MELHORANDO A SAÚDE MENTAL POR MEIO DA HUMANIZAÇÃO: UMA ABORDAGEM TRANSFORMATIVA

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REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11180367


Alexsandro Narciso de Oliveira1
Diely Aparecida de Oliveira Soares2
Maria Helena Brizido Marinho Barreto3
Juliana Marques de Souza4
Ana Maria Leonel de Bruyn5


RESUMO
O humanismo vem do cristianismo primitivo nas colônias orientais, originou-se dentro do Império, da religião judaica. A concepção de virtudes que eram paradigmas da humanidade (por imagem e semelhança com a divindade) teve influência significativa na cultura ocidental. A Política Nacional de Humanização (PNH) existe desde 2003 para implementar os princípios do SUS nas práticas cotidianas de cuidado e gestão.
Os primeiros Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) foram fundados em 1987 na cidade de São Paulo4. Nos centros de atenção psicossocial, a atuação do enfermeiro consiste no acolhimento, triagem, realização de anamnese e exame físico, visita domiciliar e elaboração de planejamento de reuniões de equipe.
A atuação do enfermeiro consiste no acolhimento, triagem, realização de anamnese e exame físico, visitas domiciliares e elaboração de planos de reuniões de equipe, planos terapêuticos etc. A enfermagem, como profissão, é capaz de desempenhar um papel fundamental numa perspectiva holística e integrada. É necessária especialização em saúde mental e psiquiatria.
Palavras-chave: Enfermagem, Humanização em Saúde, Fisioterapia, Psicologia e Fonoaudiologia

ABSTRACT
Humanism originates from early Christianity in the Eastern colonies, stemming from within the Empire, from the Jewish religion. The conception of virtues as paradigms of humanity (by image and likeness to divinity) had a significant influence on Western culture. The National Humanization Policy (NHP) has existed since 2003 to implement the principles of the Unified Health System (SUS) in everyday care and management practices. The first Psychosocial Care Centers (CAPS) were founded in 1987 in the city of São Paulo. In psychosocial care centers, the nurse's role includes reception, screening, conducting anamnesis and physical examination, home visits, and development of team meeting plans. The nurse's role involves reception, screening, conducting anamnesis and physical examination, home visits, and development of team meeting plans, therapeutic plans, etc. Nursing, as a profession, is capable of playing a fundamental role in a holistic and integrated perspective. Specialization in mental health and psychiatry is necessary.
Keywords: Nursing, Health Humanization, Physiotherapy, Psychology, and Speech Therapy

1. INTRODUÇÃO

O humanismo vem do primitivo Cristianismo nas colônias orientais, se originou no seio do Império, a partir da religião judaica. A concepção das virtudes que eram paradigmas de humanidade (por imagem e semelhança com a divindade) teve uma influência significativa na cultura ocidental. Embora sua fundamentação deísta, transcendente e ultraterrena, teológica e metafísica, ética e organização social implícitas nesse Cristianismo primordial foram uma contribuição irreversível ao conceito de Humanidade e à prática da Humanização, matizados depois pela Reforma e a Contrarreforma (Oliveira et al., 2006). O termo “saúde mental” é utilizado para representar o grau de qualidade de vida cognitiva ou emocional do indivíduo, possibilitando incluir sua capacidade de estimar a vida e buscar um equilíbrio entre as atribuições e os compromissos para alcançar a plenitude psicológica (Araújo et al., 2020). A psiquiatria e a enfermagem psiquiátrica surgiram no hospício. Hospício era instituição disciplinar para reeducação do louco/alienado. Neste período, a enfermagem tinha como objetivo implementar a técnica disciplinar que se possibilita a transformação do espaço hospitalar em local de cura, de disciplinamento dos trabalhadores e das tarefas sob direção médica (Oliveira, 2010). Seria impossível discutir reforma psiquiátrica sem mencionar Philippe Pinel (1745–1826), quem foi um dos pioneiros no tratamento de pacientes mentais. Ele excluiu métodos arcaicos de cuidados do paciente em tratamento. Assim, os primeiros Centros de Atenção Psicossociais (CAPS) foram fundados em 1987 na Cidade de São Paulo (Francisco et al., 2020). Na saúde mental, a humanização ganhou força com o movimento da Reforma Psiquiátrica no Brasil, que viu a criação de espaços alternativos de cuidado diferentes do modelo manicomial e a busca pela abolição social e cultural dos estigmas associados à cegueira (Lima, 2021). O contexto da assistência à saúde mental, o agravamento do sofrimento psíquico, a prevalência de terapias farmacêuticas e a continuidade dos hospitais psiquiátricos colocam os enfermeiros diante da necessidade de desenvolver intervenções que levem em conta a interdisciplinaridade, o empoderamento dos pacientes e a proximidade comunitária e familiar, colocando a humanização como princípio organizador do seu saber /fazer (Lima, 2021). O principal objetivo da reforma psiquiátrica era substituir a psiquiatria hospitalar por uma nova reforma baseada em técnicas diversas, abertas e orientadas para a comunidade . Isso levou ao surgimento dos CAPS I, CAPS II, CAPS III, CAPSi (infantil) e CAPSad (álcool e drogas), com o objetivo de humanizar o atendimento aos portadores de transtornos de saúde mental (Araújo et al., 2020). O papel do enfermeiro em centros de atenção psicossocial envolve acolhimento, triagem, anamnese, exame físico, visitas domiciliares e elaboração de planos terapêuticos. Essas funções visam integrar o usuário na sociedade, considerando sua singularidade. A especialização em saúde mental e psiquiatria é necessária. A enfermagem, de forma holística, atende aspectos estéticos, culturais, sociais e psicológicos, focando no paciente, família e comunidade. A Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) é enfatizada como ferramenta para melhorar a assistência, visando o retorno do paciente ao convívio social (Araújo et al., 2020). Na saúde mental, a humanização ganhou força com o movimento da Reforma Psiquiátrica no Brasil, que viu a criação de espaços alternativos de cuidado diferentes do modelo manicomial e a busca pela abolição social e cultural dos estigmas associados à cegueira. O contexto da assistência à saúde mental, o agravamento do sofrimento psíquico, a prevalência de terapias farmacêuticas e a continuidade dos hospitais psiquiátricos colocam os enfermeiros diante da necessidade de desenvolver intervenções que levem em conta a interdisciplinaridade, o empoderamento dos pacientes e a proximidade comunitária e familiar, colocando a humanização como princípio organizador do seu saber /fazer (Duarte et al., 2013). O principal objetivo da reforma psiquiátrica era substituir a psiquiatria hospitalar por uma nova reforma baseada em técnicas diversas, abertas e orientadas para a comunidade . Isso levou ao surgimento dos CAPS I, CAPS II, CAPS III, CAPSi (infantil) e CAPSad (álcool e drogas), com o objetivo de humanizar o atendimento aos portadores de transtornos de saúde mental disso, ampliando a proposta de desinstitucionalização, o que ultrapassa a fronteira das práticas de saúde e alcança o imaginário social e os aspectos culturalmente validados da concepção (Macedo, 2017). Ao levar ao exposto, há algumas inquietações sobre o processo de humanização no CAPS. Com isso em conta, é possível abordar a segunda pergunta norteadora: qual é o desempenho do CAPS no processo de humanização da Saúde Mental? Portanto, o propósito deste estudo é apresentar, através de um estudo integrativo da literatura, o papel que o CAPS desempenha no processo de humanização da saúde mental (Macedo, et al., 2017).

2. HUMANIZAÇÃO DA ENFERMAGEM EM PSIQUIATRIA: PROMOVENDO CUIDADOS DE QUALIDADE

A humanização da enfermagem em psiquiatria é um tema crucial no contexto da saúde mental, especialmente quando integrada em programas de residência multiprofissional. Esses programas, alinhados aos princípios do Sistema Único de Saúde (SUS), promovem uma abordagem que vai além do modelo técnico-assistencial, enfatizando a importância da integralidade e da humanização no atendimento (Behrens, 2005). Historicamente, a formação profissional em saúde tem sido influenciada por metodologias tradicionais, fragmentando o conhecimento e dificultando a associação entre teoria e prática. A urgência psiquiátrica, em particular, tem recebido atenção especial, destacando-se como a porta de entrada para pacientes em crise (Bruno, 2017 e Mitre et al., 2008).

A humanização da enfermagem em psiquiatria é um tema de grande relevância na atualidade. A saúde mental, como descrito por (Gaino LV, et al. 2018), é uma condição de bem-estar na qual o indivíduo é capaz de utilizar suas próprias habilidades, restabelecer-se do estresse habitual, ser produtivo e cooperar com a sua comunidade.

No contexto brasileiro, a saúde mental e a psiquiatria passaram por grandes transformações ao longo da história. Até o século XVIII, os indivíduos com transtornos mentais eram muitas vezes mantidos em aposentos-prisões ou recolhidos para cárceres, refletindo as diferenças sociais e econômicas na forma de lidar com a loucura (Carvalho, 2012; Santos, et al., 2018).

Com a institucionalização da psiquiatria no Brasil, através da criação das Santas Casas, os portadores de transtornos mentais eram agregados sem que fosse ofertado qualquer tipo de assistência. As intervenções eram realizadas em porões, onde era comum o uso de castigos físicos como forma de contenção (Carvalho, 2012; Santos, et al., 2018). No entanto, a partir da década de 90, com o Movimento de Reforma Sanitária e Reforma Psiquiátrica, iniciou-se um processo de construção de um modelo de cuidado que compreendesse e respeitasse os indivíduos com transtorno mental como seres humanos (Carvalho, 2012; Santos, et al., 2018). É fundamental compreender que a abordagem inicial na urgência psiquiátrica deve ser pautada na construção de vínculos de confiança entre profissionais e pacientes (Fonseca et al., 2023). A falta de conhecimento teórico-prático pode resultar em intervenções inadequadas, como o uso desnecessário de contenções físicas, mecânicas ou químicas. As contenções, quando utilizadas, devem ser cuidadosamente avaliadas, pois podem interferir no processo de recuperação do paciente e comprometer a relação terapêutica. Além disso, é importante reconhecer que, embora muitas vezes seja necessário o uso da força durante o atendimento, isso não deve comprometer a humanização do cuidado (Pimenta et al., 2019). A enfermagem desempenha um papel crucial na promoção de uma abordagem humanizada em psiquiatria. Isso implica em oferecer um ambiente acolhedor, empático e livre de julgamentos, onde o paciente se sinta ouvido e respeitado. Mais do que simples procedimentos técnicos, a enfermagem em psiquiatria é sobre cuidar da pessoa em sua totalidade, considerando não apenas seus sintomas, mas também suas necessidades emocionais e sociais (Deu-Bem et al., 2017).

A prestação de cuidados em emergências psiquiátricas é uma tarefa complexa que demanda não apenas habilidades técnicas, mas também uma abordagem humanizada. Emergências psiquiátricas envolvem alterações agudas do pensamento, humor e comportamento, exigindo intervenções imediatas para evitar resultados deletérios (Deu-Bem et al., 2017). Com a prevalência crescente de transtornos mentais, torna-se imperativo priorizar a humanização no atendimento em saúde mental (OMS, 2012). A enfermagem desempenha um papel crucial nesse cenário, sendo a categoria com maior contato direto com os pacientes (Canabrava et al., 2012).

No entanto, historicamente, os profissionais de enfermagem têm enfrentado desafios em oferecer uma assistência humanizada, muitas vezes devido à falta de capacitação e à sobrecarga de trabalho (Mantovani et al., 2010). É essencial compreender que a contenção física e química deve ser empregada como último recurso, priorizando sempre abordagens menos restritivas (Mantovani et al., 2010). No entanto, a falta de conhecimento e habilidades específicas por parte dos profissionais pode resultar em decisões inadequadas (Gaiano et al., 2018).

3. ATENDIMENTO PROFISSIONAL DO FISIOTERAPEUTA EM SAÚDE MENTAL

A Fisioterapia oferece uma abordagem holística para a prevenção, diagnóstico e tratamento de distúrbios do movimento e melhora a capacidade funcional para aumentar a saúde e o bem-estar da comunidade, tanto do ponto de vista individual como populacional. A Fisioterapia é uma ciência que pode ser aplicada nas mais diversas áreas ou especialidades da saúde. Tradicionalmente, os fisioterapeutas têm intervindo principalmente nas áreas da traumatologia, neurologia, mas há outras onde a fisioterapia também pode oferecer eficácia, fisioterapia pode ser observada na equipe multidisciplinar visando novos desafios que surgem em outras áreas da saúde, como, por exemplo, oncologia, nefrologia, estética e saúde mental (Mool et al., 2021).

A Fisioterapia vai atuar na equipe de saúde mental, voltando-se para educação, prevenção, promoção e reabilitação assistencial de forma individual e coletiva. Contudo, o Fisioterapeuta não integra a equipe dos serviços de saúde mental, porém está presente durante os atendimentos clínicos das pessoas que neles são assistidas nos hospitais gerais (Pauli, 2016). Nessa perspectiva é necessário incluir o fisioterapeuta no atendimento psiquiátrico, pois este profissional pode vir a participar no planejamento e na execução de atividades que contribuem para o processo de reabilitação psicossocial, por amenizar a carga mental, física e social desse paciente, e consequentemente reduzir a incapacidade e os custos sociais (Mool, eat al, 2021).

4. ATUAÇÃO DA FONOAUDIOLOGIA NO TRATAMENTO EM SAÚDE MENTAL

A fonoaudiologia desempenha um papel importante na saúde mental, especialmente em contextos como os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) onde a atuação fonoaudiológica é bastante significativa. O trabalho é realizado e envolve a criação de novos dispositivos clínicos voltados para a desinstitucionalização e o cuidado interdisciplinar. Algumas das práticas inseridas nessa realidade do trabalho dos fonoaudiólogos nos CAPS como: o acolhimento, onde fonoaudiólogo participa do processo de acolhimento do paciente, ajudando a identificar possíveis necessidades de intervenção fonoaudiológica. Atendimentos em grupo, podendo conduzir e participar das sessões de terapia em grupo, onde várias habilidades de comunicação podem ser trabalhadas em conjunto com as ações intersetoriais colaborando com outros profissionais de saúde para fornecer um cuidado integral ao paciente.

Participações em oficinas terapêuticas que podem envolver atividades que promovem a comunicação e a expressão, como teatro, música, arte, entre outras.

Na educação permanente o fonoaudiólogo também tem um papel na educação contínua do paciente, ajudando-o a desenvolver e manter habilidades de comunicação ao longo do tempo (Miyazaki et al., 2022).

5. ATUAÇÃO DA PSICOLOGIA EM SAÚDE MENTAL

Atualmente, a denominação para atuação do profissional de psicologia em ambiente hospitalar e Sistema Único de Saúde (SUS) é psicologia em saúde, conforme Resolução número 3 de 05 de fevereiro de 2016 do Conselho Federal de Psicologia (CFP). A atuação do profissional de Psicologia no campo das práticas psicossociais é a atenção voltada a promoção, prevenção e intervenção em saúde mental com a prática baseada em evidências. Sousa e Pereira, há cerca de 10 anos, já apresentavam prerrogativas para a utilização da TCC (Terapia Cognitivo Comportamental) no SUS. De acordo com (Lucena-Santos et al., 2015), a modalidade mais incentivada no SUS é a intervenção em grupo, devido ao baixo custo, fortalecimento do vínculo e o protagonismo de seus integrantes.

Os protocolos que possibilitam a utilização em diferentes transtornos mentais, inclusive fatores relacionados a outros problemas de saúde, como doenças crônicas, tais como ansiedade, depressão, dor crônica e asma; adesão ao tratamento; adaptação a mudanças, como a prática de atividades físicas; pacientes em cuidados paliativos, integrando apoio aos cuidadores informais, que geralmente são os familiares e amigos dos pacientes, tal apoio engloba o processo de adoecimento e luto; são os modelos cognitivo comportamental, que vêm sendo ampliados e elaborados para sua eficácia.

Dessa forma, o profissional de psicologia em saúde é um agente capacitado a aplicar a TCC, que se mostra eficaz e preventiva no manejo de diversos problemas do paciente, e, assim, promove e intervém em saúde mental, pois propicia autonomia, independência e qualidade de vida.

6. OBJETIVO

O objetivo deste estudo foi refletir acerca dos saberes da equipe multiprofissional em saúde psiquiátrica em sua especificidade, numa perspectiva de abordagem transformativa.

7. MÉTODOLOGIA

7.1 TIPO DE ESTUDO E DESCRIÇÃO

Trata-se de uma revisão da literatura científica com abordagem integrativa, com análise qualitativa dos dados por meio de artigos científicos. A partir do questionamento principal: “Humanização: Uma abordagem Transformativa”, subsidiada da pergunta científica, aplicou-se a estratégia PICO, nos quais foram definidos:

P – Pacientes em tratamento de problemas mentais
I – Papel da equipe multiprofissional no tratamento a doentes de saúde mental;
C – Não houve comparação
O – Identificar a abordagem e conhecimento da equipe multiprofissional para o cuidado ao cliente de saúde mental.

Com base nessas definições foi estabelecida a seguinte pergunta norteadora: Como a abordagem humanizada pode melhorar a qualidade do atendimento e o bem-estar dos pacientes em saúde mental? Utilizou-se a Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) como veículo de pesquisa, selecionando as evidências em saúde nas seguintes bases de dados: Base de Dados de Enfermagem (BDENF) e Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), utilizando os Descritores em Ciências da Saúde (DeCs): Enfermagem em Saúde Mental, Equipe Multiprofissional na Abordagem em Saúde Mental; Atendimento ao paciente psiquiátrico; no período de publicação entre últimos 5 anos, artigos em português e que possuíam textos completos. Foram utilizadas seis etapas para seleção dos artigos:

1) Identificação do tema e seleção da hipótese ou questão de pesquisa;
2) Estabelecimento de critérios para inclusão e exclusão de estudos/amostragem ou busca na literatura;
3) Definição das informações a serem extraídas dos estudos selecionados / categorização dos estudos;
4) Avaliação dos estudos incluídos na revisão integrativa;
5) Interpretação dos resultados;
6) Apresentação da revisão/síntese do conhecimento.

Diagrama

Descrição gerada automaticamente
Fonte: Os autores 2024

7.2 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO

Como critérios de inclusão foram utilizados artigos que conduziram a pesquisa de acordo o periódico, ano de publicação, nome dos autores, tendo como eixo norteador a questão central introdutória, incluindo perguntas interpretativas e realizando análise descritiva dos dados de acordo com o objetivo proposto da revisão integrativa.

7.3 ANÁLISE DE DADOS

Com base nos dados encontrados nas pesquisas e obedecendo aos critérios de inclusão e exclusão, o conteúdo foi sistematizado para atender a temática previamente estabelecida, seguindo as seguintes etapas: exploração de material; tratamento de dados; interpretações; e inferências.

7.4 ASPECTOS ÉTICOS

A submissão do estudo a um comitê ético foi dispensada por se tratar de uma revisão integrativa.

8. RESULTADOS

Os resultados desta pesquisa destacam o papel crucial da enfermagem na promoção da humanização nos cuidados de saúde mental, especialmente dentro dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) (Santos et al., 2018). Além disso, a presença do fisioterapeuta nos serviços de saúde mental pode contribuir significativamente para o processo de reabilitação psicossocial dos pacientes, reduzindo a carga mental, física e social e promovendo uma melhor qualidade de vida (Oliveira, 2021). Da mesma forma, a fonoaudiologia desempenha um papel relevante nos CAPS, oferecendo práticas que visam a comunicação e expressão dos pacientes (Lucena- Santos et al., 2015). A atuação do fonoaudiólogo complementa o cuidado integral oferecido pela equipe multiprofissional, contribuindo para o bem-estar emocional e social dos indivíduos atendidos. A psicologia em saúde emerge como um campo essencial, com o uso da Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) sendo incentivado no SUS, especialmente em intervenções em grupo (Sousa et al., 2012). A promoção da autonomia e qualidade de vida dos pacientes por meio da TCC evidencia a importância da atuação dos psicólogos na saúde mental.

9. DISCUSSÃO

A discussão dos resultados obtidos nesta pesquisa revela um panorama complexo e multifacetado da importância da equipe multiprofissional na humanização dos serviços de saúde mental. Ao considerarmos as contribuições dos diversos profissionais, é evidente que a presença de enfermeiros nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) desempenha um papel crucial na promoção de uma abordagem integral no cuidado aos pacientes (Santos et al., 2018). Suas funções, que englobam desde o acolhimento até a elaboração de planos terapêuticos, são essenciais para garantir uma assistência humanizada e centrada nas necessidades individuais de cada paciente. A presença do fisioterapeuta, como mencionado por Oliveira (2021), adiciona uma dimensão importante ao cuidado em saúde mental, fornecendo intervenções voltadas para a reabilitação psicossocial e a melhoria da qualidade de vida dos pacientes. A atuação da fonoaudiologia, conforme ressaltado por Lucena-Santos et al. (2015), também desempenha um papel relevante ao focar na comunicação e expressão dos pacientes, aspectos fundamentais para sua reintegração social e recuperação. Além disso, a psicologia em saúde, especialmente com o uso da Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), conforme evidenciado por Sousa e Pereira (2012), oferece estratégias eficazes para promover a autonomia e o bem-estar dos pacientes. A abordagem em grupo da TCC mostra-se particularmente benéfica, fortalecendo os laços comunitários e proporcionando um ambiente de apoio mútuo entre os pacientes. Portanto, a integração desses profissionais nas equipes multiprofissionais dos CAPS é essencial para garantir um cuidado abrangente e humanizado aos indivíduos em tratamento de saúde mental. Esta discussão ressalta a importância da colaboração interdisciplinar e do investimento contínuo na formação e capacitação desses profissionais, a fim de promover um atendimento de excelência e contribuir para a transformação positiva da saúde mental em nossa sociedade.

10. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo concluiu que, à medida que o panorama da saúde mental mudou, a enfermagem desempenhou um papel importante tanto na consolidação da RP quanto nas mudanças nas práticas de saúde mental, tornando a enfermagem uma profissão que hoje é reconhecida como líder em todos os serviços de atenção psicossocial.

Porém, para que isso continue e a enfermagem continue nesta posição, é necessário que ela eduque e se especializem e que haja incentivos à formação continuada dos profissionais, como foi demonstrado em alguns estudos que apesar de conhecerem a RP, os profissionais acabam realizando cuidados que são prescritos no modelo manicomial. Enfatizo a importância de estudos que discutam os desafios do cuidado humanizado aos pacientes. A humanização na saúde busca transformar a administração de seus sistemas e serviços, levando em conta as especialidades e diferenças de cada indivíduo humano, sendo expressa como uma inserção das diferenças nos procedimentos de gestão e cuidados assistenciais.

Essas transformações não são criadas por um indivíduo ou um grupo isolado, mas também colaborativo e compartilhado, incentivando a criação de novas condutas da sistematização e do cuidar do trabalho. Foi possível observar que o processo de humanização é realizado por meio da utilização de ferramentas específicas, como o apoio aos trabalhadores e gestores de saúde, o uso possível de tecnologia, como a musicoterapia nas consultas terapêuticas, a assistência prestada pela equipe de saúde mental, e o CAPS atuando como sistema de reintrodução e observar que o processo de humanização é realizado por meio da utilização de ferramentas específicas, como o apoio aos trabalhadores e gestores de saúde.

O uso de tecnologia, como a musicoterapia nas consultas terapêuticas, a assistência prestada por equipe de saúde mental e o CAPS atuando como sistema de reintrodução, ferramentas são pensadas para tratar e facilitar novos espaços e significados a fim de resgatar como protagonista a cidadania do portador de doença mental.

É a integração e comunicação entre profissionais do sistema, gestores, usuários e familiares, é possível alcançar maior eficiência, resultados e chances de cura e que ajuda a estabelecer um vínculo entre todas as instituições e a garantir o respeito e a compreensão entre todas as partes envolvidas. Atualmente, o Brasil conta com 2.836 CAPS habilitados, distribuídos entre 1.910 municípios de todos os estados e no Distrito Federal, totalizando um investimento de incentivo de custeio anual superior a R$ 1,27 milhão para essa modalidade de serviço. (Ministério da Saúde).

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1 Mestrando em Gestão de Cuidados da Saúde pela Must University. E-mail: [email protected]

2 Fisioterapia Intensiva Adulto pela FABIC Physio Cursos. E-mail: [email protected]

3 Mestrado em Engenharia Biomédica pela UMC - Universidade de Mogi das Cruzes. E-mail: [email protected]

4 Fonoaudiologia Hospitalar pela UNG - Universidade de Guarulhos. E-mail: [email protected]

5 Psicóloga Especialista em Neuropsicologia, pela Faculdade Unyleya. E-mail: e-mail: [email protected]