A IMPORTÂNCIA DOS CONTOS DE FADAS NO DESENVOLVIMENTO COGNITIVO E EMOCIONAL DAS CRIANÇAS NO ENSINO FUNDAMENTAL

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REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.16816232


Ângela Maria Silva de Almeida1


RESUMO
O presente estudo propõe-se a evidenciar o quão importante o conto de fadas para os alunos do Ensino Fundamental como forma de ampliar sua aprendizagem e como o professor através dessa metodologia pode adentrar na vida do aluno, ensinando e se integrando aos seus discentes. O educador ao expor uma história em sua sala de aula deve fazer com que o educando seja capaz de apreender o que está sendo ensinado, aguçando sua curiosidade, passando a experimentar novas experiências nesse novo mundo chamado imaginação. A partir do momento que as crianças passam a descobrir um novo mundo, de modo automático ela vai criando espaços, permitindo-lhe aprender de forma satisfatória para futuramente pode ser cidadãos críticos. A elaboração desse trabalho processou-se através de pesquisas bibliográficas que proporcionaram se aprofundar na temática mencionada, assim favoreceu obter alguns resultados entre eles que a Educação dentro do seu contexto tem como atribuição gerar no indivíduo o seu verdadeiro papel social, o de ser um cidadão crítico e atuante dentro da sociedade que na qual está inserida. Conclui-se que os contos de fadas são instrumentos fundamentais para os discentes da Educação Fundamental, tendo em vista que ela é um método pelo qual os discentes adentrem no mundo da leitura com maior acessibilidade e se aprofundem suas habilidades de leitura e escrita.
Palavras-chave: Educação. Contos. Reflexão. Ensino. Aprendizagem.

ABSTRACT
This study aims to highlight how important fairy tales are for elementary school students as a way to expand their learning and how teachers can enter into students' lives through this methodology, teaching and integrating with their students. When teaching a story in the classroom, educators should make sure that students are able to grasp what is being taught, arousing their curiosity and allowing them to try new experiences in this new world called imagination. From the moment children begin to discover a new world, they automatically create new spaces, allowing them to learn satisfactorily so that they can become critical citizens in the future. This work was developed through bibliographical research that allowed us to delve deeper into the aforementioned theme, thus favoring the achievement of some results, among them that Education within its context has the task of generating in the individual their true social role, that of being a critical and active citizen within the society in which they are inserted. It is concluded that fairy tales are fundamental instruments for students in Elementary Education, considering that it is a method through which students enter the world of reading with greater accessibility and deepen their reading and writing skills.
Keywords: Education. Stories. Reflection. Teaching. Learning.

1 INTRODUÇÃO

O processo de ensino de aprendizagem é a união das teorias e práticas educacionais que tem como objetivo proporcionar a aquisição de conhecimentos. Aquisição essa oriunda do docente para o discente e que ocorre mediante a postura do professor e os recursos por ele utilizados.

A problemática desse trabalho se faz por meio da análise do uso de contos de fadas para o desenvolvimento cognitivo e emocional dos alunos do ensino fundamental, refletindo acerca da importância deles para despertar nos discentes curiosidades, desencadeando o seu lado imaginário, a construção de ideias, servindo como quebra de barreiras para o ensino aprendizagem desses alunos.

Destarte a isso, os objetivos que formam esse estudo é saber de que forma esses contos retratam situações vivenciadas por esses alunos, como eles podem ajudar o lado imaginário e contribuir ativamente na construção da aprendizagem.

Fazer com que uma criança escute uma história é muito importante porque será através da narração dessa que a criança vai construir os seus conhecimentos iniciais e depois se aprofundar neles. Uma das atividades pedagógicas de essencial importância na construção de conhecimentos é o ato de relatar histórias. Quando o professor conta histórias às suas crianças ele trabalha a emoção, a socialização, a educação, promovendo assim a cognição dos alunos.

Além de trabalhar o lado emocional, o conto de fadas também trabalha a ludicidade, a criação das percepções cognitivas, gerando assim elementos para a imaginação. O ensino aprendizado pode ocorrer de várias formas, mas as principais são o uso da ludicidade e a contação de histórias.

Habitualmente a narração de contos de fadas pode ser considerada um excepcional dispositivo de trabalho para o educador, um novo acesso para a aprendizagem do educando e de modo consequente, formar alunos leitores e críticos.

E partindo desse pressuposto, questiona-se: como o professor da Educação Fundamental pode trabalhar os contos de fadas em sua sala de aula, despertando nos alunos, a imaginação, o lado criativo e cognitivo, o gosto pela leitura que de certo modo influência a emoção?

Objetiva-se neste artigo manifestar a importância e a vantagem de se realizar contos de fadas nessa etapa da educação de forma a contribuir com o desenvolvimento educacional dos alunos.

Para isso foi preciso se utilizar da pesquisa bibliográfica tendo como foco de atenção vários livros de literatura que foram os pontos chaves para a realização desta análise.

Aponta-se nesse trabalho a relevância dos contos de fadas para ser utilizados como estratégias que podem influenciar positivamente na aprendizagem e buscando dentro da Base Nacional Comum Curricular identificar as prováveis habilidades que o educador deve ter ao lhe narrar e influenciar seus alunos.

2 DESENVOLVIMENTO

Nos tempos remotos, a narrativa oral era considerada inferior à escrita. Mesmo assim, as pessoas se reuniam ao redor do fogo, para contar lendas e histórias e divulgar sua cultura e costumes. Reunir para ouvir histórias era atividade de gente simples, o que explica por que as práticas foram rejeitadas pela sociedade por tanto tempo. Essas lendas e histórias eram histórias nascidas do imaginário popular, parte da memória coletiva, e dirigidas a ouvintes, adultos e crianças analfabetas.

Conforme Tahan Malba (1966, p.24) “até os nossos dias, todos os povos civilizados ou não, tem usado a história como veículo de verdades eternas, como meio de conservação de suas tradições, ou da difusão de idéias novas.”, visto que o homem achou essa história não apenas interessante, mas também despertando admiração e passou a utilizá-la para conquistar o público por meio da alegria que suas histórias lhe traziam.

Cada ser vivo existente no mundo possui um ciclo de vida que se inicia ao nascer, percorre nas ações do crescer, envelhecer e morrer, ciclos envoltos em três fases da vida: infância, adolescência, adulta e velhice. Das fases mencionadas a que mais chama atenção e que é considerado um misto de encanto e magia é a infância.

Um dos grandes desafios dos professores da educação básica é ensinar a leitura para os alunos, mas ensinar não só a decifrar códigos, e sim a ter o hábito de ler. Seja por prazer, seja para estudar ou para se informar, a prática da leitura aprimora o vocabulário e dinamiza o raciocínio e a interpretação. Infelizmente, com o avanço das tecnologias do mundo moderno, cada vez menos as pessoas interessam-se pela leitura (BATISTA, 2019, p. 27).

Visto que a educação quando relacionada a leitura, de um modo em geral tem como função criar no ser humano o verdadeiro papel social que ele deve ter, perpassando de seu imaginário para o mundo real, cabendo a escola a responsabilidade de mostrar esta diferença na criança para que ela leve adiante, fortalecendo suas ideias educacionais e ao mesmo tempo respeitando as particularidades de cada sujeito que está em desenvolvimento.

Assim, observa-se que:

Trabalhar a Literatura Infantil nas séries iniciais é um verdadeiro jogo de imaginação e de linguagens diferentes. As crianças ficam fascinadas ao ouvir cada história, cada conto, cada fábula. Quando ouvem, reproduzem ou inventam suas próprias histórias despertando em si um potencial extraordinário, contribuindo para o seu desenvolvimento cognitivo e enriquecendo as suas próprias experiências (DOS SANTOS; DE SANTANA; DE SANTANA OLIVEIRA, 2016)

Como crianças com autismo tende a se movimentar muito, então a Literatura Infantil chama a atenção deles para o foco central da história, as deixando fascinadas e assim sentem-se motivadas a aprender a história, estimulando seus raciocínios, pois vão criar suas próprias histórias, mesclando com a sua aprendizagem.

Deve ser mencionando também a finalidade da educação infantil, a qual Oliveira et. al (2018, p. 02) indagam que é:

A finalidade da educação infantil, além de proporcionar novas aprendizagens, é enriquecer os âmbitos de experiência da criança, partindo dos mais diversos recursos disponíveis utilizando-os para a promoção de experiências sensíveis a sua faixa etária. A criança chega à escola com uma diversidade de conhecimentos e habilidades prévias constituídos no seu contexto social e familiar que devem ser vistos e ampliados. Ressaltamos que mesmo antes de chegar ao ambiente de educação institucional, a criança já é reconhecida como sujeito cultural com habilidades e conhecimento.

A Lei de Diretrizes e Bases (LDB, 1996), documento considerada a Bíblia da Educação enfatiza que ao colocar a educação infantil como a primeira etapa da educação básica, as modalidades da creche e pré-escola passaram a ficar visíveis nos documentos escritos e com o principal objetivo de cuidar e educar.

As novas funções para a educação infantil devem estar associadas a padrões de qualidade. Essa qualidade advém de concepções de desenvolvimento que consideram as crianças nos seus contextos sociais, ambientais, culturais e, mais concretamente, nas interações e práticas sociais que lhes fornecem elementos relacionados às mais diversas linguagens e ao contato com os mais variados conhecimentos para a construção de uma identidade autônoma. (BRASIL, 1998)

Dessa forma, deve reforçar uma atenção especial ao fato de que para que haja uma melhor execução das atividades na Educação Fundamental, há a necessidade de profissionais qualificados e instruídos para que realmente haja uma educação de qualidade, de tal forma que esses profissionais exerçam suas funções de forma responsável e autêntica.

A Educação dentro do seu contexto tem como atribuição gerar no indivíduo o seu verdadeiro papel social, o de ser um cidadão crítico e atuante dentro da sociedade que na qual está inserida. Essa função social é de responsabilidade das instituições escolares que através de seus ensinamentos expressam os mais diversos conhecimentos, fortalecendo-as e ao mesmo tempo respeitando as particularidades de cada sujeito que está em desenvolvimento.

Além disso, a literatura oral pode ser tratada de diferentes maneiras dentro da sala de aula, por exemplo, de forma interdisciplinar, assim é visto por Abramovich (1995, p.17) que: “é através duma história que se podem descobrir outros lugares, outros tempos, outros jeitos de agir e ser, outra ética, outra ótica. É ficar sabendo história, geografia, filosofia, sociologia, sem precisar saber o nome disso tudo e muito menos achar que tem cara de aula.”

Seja qual for o momento da vida de um indivíduo, certamente em algum momento ele foi narrador ou um mero expectador em um momento de contação de histórias e contos populares, já que esse tipo de contação de história existe desde o momento que o ser humano adquiriu o hábito de falar.

Assim, quaisquer pessoas inseridas em uma comunidade tem uma história para contar, tendo em vista que as pessoas em si são personagens na história da vida do outro, já que são as vivências que facilitam as convivências.

A contação de histórias é atividade própria de incentivo à imaginação e o trânsito entre o fictício e o real. Ao preparar uma história para ser contada, tomamos a experiência do narrador e de cada personagem como nossa e ampliamos nossa experiência vivencial por meio da narrativa do autor. Os fatos, as cenas e os contextos são do plano do imaginário, mas os sentimentos e as emoções transcendem a ficção e se materializam na vida real (RODRIGUES, 2005, p. 4).

Na infância, o relato de histórias expande a aquisição dos mais diversos conhecimentos e experiências das crianças, gerando a criatividade e a imaginação e de modo particular o interesse pela leitura.

A contação de histórias está ligada diretamente ao imaginário infantil. O uso dessa ferramenta incentiva não somente a imaginação, mas também o gosto e o hábito da leitura; a ampliação do vocabulário, da narrativa e de sua cultura; o conjunto de elementos referenciais que proporcionarão o desenvolvimento do consciente e subconsciente infantil, a relação entre o espaço íntimo do indivíduo (mundo interno) com o mundo social (mundo externo), resultando na formação de sua personalidade, seus valores e suas crenças. (MATEUS, et. al. 2013. p. 56-57)

O ato de contar histórias é extremamente importante no desenvolvimento da aprendizagem desde o momento que a criança se senta e passa a ouvir as histórias até o momento que ela capta as principais informações acerca dessa história, incentivando-os a ser curiosos, atiçando a imaginação de cada um. (ABRAMOVICH, 1989, p. 45).

Para Mateus et. al (2013. p. 57):

A reformulação da literatura infantil foi de extrema importância para que a sua função social e individual pudesse respeitar as especificidades e necessidades da intencionalidade que a história possui e quer transmitir para a criança. Além, é claro, da adequação condizente com a faixa etária.

É importante salientar que na Educação Fundamental o conto de fadas é de responsabilidade do professor, tendo em vista que tais histórias quando bem direcionadas e interpretadas podem ensinar, instruir e divertir os discentes. Assim, elas podem querer de forma sábia se aventurar, descobrir novos caminhos e esse contato inicial do livro com o estudante deve ser uma ação atuante e significativa para que essa ação possa ser levada por toda a sua vida.

Apesar de ser uma citação antiga, porém ainda é bastante atual as palavras de

Tahan Malba (1966, p. 142) ao se referenciar sobre “as narrativas de casos e contos podem ser aproveitadas em todas as atividades. Através dessas narrativas podem ser ministradas aulas de Linguagem, Matemática, Educação Física, com o máximo de interesse e maior eficiência”, dando como exemplo o escritor Monteiro Lobato que mostrou para a sociedade que cálculos numéricos podem ser apreendidos de forma histórica.

Conforme essas assimilações e ludicidade, essas possibilidades apelam ao interior de cada criança e possibilitam atividades educativas repletas de significado e engajamento, tornando o processo de aprendizagem mais interativo, instigante e estimulante.

Através dos contos de fada, o professor faz um convite para que o discente passe a frequentar um mundo novo, mundo esse especial. De acordo com Gillig (1999, p. 19): “a narração de história de contos infantis permite a criança fazer uma viagem onde a imaginação abre várias portas e que nessa viagem imaginária ele sinta prazer e o desejo pudessem encontrar sua fonte de renovação”. Pois, como afirmado por Villardi (1997, p. 02) que “para formar grandes leitores, leitores críticos, não basta ensinar a ler. É preciso ensinar a gostar de ler. [...] com prazer, isto é possível, e mais fácil do que parece.”.

O objetivo do conto de fadas é o de impulsionar o estudante a criar o hábito de ler, escrever e posteriormente outras ações como brincar, imaginar, de modo que ela venha a sentir um leque variado de emoções como alegria, tristeza, entre tantas outras sensações como meio de se controlar na sua vivência diária.

“E o responsável por esse impulso é a figura do professor, já que é nas mãos do professor que ele terá esse conhecimento inicial, dando sentido a os milhares turbilhões de sentimentos que a contação de histórias possa ter.” (BETTELHEIM, 2009, p.13).

A partir do momento que o aprendiz é direcionado a esse novo mundo, cabe ao professor incentivá-los a gostar de ouvir e ler histórias, contribuindo assim para que ele futuramente seja um adulto dessemelhante.

... ao se contar uma história, percorre-se um caminho absolutamente infinito de descobertas e compreensão do mundo. As histórias despertam no ouvinte a imaginação, a emoção e o fascínio da escrita e da leitura. Afinal, contar histórias é revelar segredos, é seduzir o ouvinte e convidá-lo a se apaixonar... pela história... pela leitura. A contação de história é fonte inesgotável de prazer, conhecimento e emoção, em que o lúdico e o prazer são eixos condutores no estímulo à leitura e à formação de alunos leitores. (MATEUS, et. al. 2013. p. 56-57)

Sendo o conto de fadas uma ferramenta pedagógica importante para o ensino aprendizado, entende-se que a narração de histórias é uma ação lúdica, de cunho artístico e uma ferramenta pedagógica de alta complexidade que está em alcance do professor, sendo um dos importantes instrumentos de trabalho para esse e um artifício importante para a aprendizagem do educando. Pois, é através desse recurso que o discente junto com o aluno acaba viajando no tempo, construindo assim um apanhado de informações, sendo o livro naquele momento um instrumento informativo. (ABRAMOVICH, 1989).

É através dessa contação que o aluno é apresentado a esse ambiente novo, cheio de segmentações. É nesse momento lúdico que o aluno da “sai” de si e sente-se como personagem principal.

Para que a história realmente prenda a atenção da criança, deve entretê-la e despertar a sua curiosidade. Contudo, para enriquecer a sua vida, deve estimular-lhe a imaginação: ajudá-la a desenvolver seu intelecto e a tornar claras suas emoções; estar em harmonia com suas ansiedades e aspirações; reconhecer plenamente suas dificuldades e, ao mesmo tempo, sugerir soluções para os problemas que a perturbam. (BETTELHEIM, 2009, p.11)

Ouvir histórias é uma maneira significativa, através da figura do professor é direcionada ao processo de ensino aprendizagem para que posteriormente possam ser bons leitores e ouvintes, e uma forma eficaz de vencer os obstáculos impostos por alguma dificuldade de aprendizagem.

Para Coelho (1999, p. 38), “quando o professor termina de contar uma história, ela necessariamente não se encerra ali, pelo contrário ela tem continuidade na mente da criança como resultado de sua imaginação.”, por isso é uma ótima ferramenta pedagógica para instigar o pensamento do aluno e desenvolver a capacidade de interpretar e compreender os mais diversos textos.

O interessante dentro desse contexto é a premissa de que a contação de contos de fadas além de ser uma atividade recreativa, ela reforça a importância da socialização e as novas formas de aprender. Visto que “se, adquirindo o hábito da leitura, a criança passa a escrever melhor e a dispor de um repertório mais amplo de informações, a principal função que a literatura cumpre junto a seu leitor é a apresentação de novas possibilidades existenciais, sociais, políticas e educacionais.”. (Cademartori, 1986, p.19-20)

Cadematori (1986) instiga ainda afirmando que o hábito da leitura é algo que deve ser apresentado à criança ainda mesmo na Educação Infantil e consolidado por toda a Educação Fundamental, de modo a ampliar seus conhecimentos, a escrever melhor. Assim, cabe à literatura expor a seus ouvintes as mais diversas possibilidades de aprendizagem, ainda mais quando se está tratando de aluno com alguma especialidade psicológica ou de aprendizagem.

Quando o professor de modo singelo ler para suas crianças, ele mostra a elas através de imagens, da entonação de voz que lá fora tem um mundo diferente, ajudando-as a adentrar nesse mundo sem medo. Por isso, a figura do professor é de extrema importância, pois são eles os principais incentivadores delas para vencer os seus desafios. (GILLIG, 1999, p. 42).

Um dos grandes segredos de um bom contador de histórias é ler muito e os mais diversos textos, saber gerenciar o tempo e principalmente se envolver com a história. O professor tem em suas mãos a grande responsabilidade de criar um vínculo educativo entre o estudante e a leitura, embasado numa cumplicidade entre as letras e o mundo do adolescente.

Neste sentido, ressalta-se que:

A ação de contar histórias deve ser utilizada dentro do espaço escolar, não somente com seu caráter lúdico, muitas vezes exercitado em momentos estanques da prática, como à hora do conto ou da leitura, mas adentrar a sala de aula, como metodologia que enriquece a prática docente, ao mesmo tempo em que promove conhecimentos e aprendizagens múltiplas (MATEUS et. al, 2013, p.66).

A cumplicidade entre o estudante e o livro deve ser um trabalho contínuo, fortificador e em nenhum momento algo mecânico, repetitivo ou sem emoção.

Segundo Abramovich (1989, p.18):

Para contar uma história – seja qual for – é bom saber como se faz. Afinal, nela se descobrem palavras novas, se entra em contato com a música e com a sonoridade das frases, dos nomes... Se capta o ritmo, a cadência do conto, fluindo como uma canção... Ou se brinca com a melodia dos versos, com o acerto das rimas, com o jogo das palavras... Contar histórias é uma arte... e tão linda!!! É ela que equilibra o que é ouvido com o que é sentido, e por isso não é nem remotamente declaração ou teatro... Ela é o uso simples e harmônico da voz.

Boa narrativa é aquela que contém originalidade, doses de surpresas, cenas cheias de emoção, palavras expressivas e claras, grandes emoções dentro do seu contexto. O docente deve dar a história que está contando naquele instante, as mais diversas sensações, os mais diversos tipos de emoções. Cunha (2002, p. 13) reforça que “[...] o elemento referencial está na base de toda comunicação. O significado de muitas de suas expressões, dados geográficos, ou histórias, ou outras informações extraídas da realidade, além da questão concretíssima [...]”.

É uma ação que não pode ser feita de qualquer jeito, de maneira aleatória, pois caso contrário, o aprendiz se desencanta, passa a mostrar desinteresse nas aulas e consequentemente não sente mais interesse nesses momentos lúdicos.

De acordo com o escritor Coelho (1999), outro componente predominante na contação de histórias é o fato de o professor ter conhecimentos predominantes e essenciais a cada faixa etária, já que cada uma tem suas próprias caracterizações.

Cada faixa etária tem suas particularidades e envolvem ações e situações divergentes umas das outras, onde cabe a figura do professor ampliar, explorar e transformar o que é necessário.

Na hora da contação dos contos, o educador deve ter a capacidade de criar situações alegres, momentos descontraídos, onde a atenção da criança seja direcionada para aquele instante e a narrativa naquele momento seja bem aceita por a turma.

Por conseguinte, ao narrar uma história o educador deve dominar o enredo dela ou do conto, abraçando o tema, vestindo a história e injetar nela os mais diversos tipos de emoções. Outro elemento essencial na contação de história é a voz, que deve ser agradabilíssima e que vá ganhando vida de acordo com o enredo e o personagem.

Coelho (1999, p.21) afirma que, “estudar uma história é, em primeiro lugar, divertir se com ela, captar a mensagem que nela está implícita e, em seguida, após algumas leituras, identificar os elementos essenciais”.

A linguagem para a contação dos contos na Educação Fundamental deve ser abordável, simples e estritamente do vocabulário do estudante, de modo a garantir momentos agradáveis, uma narrativa interessante e capaz de despertar naquele momento a imaginação e a curiosidade.

Outro recurso que aliado com a linguagem é essencial na contação de histórias é o olhar, tão importante quanto ao falar, porém é considerada a principal conexão presente nas histórias.

Dispõe-se dessa forma a importância das expressões que devem circundar em relação ao olhar do professor na hora que ele está contando a história em sua sala de aula; indiferença, meiguice, orgulho, etc.

O olhar significa tanto que sua importância não data de hoje, e sim de tempos remotos. Garcia et al. (2003) detalha que no tempo das gerações passadas, a comunicação ocorria mediante um simples olhar que eles faziam para com seus filhos, ou seja, bastava um olhar mais forte e já se sabia o que eles queriam dizer, ele complementa que, infelizmente o olhar é algo isolado na comunicação.

Ainda segundo Garcia, et.al. (2003, p 39), “não há descomedimento nenhum em enunciar o quanto uma história bem contada faz bem a criança, marcando – lhe profundamente a alma da criança que está ouvindo a narrativa¨.

Observa-se que no iniciar dos contos de fadas, professor geralmente usa termos como “Era uma vez...”, “Certa vez...”, fazendo pausas leves e enfáticas, dando vida a personagens fantásticos.

Há um verdadeiro tesouro de histórias que abre as portas do imaginário, fazendo com que o aprendizado seja um momento rico e prazeroso. Enfim, quando aprendemos por intermédio das histórias, nunca nos esquecemos, pois esse é um aprendizado que dura para sempre (GARCIA, et.al. 2003, p.10).

O educador sempre necessita pensar, refletir sobre a questão do explorar histórias, criar espaços e calcular tempos para que as atividades possam ser realizadas de modo a permitir a promoção e evolução integral do estudante.

Nos livros temos uma das formas de entender a realidade, uma vez que eles estimulam e desenvolvem em nós uma espécie de diálogo com raciocínio (por meio do refletir); com a inteligência (por meio do aprender) e com nossas emoções e sentimento (por meio de seus personagens) (GALLO, 2000, p. 54).

Porém, é necessário que o professo saiba abordar os livros que serão trabalhados em sala de aula e saber quais as finalidades que as histórias carregam consigo e analisar se elas são de importância para os seus alunos.

Abramovich (1929, p. 16) reforça que “é importante para a formação de qualquer criança ouvir muitas histórias. Escutá-las é o início da aprendizagem para ser um bom leitor, e ser leitor é ter um caminho absolutamente infinito de descoberta e compreensão do mundo”. É de suma importância e não somente em sala de aula, mas também os pais adotarem a prática de contar histórias para seu filho, de forma a encaminhá-los ao mundo da leitura e desenvolvendo nele um comportamento leitor.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Sendo as instituições escolares um local com as mais diversas responsabilidades sociais cabe a elas gerarem condições essenciais que viabilizem a reconstrução e construção do processo educacional em sua totalidade.

E nesse processo educacional, uma ação não deve ser deixada de lado e muito menos um objetivo concreto nas mãos dos professores: a contação de histórias. Ao exercer o conto de fadas propicia aos alunos momentos de felicidade, de sonho, já que contribuirá ativamente na aprendizagem escolar deles.

O desenvolvimento do aluno nos seus mais diversos aspectos dá-se através de atividades que envolvem os mais diversos aspectos: psicológico, social, moral, cognitivo, entre outros.

As atividades que envolvem a contação de história na Educação Infantil além de envolver o lúdico, também reverencia a imaginação, etapas essas que fazem parte do processo de desenvolvimento e aprendizagem.

A pesquisa revelou que ao fazer da contação de histórias um momento único automaticamente vai estimulando sua imaginação, seus pensamentos, seu raciocínio, além de adentrar e conhecer um pouco melhor a sua vida social e emocional.

Quando são apresentadas novas situações para as crianças a partir de uma informação na qual elas já estejam habituadas, os conteúdos escolares ficam bem mais fáceis e próximos de suas realidades, tornando a aprendizagem prazerosa e satisfatória.

O professor ao compreender a importância dessa ferramenta metodológica, com o passar do tempo, notará que suas aulas serão rentáveis e que aliados ao seu trabalho, futuramente obterão os resultados esperados de seus alunos.

O educador sempre necessita pensar, refletir sobre a questão do explorar histórias, criar espaços e calcular tempos para que as atividades possam ser realizadas de modo a permitir a promoção e evolução integral do aluno.

Assim, foi visto que a realização dos contos de fadas é um mecanismo de grande potencialidade que deve ser usado constantemente pelo professor como forma de educar e também despertá-las para criar, imaginar mais ações e principalmente desenvolver o gosto da leitura.

A realização desse trabalho possibilitou a fortificação da percepção relacionada à contação de histórias onde com essa ferramenta em mãos o educador torna mais significativo a aprendizagem dos alunos.

Quando o educador de um modo especial utiliza os momentos lúdicos das histórias infantis para prender a sua atenção, na realidade ele está viabilizando situações que façam a criança pensar, entender o que está se passando naquele momento e dos fatos que as contorna.

Indiscutivelmente a criança na Educação Infantil deve ser despertada em todos os momentos que estiver em sala de aula para observar os detalhes da história, deixando-as curiosa, dinâmica e consequentemente aprendendo de maneira instigante e considerável por todo o Ensino Fundamental.

E dessa forma será através da contação de histórias que a criança vai entender e conhecer os mais diversos tipos de sentimentos como tranquilidade, tristeza, alegria com certa abrangência e significância mediante o enredo da história.

O educador que faz uso da contação de história como artifício em sua sala de aula com certeza desperta o imaginário dos discentes, propiciando o desenvolvimento das capacidades cognitivas.

Assim, foi constatado que os contos de fadas contribui satisfatoriamente para o desenvolvimento e aprendizagem dos estudantes.

Espera-se através dessa pesquisa despertar nos professores e educadores de um interesse maior pôr a contação de histórias em sua sala de aula, tornando-se assim investigadores de novas descobertas e conhecimentos que conduzem a uma forma atraente e significativa de ensinar e aprender.

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1 Graduada em Economia pela Universidade Estadual de Anápolis (UNIANA), em Letras: Português e Inglês pela UniEvangélica, especialista em Educação Inclusiva, A Ludicidade e a Pedagogia do Brincar, Alfabetização e Letramento pela FAMEESP, Docência no Ensino de Língua e Literatura – UnUCSEH/Anápolis. [email protected]