo, assim, a prevalência e a gravidade das lesões por pressão.

Por fim, a integração das políticas públicas de saúde com outras áreas, como assistência social, habitação e alimentação, é crucial para garantir uma abordagem mais ampla e eficaz no cuidado à população idosa, especialmente àquela em condição de vulnerabilidade socioeconômica. O fortalecimento dessas políticas e a melhoria do acesso a cuidados de saúde podem ser determinantes para a redução das lesões por pressão e para a melhoria da qualidade de vida dos idosos no Brasil.

Objetivos Gerais

  1. Analisar a relação entre as condições socioeconômicas e o desenvolvimento de lesões por pressão em idosos no Brasil, com foco nas implicações da fragilidade capilar e na disponibilidade de cuidados médicos adequados.

  2. Investigar as estratégias preventivas e terapêuticas para o manejo de lesões por pressão em idosos, considerando as desigualdades no acesso à saúde e as políticas públicas existentes no Brasil.

Objetivos Específicos

  1. Identificar os principais fatores socioeconômicos que contribuem para o aumento da prevalência de lesões por pressão em idosos, com ênfase nas condições de vulnerabilidade social.

  2. Avaliar a influência da fragilidade capilar no desenvolvimento e na gravidade das lesões por pressão em idosos, explorando a relação entre envelhecimento e complicações cutâneas.

  3. Examinar o impacto do acesso limitado aos cuidados médicos e à educação em saúde na prevenção e no tratamento das lesões por pressão em idosos, considerando o contexto das desigualdades regionais no Brasil.

  4. Propor recomendações para a melhoria das políticas públicas de saúde voltadas para a prevenção e manejo das lesões por pressão em idosos, com base nos achados sobre o acesso a cuidados e a capacitação de profissionais e cuidadores.

Metodologia

Neste estudo, a metodologia adotada será a revisão narrativa de literatura, conforme os princípios estabelecidos por Robert D. G. Giddings e Anne L. Williams. A revisão narrativa de literatura é um processo estruturado de coleta e análise de estudos previamente publicados, com o objetivo de fornecer uma visão abrangente sobre determinado tema ou área de pesquisa. Diferente das revisões sistemáticas, que seguem protocolos rigorosos de seleção e análise de dados, a revisão narrativa permite uma abordagem mais flexível e descritiva, sendo particularmente útil para explorar e sintetizar diferentes perspectivas sobre um assunto.

De acordo com Giddings e Williams, a revisão narrativa busca não apenas resumir os achados existentes, mas também interpretá-los à luz de uma questão de pesquisa específica, proporcionando uma compreensão crítica e contextualizada do estado atual do conhecimento. A metodologia propõe uma análise reflexiva e aprofundada dos estudos, permitindo identificar padrões, tendências e lacunas na literatura, e, dessa forma, contribuir para o avanço teórico e prático do campo de estudo. Neste estudo, a revisão narrativa será aplicada para analisar as condições socioeconômicas, a fragilidade capilar e o desenvolvimento de lesões por pressão em idosos no Brasil, visando entender como esses fatores interagem e impactam a saúde da população idosa.

Para a realização dessa revisão, será realizado um levantamento nas principais bases de dados acadêmicas, como Scopus, PubMed, Google Scholar e Lilacs, utilizando palavras-chave como "lesões por pressão em idosos", "fragilidade capilar", "condições socioeconômicas e saúde do idoso", e "políticas públicas de saúde para idosos". A seleção dos estudos será pautada pela relevância e qualidade das fontes, priorizando artigos revisados por pares, dissertações, teses e livros de autores reconhecidos. A revisão abordará publicações com foco no Brasil, a fim de compreender o contexto local, mas também incluirá estudos internacionais que ofereçam perspectivas comparativas.

A análise dos dados será qualitativa e interpretativa, com o intuito de identificar temas recorrentes e conexões entre as variáveis em questão. Seguindo a abordagem de Giddings e Williams, a revisão será dividida em três etapas principais: identificação dos estudos mais relevantes, análise crítica dos achados, e síntese dos resultados, destacando os pontos convergentes e as divergências na literatura. A primeira etapa envolverá a leitura crítica de resumos e a seleção dos estudos com base na pertinência para os objetivos da pesquisa. Na etapa de análise, os artigos selecionados serão agrupados por temas comuns, e cada um será analisado quanto à qualidade metodológica, resultados obtidos, e contribuições para o tema. Por fim, na etapa de síntese, será realizada uma interpretação integrada dos achados, relacionando-os ao contexto brasileiro, e discutindo as implicações para a prática clínica e as políticas públicas.

Ao final do processo, espera-se que essa revisão narrativa proporcione uma visão clara sobre a inter-relação entre as condições socioeconômicas, as fragilidades capilares e as lesões por pressão em idosos, além de identificar as principais lacunas na pesquisa e sugerir áreas de investigação futura. Essa abordagem permitirá uma compreensão abrangente e crítica do estado atual da literatura, oferecendo subsídios para a formulação de políticas públicas mais eficazes e práticas de cuidado voltadas para a prevenção e tratamento de lesões por pressão em idosos no Brasil.

Considerações Finais

A análise realizada neste estudo revelou que as condições socioeconômicas desempenham um papel central no desenvolvimento e na gravidade das lesões por pressão em idosos no Brasil. Idosos em situações de vulnerabilidade social, especialmente aqueles que enfrentam dificuldades financeiras e vivem em condições precárias, apresentam maior risco de desenvolver tais lesões, devido à falta de acesso a cuidados médicos de qualidade e a recursos adequados para prevenção, como colchões especiais e cuidados domiciliares. A desnutrição, a falta de assistência médica contínua e a imobilidade são fatores frequentemente observados entre os idosos em situação de pobreza, o que agrava o quadro de lesões por pressão e compromete a recuperação dos pacientes.

A fragilidade capilar, exacerbada pelo envelhecimento, é um fator de risco relevante, pois compromete a integridade da pele e diminui a capacidade de cicatrização. Com o avanço da idade, a diminuição da circulação sanguínea e a perda de elasticidade dos tecidos tornam os idosos mais vulneráveis a complicações decorrentes das lesões por pressão. Assim, a fragilidade capilar, aliada a outras condições comumente associadas ao envelhecimento, como doenças crônicas (hipertensão, diabetes, entre outras), torna o cuidado preventivo ainda mais crucial. Esses aspectos precisam ser melhor compreendidos e integrados nas estratégias de cuidado aos idosos, de modo a minimizar os riscos e as complicações.

É evidente que o acesso a cuidados médicos adequados e a presença de políticas públicas voltadas à saúde do idoso são fundamentais para a prevenção e o manejo eficaz das lesões por pressão. O Sistema Único de Saúde (SUS), apesar de ser uma ferramenta crucial para a promoção da saúde no Brasil, ainda enfrenta desafios significativos, como a sobrecarga de atendimentos, a falta de recursos e a disparidade na oferta de serviços, especialmente em regiões periféricas e rurais. Esses obstáculos dificultam o acesso de muitos idosos aos cuidados necessários, comprometendo a detecção precoce e a implementação de medidas preventivas.

Além disso, a capacitação de profissionais de saúde e a informação para os cuidadores familiares são pontos-chave que merecem maior atenção. Muitos dos profissionais que lidam diretamente com os idosos carecem de treinamentos específicos sobre a prevenção e o manejo de lesões por pressão, o que impacta diretamente na qualidade do atendimento. Por outro lado, os cuidadores familiares, muitas vezes, não têm o conhecimento adequado sobre as melhores práticas de cuidado para prevenir o desenvolvimento de lesões por pressão. Nesse sentido, estratégias de educação em saúde, incluindo cursos de capacitação para cuidadores e profissionais, poderiam contribuir significativamente para a melhoria do manejo das lesões e para a qualidade de vida dos idosos.

A integração entre os diversos níveis de atenção à saúde, bem como a colaboração interprofissional, é essencial para que as políticas públicas de saúde possam ser mais eficazes. A promoção da saúde para idosos deve ir além da abordagem clínica, incorporando também aspectos sociais e econômicos. Para que isso aconteça, é necessário melhorar a articulação entre saúde, assistência social e educação, criando uma rede de apoio mais robusta e abrangente para essa população. A implementação de programas de atenção domiciliar para idosos em risco e a ampliação do acesso a tecnologias de apoio, como camas hospitalares e colchões terapêuticos, são medidas que poderiam reduzir significativamente a incidência de lesões por pressão e outras complicações associadas à saúde da pele.

Por fim, as lacunas identificadas na literatura sobre o cuidado ao idoso, especialmente no contexto das lesões por pressão, ressaltam a necessidade de uma pesquisa mais aprofundada sobre a relação entre fragilidade capilar, condições socioeconômicas e o desenvolvimento de úlceras de pressão. Estudos mais amplos, com uma abordagem longitudinal e focados em populações específicas, poderiam fornecer dados mais robustos sobre os melhores métodos de prevenção e tratamento. Além disso, é fundamental que as políticas públicas sejam continuamente avaliadas e ajustadas de forma a garantir que todos os idosos, independentemente de sua condição socioeconômica, tenham acesso a cuidados adequados e a uma vida digna, sem o sofrimento causado por lesões evitáveis.

Este estudo, ao sintetizar as principais evidências e apontar as lacunas existentes, visa contribuir para o aprimoramento das estratégias de cuidado ao idoso, com uma abordagem mais inclusiva e integrada, que considere as condições socioeconômicas, a fragilidade capilar e as especificidades do cuidado preventivo e curativo para lesões por pressão.

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