EDUCAÇÃO FÍSICA – POSSIBILIDADE DE ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA EM HOSPITAIS DE LAGES SC
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REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.14230721
Eduarda da Silva Henriqueta1
Andreia Munalli Pereira Borssatto2
RESUMO
O presente artigo aborda a falta de inclusão do profissional de Educação Física (PEF) nos hospitais de Lages (SC), tema que surgiu em uma discussão acadêmica. Apesar de a Educação Física ser reconhecida como área da saúde, os hospitais locais não contratam esses profissionais, limitando o aprendizado dos acadêmicos e restringindo a atuação em ambientes de saúde pública, sendo que o PEF poderia contribuir significativamente em contextos hospitalares ao integrar equipes multiprofissionais (compostas por médicos, fisioterapeutas, psicólogos, entre outros), promovendo exercícios físicos para melhorar a recuperação e o bem-estar dos pacientes. Investigar a possibilidade de atuação do Profissional de Educação Física em Hospitais de Lages SC foi o objetivo central da pesquisa, e teve seguintes indagações: Como o PEF pode contribuir, atuando em ambientes hospitalares do município de Lages? Quais os motivos reais que impedem a contratação nos referidos locais? Trata-se de uma pesquisa de campo (entrevista semi-estruturada), descritiva, de finalidade básica e abordagem qualitativa. Foi desenvolvida em dois hospitais de Lages, SC, que oferecessem enquanto requisitos os seguintes ambientes: emergência, alas de internamento, centro cirúrgico e unidade de terapia intensiva (UTI) me que aceitassem participar. Através do estudo realizado pode-se compreendeer o motivo pelo qual o Profissional de Educação Física não está inserido nos ambientes hospitalares na cidade de Lages-SC pois os mesmos não comportam uma área específica para o profissional de Educação Física atuar (apesar de não ser um impedimento para a atuação) e não há recursos suficientes para investir na contratação do mesmo.
Palavras-chave: Profissional de Educação Física. Atuação Profissional. Hospitais.
ABSTRACT
This article addresses the lack of inclusion of Physical Education professionals (PEF) in hospitals in Lages (SC), a topic that arose in an academic discussion. Although Physical Education is recognized as a health area, local hospitals do not hire these professionals, limiting academics' learning and restricting their work in public health environments, and the PEF could contribute significantly in hospital contexts by integrating multidisciplinary teams ( composed of doctors, physiotherapists, psychologists, among others), promoting physical exercises to improve the recovery and well-being of patients. Investigating the possibility of Physical Education Professionals working in Hospitals in Lages SC was the central objective of the research, and had the following questions: How can the PEF contribute, working in hospital environments in the city of Lages? What are the real reasons that prevent hiring in these places? This is field research (semi-structured interview), descriptive, with a basic purpose and a qualitative approach. It was developed in two hospitals in Lages, SC, which offered the following environments as requirements: emergency, inpatient wards, surgical center and intensive care unit (ICU) and those who agreed to participate. Through the study carried out, it is possible to understand the reason why the Physical Education Professional is not inserted in hospital environments in the city of Lages-SC as they do not include a specific area for the Physical Education professional to work (despite not being a impediment to acting) and there are not enough resources to invest in hiring him.
Keywords: Physical Education Professional. Professional Performance. Hospitals.
Introdução
O assunto pelo qual levou a escolha do tema foi uma conversa em sala de aula onde foi questionado por uma professora que nos âmbitos hospitalares de Lages SC não há inclusão do profissional de Educação Física em suas atividades e demandas com os pacientes.
Tendo em vista que a Educação Física é considerada uma área da saúde, o profissional graduado não atua em hospitais em Lages SC. Sendo assim o acadêmico em formação ainda em formação não tem a chance de estagiar e ter o máximo de conhecimento possível em um ambiente totalmente diferente em que está acostumado, como em academias e centro de esportes, à vista disso impossibilitando um maior conhecimento da Saúde Pública.
A Educação Física é uma área com amplas capacidades e escolhas a se capacitar, porém, em hospitais não tem essa realidade e opção para o futuro profissional, onde podem pôr em prática habilidades e desenvolver rotinas de exercícios para pacientes, ajudando em sua recuperação tanto como aeróbicos quanto musculação, desta maneira o mesmo terá um tratamento melhor para condição que apresenta.
A atuação do Profissional de Educação Física (PEF) deve ser feita em companhia de uma equipe multiprofissional que já conta com médicos de diversas especialidades, enfermeiros, psicólogos, fisioterapeutas e nutricionistas para melhor atender os pacientes em suas necessidades no momento que estiver sob cuidados do hospital, somando conhecimentos com as competências dos outros profissionais e mostrar a sua importância de estar junto com essa equipe.
O bem-estar físico é um parâmetro para identificar o estado de saúde de um paciente, por isso a Educação Física deve estar presente para intensificar e complementar um diagnóstico. E intervir de forma qualificada junto aos pacientes que necessitam.
A Resolução nº 391/2020 do CONFEF dispõe sobre o reconhecimento e a definição da atuação e competências do Profissional de Educação Física em contextos hospitalares. Mais especificamente na Seção II, onde traz no Art. 5º – que o Profissional poderá atuar em toda e qualquer área hospitalar da atenção à saúde, às quais se reconhecem os benefícios da atividade física e do exercício físico e no Art. 6º – que esclarece que a atuação do Profissional de Educação Física no contexto hospitalar pode ser desenvolvida nas áreas de “Atenção intra-hospitalar” e “Atenção extra-hospitalar oferecida pelo hospital”. Tais informações validam e reforçam a presença da referida categoria profissional atuando legalmente nestes setores e empoderando a importância do trabalho a ser desenvolvido.
A falta de inclusão do PEF em Ambientes Hospitalares no município de Lages SC aguça uma “curiosidade” de tentar compreender os motivos reais desse fato. Já que a Educação Física é considerada da área da saúde e seus profissionais deveriam estar presente nesses ambientes, somando-se aos demais das outras áreas da saúde, com as habilidades e estudos específicos. Eis que surge então as seguintes indagações: Como o PEF pode contribuir, atuando em ambientes hospitalares do município de Lages? Quais os motivos reais que impedem a contratação nos referidos locais?
Objetivo Geral
Investigar a possibilidade de atuação do Profissional de Educação Física em Hospitais de Lages SC
Objetivos Específicos
Compreender qual a visão dos gestores hospitalares sobre as funções que o Profissional de Educação Física pode exercer nos ambientes hospitalares.
Analisar porque não há Profissionais de Educação Física atuando como integrantes da equipe multiprofissional nos hospitais de Lages SC.
Verificar se a estrutura do ambiente hospitalar oferece condições para o atendimento de qualidade dos Profissionais de Educação Física.
Hipóteses
Não há interesse, por parte dos dirigentes dos hospitais de Lages SC, em ofertar vagas aos Profissionais de Educação Física.
Há falta de recursos para investir na contratação de Profissionais de Educação Física.
Os Hospitais apontam falta de estrutura física para acolher os Profissionais de Educação Física em seus ambientes
Encaminhamentos Metodológicos
Este estudo é de finalidade básica, quanto ao objetivo, trata-se de uma pesquisa descritiva e o procedimento utilizado para a coleta de dados foi a pesquisa de campo.
A pesquisa foi desenvolvida em dois hospitais de Lages – SC, aqui representados por “Hospital A” e “Hospital B”, que oferecessem enquanto requisitos os seguintes ambientes: emergência, alas de internamento, centro cirúrgico e unidade de terapia intensiva (UTI).
Participaram do estudo, de forma espontânea, profissionais que exercem o cargo de gestor nos referidos hospitais, sendo uma enfermeira a qual exerce a função de gestora no Hospital “B”, e um bacharel em administração hospitalar, que exerce o cargo de diretor executivo do Hospital “A”. Os participantes do estudo receberam o Termo de Esclarecimento Livre e Esclarecido (TCLE) no dia da coleta de dados, tomando ciência da participação ao assinar o documento.
O procedimento de coleta de dados ocorreu através de entrevista semiestruturada, com a utilização do gravador de voz Philips, modelo DVT 1160. Estas foram realizadas no dia 23 de agosto de 2023 e dia 25 de agosto de 2023, ambos no período matutino e nas dependências dos hospitais participantes da pesquisa. Que contou com um roteiro previamente elaborado com sete perguntas abertas, as quais os entrevistados tiveram a liberdade de expor a suas opiniões ou relataram algo excepcionalmente importante ao estudo.
A análise dos dados deu-se a partir da abordagem qualitativa, através de triangulação entre o referencial teórico, as respostas apresentadas nas entrevistas e as contribuições das pesquisadoras. Os resultados estão apresentados de forma textual, trazendo recursos para discussão e conclusões por intermédio dos referidos procedimentos.
O estudo foi registrado na Plataforma Brasil e encaminhado ao Comitê de Ética em Pesquisa da UNIPLAC, conforme preconiza a Resolução CNS 510/16, recebendo aprovação em 17 de agosto de 2023 com Parecer nº 6.246.000.
Resultados e Discussões
A seguir são apresentados os resultados do estudo, de acordo com as entrevistas realizadas, seguidos de contribuições de outros estudos referente aos resultados encontrados a das considerações apresentadas.
Quando perguntados se havia Profissionais de Educação Física no quadro de colaboradores do Hospital, o Hospital A e o Hospital B responderam que não. O motivo do Hospital A não ter o Profissional de Educação Física é pela questão de não ter fonte de remuneração para o mesmo e nem há previsões em portaria; e o Hospital B alegou falta de conhecimento em relação a nossa área, mas começaram a pensar na possibilidade quando abriram a ala de saúde mental.
No ano de 2020, em pleno período pandêmico, foi aprovada a Legislação que ampara o Profissional de Educação Física no direito de atuar em hospitais. Sendo assim somando com outros integrantes hospitalares, para que haja um tratamento mais intensivo com o paciente, que poderá ser planejado e avaliado a conduta de exercício físico individual e em grupo, adequando-se às realidades dos locais e as características específicas de saúde de cada indivíduo.
A Resolução Nº 391, DE 26 DE AGOSTO DE 2020, apresenta em seus artigos 2º e 7º a seguinte redação:
Art. 2º, - Reconhecer que o Profissional de Educação Física possui formação para intervir em contextos hospitalares, em níveis de atenção primária, secundária e/ou terciária em saúde, dentro da estrutura hierarquizada preconizada pelo Ministério da Saúde e considerando o SUS. (DOU, 2020 p. 02)
Art. 7º - A atuação do Profissional de Educação Física se caracteriza pelo exercício profissional em todos os níveis de atenção à saúde, em todas as fases do desenvolvimento humano, com ações de prevenção, promoção, proteção, educação, intervenção, recuperação, reabilitação, tratamento e cuidados paliativos, com atendimento em instituições filantrópicas, comunitárias, militares, públicas, privadas, entre outras. (DOU, 2020 p. 04)
É comum associar as atividades do Profissional de Educação Física (PEF) apenas em academias e centros desportivos, mas a EF traz amplas possibilidades de atuação em muitas outras áreas e uma delas é no ambiente hospitalar (Unifor, 2023).
De acordo com Ministério da Saúde (2021) as recomendações para o desenvolvimento de atividades físicas bem-sucedidas na Atenção Primária à Saúde (APS) do Sistema Único de Saúde (SUS) visam auxiliar os profissionais da saúde no planejamento e avaliação de suas atividades físicas. E para que os procedimentos sejam replicáveis e sustentáveis pelo SUS nos hospitais, os usuários terão maior participação e autonomia, por já estarem ambientados com atividades desenvolvidas pelos PEF ‘s nas Unidades Básicas de Saúde (UBS).
O ideal, segundo Silva, Santana e Carvalho (2017) seria que a atuação dos Profissionais de Educação Física atendesse e assistisse a população, pelo SUS, antes que o adoecimento seja diagnosticado, pois é fato que a atividade física, que faz parte das competências e capacidades da profissão em suas vastas possibilidades faz parte do processo terapêutico e pode amenizar consequências mais severas de determinadas doenças.
Ao pedir aos entrevistados suas opiniões sobre como a Educação Física pode contribuir na sua equipe hospitalar, o Hospital A respondeu que contribuiria pouco em virtude do tempo reduzido de internação dos pacientes (em média dois dias); Hospital B sinalizou que a contribuição será muito positiva, em se tratando da ala da saúde mental, pelas características do tratamento.
O trabalho de um Profissional de Educação Física, dê acordo com Safons e Pereira (2021), inclui a técnica e a ciência, e dentro delas está o conhecimento aprofundado da atividade física e o conhecimento do ser humano. Sabendo disso, poderá auxiliar e ajudar quem necessita da prática de atividade física no âmbito hospitalar contribuindo com a melhora da saúde do paciente. Os benefícios dessa prática junto ao Profissional de Educação Física trazem a diminuição de risco a lesões, adequação da aditividade à meta desejada, mais movimentação e possibilidade de otimizar o processo recuperação dos pacientes.
A Resolução Nº 391, de 26 de Agosto de 2020 (DOU, 2020), apresenta em seus artigos o 5º onde fala que “Art. 5º - “O Profissional de Educação Física poderá atuar em toda e qualquer área hospitalar da atenção à saúde, às quais se reconhecem os benefícios da atividade física e do exercício físico”
Como aliado a tratamentos para o controle da ansiedade e da depressão, Vieira (2022. p. 1) evidencia uma importante forma não farmacológica de tratamento ao afirmar que “a prática de atividade física atua no cérebro para diminuir a produção de adrenalina e de cortisol, hormônios responsáveis pelo estresse e aumentar os hormônios do bem-estar, como serotonina e endorfina”.
A Educação Física, para Antunes et al, (2023), pode ser aliada no processo terapêutico dos pacientes em tratamento relacionado a saúde mental ou outras áreas médicas, pois acredita-se que o Profissional de Educação Física poderá trabalhar e estimular os pacientes com atividades físicas que busquem focar no exercício e na interatividade, complementando a demanda terapêutica.
Ainda que ele seja pouco valorizado dentro do serviço de saúde, pode atuar de forma preventiva no combate a diversas enfermidades. O profissional de Educação Física está capacitado para trabalhar junto às equipes multidisciplinares de saúde, pois as ações de práticas corporais podem reduzir os agravos e os danos decorrentes das doenças não transmissíveis, beneficiar a redução do consumo de medicamentos, favorecer a formação de organizações sociais e incentivar a interdisciplinaridade. (Pacheco; Soares, 2016. p. 1)
Para Unifor (2023) a atuação do Profissional de Educação Física em ambiente hospitalar é fundamental. Estes acrescentam exercícios de fortalecimento que ajudam os pacientes a manter uma melhor condição física. Ao decorrer do tempo, a Educação Física vem se fortalecendo e conquistando espaços de atuação, principalmente em instituições de saúde.
Na Região Sul do Brasil, cinco hospitais Universitários contam com PEF’s nas equipes assistenciais. Destes, o Hospital Universitário da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (FURG) possui PEF’s desde 2011, os quais dão suporte de preceptoria para os Residentes do Programa de Residência Integrada Multiprofissional Hospitalar com ênfase na Atenção à Saúde Cardio-Metabólica do Adulto e também prestam serviço de avaliação física (com ergometria) e reabilitação física para pacientes com alto risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares (CONFEF, 2021. p. 1).
Na sequência da entrevista foi feita a seguinte indagação: Se houvesse um Profissional de Educação Física na equipe, como o (s) senhor (es) acredita que seria a aderência com os pacientes? O Hospital A pontuou que “para o nosso caso, eu não acredito que o paciente teria algum tipo de restrição com relação a atuação do profissional […] Dado a vulnerabilidade e a condição de passividade do paciente, normalmente tudo que você impõe, ele aceita.” O Hospital B pontuou que “seria 100%, não teríamos dificuldades alguma, inclusive dos acompanhantes porque como a gente atende o público infantil, não é somente o paciente, tem a família atrelada esse cuidado. Tenho praticamente certeza que não teríamos problemas algum, que a adesão seria bem efetiva.”
Gomes et al (2023), sinalizam em seu estudo o reconhecimento da inserção do PEF no âmbito hospitalar quando apontam unanimidade ao relatar que outros profissionais da saúde que atuam em hospitais na região Sudeste do Brasil solicitam a presença do PEF em suas equipes pois acreditam na potencialidade do exercício físico enquanto coadjuvante no tratamento de várias comorbidades.
Eu achava que o graduado em educação física era para a academia ou escola. Para mim foi uma grande surpresa chegar em um setor público e ver um serviço de saúde ser coordenado por uma professora de educação física; difícil de assimilar [...] esses serviços sempre são coordenados por médico e enfermeiros, até minha enfermeira está sobre supervisão dela, todo mundo está sobre supervisão dela. (Ferreira; Damico; Fraga, 2017, p. 179).
Importante apresentar a opinião de um profissional da área da saúde que trabalha em um hospital e é subordinado de uma Profissional de Educação Física. Tal relato expressa a falta de conhecimento das pessoas e até certo descrédito pelos PEF’s que, não só são capazes de realizar um excelente trabalho a nível esportivo ou dentro de academias ou estúdios de ginástica; são capazes de exercer com maestria e competência funções de liderança em gestão/departamento administrativo dentro do ambiente hospitalar.
Ao perguntar para os entrevistados que, havendo viabilidade de contratação de em Profissional de Educação Física trabalhando e agregando na equipe para melhor saúde e bem-estar dos pacientes, quanto tempo o senhor ou senhora ainda levaria para sua contratação? A resposta no Hospital A foi que “[...] a contratação somente será possível quando houver remuneração para isso.”; E o Hospital B foi que “Após a aprovação, 15 a 20 dias.”
Como os hospitais participantes da pesquisa tem realidades distintas, percebeu-se que no Hospital B, apesar de não haver previsão para contratação de Profissional de Educação Física de imediato ou mesmo num futuro próximo, assim que for viável, os trâmites legais para a contratação são rápidos.
Já o outro Hospital, não visualiza essa situação tão cedo, pois crê que seu público, não se beneficiará dos serviços prestados pelos Profissional de Educação Física, por não ficarem por mais de dois ou três dias internados.
Quando perguntado se existe uma estrutura para o Profissional de Educação Física onde conseguiria atender os pacientes, a resposta do Hospital A foi que “Normalmente não nos ambientes hospitalares.”; E o Hospital B: “eu acredito que sim, não sei se precisa de algum espaço físico específico enfim, mas a estrutura comporta sim esse atendimento.” Como a resposta do Hospital A foi negativa, foi perguntado por qual motivo não foi construída ou adaptada para o mesmo? A resposta foi que: “[…] ela não foi criada, construída ou adaptada para isso, porque não há previsibilidade das fontes de remuneração do pagamento do profissional.”
Os Hospitais, onde foi desenvolvida a pesquisa, não comportam um espaço físico para o Profissional de Educação Física atuar, pelo fato de ter instalação predial mais antiga e por não ter os mesmos agregando a equipe multiprofissional, nem antigamente e nem agora. Como são Hospitais que foram construídos a anos, não se cogitava essa possibilidade de ter a Educação Física na área da saúde onde o Profissional de Educação Física pode contribuir com seu conhecimento prático para uma melhor recuperação do paciente.
Fatos estes, apontam que as adaptações de salas ou locais abertos, são feitos de forma improvisada, o que não desmerece a possibilidade de atuação do PEF. A expectativa para melhorar este cenário está em crer que para a construção de novos Hospitais ou até mesmo em reformas dos que já existem, sejam projetados espaços apropriados para atividades a serem desenvolvidas com os pacientes, dê acordo com as necessidades de cada um. Dependendo da condição de saúde e de mobilidade do paciente seria interessante deslocá-lo do leito para outro local, o que contribuiria também com seu estado psicológico.
Ao indagar, quais funções o Profissional de Educação Física pode exercer no ambiente hospitalar e como visualiza a atuação do profissional. O Hospital A respondeu que “[...] ele tem muito mais aderência a equipe de colaboradores do que aos pacientes [...].” O Hospital B pontuou que com a rotina que eles têm de atividades multiprofissionais, o Profissional de Educação Física participará de todas. Ele precisa estar ciente do quadro clínico do paciente e das medicações que foram feitas no dia para aplicar atividades sem prejudicar o paciente que pode ou não estar sonolento.
O Profissional de Educação Física pode desenvolver ações para reabilitação de cardiopatas, vítimas de acidente vascular encefálico, pacientes oncológicos, atividades para gestantes, ala geriátrica, [...] a presença do profissional é mais corriqueira quando se trata de recreação e atenção a dependentes químicos” (Santos, 2017). Aliado a essas possibilidades, a intervenção do Profissional de Educação Física deve ser amparada por um planejamento, os métodos de trabalho bem definidos e seus conteúdos. Junto a isso os materiais a serem utilizados, o tempo de exercícios e a duração dos mesmos, o local das atividades (se houver disponível, caso contrário poderá ser no leito mesmo), a aula proposta do dia e a condição do paciente, também os objetivos e seus resultados ao final de cada sessão de exercício. (Rocha, 2011).
As questões interdisciplinares ainda se apresentam no perfil profissional constante em termos de participação em grupo, planejamento e execução da intervenção. Embora a formação desses profissionais seja variada, ela tem um impacto direto com os campos da saúde e da educação em saúde. (Rocha, 2011).
A Resolução Nº 391, DE 26 DE AGOSTO DE 2020, apresenta em seus artigos 4º a seguinte redação:
Art. 4° – No desempenho das atribuições relacionadas às atividades físicas cabe ao Profissional de Educação Física no contexto hospitalar:
V - Prescrever e adaptar o tipo, a intensidade, a frequência e duração da sessão de exercícios físicos de acordo com as condições do usuário/grupo, considerando não somente o seu estado de saúde, fatores de risco ou de proteção, mas também as suas capacidades físicas, limitações individuais, objetivos pessoais e preferências, de modo a otimizar os benefícios e a adesão à prática regular da atividade física; (DOU, 2020. p. 02)
Para Pereira, Souza Silva e Belém (2018) a Educação Física desempenha um papel importante nos hospitais, porque possui conhecimento aprofundado da prática de atividades físicas e esportiva e é essencial para a praticá-las em ambientes hospitalares. A recreação hospitalar é uma das modalidades de recreação que busca cooperar com a recuperação, restauração e restabelecimento da saúde dos pacientes internados, sendo o responsável por isso o profissional formado em Educação Física (Pereira; Souza Silva; Belém, 2018)
Ao perguntar se é de interesse da equipe diretiva do hospital agregar o profissional de Educação Física junto a equipe multiprofissional de atua no hospital? O Hospital A pontuou que “[…] para o hospital desde que houvesse as condições econômicas para tal, não há nenhum tipo de impedimento ou barreira, seria mais uma multidisciplinaridade que nós traríamos para nossa equipe. A vinda de mais um profissional com uma formação um pouquinho diferente para gente não […] nenhum problema, desde que garantida as condições remuneratórias para isso”. E o Hospital B pontuou que “Sim. Hoje a gente acaba não tento esse profissional por questões financeiras realmente, [...] a gente prioriza o profissional que é obrigatório na equipe. Mas nós temos certeza que seria realmente um profissional muito importante [...]”
Segundo o CONFEF (2004), no ano de 1997, o Ministério da Saúde apontou a Educação Física como profissão de nível superior da área da saúde, em parceria com profissões como Medicina, Enfermagem, Nutrição, dentre outras, passando a ser vista como profissão responsável pela promoção de saúde.
A formação em Educação Física (EF) se dá através de curso superior que visa melhorar, controlar e manter a saúde do corpo e da mente humana. Inclui um conjunto de programas estruturados e organizados para melhorar a condição física de crianças, jovens e adultos através de diversas atividades e locais para a sua realização (em ambientes escolares, academias e centros de saúde). Todas as possíveis atividades da Educação Física são ministradas por um profissional formado, a qual está intimamente relacionada com as Ciências Biológicas e da Saúde. (Dicionário Significado, 2011).
Demonstrando a relação da formação acadêmica com a realidade da prática dos PEF’s em hospitais, Pacheco (2017. p. 46) salienta que “apesar de grande parte dos currículos não tratarem da Educação Física na área da saúde como deveriam, o PEF já ganhou muito espaço e tem seu lugar cada vez mais consolidado na área.” A autora ressalta também que
O PEF possui qualificações que nenhum outro membro da equipe tem, mesmo que a grande maioria ache que os médicos e fisioterapeutas podem assumir a função do PEF, isso não passa de um equívoco. Apesar de grande parte dos currículos não tratarem da Educação Física na área da saúde como deveriam, o PEF já ganhou muito espaço e tem seu lugar cada vez mais consolidado na área. Pacheco, 2017. p. 46)
Considerações Finais
Durante o estudo, foi evidenciado a importância que a Educação Física traria se estivesse inserida nos ambientes hospitalares. Sua eficácia contribuiria de forma positiva não apenas para o paciente, mas também para seus familiares. Porém, devido à falta de conhecimento das inúmeras possibilidades que esta área provê, a sociedade, e de certa forma a equipe gestora, acabam por rotular esta profissão apenas como prática de exercícios físicos, não vislumbrando as possibilidades de saúde e bem-estar que ela pode proporcionar.
A Educação Física traz inúmeros benefícios à saúde, e ter a possibilidade de inclusão de um profissional desta área nos ambientes hospitalares é de fundamental importância para o indivíduo que precisa estar ali naquele momento. Já foi comprovado através de vários estudos que o exercício físico pode melhorar a saúde física e mental sem a necessidade de medicamentos ou cirurgias, mas quando isso não é possível, ela pode proporcionar, junto com demais membros de equipes multidisciplinares, uma recuperação mais eficiente.
Essa pesquisa apresentou uma visão muito relevante, pois pode-se obter informações que evidenciaram as dificuldades na inclusão do profissional de Educação Física neste ambiente. O Hospital A se mostrou bastante relutante em aceitar a proposta de inclusão do profissional, pois suas respostas se voltavam, muitas vezes, a fonte pagadora, não abrangendo sua real importância no ambiente hospitalar. Já o Hospital B se mostrou muito receptivo ao assunto, demonstrando interesse e disposição na inclusão do profissional para somar à sua equipe multidisciplinar.
De um ponto de vista mais específico quanto ao retorno obtido dos Hospitais participantes do estudo, para o Hospital A, a Educação Física vem ao encontro mais dos colaboradores do que para com os pacientes, tendo em vista a característica do hospital onde a permanência do paciente é mais curta, em torno de 2 a 3 dias. Para o Hospital B, a inclusão do profissional traria muitos benefícios aos pacientes e acompanhantes pois, por se tratar de um público mais específico, atenderia de forma diferenciada tanto a saúde física como a mental dos indivíduos ali internados. Desta forma, pode-se entender que a ausência do Profissional de Educação Física nos Hospitais de Lages -SC, está ligada diretamente a falta de conhecimento da área e em algumas vezes por falta de interesse.
Através do estudo realizado pode-se alcançar o objetivo e compreensão do motivo pelo qual o Profissional de Educação Física não está inserido nos ambientes hospitalares na cidade de Lages-SC. Ele evidenciou que existe falta de conhecimento por parte dos dirigentes em relação as possibilidades que está área proporcionaria aos pacientes. A relação do profissional com o paciente debilitado traria muitos benefícios tanto para o indivíduo quanto para a instituição, não causando qualquer dificuldade ou impedimento no atendimento que hoje é prestado. Contudo, é necessário que as partes dispostas em incluir a Educação Física no seu ambiente obtenham um conhecimento mais abrangente sobre as atividades realizadas por este profissional.
Desta forma, as hipóteses levantadas após a realização deste estudo foram alcançadas, pois a pesquisa mostrou que os hospitais não comportam uma área específica para o profissional de Educação Física atuar (apesar de não ser um impedimento para a atuação) e não há recursos suficientes para investir na contratação do mesmo, sem contar a falta de interesse e de conhecimentos das instituições para disponibilizar este profissional aos seus pacientes.
Com isso, sugere-se novos estudos sobre essa temática, tendo em vista que a Educação Física é uma área de extrema importância para a sociedade. Um estudo mais abrangente poderá esclarecer que a área não está apenas relacionada com academias e práticas de esportes, mas sim que é voltada a saúde física e mental, e desta forma deve estar inserida nos hospitais.
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1 Graduada em Educação Física – Bacharelado na Universidade do Planalto Catarinense – UNIPLAC. E-mail: [email protected].
2 Mestra em Ambiente e Saúde e Professora do Curso de Educação Física da Universidade do Planalto Catarinense – UNIPLAC. E-mail: [email protected].