A IMPORTÂNCIA DO DESENVOLVIMENTO DE HABILIDADES SOCIAIS NA FORMAÇÃO DE ESTUDANTES DE MEDICINA: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA

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REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10990372


Thiago Zani Ibrahim1
Maria Estela Martins Silva2


RESUMO
O estudo objetiva pesquisar na literatura pesquisas sobre as habilidades sociais desenvolvidas e integradas na formação de estudantes de medicina, enfatizando sua relevância para a relação médico-paciente e o sucesso clínico. A pesquisa utiliza uma metodologia de revisão sistemática da literatura, consultando bases de dados como PubMed, Scopus e SciELO. Foram selecionados artigos publicados nos últimos dez anos que discutem o ensino de habilidades sociais em contextos de educação médica. A análise incluiu a revisão de títulos e resumos, seguida da aplicação de critérios de inclusão e exclusão para determinar os estudos mais relevantes ao tema. A motivação para o estudo decorre do reconhecimento de que a medicina contemporânea, embora avançada em aspectos técnicos, muitas vezes negligencia componentes essenciais da interação humana, que são cruciais para a prática médica humanizada. A falta de habilidades sociais pode comprometer a eficácia do cuidado ao paciente, evidenciando a necessidade de uma integração mais efetiva dessas habilidades no currículo médico. O estudo conclui que as habilidades sociais são fundamentais para a formação médica, impactando positivamente a relação médico-paciente e o ambiente de trabalho colaborativo. A revisão indica que métodos práticos como simulações de casos clínicos e treinamentos interativos são particularmente eficazes. No entanto, identifica-se também uma tendência de declínio na empatia ao longo da graduação, sugerindo a necessidade de intervenções contínuas e de uma reformulação curricular que priorize o desenvolvimento contínuo dessas competências essenciais. Este estudo ressalta a importância crítica de desenvolver habilidades sociais em estudantes de medicina, não apenas para melhorar a qualidade da interação com pacientes, mas também para assegurar a eficácia e humanização da prática médica futura. A integração de abordagens educacionais que enfatizam estas competências é essencial para formar médicos mais completos e preparados para os desafios da medicina moderna.
Palavras-chave: Ensino - Formação - Medicina; Habilidades sociais; Relação Médico Paciente.

ABSTRACT
The study aims to search the literature for research on the social skills developed and integrated in the training of medical students, emphasizing their relevance for the doctor-patient relationship and clinical success. The research uses a systematic literature review methodology, consulting databases such as PubMed, Scopus and SciELO. Articles published in the last ten years that discuss the teaching of social skills in medical education contexts were selected. The analysis included reviewing titles and abstracts, followed by the application of inclusion and exclusion criteria to determine the studies most relevant to the topic. The motivation for the study stems from the recognition that contemporary medicine, although advanced in technical aspects, often neglects essential components of human interaction, which are crucial for humanized medical practice. The lack of social skills can compromise the effectiveness of patient care, highlighting the need for a more effective integration of these skills into the medical curriculum. The study concludes that social skills are fundamental to medical training, positively impacting the doctor-patient relationship and the collaborative work environment. The review indicates that practical methods such as clinical case simulations and interactive training are particularly effective. However, a declining trend in empathy throughout graduation is also identified, suggesting the need for continuous interventions and a curricular reformulation that prioritizes the continuous development of these essential skills. This study highlights the critical importance of developing social skills in medical students, not only to improve the quality of interactions with patients, but also to ensure the effectiveness and humanization of future medical practice. The integration of educational approaches that emphasize these skills is essential to train doctors who are more complete and prepared for the challenges of modern medicine.
Keywords: Teaching - Training - Medicine; Social skills; Doctor Patient Relationship.

1. INTRODUÇÃO

A formação médica contemporânea enfrenta o desafio de integrar habilidades técnicas e sociais, fundamentais para uma prática clínica humanizada e eficaz. Reconhecendo essa necessidade, o presente estudo investiga como as habilidades sociais são desenvolvidas e valorizadas durante a graduação em medicina, explorando sua influência na qualidade da relação médico-paciente e no sucesso clínico. Objetivo geral deste trabalho é analisar a abordagem dos estudos sobre o desenvolvimento de habilidades sociais na formação de estudantes de medicina. Objetivos específicos incluem identificar estudos que destacam a importância dessas habilidades, descrever as metodologias empregadas para ensiná-las e comparar as abordagens e seus resultados. A metodologia empregada é uma revisão sistemática da literatura, consultando bases de dados como PubMed, Scopus, e SciELO, filtrando publicações dos últimos dez anos que discutem habilidades sociais na educação médica.

Ao longo da história, a formação em medicina tem enfrentado desafios significativos relacionados à complexidade humana, à relação médico-paciente e à necessidade de uma abordagem holística na formação dos profissionais de saúde. O paradigma contemporâneo da medicina, focado predominantemente em conhecimentos técnicos, muitas vezes relegou aspectos humanos fundamentais para segundo plano. Nesse contexto, a presente pesquisa visa analisar a abordagem de estudos sobre a importância do desenvolvimento de habilidades sociais na formação de estudantes de medicina, considerando a urgência de restabelecer o equilíbrio entre a ciência médica e a humanização do cuidado (Batista, 2015).

O desenvolvimento de habilidades sociais emerge como um elemento crucial para a formação integral dos estudantes de medicina. A prática médica contemporânea exige não apenas competência técnica, mas também uma interação compassiva e ética com pacientes e colegas de profissão. A comunicação clara e empática é reconhecida como central para estabelecer relações de confiança, facilitar diagnósticos precisos e promover tratamentos eficazes. No entanto, há um desafio evidente na implementação efetiva dessas habilidades no currículo acadêmico, o que justifica uma análise aprofundada da literatura existente (Queiroz; Alexandre, 2018).

O problema de pesquisa proposto surge da necessidade premente de compreender e aprimorar a formação dos futuros profissionais de saúde, especificamente no que diz respeito ao desenvolvimento de habilidades sociais. A complexidade do contexto médico contemporâneo exige não apenas competência técnica, mas também a capacidade de estabelecer conexões humanas sólidas e compassivas. Embora a literatura destaque a importância dessas habilidades, há uma lacuna na compreensão de como as abordagens atuais no ensino de medicina estão efetivamente contribuindo para o desenvolvimento dessas competências e como isso impacta a qualidade do cuidado prestado aos pacientes.

O tema é relevante diante do cenário em que a medicina é praticada, onde os avanços tecnológicos coexistem com a necessidade de uma abordagem humanizada. Observa-se uma demanda crescente por profissionais de saúde que não apenas possuam conhecimentos técnicos sólidos, mas que também sejam capazes de se comunicar efetivamente, demonstrar empatia e ética nas relações com os pacientes e membros da equipe de saúde.

A humanização na prática médica, entendida como a valorização da subjetividade e do sofrimento do paciente, muitas vezes é deixada de lado em meio aos avanços científicos. A revisão bibliográfica proposta permitirá explorar como os estudantes de medicina estão sendo preparados para lidar não apenas com a doença em si, mas também com o universo subjetivo do sofrimento humano. O entendimento desses aspectos é crucial para o estabelecimento de uma relação médico-paciente empática, que, por sua vez, impacta diretamente na satisfação do paciente e nos resultados clínicos

Ao investigar como apresenta as abordagens sobre o desenvolvimento de habilidades sociais, será possível identificar práticas bem-sucedidas, possíveis deficiências e áreas que necessitam de aprimoramento. Além disso, a compreensão de como essas habilidades impactam a qualidade do cuidado centrado no paciente proporcionará insights valiosos para aprimorar a formação dos estudantes de medicina, contribuindo para a construção de profissionais mais completos e compassivos. Assim, o problema de pesquisa proposto visa preencher uma lacuna no conhecimento atual, proporcionando subsídios para a melhoria das práticas educacionais no ensino de medicina, alinhando a formação dos futuros médicos às demandas da prática clínica contemporânea.

Além disso, a pesquisa se propõe a identificar abordagens que vem de encontro a necessidade de preenchimento das lacunas e desafios nas abordagens de ensino das habilidades sociais. O currículo acadêmico, por vezes, negligencia o desenvolvimento dessas competências, e a literatura existente aponta para a tendência de perda de empatia ao longo da formação médica. A análise crítica das metodologias utilizadas nos estudos revisados permitirá identificar possíveis limitações e apresentar as ações positivas que existirem em desenvolvimento no ensino de medicina na atualidade

2. REVISÃO DE LITERATURA

O ensino da medicina transcende a mera transmissão de conhecimentos técnicos e científicos; ele envolve a formação de profissionais capazes de lidar com a complexidade humana de maneira holística. A partir desta ideia, nos perguntamos: Como as abordagens atuais no ensino de medicina contribuem para o desenvolvimento de habilidades sociais nos estudantes, e de que maneira essas habilidades impactam a qualidade a relação médico-paciente na futura atuação profissional deste estudante? Nesse contexto, o desenvolvimento de habilidades sociais e a formação humana emergem como um elemento crucial para a formação integral dos estudantes de medicina, uma vez que a prática médica vai além da aplicação de procedimentos clínicos, demandando uma interação compassiva e ética com pacientes e colegas de profissão. Deste modo, a pergunta de pesquisa remete a pensar o ensino de medicina como algo que vai além de formar profissionais apenas competentes, mas também compassivos e éticos, capazes de proporcionar cuidados centrados no paciente (Pott; Pott Junior, 2019).

Ao longo da história, a medicina vem sofrendo profundas transformações, chegando ao século XXI, com conquistas inimagináveis e um grande poder de diagnóstico e tratamento das doenças. Apesar dos avanços inegáveis da medicina como ciência, aspectos relacionados com a humanização, relação médico-paciente, a morte e o morrer, entre outros, vem sendo deixados de lado. Atualmente, o paradigma que prevalece na medicina ocidental contemporânea privilegia os aspectos objetiváveis que são traduzidos como doença e deixa de lado o universo subjetivo do sofrimento (Queiroz; Alexandre, 2018, p. 2).

Em primeiro lugar, é fundamental compreender que as habilidades sociais não são apenas um complemento ao currículo acadêmico, mas sim uma base essencial para a prática médica eficaz. A capacidade de se comunicar de maneira clara e empática com pacientes é central para estabelecer uma relação de confiança, facilitando o diagnóstico e o tratamento. Além disso, a interação com membros da equipe de saúde exige habilidades colaborativas, contribuindo para um ambiente de trabalho saudável e eficiente (Nascimento, et al, 2018).

Desde o início da graduação em medicina, o estudante precisa adequar-se às atribuições estabelecidas pelo curso, como aumento considerável de conhecimento e aproximação à prática médica. Em meio a essa prática, é preciso desenvolver muitas habilidades, como ter empatia, lidar com perdas e ser imparcial em determinadas situações. De modo que, ao longo dos seis anos, o amadurecimento torna-se constante e progressivo, desencadeado, principalmente, pelas experiências demandadas na vida acadêmica, que variam desde o desenvolvimento de habilidades instrumentais até à discussão de humanidades (Costa et al, 2012, p. 163).

No entanto, o ambiente acadêmico muitas vezes prioriza o conhecimento técnico em detrimento do desenvolvimento das habilidades sociais. É imperativo que as instituições de ensino repensem suas abordagens pedagógicas, integrando de forma mais efetiva atividades práticas que estimulem a empatia, a escuta ativa e a resolução de conflitos. Simulações de situações clínicas, treinamentos de comunicação e discussões éticas podem enriquecer a formação dos estudantes, preparando-os para os desafios emocionais e éticos que encontrarão na prática profissional. Assim, é imperativo compreender a importância de uma visão holística na formação médica, afirmação que ressoa na necessidade de ir além dos conhecimentos técnicos, destacando a importância das habilidades sociais, ética e empatia como alicerces essenciais (Mezzalira et al, 2022).

A relação médico-paciente é o fundamento da prática da medicina. Entre os fatores que permitem o sucesso dessa parceria, a empatia se destaca como um dos mais importantes, e existem evidências que associam a atitude empática do médico com a satisfação do paciente, a adesão ao tratamento e melhores desfechos clínicos. Apesar de sua importância, a maioria dos estudos revela uma tendência de perda de empatia durante o curso de graduação em medicina, sendo o currículo oculto a causa mais comumente relacionada a este fenômeno (Schweller, 2014, p. 11).

Ademais, é preciso destacar a importância do ensino de habilidades sociais no contexto da diversidade cultural e social. A medicina é exercida em comunidades diversas, e os profissionais precisam estar aptos a compreender e respeitar as particularidades de cada paciente. Incluir abordagens interculturais e discussões sobre determinantes sociais da saúde no currículo contribui não apenas para o desenvolvimento de habilidades sociais, mas também para a promoção de uma medicina mais inclusiva e equitativa. “O modo como formar o médico cuidador, com visão holística do paciente, tem levado os responsáveis pelo ensino médico a perseguirem novas técnicas didáticas para o ensinamento das humanidades durante a graduação” (Queiroz; Alexandre, 2018, p. 26).

Outro ponto relevante é o papel dos preceptores e professores na modelagem e orientação do desenvolvimento de habilidades sociais. Programas de mentoria, feedback construtivo e exemplos práticos de profissionais exemplares podem influenciar positivamente a formação dos estudantes, servindo como modelos a serem seguidos. A integração de práticas reflexivas no processo de aprendizagem também permite que os estudantes avaliem suas próprias interações e identifiquem áreas de melhoria (Batista, 2015).

Nesse sentido, o desenvolvimento de habilidades sociais é um componente essencial na formação de estudantes de medicina, promovendo uma prática profissional mais humanizada, ética e eficaz. “A empatia, por sua vez, é outro atributo que deve caminhar ao lado do trabalho em longo prazo na dinâmica do curso médico de modo a beneficiar os alunos e os pacientes que estes lidarão em seu futuro profissional” (Cavalcante et al, 2019, p. 105).

Por fim, ao pensar sobre o tema aqui exposto, é o início da reflexão sobre a importância das instituições pensarem o ensino de medicina, com o desafio e o dever de integrar de forma coesa essas habilidades ao currículo, reconhecendo sua importância não apenas para o sucesso clínico, mas também para a construção de profissionais comprometidos com a promoção da saúde e o bem-estar das comunidades que servirão. Investir no desenvolvimento dessas habilidades é, portanto, investir na construção de uma medicina mais compassiva e socialmente responsável.

3. MATERIAIS E MÉTODOS

Foi realizada uma revisão sistemática da literatura usando bases de dados acadêmicas como Google Acadêmico, PubMed, Scopus e SciELO. Os termos de busca incluíram combinações de "habilidades sociais AND estudantes de medicina" e "relação médico-paciente AND graduação em medicina". Os critérios de inclusão foram artigos focados no ensino de habilidades sociais a estudantes de medicina, publicados nos últimos 10 anos. Foram excluídos trabalhos fora do contexto de ensino médico. A seleção dos estudos ocorreu através da análise de títulos e resumos, seguida da aplicação dos critérios de inclusão e exclusão.

3.1 Análise da Literatura

A revisão identificou várias abordagens para o ensino de habilidades sociais, com ênfase em métodos como simulações de casos clínicos, treinamentos interativos e discussões éticas. Os estudos destacam a importância dessas habilidades na construção de uma relação efetiva e empática com pacientes, além de contribuir para um ambiente de trabalho colaborativo e respeitoso.

QUADRO I - Apresentação dos artigos selecionados e resultados

Título

Tipo de Estudo

Autor/ano

Base de dados

Objetivos

Principais resultados

1

Avaliação do estresse e das habilidades sociais na experiência acadêmica de estudantes de medicina de uma universidade do Rio de Janeiro

Qualitativo

Eliane de Sousa Furtado Eliane Mary de Oliveira Falcone Cynthia Clark, 2003

Scielo

O artigo discute a importância de intervenções focadas no desenvolvimento de habilidades sociais para ajudar a gerenciar o estresse entre estudantes de medicina. Ressalta-se que a fase acadêmica contribui significativamente para o estresse, mas habilidades sociais apropriadas podem atenuar esses efeitos.

Os resultados sugerem a necessidade de programas de apoio que incluam treinamento em habilidades sociais, além de técnicas de gestão de estresse, para melhorar o bem-estar dos estudantes e otimizar seu desempenho acadêmico.

2

Habilidades Sociais em estudantes de medicina: treinamento para redução de estresse

Qualitativo / intervencionista

Danielle Ruiz Lima et al, 2016

OJS/PKP.

O estudo utilizou um design pré e pós-intervenção com a aplicação de inventários de estresse e habilidades sociais para avaliar os participantes antes e após a intervenção. O treinamento consistiu em sete sessões de habilidades sociais, utilizando técnicas como role-play baseadas nas deficiências identificadas nos participantes.

O estudo conclui que o treinamento em habilidades sociais pode ser uma ferramenta eficaz na redução de estresse entre estudantes de medicina, sugerindo que essas habilidades auxiliam na melhor gestão das demandas emocionais e interpessoais da vida acadêmica e profissional.

Os resultados reforçam a importância de incorporar o treinamento de habilidades sociais nos currículos de educação médica, não apenas para melhorar o bem-estar dos estudantes, mas também para prepará-los para interações mais eficazes com pacientes e colegas no futuro.

3

Treinamento de Habilidades Sociais em Alunos de Graduação: Uma Revisão Sistemática

revisão sistemática / analítica

Tatiane Cristina Rodrigues Lessa, Almir Del Prette, e Zilda Aparecida Pereira Del Prette, 2022

WEB OF SCIENCE

Análise sistemática de programas de treinamento de habilidades sociais (THS) focados em universitários. Este é um estudo de revisão sistemática que compila e analisa pesquisas sobre programas de THS em contextos universitários desde 1980. Utiliza o Protocolo PRISMA para garantir a qualidade e a estruturação da revisão.

A revisão identificou que a maioria dos estudos utilizou o Inventário de Habilidades Sociais como instrumento principal de coleta de dados e apresentaram um delineamento experimental. As intervenções variaram em número de sessões, mas todas reportaram melhorias no repertório de habilidades sociais dos participantes.
Este artigo sugere que as universidades podem beneficiar-se da implementação de programas de THS para desenvolver habilidades sociais em seus estudantes, o que pode ajudar na adaptação à vida acadêmica e profissional, além de contribuir para o bem-estar mental.

4

Análise das Habilidades Sociais, Estresse e Sonolência Diurna em Estudantes de Medicina

amostra não probabilística

Whaine Morais Arantes Filho et al, 2018

OJS/PKP.

O estudo destaca uma correlação preocupante entre baixo desempenho em habilidades sociais e altos níveis de estresse e sonolência diurna, sugerindo que essas deficiências podem prejudicar a formação médica e o bem-estar dos estudantes. Além disso, ressalta a importância do desenvolvimento de habilidades sociais como parte essencial da formação médica, propondo que intervenções e melhorias curriculares poderiam beneficiar significativamente os alunos.

O artigo conclui que a integração de treinamento em habilidades sociais nos currículos médicos pode não apenas melhorar as relações interpessoais dos estudantes, mas também auxiliar na redução dos níveis de estresse e melhorar a gestão da sonolência diurna, contribuindo para a formação de médicos mais competentes e humanizados

5

A Influência das Habilidades Sociais nos Processos Educacionais

Estudo qualitativo

Adriano José da Silva Gomes et al, 2014.

OJS/PKP.

O estudo destacou que a eficácia das interações educacionais não depende apenas da competência técnica dos professores, mas também de suas habilidades sociais. As habilidades interpessoais dos professores são fundamentais para uma comunicação eficaz, a gestão de sala de aula e o estabelecimento de um ambiente de aprendizado positivo

Os autores discutem que as habilidades sociais, como a capacidade de expressar sentimentos e gerenciar interações sociais de forma respeitosa e eficaz, são essenciais para os professores. Essas habilidades ajudam na resolução de problemas e na minimização de conflitos futuros, contribuindo para um ambiente educacional mais harmonioso e produtivo.
O artigo conclui que o desenvolvimento de habilidades sociais nos professores pode melhorar significativamente o processo educacional. Sugere-se que programas de formação docente incluam treinamentos em habilidades sociais como parte integral da preparação profissional dos educadores.

Fonte: levantamento elaborado pelo autor.

3.2 Comparação dos estudos analisados

A partir do levantamento bibliográfico foram selecionados os cinco artigos apresentados anteriormente, os quais pode ser comparados quando ao; 1 Foco, 2 Metodologia, 3 Principais conclusões, 4 Implicações Práticas:

1 Foco do Estudo:

Os artigos sobre estudantes de medicina (Artigos 1, 2, 4), enfocaram principalmente a relação entre habilidades sociais, estresse e sonolência diurna entre estudantes de medicina, examinando como deficiências em habilidades sociais podem aumentar o estresse e afetar negativamente o desempenho e o bem-estar dos estudantes.

Os artigos de revisão sistemática e influência educacional (Artigos 3, 5): O terceiro artigo é uma revisão sistemática sobre programas de treinamento em habilidades sociais em universidades, enquanto o quinto estuda a influência das habilidades sociais dos professores sobre os processos educacionais, destacando a importância dessas habilidades na interação professor-aluno para um ensino eficaz.

2 Metodologia:

Os artigos considerados como estudos descritivos e transversais (Artigos 1, 4): Utilizaram metodologias quantitativas para avaliar a correlação entre variáveis psicológicas e acadêmicas em estudantes de medicina.

Intervenção e treinamento (Artigo 2): Explora o impacto de intervenções diretas no treinamento de habilidades sociais para a redução do estresse em estudantes de medicina.

O artigo de revisão sistemática (Artigo 3): Analisa diversos estudos para compilar resultados sobre a eficácia do treinamento em habilidades sociais em contextos universitários.

O artigo de análise qualitativa (Artigo 5): Examina o impacto das habilidades sociais dos professores através de observações e análises qualitativas em contextos educacionais.

3 Principais conclusões:

A partir da análise da relação entre habilidades sociais e estresse (Artigos 1, 2, 4), evidenciam que a falta de habilidades sociais está frequentemente correlacionada com altos níveis de estresse e problemas relacionados, como a sonolência diurna.

Foi demostrado a importância da eficácia do treinamento (Artigo 3), a revisão aponta que o treinamento em habilidades sociais é eficaz para melhorar a competência social e emocional dos alunos.

Foi constatado considerações sobre o impacto do ensino (Artigo 5), que estacou que habilidades sociais aprimoradas nos professores melhoram significativamente a interação em sala de aula e o processo de aprendizagem.

4 Implicações Práticas:

Os artigos demonstram a importância da integração curricular (Todos os artigos): Todos os estudos sugerem a necessidade de integrar treinamentos de habilidades sociais nos currículos, tanto para estudantes quanto para professores, para melhorar o ambiente educacional e promover o bem-estar e o sucesso acadêmico.

3.3. Resultados e Discussões

Os métodos de ensino das habilidades sociais variaram significativamente entre os estudos. Alguns utilizaram avaliações formais através de observações e feedbacks, enquanto outros preferiram métodos reflexivos e discussões em grupo. A comparação das metodologias mostrou que as abordagens práticas, como simulações, tendem a ser mais eficazes na promoção de empatia e habilidades comunicativas. Notavelmente, estudos longitudinais revelaram uma tendência de declínio na empatia ao longo da graduação, sugerindo a necessidade de intervenções contínuas ao longo do curso.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A revisão confirmou a importância crítica do desenvolvimento de habilidades sociais na formação médica, destacando que além de melhorar a relação médico-paciente, essas habilidades são essenciais para o sucesso clínico e a satisfação do paciente. A integração de abordagens educacionais que enfatizam essas competências é necessária para preparar médicos mais humanizados e eficientes. Este estudo contribui para a compreensão de como as habilidades sociais podem ser melhor integradas ao currículo médico, oferecendo uma base para futuras reformas educacionais na medicina.

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1 Graduando em Medicina pela Universidade UNICESUMAR.

2 Possui graduação em Psicologia (Universidade Estadual de Maringá), mestrado em Análise do Comportamento (Universidade Estadual de Londrina), doutorado em Psicologia Clínica da Universidade de São Paulo (USP). Atualmente é psicóloga clínica, docente e coordenadora na Universidade UniCesumar.