ATENÇÃO FARMACÊUTICA A PACIENTES COM DIABETES MELLITUS TIPO 2

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REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.17479731


Alexandre Rodrigues Da Silveira1
Dêise da Silva Lima2
Ana Cristina Serra Polimeno3
Vivian Araújo Barbosa de Oliveira4


RESUMO
O Diabetes Mellitus Tipo 2 (DM2) constitui uma doença crônica com prevalência no Brasil, e no cenário global, com demanda de uma abordagem multiprofissional para seu manejo eficaz. Este documento tem por objetivo analisar a contribuição do bacharel em Farmácia no manejo e cuidados de pacientes com a comorbidade DM2, com ênfase no controle glicêmico, na adesão terapêutica e na prevenção de complicações associadas. Por meio de uma revisão integrativa de literatura, abrangendo publicações entre 2020 e 2024, foram apurados os mais relevantes serviços farmacêuticos direcionados a pacientes com DM2, tais como a educação em saúde, o acompanhamento farmacoterapêutico e a promoção do uso racional de medicamentos. Agregando, ao estudo, os distintos tipos de diabetes, mecanismos fisiopatológicos específicos do DM2, ressaltando a importância da monitorização de parâmetros clínicos — como glicemia capilar e hemoglobina glicada — para fundamentar intervenções clínicas realizadas pelo farmacêutico. Os serviços farmacêuticos citados acima indicam que a atuação clínica do bacharel do curso de Farmácia contribui significativamente para a melhoria dos desfechos clínicos e da qualidade de vida dos pacientes, embora evidenciem desafios inerentes à implementação dessas práticas no âmbito da Atenção Primária à Saúde (APS). Conclui-se que a capacitação profissional contínua e integrada do profissional de farmácia entre a equipe multiprofissional são imprescindíveis para a consolidação e ampliação do cuidado farmacêutico na APS.
Palavras-chave: Diabetes Mellitus Tipo 2. Cuidado Farmacêutico. Atenção Primária à Saúde. Controle Glicêmico. Adesão Terapêutica.

ABSTRACT
Type 2 Diabetes Mellitus (T2DM) is a chronic disease with high prevalence in Brazil and globally, requiring a multidisciplinary approach for effective management. This document aims to analyze the contribution of the pharmacy graduate in the management and care of patients with the comorbidity T2DM, with emphasis on glycemic control, therapeutic adherence, and the prevention of associated complications. Through an integrative literature review covering publications from 2020 to 2024, the most relevant pharmaceutical services directed at patients with T2DM were identified, such as health education, pharmacotherapeutic follow-up, and the promotion of the rational use of medicines. The study also incorporates the different types of diabetes, specific pathophysiological mechanisms of T2DM, and highlights the importance of monitoring clinical parameters—such as capillary blood glucose and glycated hemoglobin—as a basis for clinical interventions carried out by the pharmacist. The pharmaceutical services mentioned above indicate that the clinical role of the pharmacy graduate significantly contributes to the improvement of clinical outcomes and the quality of life of patients, although challenges inherent to the implementation of these practices within the scope of Primary Health Care (PHC) are evident. It is concluded that continuous and integrated professional training of the pharmacist within the multidisciplinary team is essential for the consolidation and expansion of pharmaceutical care in PHC.
Keywords: Type 2 Diabetes Mellitus. Pharmaceutical Care. Primary Health Care. Glycemic Control. Therapeutic Adherence.

1. INTRODUÇÃO

O Diabetes Mellitus Tipo 2 (DM2) é uma das doenças crônicas, mais desafiadoras do século XXI, com uma prevalência crescente em todo o mundo. Segundo a International Diabetes Federation (2021), aproximadamente 537 milhões de adultos viviam com diabetes (DM2) em 2021, e estima-se que esse número aumente para 783 milhões até 2045. Com um cenário igualmente preocupante, no Brasil. Segundo dados da Sociedade Brasileira de Diabetes (2021), mais de 14 milhões de adultos convivem com a doença, representando um custo significativo para o Sistema Único de Saúde (SUS), com impacto direto a qualidade de vida dos pacientes. O DM2 é responsável por cerca de 90% dos casos de diabetes no país, sendo uma das principais causas de morbimortalidade por doenças cardiovasculares, insuficiência renal e amputações de membros inferiores (SILVA et al., 2021).

O Diabetes Mellitus compreende diferentes tipos, sendo os principais tipo 1, tipo 2 e diabetes gestacional. A diabetes tipo 1, autoimune, caracteriza-se pelo bloqueio da condução da insulina produzida pelas células beta pancreáticas, levando à deficiência absoluta de insulina. Já o diabetes gestacional ocorre durante a gravidez e pode desaparecer após o parto, embora represente um fator de risco para o desenvolvimento futuro de DM2. Já a Diabetes Mellitus Tipo 2, por sua vez, está relacionado a uma resistência dos tecidos periféricos à ação da insulina e à diminuição progressiva da função secretora das células beta do pâncreas. Inicialmente, o organismo responde à resistência insulínica com aumento da produção desse hormônio. Com o tempo, entretanto, ocorre falência funcional dessas células, agravando a hiperglicemia. Tal condição resulta de uma complexa interação entre predisposição genética, obesidade, sedentarismo, alimentação inadequada e envelhecimento.

O manejo eficaz do DM2 exige uma abordagem multidisciplinar, que inclui não apenas o controle glicêmico, mas também a prevenção de complicações agudas e crônicas, como retinopatia, nefropatia e neuropatia. Nesse contexto, o farmacêutico emerge como um profissional essencial, atuando não apenas na dispensação de medicamentos, mas também no acompanhamento farmacoterapêutico, na educação em saúde e na prevenção de complicações (CONSELHO FEDERAL DE FARMÁCIA 2019).

A Atenção Farmacêutica (AF) tem se mostrado uma estratégia promissora para melhorar os desfechos clínicos e humanísticos dos pacientes com DM2, especialmente na Atenção Primária à Saúde (APS), onde o acesso a cuidados especializados é limitado. Estudos apontam que o cuidado farmacêutico pode promover redução significativa dos níveis de hemoglobina glicada (HbA₁c), além de contribuir para o cuidado integral, favorecer a qualidade de vida dos pacientes e otimizar os recursos do Sistema Único de Saúde (SUS) (MIYAMOTO et al., 2025).

“Contudo, a implementação dessas práticas na APS enfrenta desafios importantes, como a falta de capacitação dos farmacêuticos, a sobrecarga de trabalho e a escassez de recursos, além da limitada valorização da atuação desses profissionais no âmbito das equipes multiprofissionais de saúde (SOUZA; FURTADO, 2022).”

O presente trabalho busca explorar a importância do cuidado farmacêutico no tratamento do DM2, analisando seus impactos no controle glicêmico, na adesão ao tratamento e na qualidade de vida dos pacientes, bem como os desafios enfrentados na implementação dessas práticas no contexto brasileiro. Para isso, será realizada uma revisão integrativa da literatura, com base em artigos científicos publicados entre 2020 e 2024, disponíveis nas bases de dados PubMed, SciELO e Google Acadêmico.

2. REVISÃO DA LITERATURA

Referencial teórico/Estado da arte

2.1. Diabetes Mellitus Tipo 2: Contextualização e Impacto na Saúde Pública

Diabetes Mellitus tipo 2 (DM2) é uma doença crônica caracterizada pela hiperglicemia decorrente de alterações na ação e/ou secreção da insulina. A fisiopatologia do DM2 envolve principalmente a resistência à insulina nos tecidos periféricos, como fígado, músculos e tecido adiposo, além da disfunção progressiva das células beta pancreáticas, responsáveis pela produção do hormônio. Inicialmente, há um aumento compensatório da secreção de insulina. Contudo, com o tempo, as células betas entram em falência funcional, agravando o quadro hiperglicêmico. A obesidade, especialmente a visceral, associada a um estado inflamatório crônico de baixo grau, exerce papel significativo no desenvolvimento da resistência à insulina e na progressão da doença (CARDOSO et al., 2021).

Nesse contexto, a identificação precoce de alterações nos níveis glicêmicos desempenha papel essencial no diagnóstico e no acompanhamento da evolução da doença. Um parâmetro utilizado para a avaliação do controle glicêmico é o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para o Diabetes Mellitus Tipo 2, publicado pela Conitec/Ministério da Saúde (BRASIL, 2023), os critérios diagnósticos baseiam-se em parâmetros bioquímicos bem estabelecidos. A glicemia plasmática de jejum é considerada normal quando inferior a 100 mg/dL, caracteriza pré-diabetes entre 100 e 125 mg/dL, e define diabetes mellitus quando igual ou superior a 126 mg/dL. A hemoglobina glicada (HbA1c), por sua vez, reflete a média da glicemia dos últimos dois a três meses e é utilizada como marcador importante para diagnóstico e acompanhamento. Valores inferiores a 5,7% indicam normalidade, resultados entre 5,7% e 6,4% configuram pré-diabetes, enquanto níveis = ou > 6,5% são diagnósticos de diabetes mellitus tipo 2.

Nas últimas décadas, a prevalência do DM2 tem crescido de forma expressiva no Brasil e no mundo, impulsionada por fatores como o envelhecimento populacional, urbanização, sedentarismo e alimentação inadequada. Estima-se que o DM2 represente cerca de 90% dos casos de diabetes no país, configurando-se como uma das principais causas de morbimortalidade relacionada a doenças cardiovasculares, insuficiência renal crônica e amputações de membros inferiores (SBD, 2023; MENDES et al., 2020).

O impacto econômico do DM2 no Sistema Único de Saúde (SUS) também é significativo. Entre 2011 e 2019, foram registradas mais de 1,2 milhão de internações hospitalares com diagnóstico principal de diabetes no SUS, representando 1,2% do total de internações no período. O gasto estimado com essas internações ultrapassou US$ 420 mil, com tendência de crescimento nos anos seguintes (SILVA et al., 2024). Além dos custos diretos com medicamentos e hospitalizações, o DM2 acarreta perdas econômicas indiretas associadas a afastamentos do trabalho, aposentadorias precoces e redução da produtividade. Diante desse cenário, o fortalecimento das políticas públicas de prevenção, diagnóstico precoce e manejo adequado da doença é essencial para minimizar seus impactos na saúde da população e nos cofres públicos (BRASIL, 2021; MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2022).

2.2. O Papel do Farmacêutico no Contexto Multidisciplinar

O farmacêutico exerce um papel fundamental no cuidado ao paciente com Diabetes Mellitus tipo 2 (DM2), indo além da dispensação de medicamentos. Sua atuação inclui educação em saúde, identificação e resolução de Problemas Relacionados a Medicamentos (PRMs), acompanhamento farmacoterapêutico e promoção da adesão ao tratamento, garantindo o uso seguro e eficaz dos fármacos

Essas atribuições são respaldadas pela Resolução nº 671/2019 do Conselho Federal de Farmácia (CFF), que atualiza e consolida as competências clínicas do farmacêutico, incluindo seu envolvimento no manejo de doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs), como o DM2. De acordo com a normativa, o profissional está autorizado a:

  • Realizar avaliação farmacoterapêutica com base em evidências científicas;

  • Efetuar intervenções farmacêuticas para prevenção e resolução de PRMs;

  • Solicitar exames laboratoriais quando necessário para monitoramento terapêutico;

  • Promover ações de educação em saúde para pacientes e equipe multiprofissional;

  • Atuar de forma autônoma e colaborativa em equipes de saúde, incluindo a Atenção Primária à Saúde (APS) (CFF, 2019).

A resolução reforça a integração do farmacêutico em programas do Sistema Único de Saúde (SUS), como o Hiperdia e a Estratégia Saúde da Família (ESF), onde seu papel é essencial no acompanhamento de pacientes crônicos. Essa regulamentação fortalece a atuação clínica do farmacêutico, permitindo uma abordagem mais ampla e interdisciplinar no controle do DM2, com foco na melhoria da qualidade de vida do paciente e na redução de complicações associadas à doença.

2.3. Serviços Farmacêuticos no Tratamento do DM2:

O farmacêutico desempenha um papel crucial no tratamento de pacientes com Diabetes Mellitus tipo 2 (DM2), atuando não apenas na dispensação de medicamentos, mas também no acompanhamento contínuo e na promoção do autocuidado. Sua vivência com esses pacientes permite identificar precocemente problemas relacionados à farmacoterapia, como interações medicamentosas e falta de adesão ao tratamento. Ele orienta sobre o uso correto dos medicamentos, a importância do controle glicêmico e fornece informações sobre mudanças no estilo de vida, como alimentação e atividade física, essenciais para o controle da doença.

Além disso, o farmacêutico contribui para a conciliação medicamentosa, revisando terapias para evitar duplicidades e interações que possam prejudicar o paciente. Sua atuação também é fundamental na promoção do uso racional de medicamentos (URM), incentivando a adesão ao tratamento e o monitoramento de efeitos adversos. A participação do farmacêutico em programas de saúde pública, como o Hiperdia e a Estratégia Saúde da Família, fortalece o controle do DM2 e melhora a saúde coletiva, promovendo cuidados integrados.

2.4. Evidências Científicas Sobre o Impacto do Cuidado Farmacêutico

Estudos comprovam o impacto positivo do cuidado farmacêutico no controle clínico do diabetes tipo 2. Uma metanálise publicada na Einstein (São Paulo) (NOGUEIRA et al., 2020) incluiu 15 ensaios clínicos randomizados com 2.325 participantes e constatou reduções médias significativas: –1,07 % na HbA1c, –29,91 mg/dL na glicemia de jejum, –4,65 mmHg na pressão arterial sistólica, –19,8 mg/dL nos triglicerídeos, além de um aumento de 4,43 mg/dL no colesterol HDL.

Conforme estudo realizado em Unidades Básicas de Saúde de um município do Paraná, o cuidado farmacêutico propiciou redução média da HbA1c de 9,9% para 9,2%, com melhora observada em 58,8% dos pacientes, incluindo um caso com redução de até 53% (SANTOS et al., 2023). Em um relato de caso em UBS de Piraquara-PR, após seis meses de acompanhamento farmacoterapêutico, observou-se redução de 2,06% na HbA1c e -260 mg/dL na glicemia de jejum (BAYER; BORBA, 2021).

Pesquisas recentes ressaltam que o acompanhamento medicamentoso tem papel central no sucesso terapêutico do paciente diabético. Um programa de Medication Therapy Management (MTM) demonstrou que, após seis meses de acompanhamento farmacêutico, a adesão medicamentosa passou de 9,2% para 61% no grupo de intervenção, enquanto no grupo controle aumentou de 13,2% para apenas 30,2%. Além da adesão, observou-se redução de mais de 50% nas hospitalizações relacionadas ao diabetes, evidenciando que o acompanhamento sistemático dos medicamentos não apenas melhora parâmetros clínicos como a HbA1c, mas também reduz complicações e custos associados ao tratamento (TESFAYE et al., 2017).

Benefícios clínicos e o cuidado farmacêutico contribuem para a melhoria da adesão ao tratamento e da qualidade de vida dos pacientes. A atuação do farmacêutico, por meio de orientações personalizadas e acompanhamento contínuo, tem se mostrado eficaz na identificação e resolução de problemas relacionados à farmacoterapia, promovendo um manejo mais seguro e eficaz do DM2.

3. METODOLOGIA

Este trabalho consiste em uma revisão integrativa da literatura, com base em artigos científicos publicados entre 2020 e 2024, disponíveis nas bases de dados PubMed, SciELO e Google Acadêmico. Foram utilizados os descritores: Diabetes Mellitus Tipo 2; Cuidado Farmacêutico; Atenção Primária à Saúde; Controle Glicêmico; Adesão Terapêutica.

3.1. Critérios de Inclusão e Exclusão

Foram incluídos:

  • Artigos publicados entre 2020 e 2024;

  • Estudos em português, inglês ou espanhol;

  • Trabalhos que abordassem diretamente intervenções farmacêuticas em pacientes com DM2;

  • Pesquisas realizadas no âmbito da Atenção Primária à Saúde (APS) ou em contextos equivalentes.

Foram excluídos:

  • Artigos de opinião, resenhas ou comentários editoriais;

  • Estudos duplicados;

  • Trabalhos que não abordassem o impacto clínico ou humanístico do cuidado farmacêutico.

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES OU ANÁLISE DOS DADOS

O cuidado farmacêutico é reconhecido como uma estratégia eficaz para o manejo do diabetes mellitus tipo 2 (DM2), promovendo melhorias significativas no controle glicêmico e na prevenção de complicações. No entanto, a implementação dessas práticas na Atenção Primária à Saúde (APS) ainda enfrenta desafios consideráveis, como a falta de integração entre farmacêuticos e demais profissionais de saúde, além da escassez de recursos estruturais e humanos adequados. Apesar dos benefícios comprovados, a prática do cuidado farmacêutico na APS permanece incipiente no Brasil. Entre os principais obstáculos estão a insuficiente capacitação dos farmacêuticos para o exercício da prática clínica, a sobrecarga de trabalho nas unidades básicas de saúde e a carência de infraestrutura apropriada para a realização de atendimentos individualizados. Além disso, a documentação das atividades clínicas e a avaliação sistemática dos resultados ainda são pontos frágeis, o que compromete a continuidade e a efetividade dos serviços prestados.

Para superar essas barreiras, torna-se essencial investir na formação e qualificação contínua dos farmacêuticos, promover sua integração efetiva com as equipes multiprofissionais e padronizar as práticas clínicas para garantir a uniformidade e a qualidade dos serviços. A implementação de políticas públicas específicas, que incentivem a atuação do farmacêutico clínico na APS, é igualmente fundamental para a sustentabilidade e expansão dos serviços prestados. Nesse contexto, destaca-se a importância das Resoluções do Conselho Federal de Farmácia (CFF) nº 585/2013 e nº 586/2013, que regulamentam, respectivamente, as atribuições clínicas do farmacêutico e a prescrição farmacêutica, representando marcos normativos essenciais para a consolidação da prática clínica no cuidado ao paciente com DM2.

Além das medidas institucionais e regulatórias, é preciso destacar o papel do farmacêutico no cotidiano da atenção básica e seu impacto direto na vida do paciente diabético. O profissional pode atuar em diversas frentes que vão desde a aferição da glicemia capilar e o acompanhamento da adesão terapêutica, até a revisão criteriosa de prescrições e a identificação de possíveis interações medicamentosas ou efeitos adversos. Também é sua atribuição orientar os pacientes sobre a técnica correta de administração de insulina e o uso adequado de hipoglicemiantes orais, bem como promover a educação em saúde por meio de ações individuais ou coletivas. Essas intervenções, quando realizadas de maneira contínua, contribuem para o empoderamento do paciente, o controle metabólico e a prevenção de complicações.

5. CONCLUSÃO/CONSIDERAÇÕES FINAIS

O Diabetes Mellitus Tipo 2 (DM2) continua sendo um problema de saúde pública que cresce a cada ano, trazendo impactos não apenas clínicos, mas também sociais e econômicos. Durante o desenvolvimento deste trabalho, foi possível compreender com mais profundidade como o cuidado farmacêutico tem papel importante na abordagem dessa doença, principalmente dentro da Atenção Primária à Saúde (APS).

A partir da análise da literatura recente, ficou evidente que o farmacêutico, ao atuar de forma mais próxima do paciente, pode contribuir significativamente com a melhora no controle glicêmico, na adesão ao tratamento e na prevenção de complicações. Intervenções como a orientação sobre medicamentos, o acompanhamento farmacoterapêutico e o incentivo ao autocuidado demonstraram resultados positivos em vários estudos, incluindo a redução de hemoglobina glicada (HbA1c) e melhor qualidade de vida dos pacientes atendidos.

No entanto, também foram observadas dificuldades importantes para que essas práticas se consolidem, como a falta de preparo específico de muitos profissionais, a carga elevada de trabalho nas unidades básicas de saúde e a escassez de estrutura para atendimentos individualizados. Para que o cuidado farmacêutico seja mais efetivo e amplamente aplicado, é essencial que existam investimentos contínuos na formação dos farmacêuticos e também o apoio de políticas públicas que incentivem essa atuação de maneira mais estruturada.

Com base nos dados analisados, é possível afirmar que o farmacêutico tem condições de atuar como agente de transformação no cuidado ao paciente com DM2, especialmente quando trabalha de forma integrada com outros profissionais da saúde. Esse estudo reforça a importância de continuar valorizando esse tipo de atuação e também de buscar novas estratégias para fortalecer o cuidado farmacêutico na realidade do SUS, garantindo que mais pessoas tenham acesso a um atendimento completo e de qualidade.

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1 Discente do Curso Superior de Farmácia do Instituto Centro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio Campus I e-mail: [email protected]

2 Discente do Curso Superior de Farmácia do Instituto Centro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio Campus I e-mail: [email protected]

3 Coordenadora e Docente do Curso Superior de Farmácia do Centro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio. Campus Itu. Mestre em ciências da Saúde e Doutoranda em medicina – nefrologia. E-mail: [email protected]

4 Docente do Curso Superior de Farmácia do Instituto Centro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio Campus I. Mestre em Ciências da Saúde (PPGMAD/UNIR). E-mail: [email protected]