A PSICOLOGIA E A ATUAÇÃO NA ASSOCIAÇÃO DE PAIS E AMIGOS DOS EXCEPCIONAIS (APAE) SOB UMA PERSPECTIVA SOCIAL

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REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.17274103


Daniel Ribeiro1
Elines Leme2
Karem Servelhera3
Verônica Kawagushi4
Kaio Alberguini Ozais5
Victória Paiva6
Daniela Emilena Santiago7


RESUMO
A atuação do profissional de Psicologia junto a organizações que são orientadas para a proteção dos direitos de segmentos excluídos têm se configurado como um elemento de suma importância para a Psicologia contemporânea. No presente texto realizamos uma análise de uma possibilidade de intervenção nessa seara a partir das ações empreendidas pela Psicologia em Associações de Pais e Amigos dos Excepcionais. Além de conseguirmos observar uma prática comunitária, coletiva, ligada a efetivação de direitos sociais também é possível inferir que a mesma demonstra e denota uma possibilidade diversa da ação clínica e terapêutica, como única alternativa. O estudo foi elaborado por meio de revisão de literatura e viabilizou a apreensão dos temas associados ao fazer da Psicologia e também em relação a inclusão dos atendidos. 
Palavras-chave: Psicologia. Inclusão. Apae.

ABSTRACT
The work of psychology professionals within organizations focused on protecting the rights of excluded groups has become a crucial element for contemporary psychology. In this text, we analyze a potential intervention in this area based on the actions undertaken by psychology professionals in Associations of Parents and Friends of the Exceptional. In addition to observing a community, collective practice linked to the realization of social rights, we can also infer that it demonstrates and denotes a possibility distinct from clinical and therapeutic action. The study was developed through a literature review and enabled us to understand the themes associated with the practice of psychology and the inclusion of those served.
Keywords: Psychology. Inclusion. APAE.

1. INTRODUÇÃO

Corpo Intruso, Billy Saga
A negação de uma parte da humanidade é sacrifício
Um desperdício da condição natural
afirma universal
O bem o mal, o gordo o magro,
São rótulos que mal usados negam independência
Inteligência emocional pra não perder a linha
8 [...]

A música com que abrimos esse artigo nos remete a inclusão da pessoas com deficiência e foi elaborada por um artista que é pessoa com deficiência. Nela vemos a clara menção a situação de exclusão social que afeta as pessoas com deficiência e nos instia em pensar no como a Psicologia poderia colaborar com a minimização dessas barreiras que vedam ou dificultam a inclusão. Nesse sentido, uma aproximação a essa realidade requer a realização de estudos e de pesquisas. Na disciplina de Psicologia Social buscamos explorar essas possibilidades diferenciadas de atuação e conforme buscamos apresentar nesse texto em relação a intervenção realizada na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais e como indicaremos no decurso do texto.

Originalmente, a Comissão de Direção e Fiscalização (COF) tinha como pano de fundo a inexistência de regulamentação específica sobre a atuação do psicólogo no sistema de comissões de psicologia nas APAES. No entanto, independentemente do ramo de atuação, os serviços prestados pelos Psicólogos (as,es) devem obedecer aos padrões éticos estabelecidos pelo Código de Ética Profissional (CEPP) - Resolução CFP 010/2005, bem como às normas vigentes que regem os psicólogos.

Todo trabalho realizado por Psicólogos, independentemente de sua área de atuação, deve ser fundamentado tanto na ciência psicológica quanto na independência profissional. Essa independência requer uma avaliação técnica que leve em conta as características únicas de seu trabalho. Quaisquer circunstâncias que ultrapassem os limites de sua especialidade (como a natureza do serviço) podem comprometer sua capacidade de garantir a confidencialidade ou impactar negativamente a qualidade do serviço prestado. Nesses casos, é fundamental colaborar com a equipe para desenvolver estratégias de atuação adequadas.

O presente texto versará sobre a atuação do Psicólogo na APAE usando como fonte artigos que foram escritos sobre o tema e demais livros e legislação análoga. O mesmo foi elaborado como requisito parcial para a disciplina Temas em Psicologia Social que fora cursada pelos alunos devido a sua inserção na graduação em Psicologia da Unip. Nela há a proposta para repensarmos a atuação da Psicologia para além da prática clínica e para o entendimento das abordagens sociais como referências para a reorganização da prática. Por conseguinte, trata-se de estudo teórico, conforme nos indica Minayo (2014) tendo em vista que nele a fonte para as colocações advém da leitura e sistematização de fontes teóricas e na correspondente ausência de pesquisa de campo.

A composição do texto foi estruturada na apresentação das referências associadas a Psicologia Social inicialmente e na sequência há indicação a respeito da atuação realizada na APAE. Nesse sentido, o texto foi composto por esse tópico posto. Esperamos que o presente manuscrito colabore tanto para a Psicologia Social, para a sua compreensão, quanto para o entendimento a respeito da intervenção que pode ser realizada pela Psicologia na APAE. Consideramos que seja vital partilhar informações sobre o conhecimento aqui discutido de forma a tornar práticas dessa natureza conhecidas pela comunidade em geral. Importante destacar que o interesse pelo segmento: pessoa com deficiência adveio da vivência dos autores que os aproximou da temática durante a graduação.

2. A ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO NA APAE E AS POSSIBILIDADES DE UMA INTERVENÇÃO SOCIAL

Para Mezzomo (1997) a área da Educação Especial constitui um campo no qual todas as práticas psicológicas são pertinentes, e mesmo assim, é necessária uma equipe multidisciplinar, com psicólogos, pedagogos, médicos e outros para compor e qualificar as intervenções realizadas em tal seara. De acordo com a autora, a psicologia escolar, não deve apenas ver o contexto individual do sujeito, mas sim de forma social, como um todo. O trabalho da autora foi orientado para a questão da deficiência intelectual, porém, suas colocações podem ser aplicadas quando pensamos outros tipos de deficiência também.

A autora, no entanto, destaca que temos atualmente uma (des)valorização do conhecimento da era contemporânea o que incide, como podemos inferir, na qualidade da intervenção ofertada para as pessoas com a deficiência. Por conseguinte, como a autora indica: “[...]a atuação do psicólogo junto à pessoa com deficiência intelectual é frequentemente limitada pela desvalorização do conhecimento interdisciplinar, dificultando uma prática integrada e efetiva na educação especial” (op. cit.,, p. 22).

No texto a autora realizou pesquisa teórica com base na perspectiva de Vigotski, visando entender o conceito do autor sobre pessoas com deficiência. Também realizou pesquisa com psicólogos que atuam na APAE onde foi possível chegar a conclusão de que muitos acreditam que as teorias podem não dar conta de preparar os psicólogos em sua formação, devido na prática ser muito diferente, levando o psicólogo a desenvolver atividades bem diferentes das apontadas pela teoria, quando se depara com um trabalho nas escolas especiais, mostrando que esse desfalque reflete que a atuação dos profissionais é limitada por atividades de avaliação, diagnostico e aplicação de testes.

A pesquisa ainda conseguiu concluir que muitos psicólogos relataram que sua formação universitária não contemplou ou foi insuficiente no que tange ao atendimento a pessoas com deficiência intelectual e práticas da Educação Especial. Nesse sentido, a ausência de informação os conduz e orienta em prol da realização de práticas pautadas no uso de avaliações e testes isolantes: na atuação cotidiana, verificou-se tendência a empregar testes e técnicas de avaliação que isolam a pessoa com deficiência intelectual, sem considerar contextos ou relações interdisciplinares, recuperando assim uma prática que já vem sendo revista dentro da Psicologia.

Mezzomo (1997) aponta ainda que o estudo demonstrou que os profissionais também entendem a necessidade de atividades adaptadas às capacidades dos alunos com deficiência intelectual, visto que ainda havia a necessidade de ajustes de forma a viabilizar o acesso aos serviços com qualidade. Isso induz a atribuir ao indivíduo a maior responsabilidade por seu desenvolvimento algo que é apontado pela autora como um fenômeno que está presente na sociedade contemporânea, impregnada por ideais neoliberais, contribui para desvalorizar o conhecimento coletivo ou histórico, enfatizando a responsabilidade individual pelo desenvolvimento/aprendizado. Isso acaba por minimizar ou invisibilizar conhecimentos “legados” ou produções que sustentariam práticas mais inclusivas ou críticas. É como se o indivíduo fosse o único e maior responsável pela sua deficiência que, muitas vezes, é equiparada a algo nocivo, prejudicial.

Por fim, a autora chama a atenção ao fato de recorrermos ao pensamento de autores com perspectiva crítica sobre o desenvolvimento da subjetividade. Assim, teorias como as de Vygotsky são trazidas para contrapor visão de que pessoas com deficiência intelectual são “não educáveis”, mostrando que com o suporte adequado e compreensão das condições de desenvolvimento, educação e intervenção podem (e devem) ser concebidas de forma mais inclusiva (Mezzomo ,1997).

Por conseguinte, é importante frisar que a pesquisa não abordou apenas elementos atrelados a prática do profissional de Psicologia, mas, sobre vários fatores que, de forma relacionada, influenciam esse exercício. Outro contributo importante para a apreensão da realidade das práticas desenvolvidas junto a APAE, pela Psicologia, é apontado por Stumm et al. (2018). Os autores indicam que a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE), foi criada em 1954 e, segundo a Federação Nacional das Apaes (FENAPAES), “[...]caracteriza-se por ser uma organização social, cujo objetivo principal é promover a atenção integral à pessoa com deficiência, prioritariamente aquela com deficiência intelectual e múltipla” (op. cit.,p.25). A instituição também busca a inclusão social e defesa de direitos, além de oferecer apoio aos pais e familiares, promover campanhas de conscientização e cursos de capacitação para profissionais da área. Atualmente estima-se que cerca de 700 mil pessoas são atendidas pelas mais de 2.200 unidades espalhadas pelo Brasil.

O psicólogo, nessa área de atuação, se depara com um trabalho multidisciplinar, no qual a comunicação entre pedagogos, fonoaudiólogos, fisioterapeutas e entre outros profissionais é de extrema importância. Ademais, busca promover a possibilidade de ações que favoreçam a convivência social, inserção e participação dos indivíduos na sociedade. Para tal, são realizadas intervenções nos âmbitos da Psicoterapia e Acompanhamento Psicossocial para os alunos e familiares, levando em consideração as condições e necessidades específicas de cada um. Algumas formas de intervenção são: Reabilitação cognitiva, Desenvolvimento Pessoal e Social, Ludoterapia e Aconselhamento. Assim, o apontamento encontra assento com o que fora disposto Mezzomo (2012) em relação a composição das equipes e também sobre a relevância do trabalho em equipe.

A Reabilitação Cognitiva tem como objetivo estimular, restaurar e/ou compensar o funcionamento de áreas cognitivas, haja vista que a cognição diz respeito às habilidades do ser humano de pensar, memorizar, perceber e entender informações. Para realizar tal procedimento pode ser utilizadas técnicas como testes para avaliar o nível do dano neurológico, estratégias adaptativas e entre outros. Já em relação ao Desenvolvimento Pessoal e Social, o psicólogo deve buscar estratégias, como programas e atividades, que visem estimular a aprendizagem de competências sociais, podendo ser: aprender a lidar com as frustrações, saber pedir ajuda e demonstrar afeto. Ademais, é preciso apoiar o sujeito no processo de autoconhecimento e autoconfiança e no desenvolvimento do amor-próprio e projetos de vida (Stumm et al., 2018).

Os autores ainda destacam que a Ludoterapia é uma técnica que, através de atividades lúdicas como brincar e desenhar, o indivíduo consegue expressar suas emoções e sentimentos, aprende a controlar seus impulsos e se torna cada vez mais capaz de tomar suas próprias decisões. Esta intervenção tem muita importância, uma vez que a maioria dos alunos que frequentam a APAE possui algum nível de dificuldade na comunicação verbal. Em contrapartida, o Aconselhamento trabalha tanto com a família quanto com o aluno, fato que diferencia esta intervenção das demais. Consiste em uma relação de ajuda e apoio e não apenas no ato de dar conselhos, dado que, tem por objetivo promover uma melhor adaptação do sujeito na sociedade, esclarecer dúvidas e ajudar na escolha da solução mais adequada para determinada situação.

Stumm et al. (2018) destaca que a APAE, por meio da intervenção desenvolvida com os psicólogos e demais profissionais envolvidos, desempenha um papel crucial na garantia dos direitos e na qualidade de vida das pessoas com deficiência. Ao fornecer apoio abrangente, programas educacionais e terapias adequadas, a APAE contribui para que essas pessoas tenham oportunidades de desenvolvimento pleno, superação de desafios e conquista de uma vida mais inclusiva e participativa. Portanto, é uma organização social de extrema importância e relevância para a sociedade, demonstrando a necessidade de apoio e respeito à diversidade humana, além de destacar o valor do trabalho dos psicólogos e demais profissionais envolvidos no cuidado e promoção da qualidade de vida das pessoas com deficiência.

No entanto, ambos autores consultados destacam a importância da APAE para a constituição de serviços ligados a inclusão de pessoas com deficiência. Ambos também salientam a importância do Psicólogo para a garantia dos direitos desses públicos por meio de práticas diferenciadas e que não estarão assentadas apenas em abordagens clínicas. Porém, para ampliar o conhecimento sobre a intervenção na área é importante também realizar o aporte ao Guia de Orientação – Atuação de Psicólogas(os) em Associação de Pais e Amigos Excepcionais (APAE) – CRP, documento que oferece referências importantes para a atuação na área.

Inicialmente, a Comissão de Orientação e Fiscalização (COF) contextualiza que não existem Sistema de Conselhos de Psicologia normativas específicas a respeito do trabalho do Psicólogo nas Apaes. No entanto, independente do campo de atuação, é importante que a prestação de serviço do Psicólogo aconteça dentro dos padrões éticos estabelecidos pelo Código de Ética Profissional (CEPP) – Resolução CFP 010/2005, além das normativas vigentes que regulamentam a profissão. Para atuantes neste contexto, é importante conhecer o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), além da Lei 13.146 de 2015 (Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência – Estatuto da Pessoa com Deficiência).

Segundo a Comissão de Orientação e Fiscalização (COF) é necessário refletir sobre os objetivos e necessidades da contratação do Psicólogo em uma Apae, pois muitas vezes ocorrem possíveis integrações entre os espaços de atuação das variadas áreas dentro da instituição, sendo assim, é importante especificar no contrato de trabalho a natureza da prestação de serviço ao qual o Psicólogo será contratado, a fim de compreender as possibilidades e limites de sua atuação.

Nesse contexto, é essencial que o profissional conheça o trabalho a que se propõe realizar, construindo e identificando seus limites éticos para uma boa atuação. É esperado que o profissional entregue um serviço eticamente compatível com a demanda que lhe foi recebido, com isso, é importante que o Psicólogo tenha uma apropriação pessoal, técnica e teórica de seu trabalho, com o intuito de facilitar o constante aprimoramento e reflexão sobre a prática. O Psicólogo poderá organizar e propor intervenções de uma forma que garanta os direitos dos usuários, a promoção da saúde e a qualidade de vida, além da responsabilidade social somadas aos demais preceitos éticos.

Dessa forma, o profissional deverá refletir sobre a relação de vínculo à ser estabelecido com os beneficiários, o sigilo profissional, a neutralidade e isenção com relação as partes envolvidas, além da garantia dos direitos, conforme dispõe o Código de Ética Profissional (Resolução CFP 010/2005), ou como disposto:

Em relação ao “Art. 1o – São deveres fundamentais dos psicólogos: Assumir responsabilidades profissionais somente por atividades para as quais esteja capacitado pessoal, teórica e tecnicamente;”. Como já mencionado anteriormente. Agora a respeito do “Art. 2o – Ao Psicólogo é vedado: Praticar ou ser conivente com quaisquer atos que caracterizem negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade ou opressão”. Na Apae isso é essencial, pois são crianças especiais que demandam de muita paciência e compreensão, e uma boa ajuda psicológica e pedagógica9.

Existem aspectos importantes que devem ser considerados no desenvolvimento técnico no trabalho na Apae, como por exemplo, possuir autonomia e responsabilidade por sua atividade profissional, posicionar-se de forma fundamentada acerca de sua atuação, pontuando as possibilidades e limites percebidos. Vale ressaltar que o profissional deve pontuar seu serviço no embasamento científico, nos direitos humanos, responsabilidade social e demais preceitos éticos e técnicos da profissão. É dito ainda quanto a necessidade de supervisão técnica para o desenvolvimento das atividades propostas.

Importante frisar que há o destaque para a possibilidade de ação do profissional de Psicologia na área clínica dentro da APAE e também indica que esse trabalhador pode atuar na área educacional, ou, conforme é destacado no documento:

I – PSICOLOGIA ESCOLAR E EDUCACIONALÉ a área de atuação profissional da Psicologia referente à educação e ao processo de ensino-aprendizagem em todas as modalidades do sistema educacional e processos formativos em espaços de educação não formal. A(o) psicóloga(o) especialista em Psicologia Escolar e Educacional:a) analisa e propõe intervenções psicológicas em processos de ensino-aprendizagem, de acordo com características de docentes, discentes, normativas e materiais didáticos usados em instituições de ensino e intervenções em processos formativos em outros espaços educacionais;
b) promove, por meio de atividades específicas, o desenvolvimento cognitivo e afetivo de discentes, considerando as relações interpessoais no âmbito da instituição de ensino, da família e da comunidade;
c) contribui com a promoção dos processos de aprendizagem, buscando, juntamente com as equipes multiprofissionais, garantir o direito a inclusão de todas as crianças e adolescentes; promovendo ações voltadas à escolarização do público alvo da educação especial;
d) avalia os impactos das relações entre os segmentos do sistema de ensino no processo de ensino-aprendizagem e elabora, ouvindo professores e equipe técnica, procedimentos educacionais adequados à individualidade de discentes;
e) oferece programas de orientação e de escolha profissional;
f) trabalha de modo interdisciplinar com equipes de instituições de ensino, a fim de desenvolver, implementar e reformular currículos, projetos pedagógicos, políticas e procedimentos educacionais;
g) usa métodos, técnicas e instrumentos adequados para subsidiar a formulação e o replanejamento de planos escolares, bem como para avaliar a eficiência de programas educacionais;
h) propõe e implementa intervenções psicológicas junto às equipes das instituições de ensino, a fim de realizar os objetivos educacionais;
i) orienta programas de apoio administrativo e educacional, bem como presta serviços a agentes educacionais;
j) atua considerando e buscando promover a qualidade de vida da comunidade escolar, a partir do conhecimento psicológico.
k) atua nas ações e projetos de enfrentamento dos preconceitos e da violência na escola, orientando as equipes educacionais na promoção de ações que auxiliem na integração família, educando, escola e nas ações necessárias à superação de estigmas que comprometam o desempenho escolar dos educandos.VI – PSICOLOGIA CLÍNICAÉ a área de atuação profissional da Psicologia referente à integração de conhecimentos teóricos e métodos psicoterápicos empregados para promover a autonomia, a qualidade de vida e a saúde integral. A(o) psicóloga(o) especialista em Psicologia Clínica:a) usa métodos psicológicos para acolhimento, orientação, aconselhamento e psicoterapia de pessoas atendidas;
b) presta atendimentos psicológicos a indivíduos, casais, famílias, grupos e instituições, em contextos variados de settings psicoterapêuticos e a todas as faixas etárias, com finalidades de promoção, prevenção e tratamento de saúde mental;
c) faz anamnese detalhada a respeito de informações biográficas e experiências, formativas e constitutivas, de pessoas atendidas, de acordo com o contexto familiar, social, histórico, cultural e político;
d) oferece diagnósticos, prognósticos e tratamentos psicológicos às pessoas atendidas, conforme o contexto de sofrimentos, conflitos, transtornos psíquicos e inabilidades sociais;
e) propõe estratégias psicoterápicas para a redução e superação de problemas psicológicos;
f) desenvolve e aplica técnicas psicológicas de aquisição de autonomia, melhora da estima e qualidade de vida;
g) desenvolve atividades relacionadas ao desenvolvimento humano, a relações sociais, a transtornos globais do desenvolvimento, de humor, de personalidade, de aprendizagem e outras psicopatologias;
h) participa de programas de pesquisa, treinamento e desenvolvimento de políticas de saúde mental;
i) atua na prevenção e no tratamento de pessoas com necessidades decorrentes do uso de álcool e outras drogas10.

Podemos observar que há indicativos a respeito de como o profissional poderá atuar visto que podem ser empreendidas ações diferenciadas a partir das demandas e necessidades que são apresentadas ao profissional. A nota ressalta que independente do tipo de ação empreendido é importante que o profissional possua condições, insumos para que possa desenvolver um trabalho de qualidade. No entanto, ressalta a ação de forma escolar (social) ou terapêutica e não indica a necessidade de intervenção pautada em psicometria ou em práticas reacionárias e comuns aos primeiros profissionais que foram inseridos nesse contexto.

Assim, ainda que a nota do CRP do Paraná não seja compreendida como uma lei que deve reger a atuação dos demais profissionais, indica, como podemos ver, a importância da ação interdisciplinar e assentada em parâmetros que estão associados a área social a medida que estimulam também práticas comunitárias, coletivas visando a inclusão dos usuários atendidos pelos serviços. Essas práticas demonstram a maturação pela qual passou a Psicologia ao longo do seu desenvolvimento histórico e social na América Latina com grande incidência em relação a realidade brasileira.

Lane (2008) nos dizia, no contexto dos anos 70 e 80 no Brasil, que a prática do profissional de Psicologia deveria ser estruturada em prol da defesa dos segmentos mais vulneráveis, as minorias sociais. Nesse interim, ainda que possa ser realizada a prática de natureza clínica nesses equipamentos, a mesma não é descolada ou dissociada da noção de realidade e das questões sociais, econômicas e políticas que influenciam as questões sociais e como as pessoas com deficiência as vivenciam. Ambos autores aqui citados estabeleceram essa conexão. Por outro lado, o documento do Conselho Regional de Psicologia encontra assento nas reflexões que são apresentadas pelos autores de referência do texto.

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A APAE oferece o serviço de Psicologia como objetivo a promoção da pessoa com deficiência, desenvolvendo suas capacidades nos aspectos comportamentais, emocionais, cognitivos, sociais e culturais, dando ênfase no respeito a individualidade e favorecendo a inclusão social. Por conseguinte, a Psicologia busca, dessa forma, defender os parâmetros básicos da categoria e que estão vinculados a inserção e a inclusão social dos atendidos.

O profissional de Psicologia pode atuar no dia a dia da inclusão tanto dentro do sistema da APAE como em outros ambientes que o aluno esteja envolvido cotidianamente, criando em parceria com os educadores novas mediações com o objetivo de superar os obstáculos vivenciando diariamente pelo aluno da APAE e os demais envolvidos no contexto escolar. Pode ainda desenvolver intervenções com as famílias visando a intervenção de forma a contemplar a totalidade das demandas que lhes são apresentadas e fortalecendo o vínculo firmado entre os usuários atendidos e as famílias.

Por fim, apesar da relevância do fazer psi nessas instituições é destacado que a ação interdisciplinar, contanto com outros trabalhadores, tem se mostrado como um elemento fundamental. Assim, o trabalho multidisciplinar é indispensável para obter melhores resultados no desenvolvimento dos alunos e melhor comunicação entre os profissionais. E atrelado a tal entendimento é enfatizado que os profissionais precisam partilhar de momentos de troca, discussão e de formação continuada. Por conseguinte, esse texto se aproximou de alguns elementos que estão presentes nesse tipo de intervenção, mas estudo constante, formação contínua permitirá um maior aprofundamento acerca dessa ação desenvolvida pelo profissional de Psicologia.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

APAE, Brasil. Quem Somos? Disponível em: https://apaebrasil.org.br/conteudo/quem-somos. Acesso em: 10 de maio de 2025.

APAE, São Miguel do Oeste. Atuação da Psicologia na Educação Especial. 5 jun. 2012. Disponível em: http://apaesmo.blogspot.com/2012/06/atuacao-da-psicologia-%20na-educacao.html?m=1. Acesso em: 10 de maio de 2025.

CONSELHO REGIONAL DE PSICOLOGIA, Apae, Paraná. Guia de Orientação e Atuação de Psicólogos na Associação de Pais e Amigos Excepcionais. Disponível em: https://crppr.org.br/guia-de-orientacao-atuacao-de-psicologasos-em-associacao-de-pais-e-amigos-excepcionais-apae/. Acesso em: 11 de maio de 2025.

LANE, S. T. M. O que é psicologia social. São Paulo, Brasiliense, 2008.

Mezzomo, R. A formação e atuação do psicólogo junto à pessoa com deficiência intelectual sob o impacto da desvalorização do conhecimento. 2012. Dissertação (Mestrado em Educação- Universidade Estadual de Maringá, Maringá, 2012.

Minayo, M. C. de S.  O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 14ª edição. São Paulo: Hucitec, 2014.

STUMM, M. J., BERNARDES, A. D, ROCKENBACH, C, SCHNEIDER, E. G., & DA SILVA, G. Jessica. Terapia Cognitiva e sua aplicação em alunos da estimulação precoce da APAE de São Miguel do Oeste. Anuário Pesquisa e Extensão Unoesc São Miguel do Oeste ,2018. Disponível em: https://periodicos.unoesc.edu.br/apeusmo/article/view/16853/8868. Acesso em: 10 de maio de 2025.


1 Graduando em Psicologia pela Unip, campus Assis-SP. E-mail: [email protected]

2 Graduanda em Psicologia pela Unip, campus Assis-SP. E-mail: [email protected]

3 Graduanda em Psicologia pela Unip, campus Assis-SP. E-mail: [email protected]

4 Graduanda em Psicologia pela Unip, campus Assis-SP. E-mail: [email protected]

5 Graduando em Psicologia pela Unip, campus Assis-SP. E-mail: [email protected]

6 Graduanda em Psicologia pela Unip, campus Assis-SP. E-mail: [email protected]

7 Docente do Curso Superior de Psicologia do Instituto de Ciências Humanas da UNIP, Campus Assis. Mestre em Pedagogia e Psicologia pela Unesp de Assis, Mestre em História pela Unesp de Assis e Doutora em História pela Unesp de Assis. E-mail: [email protected]

8 Disponível em https://jornalistainclusivo.com/rapper-cadeirante-billy-saga-corpo-intruso/. Acesso: 30 set. 2025.

9 Disponível em https://crppr.org.br/orientacoes/atuacao-de-psicologasos-em-associacao-de-pais-e-amigos-excepcionais-apae/. Acesso 30 set, 2025.

10 Disponível em https://crppr.org.br/orientacoes/atuacao-de-psicologasos-em-associacao-de-pais-e-amigos-excepcionais-apae/. Acesso 30 de set 2025.