A ERA CIBERNÉTICA NA EDUCAÇÃO: DESENHANDO NOVAS TRILHAS PARA UM ENSINO INOVADOR E INTEGRAL
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REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.17773987
Sandra Fernandes Henrique1
RESUMO
A aceleração das inovações digitais tem promovido uma metamorfose em larga escala em diversos setores, com a educação emergindo como um campo de intensa remodelação. A inserção do universo tecnológico nas rotinas didáticas, impulsionada pela busca por novas abordagens e melhorias, trouxe consigo um cenário complexo de oportunidades e barreiras. O propósito primordial deste estudo foi examinar de modo exaustivo as vantagens, benefícios e os riscos inerentes à incorporação e ao crescimento do ambiente digital na educação, visando a total compreensão de suas repercussões no processo de ensino-aprendizagem. A metodologia empregada utilizou a pesquisa de natureza bibliográfica, que possibilitou o mapeamento das discussões acadêmicas centrais sobre o tema. As análises abrangeram desde o potencial de customização e de democratização do acesso ao conhecimento até os desafios ligados à infraestrutura, ao preparo dos educadores e às questões de segurança digital. Os achados demonstram que, embora a esfera digital ofereça recursos robustos para motivar os estudantes, ampliar o acesso a materiais e desenvolver novas aptidões, ela também apresenta ameaças consideráveis, como a exclusão de acesso e a vulnerabilidade de informações. A conclusão destaca a exigência de uma abordagem equilibrada e taticamente planejada na inserção das tecnologias digitais, onde a preparação detalhada e a monitoria constante do impacto são essenciais para otimizar os pontos positivos e minimizar os perigos, assegurando um ensino digital que seja eficaz, justo e seguro para todos os envolvidos.
Palavras-chave: Ensino. Tecnologia Digital. Meios Virtuais. Aprendizagem Mista. Barreiras Tecnológicas. Equidade.
ABSTRACT
The acceleration of digital innovations has promoted a large-scale metamorphosis in several sectors, with education emerging as a field of intense remodeling. The insertion of the technological universe into didactic routines, driven by the search for new approaches and improvements, brought with it a complex scenario of opportunities and barriers. The primary purpose of this study was to comprehensively examine the advantages, benefits, and inherent risks in the incorporation and growth of the digital environment in education, aiming at a total understanding of its repercussions on the teaching-learning process. The employed methodology used bibliographic research, which made it possible to map the central academic discussions on the theme. The analyses ranged from the potential for customization and democratization of access to knowledge to the challenges linked to infrastructure, the preparation of educators, and digital security issues. The findings demonstrate that, although the digital sphere offers robust resources to motivate students, expand access to materials, and develop new skills, it also presents considerable threats, such as access exclusion and information vulnerability. The conclusion highlights the requirement for a balanced and strategically planned approach to the insertion of digital technologies, where detailed preparation and constant monitoring of the impact are essential to optimize the positive aspects and minimize the dangers, ensuring a digital education that is effective, fair, and safe for all involved.
Keywords: Education. Digital Technology. Virtual Media. Hybrid Learning. Technological Barriers. Equity.
1. INTRODUÇÃO
O panorama atual do ensino vivencia um ciclo de modificações contínuas, motivadas, sobretudo, pela evolução acelerada e pela presença constante das ferramentas cibernéticas. O que começou como instrumentos auxiliares, rapidamente se estabeleceu como ambientes integrados e fundamentais para o desenvolvimento da instrução e da aprendizagem, transformando profundamente as práticas em sala de aula, a dinâmica entre estudantes e mestres, e o acesso ao saber. Sendo assim, a decifração das potencialidades, dos ganhos e das ameaças relacionados ao uso do meio digital na educação torna-se mandatório para a estruturação de estratégias pedagógicas que sejam mais assertivas, inclusivas e resguardadas.
A pertinência deste debate se justifica pela realidade de que, apesar de os dispositivos digitais abrirem caminhos substanciais para a inovação e o refinamento do aprendizado, eles também apresentam complexidades e perigos que podem comprometer a excelência do ensino se não forem gerenciados com a devida atenção. Professores, gestores e responsáveis pela criação de políticas educacionais necessitam não apenas absorver o poder transformador do ecossistema digital, mas também conceber mecanismos para mitigar possíveis entraves ou efeitos adversos.
Neste contexto, o estudo atual tem como propósito geral examinar de forma abrangente as aptidões, os proveitos e os riscos oriundos da implementação e do crescimento do espaço digital na esfera educacional, buscando entender suas implicações no percurso de ensino-aprendizagem. Para cumprir tal propósito, foi adotada uma metodologia de revisão bibliográfica aprofundada, pautada na análise crítica de obras especializadas. Tal abordagem permitiu o mapeamento das principais discussões acadêmicas e a coleta de dados sobre o impacto das tecnologias virtuais no ambiente escolar.
A escolha do tema se fundamenta na urgência de se compreender as alterações que o meio digital imprime na educação, dando especial atenção às suas oportunidades e restrições. A questão central é estabelecer como os dispositivos digitais podem ser incorporados de maneira eficiente, assegurando vantagens pedagógicas ao mesmo tempo em que se minimizam os perigos, com foco especial na formação integral dos alunos.
Além disso, a pesquisa almeja contribuir tanto no plano teórico, ao oferecer uma avaliação crítica do papel das tecnologias cibernéticas no ensino, quanto no plano prático, ao fornecer subsídios para o desenvolvimento de políticas, planos de ação e práticas didáticas mais informadas e acolhedoras. A relevância social da investigação é clara, visto que o conhecimento produzido pode direcionar escolas, professores e administradores no emprego tático das tecnologias virtuais, promovendo uma instrução de qualidade e acessível a todos.
Este trabalho orienta o leitor do panorama geral da metamorfose digital para o alvo específico da investigação: a análise dos proveitos, vantagens e perigos do espaço virtual no ensino, enfatizando sua importância, dilemas e as contribuições esperadas.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
O cenário educacional moderno está em incessante metamorfose, impulsionado decisivamente pela onipresença dos recursos tecnológicos. Essa mudança de paradigma estabelece as ferramentas digitais não apenas como apoios, mas como elementos cruciais na facilitação de um ensino mais flexível e conectado. A análise dos aspectos positivos e dos perigos desse universo digital é vital para uma compreensão completa de seu funcionamento no modelo tecnológico, visto que a digitalização redefine as interações pedagógicas e o acesso ao saber em todas as suas vertentes (Santos et al., 2024).
Um dos progressos mais significativos reside na capacidade dessas tecnologias de fomentar o engajamento dos estudantes por meio de vias inovadoras. Ambientes de realidade ampliada, plataformas interativas e jogos com fins educativos transformam a aquisição de conhecimento de uma vivência passiva em uma jornada ativa e envolvente. Essa característica dinâmica é fundamental para prender a atenção de uma geração imersa no digital, tornando a absorção do conteúdo mais fluida e menos forçada.
A customização da instrução emerge como um ganho notável, diretamente potencializado pelas inovações tecnológicas. Algoritmos de inteligência artificial são capazes de examinar o desempenho individual dos alunos, identificando falhas no aprendizado e propondo rotas de estudo sob medida. A importância do uso constitucionalmente adequado da IA na educação é destacada por Assis (2023). Essa habilidade de ofertar um percurso de formação particularizado otimiza o potencial de cada aluno, assegurando que o ensino seja mais eficaz e acolhedor, um aspecto fundamental que tem sido analisado nas práticas docentes (Dotta, Monteiro & Mouraz, 2019).
Os instrumentos de cooperação, por sua vez, redefinem o conceito de trabalho em equipe, possibilitando que alunos e professores colaborem em tempo real, superando distâncias físicas. Documentos compartilhados, softwares de quadro interativo e plataformas de webconferência estimulam a troca de ideias e a edificação coletiva do conhecimento. Essa capacidade de criação conjunta prepara os estudantes para um mercado de trabalho que valoriza profundamente a colaboração e a conexão global (Lopes & Gomes, 2020).
A revisão da literatura demonstra de forma consistente que a expansão das plataformas virtuais nas práticas didáticas, especialmente no ensino superior, revolucionou o acesso à educação. Lopes e Gomes (2020) destacam que essa ampliação não apenas estendeu as fronteiras do campus físico, mas também democratizou o acesso a cursos e materiais de alta qualidade para um público mais amplo, desmistificando a modalidade de ensino a distância.
3. METODOLOGIA
O presente estudo se define como uma pesquisa de caráter bibliográfico, cujo alvo principal foi examinar as aptidões, os impactos e os cuidados necessários no emprego do ambiente digital na educação. Este tipo de pesquisa consiste na investigação de saberes previamente gerados e registrados em livros, artigos científicos, trabalhos de conclusão, e outros materiais publicados, possibilitando a organização e a avaliação crítica das informações existentes sobre o tema.
Para a execução da pesquisa, foram observados os seguintes passos: inicialmente, foi realizada uma busca minuciosa em repositórios de dados acadêmicos, tais como Scielo, Google Scholar, CAPES, ERIC e periódicos focados nas áreas de educação e tecnologias digitais. Os critérios de inclusão abrangeram trabalhos publicados na última década, em língua portuguesa ou inglesa, que abordassem a aplicação das tecnologias virtuais no contexto escolar, com ênfase nos proveitos, nos riscos e nas táticas pedagógicas ligadas ao ambiente digital.
A fase de coleta de dados envolveu a seleção de publicações relevantes, seguida da leitura minuciosa e da extração das informações pertinentes aos propósitos do estudo. Os dados foram estruturados em tabelas e quadros, o que facilitou a comparação entre diferentes autores, identificando pontos de concordância e discordância nas análises sobre as potencialidades e as restrições do uso do ambiente digital no ensino.
A análise dos dados foi conduzida de modo qualitativo, através da síntese das informações e da interpretação crítica dos resultados presentes na literatura. Essa perspectiva permitiu compreender as consequências do ambiente digital no ensino-aprendizagem, bem como os cuidados essenciais para garantir sua utilização ética, segura e pedagógica.
Dessa forma, a metodologia adotada permitiu a construção de uma visão abrangente sobre a temática, fornecendo bases teóricas para a reflexão sobre o emprego consciente dos recursos digitais no contexto educacional, respeitando tanto as oportunidades quanto os desafios identificados nas obras consultadas.
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
As inovações tecnológicas, quando bem aplicadas, possuem o potencial de reduzir disparidades, oferecendo recursos adaptados para estudantes com necessidades específicas ou para aqueles situados em locais remotos. Ferramentas de acessibilidade, como softwares de leitura de tela e legendas automáticas, garantem que o conteúdo virtual seja acessível a um espectro mais vasto de aprendizes, fomentando um ensino mais justo para todos.
A função do professor também sofre uma transformação significativa. Longe de serem apenas repassadores de informações, os educadores se tornam mediadores e orientadores, guiando os alunos na exploração do imenso universo virtual. Eles precisam desenvolver novas aptidões para curar conteúdos e incorporar de forma efetiva os recursos digitais em suas metodologias, conforme abordam Dotta, Monteiro e Mouraz (2019).
Os meios digitais, enquanto nova linguagem no ambiente de ensino, apresentam proveitos consideráveis. Eles propiciam novas formas de expressão e comunicação, permitindo que os alunos criem e interajam com o conhecimento de modos multimídia, o que fortalece a compreensão e a retenção de informações. Essa abordagem visual e interativa é especialmente eficiente para contemplar diversos estilos de aprendizado e para desenvolver a literacia digital.
É indiscutível que a integração eficaz das tecnologias virtuais no cenário nacional tem sido um tópico crucial. Monte (2025) destaca que as vantagens, como a flexibilidade de horários e a possibilidade de interações globais, demandam, contudo, uma infraestrutura robusta e políticas governamentais que assegurem a democratização do acesso e o emprego pedagógico adequado das ferramentas por todo o país, o que ainda se configura como uma complexidade considerável.
Adicionalmente, os recursos digitais exercem um papel crucial nas trajetórias de sucesso acadêmico de estudantes adultos ou com responsabilidades não tradicionais no Ensino Superior. Pinto e Leite (2020) observam que a flexibilidade e a autonomia que o ambiente virtual proporciona permitem que indivíduos com outras obrigações (trabalho, família) consigam conciliar os estudos, tornando o ensino superior mais acessível e acolhedor para uma população diversificada.
A capacidade de investigar e aplicar modelos tecnológicos tem sido vital para a compreensão dos aspectos positivos e dos perigos do ambiente digital na instrução. Santos et al. (2024) argumentam que a análise aprofundada de tais modelos permite uma visão mais clara de como a tecnologia pode ser otimizada para fins educacionais, ao mesmo tempo em que se identificam potenciais armadilhas e se desenvolvem estratégias proativas para mitigá-las, garantindo uma implantação mais resguardada e eficiente no sistema de ensino. Essa visão é essencial para o planejamento educacional.
O progresso dos instrumentos de cooperação e das inovações tecnológicas representa uma chance singular para elevar a qualidade e a acessibilidade da educação. Longe de serem meros aparatos, eles se consolidam como agentes de um novo paradigma educacional, que valoriza a autonomia do estudante, a colaboração, a customização do aprendizado e a atualização constante de aptidões em um mundo cada vez mais conectado, preparando os indivíduos para os desafios do futuro e para uma sociedade em constante evolução.
Apesar do notável potencial das tecnologias virtuais para enriquecer a educação, sua implementação enfrenta obstáculos e complexidades. A transição para um modelo educacional mais digitalizado e cooperativo impõe uma série de desafios multifacetados, que vão desde questões de infraestrutura até aspectos pedagógicos e sociais. Ignorar essas barreiras seria subestimar a natureza intrincada da educação e a necessidade de um planejamento estratégico robusto para mitigar os riscos inerentes.
Um dos principais entraves é a persistente disparidade no acesso à infraestrutura. Em muitas regiões, a conectividade precária e a falta de dispositivos adequados para alunos e professores criam um abismo digital expressivo. Esse cenário impede que todos os estudantes usufruam plenamente dos instrumentos de cooperação, perpetuando desigualdades e limitando o alcance de uma educação verdadeiramente acolhedora, um ponto crítico destacado por Monte (2025).
A capacitação do corpo docente representa outro desafio monumental. Muitos professores podem sentir-se despreparados ou resistentes à adoção de novos recursos e metodologias digitais. Dotta, Monteiro e Mouraz (2019), em sua investigação sobre professores experientes, revelam que mitos, crenças e práticas didáticas profundamente enraizadas podem dificultar a plena integração, exigindo programas de formação continuada que se estendam para além do simples manuseio das ferramentas.
A qualidade e a curadoria dos conteúdos virtuais também são preocupações relevantes. Com a vasta quantidade de informações e recursos disponíveis online, discernir entre materiais didáticos de alta excelência e conteúdos inadequados ou imprecisos torna-se uma tarefa complexa. Esse desafio se intensifica com a proliferação de plataformas e a profusão de dados, conforme discutido por Lopes e Gomes (2020).
A questão da segurança cibernética e privacidade dos dados dos estudantes é um desafio ético e prático de suma importância. O uso de plataformas de cooperação envolve o compartilhamento de informações pessoais, o que expõe alunos e instituições a riscos. A exploração dos riscos do ambiente digital, segundo a análise de Santos et al. (2024), demanda que as escolas implementem políticas rigorosas de proteção e conscientizem toda a comunidade sobre o uso seguro da rede.
A manutenção da disciplina e do foco em ambientes de aprendizado digital pode ser mais complexa do que em cenários presenciais. A facilidade de acesso a distrações online, como redes sociais e jogos, pode desviar a atenção dos alunos das tarefas colaborativas, exigindo estratégias pedagógicas mais refinadas para gerenciar o comportamento e manter o engajamento.
Outro ponto de atenção é a sobrecarga de informações e tarefas virtuais. Tanto alunos quanto professores podem se sentir oprimidos pela quantidade excessiva de ferramentas, plataformas e notificações, levando à conhecida fadiga digital. Essa "infoxicação" pode comprometer a eficácia do processo de ensino-aprendizagem, exigindo um planejamento cuidadoso e a racionalização do uso das ferramentas colaborativas para evitar o esgotamento.
A avaliação do aprendizado em ambientes colaborativos virtuais também apresenta complexidades. Como medir a contribuição individual em projetos coletivos online? Como garantir a autenticidade das produções em um contexto onde a colaboração é facilitada, mas o plágio também pode ser? Essas questões demandam o desenvolvimento de novas metodologias de avaliação que sejam justas, transparentes e capazes de capturar o verdadeiro processo de aprendizado e as competências desenvolvidas.
A resistência cultural à mudança dentro das instituições de ensino é um desafio latente. Mesmo com o reconhecimento das vantagens das tecnologias, a inércia institucional, a falta de apoio administrativo ou a cultura organizacional podem frear a adoção e a integração eficaz das ferramentas colaborativas. Superar essa resistência exige liderança visionária e um esforço contínuo de conscientização sobre os benefícios a longo prazo.
Além disso, a necessidade de um suporte técnico adequado e contínuo é uma realidade muitas vezes negligenciada. A complexidade das plataformas exige equipes de apoio técnico disponíveis para auxiliar professores e alunos em eventuais problemas, desde falhas de conexão até dificuldades no manuseio de softwares. A ausência desse suporte pode gerar frustração e desmotivar o uso das tecnologias.
A equidade no acesso ao capital cultural digital também precisa ser considerada profundamente. Embora as tecnologias possam democratizar o acesso à informação, as habilidades para navegar, filtrar e interpretar essa informação variam significativamente, criando novas formas de exclusão. Isso pode agravar as diferenças existentes entre os que possuem maior familiaridade com o ambiente digital e os que não a têm, impactando as trajetórias de sucesso acadêmico, conforme Pinto e Leite (2020) ressaltam em suas pesquisas sobre inclusão no ensino superior.
A rápida obsolescência tecnológica, a necessidade de constantes atualizações de hardware e software, e os custos demandam um planejamento financeiro contínuo. Garantir que as infraestruturas e as ferramentas sejam mantidas e atualizadas é crucial, um aspecto que Monte (2025) aponta ao discutir as estratégias para uma integração eficiente e duradoura das tecnologias no contexto educacional.
5. CONCLUSÃO
O presente estudo, ao analisar de forma abrangente a adoção e a expansão do ambiente digital na educação, confirma que a transição para a era cibernética não é mais uma opção, mas sim uma realidade imperativa e irreversível. A investigação alcançou seu objetivo principal de mapear e avaliar os proveitos, as vantagens e os riscos associados a essa integração, demonstrando que o sucesso da educação no século XXI dependerá da capacidade de as instituições equilibrarem o potencial transformador da tecnologia com uma gestão estratégica e profundamente humanizada dos seus desafios.
As análises realizadas na fundamentação teórica e nas discussões trouxeram à luz o imenso potencial de reconfiguração que as ferramentas digitais oferecem ao processo de ensino-aprendizagem. A tecnologia digital se estabelece como um vetor de personalização sem precedentes, possibilitando que algoritmos e plataformas adaptem o ritmo, o conteúdo e a forma de instrução às necessidades individuais de cada aluno. Isso resulta em um aprendizado mais eficaz, inclusivo e motivador, que valoriza o protagonismo juvenil e desenvolve competências cruciais, como a autonomia e o pensamento crítico. A flexibilidade advinda do ambiente virtual democratizou o acesso a materiais de alta qualidade e abriu as portas do ensino superior a estudantes que, por responsabilidades familiares ou laborais, eram tradicionalmente excluídos do sistema presencial. A capacidade das mídias digitais de fomentar a colaboração em tempo real e de transformar o professor em um mediador e curador de conteúdo — em vez de um mero transmissor — consolida o novo paradigma de um ensino mais ativo e engajador.
Contudo, a investigação revelou um paradoxo central na implementação tecnológica: o mesmo potencial de inclusão carrega consigo o risco de aprofundar a exclusão digital. O estudo aponta que a desigualdade no acesso à infraestrutura, à conectividade estável e a dispositivos adequados cria um abismo entre aqueles que podem usufruir plenamente do ambiente digital e aqueles que ficam à margem. Além disso, a rápida expansão do ambiente virtual introduz desafios éticos e práticos graves. A segurança cibernética e a privacidade dos dados dos alunos e das instituições emergem como preocupações inadiáveis. A facilidade de acesso à informação gera a sobrecarga informacional (infoxicação) e a fadiga digital, exigindo estratégias pedagógicas que eduquem para a moderação e para o foco, algo que é inerentemente mais complexo em ambientes virtuais. A ausência de um olhar atento para esses riscos pode levar a um cenário em que a tecnologia, em vez de solucionar problemas, gera novas formas de vulnerabilidade e desigualdade.
A principal contribuição deste trabalho reside em reiterar que a solução para os dilemas da educação digital não é técnica, mas sim organizacional e humana. O sucesso da integração tecnológica depende de três pilares de sustentação que transcendem a simples aquisição de hardware: o suporte institucional, a capacitação docente e a equidade infraestrutural.
Em primeiro lugar, o suporte e a liderança institucional são cruciais. A digitalização exige um plano estratégico de longo prazo que defina metas claras, envolva toda a comunidade escolar e aloque recursos de forma contínua para manutenção e atualização. A resistência cultural à mudança, tanto por parte de professores quanto de gestores, só pode ser superada por uma liderança visionária que promova uma cultura de experimentação, aprendizado e apoio técnico contínuo. É imperativo que as instituições criem diretrizes claras sobre o uso ético, legal e seguro das plataformas, transformando as ameaças de segurança e a sobrecarga de informações em tópicos de formação curricular.
Em segundo lugar, a capacitação docente deve ser prioridade. A eficácia da tecnologia digital está diretamente ligada à habilidade pedagógica do professor em utilizá-la. Programas de formação continuada devem ir além do mero treinamento no uso de ferramentas, focando na ressignificação pedagógica: como planejar, como mediar a aprendizagem em ambientes virtuais e, crucialmente, como desenvolver novas metodologias de avaliação que sejam justas e capazes de mensurar as competências complexas adquiridas digitalmente, e não apenas o conhecimento factual. A resistência docente diminui à medida que o professor se sente seguro, capaz e apoiado para inovar.
O investimento em equidade infraestrutural não pode ser negligenciado. As políticas públicas e os planos escolares devem priorizar a superação do abismo digital, garantindo que todos os alunos e professores tenham acesso irrestrito e de qualidade à conectividade e aos dispositivos. Sem essa base material, qualquer iniciativa digital, por mais bem intencionada que seja, falhará em promover a inclusão e o desenvolvimento integral dos estudantes em contextos vulneráveis.
O presente estudo reforça que os objetivos propostos foram plenamente atingidos. O trabalho forneceu uma análise crítica e balanceada, validando a hipótese de que, embora as tecnologias digitais ofereçam vantagens substanciais na personalização e na democratização do acesso, elas introduzem riscos significativos que demandam planejamento e gestão rigorosos.
As principais contribuições teóricas e práticas deste trabalho residem na sistematização dos desafios e na formulação de um chamado à ação. A pesquisa fornece subsídios para que gestores e formuladores de políticas educacionais abandonem a visão simplista de que a tecnologia é uma solução mágica, adotando, em seu lugar, uma abordagem complexa e estratégica.
A integração harmoniosa entre a inovação cibernética e a prática educativa só será alcançada quando o foco for mantido no elemento humano. O sucesso da digitalização não está na ferramenta, mas na forma como ela é utilizada para enriquecer a interação, fortalecer a autonomia e promover uma aprendizagem ética e responsável. O futuro da educação reside em construir ambientes de aprendizado que sejam, ao mesmo tempo, profundamente digitais, humanizados e transformadores, preparando os estudantes não apenas para utilizar a tecnologia, mas para serem cidadãos críticos e ativos em um mundo cada vez mais interconectado. Exige-se um compromisso inabalável com a formação docente, a equidade de acesso e a segurança, garantindo que a tecnologia sirva à educação, e não o contrário.
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1 Graduação Educação Fisica pela Faculdade Universidade do Extremo Sul Catarinense UNESC. Especialização em Educação Fisica pela Faculdade Bagozzi. Mestrando emTecnologias Emergentes em Educação pela Must University. E-mail: [email protected]