A GESTÃO DE QUALIDADE NO CONTEXTO EDUCACIONAL E SUA IMPLEMENTAÇÃO NO PLANEJAMENTO
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REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11070343
Lucinéia Ambrosim1
RESUMO
Este paper teve como ponto de partida a gestão de qualidade no contexto educacional, sob a perspectiva democrática como foco do estudo, portanto, o objetivo foi compreender como a gestão democrática influencia a qualidade da educação, explorando desafios e possibilidades. O que é relevante porque visa promover uma gestão participativa para melhorar práticas educacionais, superando antigas dificuldades. Utilizou-se pesquisa bibliográfica para identificar e analisar estudos sobre gestão de qualidade na educação, com ênfase na abordagem democrática. E as pesquisas analisadas propiciaram concluir que a gestão democrática na educação permite identificar lacunas e promover melhorias no ensino e aprendizagem, por meio do planejamento crítico e participativo que é essencial para garantir a qualidade nas instituições de ensino, estimulando um aprendizado significativo e o desenvolvimento de habilidades. A democratização da gestão educacional abre espaço para mudanças positivas, tornando a escola um ambiente de aprendizagem prazeroso e estimulante, aberto a parcerias e ao desenvolvimento integral dos alunos. Entretanto, os índices mensurados por meio de testes e avaliações em larga escala não dispõem sobre todos os aspectos importantes que interferem no aprendizado dos alunos.
Palavras-chave: Gestão de qualidade da educação. Gestão democrática. Planejamento.
ABSTRACT
This paper started with the quality management in the educational context, focusing on the democratic perspective. Therefore, the objective was to understand how democratic management influences the quality of education, exploring challenges and possibilities. This is relevant because it aims to promote participatory management to improve educational practices, overcoming old difficulties. Bibliographic research was used to identify and analyze studies on quality management in education, with emphasis on the democratic approach. The analyzed research led to the conclusion that democratic management in education allows identifying gaps and promoting improvements in teaching and learning, through critical and participatory planning which is essential to ensure quality in educational institutions, stimulating significant learning and skills development. The democratization of educational management opens space for positive changes, making the school a pleasant and stimulating learning environment, open to partnerships and the integral development of students. However, the indices measured through tests and large-scale assessments do not cover all important aspects that interfere with student learning.
Keywords: Education quality management. Democratic management. Planning.
1 Introdução
A gestão de qualidade no contexto educacional se consolida pela gestão democrática que ao ser implementada se alicerça na necessidade de considerar os ideais de participação e de democracia que oportunizam traçar novos caminhos e superar os obstáculos, com embasamento e criticidade, podendo superar as adversidades que possam surgir no decorrer das atribuições de cunho pedagógico e administrativo.
A qualidade da educação na contemporaneidade envolve a participação e a visão democrática ao se processar a gestão da educação e depende de uma série de fatores que influenciam a realidade educacional, determinando um bom planejamento para que os propósitos sejam atingidos.
O estudo se justifica como relevante diante das propostas e perspectivas atuais de gerir que demandam planejar com cooperação, integração e participação que incutem possibilidades de melhorar as situações cotidianas, desde que a escola seja um lugar em que se aprenda com prazer e com estímulo pela aprendizagem, pelo querer conhecer e aprender, com abertura às diversas parcerias e desenvolver habilidades. Sendo urgente, assim, superar antigos paradigmas e os dificultadores no alcance de autonomia e descentralização, pois esses fatores comprometem a democratização e o crescimento das possibilidades de mudanças.
O estudo foi realizado seguindo os pressupostos de pesquisa bibliográfica para busca e levantamento de estudos já publicados que contribuem com a elucidação da temática que abarca a gestão de qualidade na educação.
Desse modo, além desta breve introdução, os resultados obtidos estão dispostos no capítulo para dispor sobre as principais ideias e concepções analisadas, seguido das considerações finais alcançadas, além das referências bibliográficas citadas no decorrer do construto textual.
2 A Gestão de Qualidade Se Implementa no Âmbito das Intencionalidades e Ações do Planejamento Educacional
Para descrever sobre como se implementa a gestão de qualidade no contexto educacional de uma instituição pública que conheço em minha cidade, Castelo-ES, onde sou professora de alunos matriculados na Educação Básica, percebi que antes de adentrar na sala de aula o docente deve passar por processos que garantam a efetividade de suas práticas que devem estar pautadas em documentos que são discutidos e elaborados pautadas no ponto de partida as decisões tomadas de modo coletivo. O que pressupõe, conforme Cária e Oliveira (2015), dialogar sobre o planejamento educacional em sua abrangência de aspectos preconizados pelas bases e parâmetros curriculares, legislações e políticas públicas, especialmente como a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB).
Buás e Sartori (2017) dispõem quanto às evidências de que era preciso reformular, inovar e ressignificar o processo de gestão e associá-lo ao planejamento pedagógico para alcançar as melhorias pretendidas, o que proporcionou as implementações curriculares. A mais atual é a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) que, assim como alguns modelos neoliberais instituíram e intensificaram a aplicação de testes em larga escala como Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) voltado para o Índice de Desenvolvimento da Educação
Básica (Ideb), ambos servem para atribuir números e percentuais para o desempenho dos alunos, sem considerar a complexidade que permeiam o que agrega qualidade à educação que perpassa pela formação, qualificação e valorização docente, pela qualidade das instituições educacionais e pelo participar ativo da sociedade em todos os processos educacionais para evidenciar as demandas e necessidades dela.
Diante de diversas implicações políticas e pedagógicas que caracterizam o contexto social e repercutem na escola, Souza e Santos (2019) descrevem a relevância de planejar as aulas e toda ou qualquer ação que se realize no contexto escolar e para além dele. Devem ser consideradas as intencionalidades inerentes à prática pedagógica no intuito de desenvolver competências e habilidades com significação delineadas pela correlação dos objetivos, na organização das estratégias entre a teoria e a prática de modo a perceber e encurtar a distância entre o real e o ideal a ser alcançado.
Vasconcellos (2014) reforça que através da elaboração de estratégias educacionais direcionadas à construção e transformação de representações, é viável adotar uma abordagem teórica e metodológica para orientar as ações com consciência e propósito, visando alcançar objetivos específicos e concretizar metas delineadas voltadas para a qualidade.
No entendimento de Franco (2017), o planejamento é mediador e norteador das práticas pedagógicas que se organizam em meio às interferências internas da realidade local e externas que são impostas por grupos ideológicos da sociedade. Adicionalmente, é pertinente levar em conta que as demandas do contexto social surgem da representatividade e dos valores decorrentes dos acordos sociais, das negociações e das deliberações coletivas. Nesse sentido, as práticas pedagógicas podem ser estruturadas e embasadas na concordância em aderir, ou mediante negociação ou imposição dessa adesão.
Dentre as ferramentas e métodos que o professor emprega no processo de ensino- aprendizagem, Silva (2021) cita: trabalho em grupo, resolução de problemas, emprego de tecnologias e interdisciplinaridade, dentre outras que demandam colaboração, compartilhando experimentação e vivências que propiciem a integração entre teoria e prática, envolvendo a todos e promovendo a participação nas decisões, ou seja, seguir e desenvolver em ambientes escolares os ideais de gestão democrática.
Para Libâneo (2013) o planejamento nessa perspectiva agrega qualidade à educação pela promoção de novas abordagens que incentivam a contribuição ativa da comunidade escolar, reduzindo ou eliminando a burocracia e o autoritarismo, na desenvoltura de propostas e projetos pedagógicos desenvolvidos no ambiente escolar. Isso requer um compromisso com a disseminação de práticas participativas e liderança flexível, além do comprometimento com as mudanças urgentemente necessárias na educação.
Deve-se, segundo Lück (2011), dinamizar o fazer pedagógico, mobilizar os agentes educacionais, os estudantes e toda a sociedade escolar para promover suas próprias formações, é conscientizar sobre o fato de que integrantes de um mesmo grupo e devem atuar enquanto agentes que colaboram ao organizar a escola em suas estratégias político-educacionais. Dinamizando os resultados e direcionamentos culturais e identitários com firmeza e o vigor necessários.
Contudo, Lück (2008) descreve que o contexto atual da educação brasileira, tem-se observado uma crescente atenção voltada à gestão do ensino, a qual é concebida como um paradigma inovador, transcende a abordagem convencional de mera administração. Reconhece- se que os desafios educacionais são intrinsecamente complexos, exigindo uma visão ampla e integrada, além de uma ação coordenada, dinâmica e participativa.
Nesse sentido, Lück (2008) explica a ênfase recaindo sobre a mobilização dinâmica e colaborativa do capital humano, organizado de forma coletiva, destacando sua energia e competência como elementos fundamentais para a qualidade da educação e para as iniciativas implementadas nos sistemas educacionais. Essa abordagem visa, em última análise, não apenas a melhoria dos sistemas de ensino, mas também a redefinição do próprio significado da educação no contexto brasileiro, ou seja, o papel das instituições de ensino.
Na nova perspectiva de gestão escolar, Paro (2005) descreve que emergem complexas demandas e os aspectos caracterizadores suscitam a promoção do trabalho em equipe visando a superar lacunas e dificuldades que se evidenciam na evasão, na precariedade das escolas, na desvalorização do trabalho dos professores, nas desigualdades sociais, nas taxas de repetência e tantas outras situações que emergem de carências humanas, institucionais, sociais, culturais, socioemocionais e cognitivas que têm determinantes que não são solucionadas de modo imediato, mas podem se consolidar com envolvimento nos processos decisórios de modo consciente, crítico em prol da equidade e autonomia.
Cabe considerar que os esforços individuais também repercutem no coletivo e, sendo assim, a implementação do modelo de gestão democrática e participativa ainda é uma proposta nova e que promove a ressignificação de paradigmas. Segundo Lück (2008), o que se propõe é adotar novas formas de relacionar conhecimento, pesquisas, organização, função comunitária e dos demais protagonistas da educação, com envolvimento contínuo que é potencialmente estratégico para alcançar as melhorias e a qualidade pretendida.
3 Considerações Finais
O estudo permitiu alcançar o objetivo de descrever sobre a implementação da gestão de qualidade no contexto educacional, a análise dos estudos revelou a necessidade premente de um planejamento pedagógico estruturado, baseado em documentos discutidos e elaborados de forma coletiva. Esse planejamento, orientado pelas bases curriculares e políticas educacionais, como a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), é essencial para garantir a efetividade das ações docentes e para ressignificar o processo de gestão, especialmente diante da implementação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e dos testes em larga escala e os índices do Ideb e Saeb.
A abordagem democrática no planejamento educacional surge como uma resposta às demandas complexas e dinâmicas do contexto social, onde a participação da comunidade escolar e a flexibilização das práticas pedagógicas são fundamentais para promover mudanças significativas. O engajamento coletivo na tomada de decisões, aliado ao uso de metodologias colaborativas, como o trabalho em grupo e a interdisciplinaridade, são estratégias eficazes para integrar teoria e prática, encurtando a distância entre os objetivos educacionais e sua efetivação. A gestão democrática e participativa emerge como um caminho promissor para superar desafios e promover a qualidade da educação, incentivando a inovação, a resiliência e o compromisso com a melhoria contínua.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Buás, D. C. & Sartori, V. (2017). análise dos processos pedagógicos com o novo modelo de gestão educacional: a gestão da qualidade na Escola Estadual Profª Roxana Pereira Bonessi. Regae: Rev. Gest. Aval. Educ. Santa Maria v. 6 n. 11 Jan.abr. 2017 p. 9-2.
Cária, N. P. & Oliveira, S. M. S. S. (2015). Avaliação em Larga Escala e a Gestão da Qualidade da Educação. Revista de Ciências Humanas - Educação . FW, v. 16. n. 26, p. 22-40, Jul.
Franco, M. A. S. (2017). Práticas pedagógicas de acolhimento e inclusão: a perspectiva da pedagogia crítica. Revista online de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v.21, n. esp.2, p. 964-978, nov.
Libâneo. J. C. (2013). Organização e gestão da escola: Teoria e prática. 6. ed. revista e ampliada. São Paulo: Heccus Editora.
Lück, H. (2011). A Gestão Participativa na Escola. Petrópolis, RJ: Vozes.
_______. (2008). Concepções e Processos Democráticos de Gestão Educacional. Petrópolis, RJ: Vozes.
Paro, V. (2005). Administração Escolar: introdução crítica. 9 ed. São Paulo: Cortez.
Silva, P. A. (2021). Prática pedagógica dos docentes. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 06, Ed. 02, Vol. 06, pp. 117-125. Fev.
Souza, J. C. S & Santos, M. C. (2019). Planejamento escolar: um guia da prática docente. Revista Educação Pública, v. 19, nº 15, 6 de agos.
Vasconcellos, C. S. (2014). Planejamento: Projeto de Ensino-Aprendizagem e Projeto Político Pedagógico – elementos metodológicos para elaboração e realização. 24 ed. São Paulo: Libertad.
1 Graduação em Matemática pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Alegre – FAFIA e em Pedagogia pela Universidade de Uberaba. Especialização em Gestão Escolar Integradora: S.E; O.E; I. E. pela Universidade Castelo Branco e em Matemática pela Faculdade da Região dos Lagos. Mestranda em Tecnologias Emergentes em Educação pela Must University. E-mail: [email protected]