PROMOÇÃO DA ALIMENTAÇÃO ADEQUADA E SAUDÁVEL E PREVENÇÃO DA OBESIDADE INFANTOJUVENIL EM ESCOLAS NO NORTE DO BRASIL: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

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REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.13948698


Camilla Rodrigues Evangelista Silva1
Izabela Ribeiro Gonzaga2
Thais Nayara Gomes Santana3


RESUMO
O presente estudo relata as ações do Programa Saúde na Escola (PSE) de promoção da alimentação adequada e saudável entre estudantes do ensino fundamental e médio implementadas em escolas estaduais de Palmas, Tocantins. As intervenções foram conduzidas por uma equipe multiprofissional de saúde e incluíram triagens antropométricas, avaliação do consumo alimentar, orientações nutricionais e atividades educativas diferenciadas por faixa etária. Estudantes do ensino fundamental participaram de atividades lúdicas para a montagem de um prato saudável, enquanto adolescentes participaram em discussões sobre o impacto de alimentos ultraprocessados e na prática de leitura de rótulos de alimentos. A intervenção permitiu identificar casos de sobrepeso e insegurança alimentar, encaminhados para acompanhamento nas Unidades Básicas de Saúde. Além disso, as atividades educativas demonstraram engajamento dos estudantes e assim, maior interesse pelos grupos alimentares e alimentos saudáveis. Portanto, a iniciativa é essencial para contribuir com a autonomia dos escolares em suas escolhas alimentares e preferência por alimentos in natura. Este relato destaca a importância da continuidade e aprimoramento das intervenções como estratégia para fortalecer as políticas públicas de saúde e nutrição, abordagem nutricional no ambiente escolar e na prevenção da obesidade infantojuvenil.
Palavras-chave: Promoção da alimentação saudável. Obesidade infantojuvenil. Programa Saúde na Escola

ABSTRACT
This study reports the actions of the School Health Program (PSE) aimed at promoting adequate and healthy eating habits among elementary and high school students, implemented in public schools in Palmas, Tocantins. The interventions were conducted by a multidisciplinary health team and included anthropometric screenings, dietary intake assessments, nutritional guidance, and educational activities tailored to different age groups. Elementary students participated in playful activities to assemble a healthy plate, while adolescents engaged in discussions about the impact of ultra-processed foods and food label reading practices. The intervention identified cases of overweight and food insecurity, which were referred to follow-up at Primary Health Care Units. Additionally, the educational activities demonstrated student engagement and increased interest in food groups and healthy foods. Therefore, the initiative is essential in contributing to students' autonomy in making healthier food choices and preferring unprocessed foods. This report highlights the importance of continuing and enhancing interventions as a strategy to strengthen public health and nutrition policies, nutritional approaches in schools, and the prevention of childhood obesity.
Keywords: Promotion of healthy eating. Childhood obesity. School Health Program.

1. INTRODUÇÃO

A alimentação e a nutrição são requisitos essenciais para a promoção e proteção da saúde, possibilitando o pleno potencial de crescimento e desenvolvimento humano, além de contribuir para a qualidade de vida. A Promoção da Alimentação Adequada e Saudável (PAAS) é uma diretriz fundamental da Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN) e se configura como um eixo estratégico da Política Nacional de Promoção da Saúde. Seu foco prioritário é a efetivação de um direito humano básico, o direito à alimentação adequada definido como o acesso regular e permanente a alimentos de quantidade e qualidade suficientes para manutenção da saúde (Brasil, 2013; 2018; 2022).

A PAAS tem como objetivo estimular a autonomia dos indivíduos, promovendo a escolha e adoção de práticas alimentares saudáveis, tanto do ponto de vista biológico quanto sociocultural, além de incentivar o uso sustentável do meio ambiente (Brasil, 2014). As ações da PAAS fundamentam-se nas dimensões de incentivo, apoio, proteção e promoção da saúde, contribuindo para enfrentar o atual cenário epidemiológico, caracterizado por uma transição alimentar e nutricional, que resulta em uma má nutrição, com a coexistência de desnutrição, excesso de peso e carências nutricionais (FAO, 2018).

Considerando que a escola é um espaço privilegiado para a convivência social entre crianças e adolescentes e que permite a construção de relações que favorecem a promoção da saúde, ela se torna um ambiente ideal para implementação da PAAS. A escola propicia discussões amplas sobre saúde, promovendo crítica e reflexão, e integrando as diversas dimensões da alimentação saudável (Brasil, 2012). Além disso, desenvolvimento de ações de PAAS com participação ampla da comunidade escolar deve ser o ponto de partida para a prevenção e controle do aumento de peso, logo, da obesidade infantojuvenil. É fundamental envolver todos os atores de convívio dos escolares, permitindo que interpretem o cotidiano e adotem atitudes e comportamentos adequados que melhorem a qualidade de vida (Cavalcanti et al., 2015; Pereira; Bandeira, 2022).

Nesse contexto, o Programa Saúde na Escola (PSE) concentra e reforça as ações de prevenção e controle da obesidade de crianças e adolescentes, pois se trata de um espaço que permite atuar na prática a promoção da alimentação adequada e saudável por meio do esforço coordenado entre saúde e educação (Brasil, 2007; 2022). A atuação multidisciplinar e interinstitucional em torno dos educandos, somada ao cuidado continuado das equipes de Atenção Primária à Saúde, possibilita maior eficácia na implementação das ações de promoção à saúde, fortalecendo a prevenção, cuidado e controle da obesidade infantojuvenil (Bispo; Almeida, 2023; Soares et al., 2024).

2. DESENVOLVIMENTO

O presente artigo trata-se de um relato de experiência de profissionais nutricionistas como facilitadoras de ações do Programa Saúde na Escola em escolas estaduais da capital do estado do Tocantins.

As experiências ocorreram no ano de 2023, como atuação de uma nutricionista no cenário de prática da Residência Multiprofissional em Saúde Coletiva, que se configura como um pós-graduação latu senso em ensino-serviço, e tem como foco a identificação das condições sociais, culturais e econômicas que incorrem no adoecimento da população. Faz parte do Programa Integrado de Residências em Saúde - PIRS que foi instituído pela Lei Municipal nº 2010/2013, fruto de uma intensa discussão no âmbito do Sistema Integrado Saúde-Escola do SUS, instituído inicialmente através da Portaria SESAU-Palmas nº 207 de 09 de abril 2013 e posteriormente com o Decreto 735/2014. (Palmas, 2013ª; 2013b; 2014).

A residência tem como objetivo fortalecer a rede de serviços de saúde existente no município em espaços de educação contextualizada e de desenvolvimento profissional, através de um colegiado formado pelas Instituições de Ensino Superior e Técnicas, Serviços de Saúde, Gestão Municipal e Estadual de Saúde, Conselho Municipal de Saúde e Entidades de Categorias Profissionais da Saúde (Palmas, 2014).

Participaram também do processo, analistas de saúde da SEMUS e uma estudante de nutrição da Universidade Federal do Tocantins, com atuação na ATAN no Supervisionado em Internato Rural Integrado e Nutrição Social.

2.1. Planejamento da Intervenção

Este relato de experiência descreve as intervenções realizadas em duas escolas do município, voltadas à promoção da alimentação adequada e saudável para estudantes do ensino fundamental e médio. A ação realizada pela Área Técnica de Alimentação e Nutrição (ATAN) da Secretaria Municipal de Saúde de Palmas, Tocantins e as equipes da Atenção Primária à Saúde das regiões englobadas.

As ações foram desencadeadas pela necessidade de apoio na execução de atividades do Programa Saúde na Escola (PSE) de duas unidades básicas de saúde, localizadas em regiões diferentes do município de Palmas. Cada uma dessas regiões apresenta características específicas, tanto em termos de contexto socioeconômico quanto em relação às necessidades de saúde da população, o que reforçou a importância de uma abordagem diversificada para atender às demandas locais. Assim, tornou-se essencial o desenvolvimento de ações que atendessem as particularidades de cada território, respeitando suas especificidades.

Inicialmente, foi necessária a realização de uma observação e análise epidemiológica, utilizando como referência os dados fornecidos pelo Sistema Nacional de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN). Esse levantamento foi fundamental para identificar as principais informações relacionadas ao estado nutricional e ao padrão de consumo alimentar das crianças e adolescentes da faixa etária prevista nas ações. A análise permitiu um diagnóstico mais preciso da situação nutricional, destacando aspectos como os índices de desnutrição e obesidade. Além disso, forneceu subsídios importantes para compreender melhor os hábitos alimentares e as dificuldades enfrentadas por essa população no acesso a uma alimentação saudável.

Em seguida, foi organizada uma reunião com a equipe multiprofissional das unidades de saúde envolvidas, composta por profissionais enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais e educador físico. Esse encontro teve como objetivo promover a troca de conhecimentos e experiências entre os profissionais, a fim de elaborar um planejamento mais assertivo e contextualizado. Durante a reunião, foi enfatizada a importância de considerar as vivências da equipe, que possui um conhecimento aprofundado das características territoriais e das dificuldades enfrentadas pela comunidade no que diz respeito à promoção de uma alimentação adequada e saudável.

Dando sequência às ações, foi elaborado um planejamento segmentado por faixa etária, para garantir que as atividades estivessem alinhadas às diretrizes da educação alimentar e nutricional. O objetivo tratava-se de não apenas informar, mas também engajar o público-alvo de forma participativa, considerando suas particularidades cognitivas e culturais. Para isso, foram planejadas atividades lúdicas e interativas diferentes para as crianças e os adolescentes, de modo a despertar seu interesse e curiosidade sobre a importância de hábitos alimentares saudáveis de acordo com a idade.

As ações foram planejadas com o propósito de incentivar práticas que possam ser incorporadas ao cotidiano dessas crianças e adolescentes. Além de abordagens teóricas, foram incluídas dinâmicas práticas. Essas estratégias visam transformar o aprendizado em algo tangível, proporcionando às crianças e adolescentes ferramentas para que possam aplicar os conhecimentos adquiridos em suas rotinas diárias, contribuindo, assim, para a melhoria de sua qualidade de vida e para a prevenção de doenças associadas à má alimentação.

Posteriormente, foram realizados os materiais com para serem levados as ações, com ajuda dos profissionais da ATAN. Para isso, foi necessário a aquisição de impressões, alimentos lúdicos, EVA, tesouras, entre outros materiais.

2.2. Desenvolvimento da Intervenção

Durante o desenvolvimento das atividades, os alunos foram organizados em grupos, de acordo com suas faixas etárias, para a execução de ações específicas. Inicialmente, foi realizada uma triagem antropométrica, um procedimento fundamental para o diagnóstico do estado nutricional dos estudantes. Durante a triagem, dados de peso e altura foram coletados utilizando equipamentos devidamente calibrados, garantindo a precisão das medidas. Esses dados antropométricos foram registrados e posteriormente analisados em conformidade com as curvas de crescimento do Ministério da Saúde e caderneta da criança e adolescente, permitindo a classificação dos alunos em categorias de estado nutricional, como eutrofia, sobrepeso, obesidade ou desnutrição.

Essa etapa de triagem tem relevância o no diagnóstico de situações de risco nutricional e para ampliação dos dados para a Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN). A partir da análise dos dados coletados, foi possível identificar padrões de saúde e nutrição na comunidade escolar, o que pode orientar o planejamento de intervenções futuras. A coleta de dados antropométricos é um componente essencial em programas de saúde escolar, pois fornece informações sobre a prevalência de desordens nutricionais, contribuindo para a construção de estratégias de promoção da saúde a longo prazo.

Após a triagem, parte dos alunos foram direcionados para atendimento com as nutricionistas, que realizaram uma avaliação do consumo alimentar por meio do questionário do SISVAN. Esse método de coleta de dados permite que a equipe analisas os padrões alimentares dos alunos, com atenção ao comportamento alimentar, e consumo de alimentos in natura, minimamente processados e ultraprocessados, e assim, as orientações de acordo com a necessidade individual. Durante essa etapa, foram oferecidas orientações nutricionais levando em consideração a condição de saúde de cada estudante, como insegurança alimentar, desnutrição e excesso do consumo de determinados nutrientes, como açúcares, sódio e gorduras.

A orientação oferecida aos alunos foi baseada nas diretrizes do Guia Alimentar para a População Brasileira, enfatizando a importância de uma alimentação saudável, variada e de acordo com os hábitos e cultura da população assistida (Brasil, 2014). Também foi abordado sobre a relevância do consumo de frutas, verduras e legumes, além de destacar os riscos associados ao consumo frequente de alimentos ultraprocessados, como refrigerantes, biscoitos recheados, salgadinhos e produtos industrializados em geral. Essa abordagem permitiu que os estudantes refletissem sobre seus hábitos alimentares, incentivando-os a adotar práticas alimentares mais saudáveis tanto no ambiente escolar quanto em casa.

Após as avaliações individuais, a equipe de nutrição desenvolveu atividades educativas em grupo, adaptadas de acordo com as diferentes faixas etárias. Para os alunos do ensino fundamental, a abordagem pedagógica envolveu uma atividade prática sobre a montagem de um prato saudável. Utilizando um modelo visual com um grande prato de isopor e réplicas de alimentos cortados em EVA, os estudantes aprenderam a distribuir adequadamente os grupos alimentares em uma refeição, seguindo as recomendações nutricionais. Essa metodologia visual e interativa permite promover a compreensão das proporções ideais de cereais, proteínas, legumes, verduras, frutas e laticínios, de forma a facilitar a internalização desses conceitos por parte das crianças. Para a atividade, foram utilizados alimentos tipicamente encontrados na região do município. A atividade não apenas despertou o interesse dos alunos, como também incentivou a reflexão sobre suas escolhas alimentares cotidianas.

Essa intervenção prática permitiu uma maior fixação dos conceitos teóricos de nutrição, promovendo autonomia nas escolhas alimentares dos alunos. A implementação de atividades lúdicas e participativas na educação alimentar tem se mostrado uma estratégia eficaz na promoção de mudanças de comportamento alimentar, especialmente em faixas etárias mais jovens, onde a aprendizagem visual e a experimentação prática desempenham papéis fundamentais.

Para os alunos do ensino médio, foi implementada uma abordagem mais complexa, envolvendo os alunos sobre a observação do consumo de alimentos ultraprocessados em seu cotidiano. Também foram utilizadas abordagens sobre os rótulos de alimentos, com perguntas se os alunos conhecem a nova legislação de rótulos de alimentos e se observaram a mudança por meio de imagens de lupas indicando a presença de alta quantidade de sódio, açúcar e gordura saturada nos alimentos. Os alunos participaram de atividades práticas de leitura de rótulos de alimentos, nas quais aprenderam a identificar ingredientes nocivos à saúde, como conservantes, corantes, açúcares adicionados e gorduras saturadas. Essa atividade prática teve como objetivo sensibilizar os estudantes sobre a importância de ler e compreender as informações nutricionais presentes nos produtos que consomem, promovendo escolhas mais conscientes e informadas.

A atividade de leitura de rótulos gerou discussões importantes entre os adolescentes sobre os desafios de manter uma alimentação saudável em um contexto social no qual os alimentos ultraprocessados são amplamente acessíveis e promovidos pela mídia. Estudantes relataram que, até aquele momento, não haviam percebido o impacto negativo que esses produtos poderiam ter em sua saúde a longo prazo.

2.3. Avaliação Pós-Intervenção

Os resultados das intervenções indicaram desfechos promissores. A aferição de peso e altura, em conjunto com a análise do consumo alimentar, contribuiu para a ampliação dos dados de Vigilância Alimentar e Nutricional da região, permitindo um mapeamento mais preciso do perfil nutricional dos alunos. Esses dados permitiu a identificação de educandos em situação de risco para sobrepeso e obesidade e insegurança alimentar, sinalizando a necessidade de estratégias contínuas de monitoramento e intervenção nas escolas e permitindo o encaminhamento para atendimento na USF de referência. Além disso, nos casos de insegurança alimentar, foi possível encaminhar para a assistência social e refletir sobrei a importância de políticas públicas que garantam o acesso à alimentação de qualidade em contextos de vulnerabilidade social

A atividade de montagem do prato saudável, voltada para os alunos do ensino fundamental, demonstrou resultados positivos em termos de conscientização sobre a importância de uma alimentação saudável. Observou-se um maior interesse por parte das crianças após a atividade em relação aos grupos alimentares e em compor suas refeições com base no que aprenderam durante a intervenção. Esse tipo de atividade prática tem o potencial de gerar um impacto duradouro, uma vez que a construção do conhecimento de forma lúdica facilita a adoção de hábitos alimentares saudáveis desde a infância. Estudos indicam que intervenções educativas dessa natureza são essenciais para a prevenção de doenças crônicas não transmissíveis ao longo da vida, como diabetes e hipertensão, que têm sua origem frequentemente associada a uma alimentação inadequada na infância.

Para os adolescentes, as discussões sobre ultraprocessados e a prática de leitura de rótulos geraram um impacto significativo no entendimento sobre a composição e os efeitos desses alimentos na saúde. Houve conscientização sobre a quantidade de açúcares, gorduras e aditivos presentes nesses produtos, o que influenciou na percepção dos alunos sobre as escolhas alimentares que fazem no dia a dia. A participação ativa dos adolescentes no debate demonstrou que eles passaram a adotar uma postura mais crítica em relação à indústria de alimentos. Esse tipo de abordagem é fundamental, pois capacita os jovens a tomar decisões alimentares mais conscientes, promovendo a redução do consumo de alimentos ultraprocessados e incentivando a busca por alternativas mais saudáveis.

Além dos impactos imediatos, as atividades realizadas nas escolas também podem contribuir para fortalecer o papel da equipe de saúde e educação como agentes de mudança no contexto escolar. A parceria entre os profissionais de saúde e a equipe pedagógica foi essencial para o sucesso das intervenções, e a continuidade desse trabalho colaborativo pode garantir a implementação de outras ações educativas no futuro. A inserção de práticas regulares de educação alimentar no ambiente escolar tem o potencial de transformar a relação dos alunos com a alimentação, especialmente em um cenário onde a prevalência de sobrepeso e obesidade infantil cresce de forma alarmante.

Além disso, os dados coletados durante a ação permitiram à equipe identificar possíveis focos de intervenção futura. Por exemplo, o alto consumo de alimentos ultraprocessados entre os adolescentes sugere a necessidade de campanhas mais frequentes e aprofundadas, tanto nas escolas quanto nas comunidades. Também ficou evidente a importância de envolver as famílias no processo, uma vez que o ambiente doméstico desempenha um papel crucial na formação dos hábitos alimentares. A criação de grupos de pais ou responsáveis para disseminar as orientações nutricionais aplicadas nas escolas pode ser uma estratégia eficaz para garantir que as mudanças ocorram de forma integrada e sustentada.

Por fim, as atividades reforçam a relevância de intervenções educativas contínuas e monitoramento constante. O PSE influencia práticas de educação alimentar e nutricional de forma permanente nas escolas, integradas ao currículo escolar, permite um impacto substancial na promoção da saúde e na prevenção de doenças relacionadas à alimentação. Além disso, a coleta de dados antropométricos e de consumo alimentar no ambiente escolar oferece informações valiosas para as políticas de saúde pública, permitindo que o poder público tenha uma base sólida para a elaboração de programas de intervenção nutricional mais eficazes e adaptados às necessidades locais.

3. CONCLUSÃO

O presente trabalho evidenciou a relevância das ações de educação alimentar e nutricional realizadas no contexto do Programa Saúde na Escola (PSE), demonstrando seu impacto positivo na promoção de hábitos alimentares saudáveis entre crianças e adolescentes. As intervenções, que incluíram desde a triagem antropométrica até atividades educativas e orientações nutricionais, revelaram-se eficazes na conscientização dos estudantes sobre a importância de uma alimentação equilibrada e na redução do consumo de alimentos ultraprocessados.

A coleta de dados antropométricos e a análise do consumo alimentar contribuem para a Vigilância Alimentar e Nutricional e fortalecimento da Atenção Nutricional da região. Além disso, o trabalho ressaltou a importância de parcerias entre as equipes de saúde e educação no ambiente escolar. A colaboração entre esses profissionais foi essencial para o sucesso das intervenções e reforça a necessidade de continuar investindo em programas que envolvam múltiplas áreas do conhecimento, garantindo uma abordagem integral à saúde.

É imprescindível a realização de uma avaliação mais detalhada das intervenções realizadas no âmbito do PSE, visando o fortalecimento do programa e sua integração com as diretrizes da PNAN. A análise crítica das ações e seus desdobramentos contribuirá para aprimorar as práticas já existentes, bem como para desenvolver estratégias mais eficazes. Portanto, o presente artigo poderá contribuir para o planejamento de intervenções futuras, fornecendo subsídios técnicos e teóricos para o aprimoramento das políticas públicas de saúde e nutrição voltadas ao ambiente escolar.

A continuidade dessas iniciativas, envolvendo não apenas os estudantes, mas também suas famílias e a comunidade escolar, é essencial para fortalecer a promoção de uma alimentação adequada e saudável e, consequentemente, prevenir a obesidade infantojuvenil no município. Essas ações podem contribuir para a efetivação de políticas públicas em saúde e nutrição, assegurando um ambiente alimentar mais saudável.

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1 Bacharel em Nutrição pela Universidade Federal do Tocantins. Especialização em Saúde Coletiva. Mestrando em Ciências da Saúde pela Universidade Federal do Tocantins. E-mail: [email protected]

2 Bacharel em Nutrição pela Universidade Federal do Tocantins. Pós-graduanda em Terapia Nutricional com ênfase em Cuidados Intensivos. E-mail: [email protected]

3 Bacharel em Nutrição pela Universidade Federal do Tocantins. Especialização em Nutrição Clínica e Esportiva. E-mail: [email protected]