A IMPORTÂNCIA DA TELEMEDICINA NO ACESSO À SAÚDE EM REGIÕES REMOTAS
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REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.14676387
Ítalo Carneiro de Oliveira
Alekssandra Jasiunas Froio
Andrio Correa Barros
Isabela Formiga Nogueira
Thais Gisele Bastos Gonçalves
Karla Regina Dias de Oliveira
Maria Inez de Santana
RESUMO
A telemedicina tem se destacado como uma ferramenta fundamental para melhorar o acesso à saúde em regiões remotas, especialmente em um país como o Brasil, onde muitas comunidades enfrentam dificuldades de infraestrutura e escassez de profissionais médicos. Este artigo tem como objetivo analisar a importância da telemedicina na acessibilidade aos cuidados de saúde em áreas isoladas, destacando sua evolução, os desafios enfrentados em sua implementação e os benefícios que proporciona. A metodologia adotada foi uma revisão sistemática da literatura, utilizando bases de dados como SCIELO, PubMed e Google Acadêmico, com a inclusão de estudos publicados entre 2015 e 2025 que abordam a telemedicina em áreas remotas. A pesquisa revelou que, embora a telemedicina ofereça avanços significativos, como a descentralização do atendimento e a redução de custos, ainda há desafios relacionados à infraestrutura tecnológica, à relação médico-paciente e à adaptação cultural em regiões afastadas. A conclusão aponta para a necessidade de investimentos contínuos em tecnologia, além de políticas públicas que garantam a expansão da prática, visando à redução das desigualdades no acesso à saúde e a promoção de uma assistência médica mais equitativa e eficiente.
Palavras-chave: Telemedicina. Acesso à saúde. Regiões remotas. Saúde pública. SUS.
ABSTRACT
Telemedicine has emerged as a crucial tool to improve healthcare access in remote areas, particularly in countries like Brazil, where many communities struggle with infrastructure limitations and shortages of medical professionals. This article aims to analyze the importance of telemedicine in accessing healthcare in isolated regions, highlighting its evolution, the challenges in its implementation, and the benefits it offers. The methodology employed was a systematic literature review, using databases such as SCIELO, PubMed, and Google Scholar, with the inclusion of studies published between 2015 and 2025 that focus on telemedicine in remote areas. The research revealed that although telemedicine offers significant advances, such as decentralizing care and reducing costs, challenges still exist concerning technological infrastructure, doctor-patient relationships, and cultural adaptation in remote regions. The conclusion emphasizes the need for continuous investment in technology, as well as public policies that ensure the expansion of telemedicine, aiming to reduce healthcare access inequalities and promote more equitable and efficient medical care.
Keywords: Telemedicine. Healthcare access. Remote regions. Public health. SUS.
INTRODUÇÃO
A telemedicina tem se tornado uma ferramenta essencial no cuidado integral a saúde, no que tange a acessibilidade de acesso, para as pessoas que moram em áreas remotas e de difícil acesso. As disparidades no acesso à saúde têm sido um desafio enfrentado globalmente por milhões de pessoas que residem em áreas rurais e isoladas, onde a infraestrutura de saúde é limitada e há escassez de profissionais qualificados. A telemedicina, inicialmente implementada pandemia por COVID-19, apresentou-se como uma ferramenta que pode facilitar a conexão de pacientes e médicos (MALDONADO, 2016)
Com o uso de aparelhos conectados a internet, a telemedicina permite uma variedade de serviços, desde consultas simples até o monitoramento de condições crônicas e o acompanhamento de tratamentos. Ela não apenas garante fácil acesso aos cuidados de saúde, mas também possibilita a continuidade do cuidado, essencial para o tratamento adequado de doenças. Pacientes que antes precisavam viajar longas horas para consultar médicos sobre doenças leves agora podem receber diagnósticos no conforto de suas casas, reduzindo assim o estresse e os custos relacionados a viagens. Além disso, a telemedicina pode expandir o acesso a subespecialidades e serviços especializados que sempre foram concentrados em áreas urbanas. Subespecializas podem realizar consultas por vídeo com pacientes em áreas remotas, garantindo que todos tenham acesso a diagnósticos e tratamentos de qualidade (SANTOS, eat al. 2020).
A chegada da telemedicina ao Sistema Único de Saúde representou um grande avanço para a democratização do acesso à saúde no Brasil. Implementada pela instrução normativa do Ministério da Saúde em 2002, a prática começou como uma ferramenta de apoio, permitindo que médicos de áreas remotas entrassem em contato com especialistas dos grandes centros por meio da Rede Universitária de Telemedicina, ou RUTE. Com o tempo, e especialmente com o recente impacto da pandemia da COVID-19, a telemedicina expandiu-se para consultas entre profissionais e pacientes, bem como programas como o Telessaúde Brasil Redes, que oferece apoio técnico e contínuo aos profissionais do SUS (KUR, 2023).
OBJETIVOS:
OBJETIVO GERAL: Analisar a importância da telemedicina na acessibilidade do acesso a saúde em regiões remotas.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
Investigar o histórico e a evolução da telemedicina como ferramenta de assistência médica à distância.
Identificar os desafios pertinentes a implantação da Teles saúde no SUS.
METODOLOGIA:
Este trabalho consiste em uma revisão sistemática de literatura, desenvolvida com o objetivo de analisar a importância da telemedicina no acesso à saúde em regiões remotas. A pesquisa foi realizada com base em diretrizes metodológicas rigorosas, buscando garantir transparência na seleção e análise dos estudos incluídos, seguindo as diretrizes estabelecidas pelo protocolo PRISMA (Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses).
Para a coleta de dados, foram utilizadas as principais plataformas de divulgação científica, incluindo SCIELO, PubMed e Google Acadêmico, a pesquisa se deu com os seguintes descritores “telemedicina’, “acesso a saúde”, “áreas remotas, “medicina”, conectados através dos descritores boolenos AND e OR. Após uma triagem inicial, 85 artigos foram identificados. Destes, 17 atenderam aos critérios de inclusão e foram analisados de forma detalhada.
Os critérios de inclusão consideraram: artigos publicados entre os anos de 2015 e 2025, textos disponíveis integralmente, em português, inglês ou espanhol; e estudos que abordassem diretamente o impacto da telemedicina em regiões remotas ou o contexto de sua implementação em sistemas de saúde.
Os critérios de exclusão envolveram: artigos duplicados entre as plataformas consultadas; estudos com enfoque exclusivamente técnico, sem relação direta com o acesso à saúde; e publicações com qualidade metodológica insuficiente, como revisões sem fundamentação científica clara ou sem descrição dos métodos aplicados.
A seleção dos artigos foi realizada em três etapas. Inicialmente, foi feita uma triagem pelos títulos e resumos para identificar a relevância inicial. Na etapa seguinte, os textos completos dos estudos pré-selecionados foram analisados detalhadamente para verificar o alinhamento com os objetivos do trabalho.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Ao integrar saúde e tecnologia, a telemedicina tem otimizado práticas médicas em várias regiões do Brasil. Além de permitir o acesso a comunidades com infraestrutura de saúde limitada, essa tecnologia revoluciona a medicina ao promover a descentralização da assistência. Ela possibilita que pacientes interajam com profissionais de saúde em ocasiões variadas e locais diversos, adaptando-se às suas necessidades específicas (MALDONADO, 2016).
Embora a telessaúde tenha tido um início restrito, operando principalmente em hospitais universitários e laboratórios clínicos, o crescimento acelerado nos últimos anos evidenciou a necessidade de modernizar as estruturas de saúde. Essa modernização é essencial para garantir maior eficiência no atendimento e ampliar o alcance das práticas médicas para populações mais vulneráveis (GONÇALVES, 2024).
A regulamentação da telessaúde pelo Sistema Único de Saúde (SUS) foi um avanço significativo no Brasil. O programa Telessaúde Brasil Redes, por exemplo, fornece suporte técnico, orientações diagnósticas e treinamentos regulares para médicos que atendem comunidades em áreas remotas. Especialmente útil no tratamento de doenças crônicas, como diabetes e hipertensão, a telemedicina possibilita o monitoramento à distância, reduzindo custos e evitando deslocamentos desnecessários (LUZ, 2019).
No entanto, apesar dos benefícios evidentes, a telemedicina apresenta desafios significativos. Um dos principais é a relação médico-paciente, que tradicionalmente se baseia no contato humano e na presença física do médico. A interação virtual, mediada por telas, muitas vezes priva o atendimento de elementos sutis da comunicação, como empatia e atenção humanizada, essenciais para um cuidado eficiente e acolhedor. Essa ausência pode impactar a confiança, principalmente em casos que demandam maior sensibilidade no tratamento (GONÇALVES, 2024).
Outro desafio importante é a infraestrutura tecnológica. Enquanto as áreas urbanas contam com boa conectividade e equipamentos de alta qualidade, regiões rurais enfrentam dificuldades, como acesso limitado à internet e falta de dispositivos adequados. Além disso, a falta de integração entre os programas existentes de telemedicina requer maior coordenação e investimentos por parte de entidades públicas e privadas para que a prática se torne mais acessível e funcional (BELBER, 2021)
Consequentemente, a telemedicina é uma inovação promissora, mas também desafiadora. Desde que os obstáculos enfrentados pela prática sejam combatidos e resolvidos, ela poderá se tornar muito mais eficiente, útil e inclusiva. Com isso, será possível atender às demandas esperadas pela população brasileira e contribuir para um sistema de saúde mais justo e moderno.
CONCLUSÃO:
Essa abordagem não só facilita a manutenção de uma vida saudável para os indivíduos, mas também contribui significativamente para a saúde pública, permitindo intervenções precoces e prevenindo complicações. Contudo, os desafios da telemedicina vão além da privacidade e segurança dos dados. A infraestrutura tecnológica inadequada, a falta de habilidades em programação, a conectividade limitada e a baixa qualidade da internet em muitas regiões remotas ainda representam obstáculos importantes. Além disso, a cultura local pode, por vezes, dificultar a adoção de novas tecnologias, impactando diretamente a eficácia dos serviços de saúde à distância.
À medida que os governos buscam maximizar a participação e garantir oportunidades igualitárias, é fundamental que iniciativas públicas e privadas garantam o acesso universal a dispositivos e a uma internet de qualidade. No contexto das regiões remotas, a telemedicina tem o potencial de transformar a forma como o atendimento médico é prestado, promovendo a equidade e melhorando a qualidade de vida, especialmente para as populações em situação de vulnerabilidade social. Através de uma análise de estudos de caso, fica evidente como essa tecnologia pode superar barreiras geográficas e sociais, garantindo que mais pessoas tenham acesso a cuidados médicos de qualidade.
Por fim, é essencial que políticas públicas sejam formuladas para superar os desafios mencionados, garantindo um acesso mais amplo e eficiente à telemedicina. A eliminação das desigualdades no acesso à saúde exige a superação de obstáculos tecnológicos, culturais e estruturais, de modo a assegurar que todos, independentemente de sua localização ou condição social, tenham direito ao cuidado adequado e igualitário.
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